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GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE Processos Individuais e a Influencia no Grupo Gestão de Equipes de Alta Performance Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Gisele de Lima Fernandes Revisão Textual: Profª. Esp.Márcia Ota 5 Processos Individuais e a Influencia no Grupo Estudiosos das equipes de alta performance asseguram que a interação das pessoas em equipes pode se transformar num dos elementos de sustentação de qualquer organização, especialmente em cenários de constantes mudanças, tal como os vivenciados atualmente (KATZENBACH; SMITH, 2001). Não obstante, transformar um grupo de pessoas em uma equipe não é tarefa fácil. “Não existe nenhuma mágica inerente na criação de equipes que garanta sinergia positiva” (ROBBINS, 2005, p. 213). Importa às organizações e aos gestores, criar condições individuais e de contexto que propiciem o desenvolvimento do trabalho em equipe. Em se tratando das condições individuais, cabe considerar como a cultura, os valores, as crenças, a constituição familiar e social de cada um pode influenciar a formação de equipes. As pessoas são diferentes e demonstram diferenças na forma como analisam e como reagem às mesmas situações (REIS, TONET, BECKER JÚNIOR e COSTA, 2005). Estas diferenças individuais são resultados das características pessoais de cada um (DUBRIN, 2003). Importantes teóricos da psicologia, Freud e Skinner, respectivamente o criador da Psicanálise e o mais importante teórico do Behaviorismo, linhas de pensamento divergentes, em um ponto concordam: para compreender o indivíduo é importante se ater a história deste: para o primeiro a história da formação do psiquismo, para o segundo história de reforçamento, que para ambos irá resultar na formação das características de personalidade. Para o psiquiatra e psicanalista suíço Pichon-Rivière (1985), o individuo é estruturado no que ele é a partir da interação do mundo interno1, de suas próprias características, com o mundo externo2, suas relações sociais. 1 - Segundo Pichon-Rivière o mundo interno configura-se a partir das nossas primeiras experiências, constitui-se por nossas relações com nosso grupo familiar. É a dimensão intra-sujeito. 2 - Pichon-Rivière define o mundo externo como as experiências adquiridas na dimensão extra-sujeito. Un id ad e Processos Individuais e a Influencia no Grupo 6 Unidade: Processos Individuais e a Influencia no Grupo Gayotto, ao analisar a socialização segundo Pichon-Rivière, afirma: “Toda pessoa nasce em um grupo familiar. Nesse grupo estão presentes elementos específicos, determinados pelas relações sociais mais amplas. O sujeito se socializa nesse grupo e recebe desde cedo as influências das relações sociais” (GAYOTTO, 1992, p. 63-64). Deste processo de integração do indivíduo no grupo é que se interiorizam as normas e os valores da sociedade na qual o mesmo está inserido. A socialização permite ao indivíduo se modificar e ao mesmo tempo modificar o mundo no qual se insere. E estas características do indivíduo e de seus grupos devem ser consideradas pelos gestores, uma vez que estas influenciarão a formação, a permanência e o desempenho do processo de grupo. Importa, contudo, compreender a distinção entre os dois tipos de socialização: a socialização primária e a socialização secundária. A socialização primária refere-se mais especificamente ao processo de integração social que ocorre na infância ou, ainda, na adolescência, visando a adaptação à vida cotidiana, ao conhecimento dos valores básicos da sociedade, tais como: regras de relacionamento, regras de linguagem, modelos comportamentais, entre outros. Os agentes desta socialização são: família, vizinhos e companheiros de creche/escola. Já a socialização secundária é o processo de integração social que acontece principalmente na vida adulta. Trata-se de um processo que introduz um indivíduo já socializado (socialização primária) em novos setores da sociedade. A socialização secundária ocorre especialmente quando nos vemos em situações que requerem mudanças e adaptações a novas circunstâncias, tais como por exemplo: perder ou mudar de emprego, mudanças no estado civil, morte ou nascimentos, entre outros. Os agentes desta socialização são empresas, associações religiosas, desportivas, instituições gerais, partidos políticos etc. Os gestores de pessoas, enquanto facilitadores da formação de grupos, devem ter ciência de que a socialização secundária, sem dúvida, sofre consequências da socialização primária. E que as diferenças individuais podem ser fatores potenciais para o sucesso ou para o fracasso do trabalho em equipe. Monica Longo, executiva de Recursos Humanos da Nívea, empresa multinacional de cosméticos, exemplifica como características individuais podem prejudicar a formação e o sucesso do trabalho em equipe e como cabe ao líder o olhar atento a estes casos: “Temos casos de pessoas mais agressivas que não conseguem conciliar diferentes pontos de vista e acabam saindo da empresa porque aqui não encontram respaldo para comportamentos individualistas” (COSTA, 2009, p. 28). Cabem aos gestores de pessoas, cientes da relevância destes aspectos, saberem lidar com estas diferenças de forma a transformá-las em fator de sucesso. 7 Diferenças Individuais Reis, Tonet, Becker Júnior e Costa (2005) ilustram a origem das diferenças individuais por meio da descrição de quatro domínios que fazem de cada ser humano único. Os quatro domínios, representados na Figura 1, são: Domínio Cognitivo, Domínio Afetivo, Domínio Relacional e Domínio Biológico. Os autores destacam a importância dos quatro domínios ao afirmarem que os mesmos se entrelaçam, “tornando-nos efetivamente seres únicos e indivisíveis” (p. 36). O domínio cognitivo responde pela aquisição de conhecimento e pelo desenvolvimento das estruturas mentais que construímos desde crianças. O domínio afetivo, ou emocional, é responsável pelo desenvolvimento de nossas emoções. O desenvolvimento de nossas relações, de nossas formações sociais, é de responsabilidade do domínio relacional. E, por fim, o domínio biológico determina o equilíbrio no nível físico, nos garantindo saúde e qualidade de vida. Estes domínios recebem influencia de tudo que nos cercam. “O ambiente, a família e tudo o que nos rodeia interfere em nossa maneira de ser e vamos, pouco a pouco, desenvolvendo habilidades próprias, valores e crenças que passam a determinar nossa forma de ver e de integrar ao mundo” (p. 37). E, tal como as cores primárias que se misturam produzindo novas e variadas cores, os domínios também são trabalhados, de forma interdependente, com o objetivo de buscar a formação integral do ser. Tais diferenças tornam cada ser único e, consequentemente, afeta seus comportamentos, inclusive no ambiente organizacional, como veremos a seguir. Seres Únicos e Indivisíveis Dubrin (2003) apresenta exemplos de como diferenças individuais podem impactar na gestão de pessoas. As pessoas diferem em produtividade Não é de hoje que pesquisadores têm demonstrado que a produtividade pode variar de pessoa para pessoa. Alguns profissionais podem produzir mais que outros num mesmo período de tempo. Mesmo uma reflexão acerca das nossas experiências evidencia as diferenças de produtividade entre aquele com os quais nos convivemos ou trabalhamos. Domínio Cognitivo Domínio Afetivo Domínio Relacional Domínio Biológico Figura 1 – Domínios (Fonte: REIS, TONET, BECKER JÚNIOR e COSTA, 2005, p. 36) 8 Unidade: Processos Individuais e a Influencia no Grupo As pessoas diferem em habilidades e talento Um trabalho muito fácil e prazeroso para determinada pessoa, pode ser penoso para outra. As pessoas possuem dons e desenvolvem habilidades distintas, que impactam no desempenho. Há profissionais que se saem melhor em atividades que exigem planejamento, enquanto outras têm sucesso em tarefas que requerem habilidade em lidar com improviso, por exemplo. As pessoas variam em suapropensão para alcançar resultados de alta qualidade Há pessoas que naturalmente valorizam trabalhos feitos com precisão, consideram a qualidade tão ou mais importante que quantidade, enquanto outras, menos conscienciosas, podem ter dificuldade para fazer trabalhos que exigem qualidade. As pessoas diferem na maneira pela qual querem ser empoderadas Maior autoridade para a tomada de decisão fascinam algumas pessoas, enquanto outras se esquivam de assumir responsabilidades e preferem um trabalho que exige um mínimo de envolvimento. As pessoas diferem no estilo de liderança que preferem e que necessitam. Algumas pessoas se sentem melhor, apresentam melhor desempenho quando atuam com maior liberdade, sem muito controle de uma liderança. Outras pessoas, por sua vez, necessitam de constante supervisão, orientação e mesmo controle por parte de seus superiores. As pessoas diferem em suas necessidades de contato com outras pessoas Há pessoas que atuam muito bem, ou até mesmo preferem trabalhar sozinhas, podendo ficar o dia todo sem contato com mais ninguém. Há, de outra parte, pessoas que tem verdadeira ojeriza de ficarem muito tempo sozinhas, elas precisam do contato social para trabalharem bem. As pessoas diferem na quantidade de comprometimento e lealdade à empresa Você certamente conhece pessoas que verdadeiramente “vestem a camisa da empresa”. Elas são engajadas, comprometidas e defendem os interesses das organizações nas quais trabalham, como se fossem donos da empresa. Por outro lado, há aqueles que não se sentem nem um pouco engajados com os objetivos organizacionais. Estes cumprem apenas suas atribuições, sendo que alguns podem até não se sentirem culpados se não fizerem nem isso. 9 Os trabalhadores diferem em seu nível de auto-estima, a qual, por seu turno, influencia sua produtividade e capacidade de aceitar responsabilidades adicionais Algumas pessoas fogem da possibilidade de assunção de responsabilidades não porque não sejam engajadas ou comprometidas com a empresa, mas simplesmente porque não se reconhecem capazes de desempenhar de forma adequada novas atribuições. São pessoas com baixa auto-estima. Mas, há aqueles de auto-estima bem formada, que se reconhecem capazes e que tem confiança de que podem atingir seus objetivos e cooperar para que a organização também atinja os dela. Estas diferenças apontadas por Dubrin (2003) e muitas outras interferem na forma como as pessoas desempenham não só o seu próprio trabalho, mas em como elas desenvolvem trabalhos em grupo. Cabe ao líder se ater a tais aspectos, gerenciando-os. Desconsiderar essas questões impede a visão precisa da organização e impossibilita qualquer ação para a melhora dos modelos de gestão de pessoas (CASADO, 2002). Um olhar atento, bem como análises de desempenho, de competências e de personalidade pode ser valiosas ferramentas para os gestores de equipes conhecerem seus colaboradores, dirigindo-os de forma a transformá-los numa equipe de alto desempenho. 10 Unidade: Processos Individuais e a Influencia no Grupo Referências COSTA, J. E. Venha fazer parte desta turma: saiba quem é o profissional que as melhores empresas procuram. Guia Você S.A./Exame. Edição Especial, 2009. DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. CASADO, T. O indivíduo e o grupo: a chave do desenvolvimento. Em: LIMONGI- FRANÇA, A. C. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. GAYOTTO, M. L. C. e outros. Creches: desafios e contradições da criação coletiva da criança pequena. São Paulo: Ícone, 1992. KATZENBACH, J. R. e SMITH, D. K. Equipes de Alta Performance: conceitos, princípios e técnicas para potencializar o desempenho das equipes. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PICHON-RIVIÈRE, E. El proceso grupal del psicoanalisis a la psicologia social. 12º Ed. Buenos Aires: Ediciones Nueva Vision, Buenos Aires, 1985. REIS, A. M. V., TONET, H., BECKER JÚNIOR, L. C. e COSTA, M. E. B. Desenvolvimento de Equipes. Rio de Janeiro: FGV, 2005. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 11 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE Estrutura e Formação de Equipes Gestão de Equipes de Alta Performance Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Gisele de Lima Fernandes Revisão Textual: Profª. Esp. Márcia Ota 5 Pesquisadores do desenvolvimento de equipes são categóricos ao dizer que se investir em pessoas, já era importante no passado, quando “prevalecia o valor das máquinas”, muito mais importante é agora, quando “a tônica do sucesso organizacional está centrada na gestão adequada das mudanças e nas pessoas, como agregadoras e criadoras do conhecimento de que as organizações necessitam para serem competitivas” (REIS, TONET, BECKER JÚNIOR e COSTA, 2005, p. 15). A discussão acerca da formação e do desenvolvimento de equipes tem sido determinante quando se busca a excelência no desempenho organizacional. E, quando falamos de trabalhos com grupos, devemos conhecer os principais conceitos teóricos, uma vez que estamos lidamos com um campo de forças, atrativas e repulsivas, derivadas do encontro de pessoas com suas características distintas, por isso não podemos fazer desse encontro, um acontecimento com finalidade obscura e desprovido de teorias, conhecimentos e habilidades que embasem o trabalho. Uma maneira de compreender o funcionamento de equipes e de fazer prognósticos acerca dos comportamentos de seus membros é por meio da análise dos elementos que compõe a estrutura de uma equipe. Estrutura de Equipes Muitas são as variáveis que interferem na composição e no sucesso de uma equipe de trabalho, dentre os principais aspectos estão: os papéis, formais ou informais, normas e coesão, os quais analisaremos a seguir. Papéis Papel é compreendido como um conjunto de padrões de comportamentos esperados, atribuídos aos membros da equipe. Trata-se da função a ser desempenhada por cada membro da equipe. As pessoas desempenham diversos papéis nos vários grupos aos quais fazem parte. Un id ad e Estrutura e Formação de Equipes 6 Unidade: Estrutura e Formação de Equipes Para Pichon-Rivière (1985), em um grupo as pessoas se relacionam por meio de uma complexa estrutura de assumir e de atribuir papéis. As pessoas se comprometem com os grupos por meio dos papéis que elas desempenham. Assumimos diversos papéis a depender dos grupos aos quais fazemos parte. Para Pichon- Rivière há quatro papéis básicos e, mais frequentes, que emergem num grupo, são eles: o porta- voz, o bode expiatório, o líder e o sabotador. A cada momento do grupo, a cada avanço ou retrocesso seus membros podem variar de papéis. O porta-voz pode, por exemplo, se tornar o bode expiatório, quando as coisas não vão bem no grupo, ou passar a liderar quando o grupo precisa de uma voz que lhe traga consciência do que está ocorrendo nesta estrutura. A atuação como pai, marido, filho e profissional refere-se a papéis distintos desempenhados em grupos também distintos. Nas palavras de Shakespeare encontramos, de forma poética, a definição do conceito de papéis, dos diversos papéis que desempenhamos “considero o mundo como um palco, em que cada um deve desempenhar um papel”. Podemos então, ser líderes em determinados grupos, subordinados em outros, filhos ou pais, tudo a depender dos grupos nos quais estamos inseridos. Vale ainda ressaltar que existem dois níveis de papéis: os papéis explícitos, ou formais, e os papéis implícitos, ou informais. Por papel explícito, ou formal, entende-se o papel prescrito, aquele papel que foi atribuído oficialmente a determinado membro do grupo: pai, mãe, chefe do departamento, cônjuge, filho etc. Já o papel implícito, ou informal, se dá pela atribuição não oficial, por umaatribuição mais velada. O grupo pode informalmente atribuir papéis aos seus membros em função de situações distintas, procurando tornar as condições que o cercam mais cômodas, com menor nível de ansiedade. Importante é considerar que muitas vezes os papéis informais podem suplantar os papéis formais. Num grupo de trabalho, por exemplo, a equipe pode atribuir o papel de líder a um colega de trabalho mais antigo da equipe, e não considerar a atribuição que foi dada a um funcionário, recém contratado para assumir tal posição. Cabe aos gestores de equipe atentarem-se para as atribuições de papéis explícitas e implícitas, considerando como estas funcionam em cada grupo e como estão vigorando. Para que um grupo atinja seus objetivos, para que atue como uma equipe de alta performance é importante que cada papel esteja claramente definido e que cada membro saiba exatamente qual o seu papel, desempenhando-o conforme a necessidade da equipe. 7 Quando um membro não assume seu papel, não o realiza como deveria, isto pode trazer consequências para a equipe. Exemplo de como a não assunção de papéis podem ser prejudiciais para a equipe, está em quando um chefe de equipe quer ser o paizão, e se sente incomodado em repreender um funcionário, quando necessário, ou em tomar uma decisão que pode entristecer alguém do grupo, mesmo que esta decisão seja necessária para o sucesso da equipe. Outro exemplo é quando pais que não assumem sua posição de autoridade, de formador de caráter, de estabelecedor de limites, desempenhando apenas o papel de amigo, o que não quer dizer que os pais não devam ser amigos dos filhos, mas está e só uma parte das atribuições do papel de pai. Para que o grupo atinja seus objetivos, é importante que cada qual assuma seu verdadeiro papel, suas responsabilidades. Normas As normas de grupo são os padrões de conduta, de comportamento, partilhados por todos do grupo. As normas grupais influenciam o comportamento dos grupos, fornecendo parâmetros sobre o que cada um pode ou não fazer, o que é certo e aceitável para cada membro do grupo. Para ser bem aceito o indivíduo deve se ajustar às normas. A violação das normas gera pressão sobre o violador. E o processo do grupo em relação ao violador, se dá a partir da informação sobre as regras grupais, passando pela repreensão do membro violador, à punição do mesmo, até que este seja banido do grupo, caso não se adéque às normas. Robbins (2005) apresenta quatro classes de normas: as normas de desempenho, as normas de aparência, as normas de organização social e as normas de alocação de recursos. Sobre as normas de desempenho, Robbins confirma que essas são poderosas no que diz respeito a influenciar e mesmo alterar significativamente a atuação do funcionário, fazendo com que o mesmo trabalhe mais ou trabalhe menos de modo a se adequar ao padrão do grupo. Cabe aos gestores de pessoas se atentarem para o fato de que equipes comprometidas com a organização, que percebem que há oportunidade de crescimento na carreira, quando os resultados são alcançados irão defender a norma de que o desempenho tem que ser sempre bom. Tais equipes irão combater aqueles que não cumprem esta regra. Quanto às normas de aparência, note que quando alguém começa a trabalhar numa empresa, mesmo que ninguém lhe tenha dito formalmente sobre regras de como deve se trajar para atuar naquela organização, com o passar do tempo, o novo funcionário estará se vestindo de forma bastante parecida com os demais companheiros de trabalho. O gestor deve estar atento acerca do quanto as normas de aparência estabelecidas pelo grupo podem ser positivas ou prejudiciais à organização. 8 Unidade: Estrutura e Formação de Equipes As normas de organização social influenciam a formação de grupos informais, desencadeando os subgrupos. “Com quem irei almoçar na empresa em que trabalho?” ou ainda “Ao lado de quem me sentarei durante o almoço?”. Tais ações não se dão ao acaso são influencias das normas de organização social. Quem ficará com o computador mais moderno, de quem será esta sala recém decorada, a quem será atribuída esta tarefa de maior responsabilidade, estas definições não se dão ao acaso, mas fazem parte das normas de alocação de recursos. Gestores devem saber que por vezes as normas do grupo, podem se sobrepor às normas da própria organização, o que pode ser prejudicial para a obtenção de seus objetivos. Paralisações, protestos, boicotes podem ser decorrentes das normas informais de grupo. Coesão Coesão é a força que liga as pessoas ao grupo. Refere-se à força de atração existente intra-equipe, que implicam no desejo de permanência dos membros na equipe. Quanto maior a coesão entre os membros de um grupo, maior será a aceitação das normas impostas pelo mesmo. Quando fazer parte daquele grupo é significante para o membro, ele seguirá as normas impostas pelo mesmo. Um aspecto importante em relação à coesão que a mesma não necessariamente se relaciona à melhora no desempenho, mas sim à satisfação de seus membros em trabalharem juntos. Como vimos, caso as normas de desempenho sejam elevadas, o grupo apresentará maior produtividade, mas, se a coesão for alta, e as normas de desempenho fracas, o resultado será fraco também. Quem já não presenciou reuniões em que grupos de amigos se programam para realizar determinada tarefa, mas durante o encontro as conversas se afloram, a tarefa é interrompida várias vezes e ao final do encontro pouco se produziu. A questão social, a amizade se sobressaiu à produtividade. É necessário nestes casos que as normas de desempenho estejam muito bem definidas e que haja um líder para conduzir o grupo à produtividade. Variáveis como papéis, normas e coesão são importantes para se compreender a estrutura de uma equipe, mas além delas, cabe ao gestor de equipes, que deseja levar sua equipe ao sucesso, compreender também os estágios de formação da mesma. 9 Estágios de Formação de Equipes A formação de uma equipe comumente se dá de forma padronizada, seguindo uma sequência de etapas. Nos anos 70, o psicólogo Tuckman, identificou quatro estágios no desenvolvimento de uma equipe, os quais são representados por Robbins (2005), conforme mostra a Figura 1. Figura 1 – Estágios de desenvolvimento de grupos (Fonte: Robbins, 2005) No início, durante o Estágio de Formação deve-se esperar um período de grande ansiedade. Os membros estão apreensivos, inquietos para saber quais tarefas eles realizarão, como eles poderão se beneficiar do trabalho em grupo, quais comportamentos são aceitáveis neste novo grupo e o que é considerado um comportamento aceitável. Os membros geralmente perguntam: O que esperam de mim? Quais serão as minhas atribuições? Quais são as regras desta equipe? Neste momento, os integrantes ainda estão aprendendo a lidar uns com os outros. Identificam similaridades, recursos possíveis, propósitos. Uma das características deste estágio é a delicadeza com que os membros se tratam, uma vez que começam a se conhecer e iniciam algum tipo de vínculo. Neste estágio o líder pode ajudar a equipe a se conhecer melhor, oferecendo direção e objetivos claros. O envolvimento dos membros no desenvolvimento de planos, esclarecimento acerca das funções, das formas de trabalharem juntos podem auxiliar a equipe neste estágio (SCHOLTES apud RAJ e colaboradores, 2007). O segundo Estágio, aqui denominado de Tormenta é também conhecido como estágio de Tempestade, de Tumulto, de Confusão ou de Conflito. Só pelas prováveis denominações deste segundo estágio, é possível imaginar que o clima do grupo nesta fase não é dos melhores. O Estágio de Tormenta é uma fase de difícil negociação entre os membros. Os membros começam a ficar impacientes com a morosidade com que as coisas acontecem, começam a se sentirem desrespeitados, frustrados e mesmo zangados consigo mesmos e com os demais membros da equipe. Este estágio é propício à formação de subgrupos, uma vez que surgemsentimentos de ciúmes, de competição, desencadeando brigas. 10 Unidade: Estrutura e Formação de Equipes Os conceitos verticalidade e horizontalidade, discutidos por Pichon-Rivière em sua proposta de Dinâmica de Grupo Operativo1, ajudam a compreender a emergência de conflitos neste estágio de desenvolvimento do grupo. Todo os integrantes de grupos têm a sua verticalidade, ou seja, a história do sujeito, o individual de cada participante e, quando colocado em situação de grupo, se deparam com a horizontalidade, ou seja, com aquilo que é compartilhado pelos participantes do grupo, aquilo que dá identidade grupal. A horizontalidade e a verticalidade se articulam, gerando conflitos entre o que é do indivíduo e o que é do grupo (GAYOTTO, 1992). É importante neste estágio que o líder estimule a comunicação entre os membros, a participação de todos, estabelecendo boas relações. Cabe ao líder também resolver eventuais problemas de poder e autoridade entre os membros, adaptando o papel de liderança de modo a tornar a equipe mais independente (SCHOLTES apud RAJ e colaboradores, 2007). O terceiro Estágio, denominado Normatização, ou Aquiescência, caracteriza a fase em que as coisas começam a melhorar. Depois da tormenta (ou da tempestade) vem a bonança. Neste estágio os papéis começam a ser aceitos e as informações passam a ser livremente partilhadas. Passa a existir a noção de coletividade, as pessoas começam a compartilhar ao invés de competir. Neste estágio o líder pode valer-se das habilidades, do conhecimento e da experiência dos membros da equipe, estimulando ao autoconhecimento e ao respeito entre eles (SCHOLTES apud RAJ e colaboradores, 2007). O Estágio de Desempenho, quarto estágio do desenvolvimento de grupo, se dá quando a realização da tarefa, a busca pelos objetivos finalmente são alcançados. O grupo passa a resolver seus conflitos, a se estruturar até mesmo na alocação dos recursos. Neste estágio há intimidade entre os participantes. Os conflitos criados durante a tormenta passam a ser solucionados e o grupo produz. Durante o estágio de desempenho o líder pode ajudar a equipe a entender como lidar com as mudanças, incentivando-a a comemorar as conquistas (SCHOLTES apud RAJ e colaboradores, 2007). O último Estágio, o de Interrupção, acontece quando os objetivos foram atingidos. Uma vez que um grupo, ou uma equipe, só existe quando há um objetivo em comum, quando este objetivo, quando a tarefa é concretizada já não há mais razão para o grupo continuar. 1 - Grupo Operativo trata-se de uma teoria e técnica desenvolvida por Pichon-Rivière, cujo principal objetivo é elaboração dos conflitos que surgem no campo grupal. 11 Equipes temporárias, que trabalham por projetos, poderão chegar mais facilmente a este estágio, já equipes permanente buscarão sempre se renovar, criando novos objetivos. Aqui vale um exemplo, quem já não fez parte de um grupo que se manteve por muito tempo, no qual, mesmo depois de algum período as pessoas se mantiveram unidas? Um bom exemplo são os grupos de faculdade, ou de colégio. Alguns colegas se mantêm próximos durante um período, agendam encontros anuais, por exemplo, mas percebe-se que com o passar dos anos menos e menos pessoas comparecem a estes encontros. Por que isto acontece? Os objetivos de vida destas pessoas mudaram, vínculos com outras pessoas foram estabelecidos, aquelas pessoas não se constituem mais um grupo. Ratificando um grupo só existirá enquanto houver tarefa em comum e vínculos. O líder deve tratar este Estágio de Interrupção como um processo natural, estabelecendo um processo de transição. Nada obstante, é que os grupos não seguem necessariamente de um estágio para o seguinte. Os estágios podem ocorrer simultaneamente, além de que os grupos podem, em determinados momentos, regredir a estágios anteriores. Normalmente um grupo se torna mais eficaz à medida que ele progride através dos quatro primeiros estágios. Se o trabalho em equipe pode ser peça fundamental para o sucesso nas organizações, cabe ao gestor de pessoas saber como se forma uma equipe vitoriosa e saber identificar as fases de formação desta equipe, facilitando à condução da equipe para estágios mais desenvolvidos. 12 Unidade: Estrutura e Formação de Equipes Referências GAYOTTO, M. L. C. e outros. Creches: desafios e contradições da criação coletiva da criança pequena. São Paulo: Ícone, 1992. PICHON-RIVIÈRE, E. El proceso grupal del psicoanalisis a la psicologia social. 12º Ed. Buenos Aires: Ediciones Nueva Vision, Buenos Aires, 1985. RAJ, P. P., BAUMOTTE, A. C. T., FONSECA, D. P. D. e SILVA, L. H. C. M. Gerenciamento de pessoas em projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2007. REIS, A. M. V., TONET, H., BECKER JÚNIOR, L. C. e COSTA, M. E. B. Desenvolvimento de Equipes. Rio de Janeiro: FGV, 2005. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE O Papel do Líder na Performance da Equipe Gestão de Equipes de Alta Performance Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Gisele de Lima Fernandes Revisão Textual: Profª. Esp.Márcia Ota 5 É fato não há como tratar de equipes, de equipes de alta performance, sem tratarmos do papel de liderança. De toda equipe emerge um líder, não há grupos de pessoas que não tenha um líder. O certo é que esta liderança pode ser temporária, ou seja, o líder da atual tarefa do grupo pode ser diferente do que irá assumir a liderança da próxima tarefa. Mas, definitivamente, não existe grupo sem liderança e não existe equipe de alta performance, sem um líder bem preparado. É claro que o grupo pode não ter um líder formal, aquele a quem explicitamente foi atribuído este papel no grupo, mas certamente, do grupo emergirá um líder. Entretanto, cabe ao líder, formal ou informal, planejar, informar, orientar e, mesmo encerrar os projetos, as tarefas que são atribuídas ao grupo. A equipe espera isto dele. Adiante veremos um pouco mais do perfil do líder de equipes de alta performance, suas responsabilidades e o que se espera dele. Características Essenciais ao Líder Como sabemos liderar não é tarefa fácil. Uma equipe é constituída por pessoas com características alcançar um objetivo compartilhado, mas certamente entre estas pessoas existem divergências sobre as formas de alcançar este objetivo. Alguns poderão acreditar que o caminho do sucesso seja, como diria o bom e velho Leão da Montanha , a “saída pela direita”, enquanto outros defenderão, a “saída pela esquerda”. Diante deste impasse, cabe ao líder, orientar a equipe, indicando o melhor caminho a ser seguido para o alcance dos objetivos. Para aqueles que não se lembram... O Leão da Montanha é um dos personagems produzidos pelos Estudios Hanna-Barbera, que, com seu jeito canastrão, indicava a melhor saída de cena, com os bordões “saída, pela direita” ou “saída, pela esquerda”. Un id ad e O Papel do Líder na Performance da Equipe 6 Unidade: O Papel do Líder na Performance da Equipe Em uma equipe de alta performance a clareza dos objetivos a serem alcançados deve ser nítida e todos perseguirão este objetivo como quem busca concretizar um sonho. Mas, para que esta equipe verdadeiramente acredite em sua missão, acredite que o objetivo pode ser alcançado com êxito e, principalmente, com alta performance, cabe ao líder influenciar tais pessoas, conduzindo- as ao sucesso. Como nos ensina Sun Tzu, em a Arte da Guerra, um general habilidoso conduz seu exército como se estivesse conduzindo um único homem pela mão. No prefácio intitulado Liderança Hoje, do livro Liderança uma questão de competência, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, ao falar de líderes, ensina “no mundo de hoje, sem minimizar atributos pessoais do líder, a liderança é exercidafundamentalmente por meio da comunicação, do convencimento, em uma relação social” (CARDOSO, 2005, p. XVI). Fernández, professor de administração de empresas em Xangai, alerta para o fato de que, com um líder eficaz, uma empresa tem todas as possibilidades de obter sucesso, mas o inverso também é verdadeiro, qualquer empresa está fadada aos caos, sem um comando eficaz. E o que é a liderança eficaz?, o que pode levar a equipe à alta performance? Considerando as palavras do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pode-se chegar a uma lista de atributos: “liderança requer flexibilidade, capacidade de ouvir o outro pelo caráter relacional e democrático do mundo atual e, ao mesmo tempo, uma visão a ser proposta, embasada em valores que cimentem a relação entre líderes e liderados, e a determinação para perseguir objetivos” (CARDOSO, 2005, p. XVI). Sobre os atributos do líder, Fernández (2005), tomando como base o livro “A Arte da Guerra”, apresenta uma lista das virtudes que o líder deve cultivar e outra das fraquezas, as quais precisam ser superadas, para se atingir os objetivos da equipe, conforme mostra o Quadro 1. Quadro 1 – As qualidades do líder Virtudes a cultivar Fraquezas a eliminar Integridade Imprudência Gentileza Insegurança Disciplina Volatilidade Coragem Sensibilidade excessiva à críticas Sabedoria Leniência Fonte: Fernández, 2005 7 Para o professor, as virtudes devem ser cultivadas, e devem vir de um processo interno. • Integridade - O líder deve ser coerente entre o que diz e o que faz. Com integridade o líder conquista a confiança da equipe, o que é a base da autoridade do líder. • Gentileza - Líderes devem se preocupar com o bem-estar de cada um dos membros da equipe, respeitando-os em seus valores, suas crenças, suas formas de agir. • Disciplina - É preciso que líderes seja exemplo quando à observância às regras da organização, só assim poderão exigir cumprimento de normas. • Coragem - Cabe ao líder assumir as responsabilidades sobre os acertos e falhas da equipe na busca por resultados. • Sabedoria - É importante que líderes saibam compreender e planejar com sabedoria, analisando pontos fortes e fracos da empresa e, da equipe. Com sabedoria devem avaliar as situações, agindo com flexibilidade. Como ressalta o professor Fernández, líderes devem ser capazes de conquistar a lealdade dos funcionários. Não basta apenas ganhar a gratidão, é preciso agir com gentileza, mas também com disciplina, mantendo a ordem, para que se alcance os objetivos da equipe. Por meio destes atributos um líder pode conquistar sua equipe, transformando um agrupamento em uma equipe coesa e comprometida com os resultados. Mas, para manter a confiança no líder e o comprometimento com os objetivos, é importante que o líder elimine as fraquezas, pois como ressalta o professor Fernández, o sucesso no passado não assegura o êxito futuro. • Imprudência - O líder deve calcar suas decisões em avaliações seguras, em dados precisos, do contrário será imprudente. • Insegurança - As decisões e as ações de um líder devem transmitir segurança à equipe. • Volatilidade - Um líder volátil, que não consegue se controlar, não conquistará o respeito de seus liderados. • Sensibilidade excessiva à crítica - O líder, assim como todos nós, deve estar disposto a ouvir a opinião alheia, mesmo que esta seja uma crítica a sua posição. Só assim poderá aprender e melhorar sempre. • Leniência - Líderes devem ser empáticos com seus liderados, mas o excesso de sentimentalismo e de envolvimento pode tornar a equipe parecida com crianças mimadas. 8 Unidade: O Papel do Líder na Performance da Equipe Do que se percebe das virtudes e fraquezas de um líder que conduz sua equipe à alta performance, é que cultivar as virtudes e evitar as fraquezas está muito mais relacionado a um esforço pessoal do que características nata do líder ou à ações da própria organização. Como já temos visto, ser líder não é tarefa fácil. Entretanto, ser um líder eficaz advém de uma escolha de comportamentos que o gestor deve adotar. Tal como afirma Hunter (2004) a base da liderança não é o poder que está nas mãos do líder, mas a autoridade que ele exerce sobre seus liderados e esta é conquistada pelo amor, dedicação e sacrifício. Quando o autor fala de amor, não está se referindo a um sentimento, mas a ações, a comportamentos que envolvem escolha. Ser paciente, mostrando autocontrole; agindo com bondade, dando atenção e incentivo; mostrando-se humilde, sendo autêntico, sem pretensões; demonstrando respeito; satisfazendo as necessidades dos outros; não guardando ressentimentos, demonstrando honestidade e compromisso em suas ações. Robbins (2005) afirma que líderes eficazes aprenderam a equilibrar suas ações, agindo conforme a necessidade da equipe. Por isto, um líder eficaz conquista a equipe e desempenha o seu papel, levando a equipe à alta performance. Papel do Líder em Equipes de Alta Performance Características que diferenciam uma equipe de alta performance de um grupo de pessoas trabalhando juntas, podem ser resumidas em: participação de todos no alcance dos objetivos, ações pró-ativas, mas respeitando a tomada de decisão em consenso, a capacidade de ouvir o outro e de se fazer ouvido, ciência do papel que cada um deve desempenhar e o compartilhar generoso do conhecimento. Estas e outras características podem ser alcançadas, em boa parte, pela influencia de um líder eficaz. Mas qual é propriamente o papel do líder? Pesquisadores da área de gestão de pessoas concordam, o papel do líder de equipe contemporâneo é diferente do papel do líder tradicional. Donnellon (2006), autora de vários livros sobre liderança e empreendedorismo, lembra que um líder pode estar a frente de uma equipe, em que os membros podem ter mais experiências em determinadas áreas que ele, e sendo assim, ele não poderá ser somente o especialista ou solucionador de problemas. Os papéis do líder devem ser adaptados conforme a necessidades da equipe. Donnellon apresenta como e quando papéis como do líder iniciador, ou do líder que treina a equipe, do líder modelo, administrador de conflitos, entre outros, são apresentados no Quadro 2. 9 Quadro 2 – Liderança e seus diferentes papéis. Tipo de Líder Responsabilidade Iniciador Líder é responsável por iniciar as atividades e os processos que promoverão o desenvolvimento e o desempenho da equipe Coach ou Treinador Atua como conselheiro, mentor e tutor, ajudando os membros da equipe a melhorar seu próprio desempenho. Modelo O comportamento e desempenho do líder moldam as expectativas e os comportamentos da equipe. Negociador O líder deve saber identificar e alinhar os potenciais para a missão da equipe. Elo com componente externo O líder é o representante do grupo com o externo, colhe informações e as compartilha com os membros da equipe. Solucionador de Problemas O líder responde pelo aprofundamento das questões, buscando formas de solucionar os problemas. Administrador de Conflitos O líder ajuda a processar o conflito, contribuindo para que a equipe possa assimilá-lo e aprender a lidar com ele. Fonte: Donnellon (2006) e Robbins (2005) Como vimos ao líder não cabe apenas um único papel. O líder deve estar pronto a mudanças para atender às necessidades da equipe. Outras atribuições do líder, conforme ressalta Donnellon, é que cabe a esse a comunicação clara e eficaz com e entre a equipe. A primeira missão do líder após a formação da equipe é incutir um espírito de missão e de coesão na mesma, infundindo entusiasmo pelo trabalho a ser realizado. Para tanto, é importante que a equipe conheça claramente os objetivos, e isso é papel do líder. Todos os membros devem estar cientes dos objetivos, da contribuição que darão para que os mesmos sejam alcançados e, especialmente, concordar com tais objetivos. Isso resultará em comprometimento. 10 Unidade: O Papel do Líder na Performance da Equipe Referências CARDOSO,F. H. Liderança, hoje. Em: OLIVEIRA, J. F. e MARINHO, R. M. (org.) Liderança uma questão de competência. São Paulo: Saraiva, 2005. DONNELLON, Anne. Liderança de equipes: escolha sua equipe, comunique as metas, defina as funções, crie um clima de confiança: soluções práticas para os desafios do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. FERNÁNDEZ, J. A. Ensinamentos de A Arte da Guerra. HSM Management 49 março- abril 2005, Disponível online em: http://w3.ualg.pt/~jmartins/gestao/Arte.da.Guerra/ Ensinamentos.pdf HUNTER, J. C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. http://w3.ualg.pt/~jmartins/gestao/Arte.da.Guerra 11 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br GESTÃO DE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE Avaliação e Feedback: Instrumentos Para a Gestão de Equipes de Alta Performance Gestão de Equipes de Alta Performance Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Gisele de Lima Fernandes Revisão Textual: Profª. Esp. Márcia Ota 5 De Mari é categórica ao afirmar “investir em gente sempre dá resultado” (2009, p. 8). A afirmação é baseada em números que comprovam que para cada 100 reais investidos nas melhores empresas do ranking da Revista Exame no ano de 2009, quase 13 retornaram ao bolso do acionista. Para fortalecer o argumento, a diretora de redação da revista, afirma que, durante o ano de 2009, nem nas maiores empresas do país, esse resultado foi tão positivo, por isso a constatação é cresce a empresa que leva seus funcionários junto. Mesmo com o ano atípico de 2009, em função da Crise Econômica Mundial que teve início em 2008, em que muitas empresas tiveram que fazer demissões não previstas, mantiveram melhor desempenho, conservando a percepção positiva dos funcionários, aquelas que investiram em gestão de pessoas ao longo dos anos. Ao analisar o que motiva os funcionários das empresas que compõem o ranking das 150 melhores empresas para se trabalhar, publicada pela Revista Exame, Izidoro (2009) aponta aspectos como a identidade em relação ao negócio e à cultura organizacional, como dois dos fatores principais. A afirmação se dá com base na entrevista de mais de 124.000 profissionais de todos os níveis. Em contrapartida, na mesma entrevista percebe-se que duas são as principais falhas, ainda encontradas mesmo nas melhores. As principais queixas dos mais de 124.000 profissionais entrevistados são a falta de feedback sincero da chefia e a deficiência nos critérios justos para promoções, o que mostra que até as melhores tem que melhorar, conforme aponta Izidoro. Uma equipe depende, dentre outros fatores, de ter no dia a dia de trabalho, uma avaliação precisa e feedback adequado para que todos saibam como estão de saindo e o que precisam melhorar. Sem dúvida, uma das maneiras de conduzir a equipe à alta performance refere-se ao uso adequado de formas de avaliação. A avaliação justa e transparente resulta em motivação e comprometimento. E é sobre avaliação, que trataremos a seguir. Un id ad e Avaliação e Feedback: Instrumentos Para a Gestão de Equipes de Alta Performance 6 Unidade: Avaliação e Feedback: Instrumentos Para a Gestão de Equipes de Alta Performance Avaliação e o Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance “A ação de avaliar leva o ser humano a enfrentar um paradoxo: a eterna busca pela evolução (...) pela necessidade de mudar o que pode e deve ser mudado, em conflito com a dificuldade de aceitar críticas e navegar com tranqüilidade nas mudanças, permanência e transformação” (GRAMIGNA, 2002, p. 89). Avaliar pode ser entendido como levar a consciência acertos e erros cometidos, mas a avaliação sempre resulta em ansiedade e insegurança, daí a importância de que a mesma pode e deve ser feita com confiabilidade e clareza. Dentre os motivos da avaliação podemos destacar: • Para a empresa saber se seus objetivos estão sendo alcançados. • Para assegurar que os desempenhos individuais e da equipe produzem os resultados esperados. • Para reconhecer as contribuições dos empregados. • Para promover o desenvolvimento das habilidades e da capacitação dos empregados. Tais objetivo os evidenciam que a avaliação não se dá somente com o intuito de monitorar se as metas organizacionais foram atingidas, este é sim um fator importante. Todavia, quando se fala de atingir alta performance, é importante que a equipe seja avaliada, que o desenvolvimento individual seja observado, bem como que as recompensas sejam bem administradas, tanto em relação à fatores financeiros, quando na promoção de desenvolvimento organizacional. A CPFL Energia, empresa geradora e distribuidora de energia com sede em Campinas, interior de São Paulo, é um dos exemplos de que a avaliação associada à estratégias de recompensa podem gerar resultados positivos para a organização. Na empresa há alto investimento em avaliação continuada e, consequentemente em programas de desenvolvimento. O objetivo principal é preparar seus lideres para orientar suas carreiras, as de sua equipe e se preocupar com programas de sucessão, provendo a empresa sempre de bons profissionais (CORRÊA, 2009). As avaliações ajudam a reforçar os pontos positivos da equipe e identificar possíveis áreas de aperfeiçoamento. Quando a avaliação estiver vinculada à recompensas criativas e adequadas, a equipe se sentirá motivada a obter avanços e resultados nos processos. Sem dúvida, avaliações quando bem realizadas, seguidas de um feedback adequado, são fatores essenciais de sucesso de uma equipe. A respeito do feedback, Pena ressalta sua importância na gestão de equipes de alta performance ao afirmar que trata-se de uma ferramenta que está em alta, é “a bola da vez” e o seu mau uso constitui, de acordo com a autora, “pecado mortal” (2002, p. 129). 7 Feedback e o Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance Robbins define feedback como o grau em que a realização de uma determinada atividade requerida “resulta na obtenção direta e clara de informações sobre a eficácia do desempenho” daquele que o realiza (2005, p. 143). Mas feedback envolve sempre aquele que o fornece e aquele que o recebe e é importante que ambos estejam predispostos a lidar com esta ferramenta de forma positiva. Sobre o ato de oferecer feedback, Pena (2002) afirma que o mesmo consiste em revelar sua percepção sobre “como o comportamento do outro está afetando você mesmo, as outras pessoas, a equipe, ao bom andamento dos trabalhos, a organização” (p. 129). Já ao tratar da recepção do feedback, a autora define tal ato como “reconhecer como os seus comportamentos estão sendo percebidos ou como estão afetando as outras pessoas, as equipes de trabalho, os resultados” (p. 130). Pena, por meio da análise das competências que envolvem o comportamento de fornecer e de receber feedback, sintetizou algumas das atitudes, habilidades e comportamentos essenciais no emprego desta ferramenta. Atitudes Fornecendo Feedback Recebendo Feedback • Aja de maneira cordial; • Use um tom de voz adequado, sem se mostrar impositivo, agressivo ou autoritário; • Tenha empatia e sensibilidade para com o outro; • Dê feedback sobre comportamentos observáveis; e • Forneça feedback no tempo ótimo • Ouça atentamente, sem fazer interrupções; • Seja humilde para reconhecer que você apresenta aspectos que merecem ser aprimorados; • Evite contestar ou corrigir a observação; • Solicite a percepção de outras pessoas; e • Ouça, agradeça, cale-se e reflita. Habilidades Fornecendo Feedback Recebendo Feedback • Comunique-se de forma clara; • Evite generalizar, julgar ou avaliar a pessoa; • Seja convincente; • Dê exemplos; e • Esclareça as dúvidas • Seja curioso e pergunte sempre o que não entender; • Peça exemplos e esclarecimentos;• Parafraseie, ou seja, repita o que foi dito para evitar outras interpretações; e • Crie alternativas diante do que foi falado. 8 Unidade: Avaliação e Feedback: Instrumentos Para a Gestão de Equipes de Alta Performance Comportamentos Fornecendo Feedback Recebendo Feedback • Antes de dar um feedback, questione sobre o tipo de reação que você deseja provocar na pessoa; • Prepare-se para lidar com justificativas de não aceitação; • Inicie sua fala fornecendo algumas orientações sobre qual o objetivo do feedback; • Tenha conhecimento das variáveis. • Tenha consciência de que o feedback contribuirá para aprimorar o seu autodesenvolvimento; • Passe a se policiar mais diante dos fatos; • Reflita se o que foi dito faz sentido para você; • Faça um plano de metas de autodesenvolvimento. A compilação das competências essenciais ao fornecedor e ao receptor do feedback, apresentadas por Pena evidencia que a prática desta ferramenta exige preparo. Mas como o uso adequado desta ferramenta pode contribuir para o desenvolvimento de equipes de alta performance? Para Pena feedback possibilita ao que o recebe a percepção de como seu desempenho está sendo avaliado e de como pode melhorar o que faz e isto por si só já contribui para o melhor desempenho. No Sabin Laboratório Clínico, conforme aponta Lima (2009) a prática da avaliação de desempenho resulta numa reunião de feedback, que permite ao funcionário planejar ações para trabalhar as competências. Feedback então, conforme revela Pena, pode ser considerado como o eixo central do processo de melhoria do desempenho das pessoas, e consequentemente, das equipes na organização. Por ser tão importante, esta ferramenta deve ser muito bem utilizada, pois do contrário pode desencadear sentimento de injustiça e de inveja entre os membros de uma equipe, comprometendo a performance da mesma, por consequência, o alcance do objetivo. O processo requer tanto daquele que transmite, quanto do que recebe a postura de receptividade e flexibilidade à mudança para que os resultados sejam alcançados. Para que o uso de feedback apresente resultados positivos para a equipe e para a organização, a comunicação entre o líder e sua equipe, bem como entre os membros da equipe individualmente, deve ser clara e objetiva. Em qualquer trabalho em equipe faz-se necessário a utilização constante e eficaz do diálogo efetivo, pois é por meio dele que os membros saberão seus objetivos, metas, papéis que exercerão e farão a integração da equipe para a realização de suas atividades. 9 Por isto, a dinâmica da comunicação é a base da atuação profissional, voltada para o desafio de implementar nas empresas a “Cultura do Diálogo”, conforme propõe Matos (2006), o que é obtido por meio da implantação participativa de programas de comunicação interna. O autor lembra que a comunicação envolve falar, mas também ouvir e que todos os envolvidos devem estar predispostos a se compreenderem, uma vez que a comunicação interna é primordial tanto para o sucesso da empresa como também para o desenvolvimento do ser humano nas organizações. Para tanto, Matos (2006) indica ações, as quais denominam canais de abertura para a comunicação: • Saber ouvir: É o principal fator de sucesso nas comunicações. Todos tem com o que contribuir para o sucesso da equipe, por isso saber ouvir pode ser essencial para atingir a alta performance, sem contar que quando percebem que são ouvidas as pessoas se sentem mais motivadas e integradas ao objetivo. • Transparência: Quando as pessoas sabem exatamente o que está acontecendo na organização, quando há visibilidade das intenções, isto resulta na coesão do grupo e no entendimento e motivação. • Clareza dos objetivos: Não há vento favorável aqueles que não sabem onde querem ir. Bons resultados dependem da clara definição do que se quer alcançar. • Compartilhar o conhecimento:A transmissão da informação e a troca de idéias são os alicerces do entendimento. • Pensar coletivo:A troca de idéias, o debate, é fonte de grandes ações bem-sucedidas. Como afirma John Maxwell “Um é um número demasiado pequeno para se alcançar a grandeza”, por isso pensar coletivo é tão importante. • Capacidade de análise:Desconhecimento da relação de causa e efeito gera reações infrutíferas e negativas, por isto o líder e, consequentemente a equipe deve, ser capaz de analisar de maneira lógica as questões com as quais se depara, procurando formas de solucioná-las. • Convivência das diversidades: Conforme ressalta Moscovici (2003), pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais entram em contato: comunicam-se, simpatizam e sentem atrações, antipatizam e sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito, competem, colaboram, desenvolvem afeto. A tolerância e a compreensão das diferenças favorecem o relacionamento humano construtivo. • Liberdade de Expressão: A troca de idéias estimula a inovação na busca de soluções. Os membros da equipe podem desenvolver autoconfiança quando se sente aptos a expressar suas opiniões em prol do grupo. 10 Unidade: Avaliação e Feedback: Instrumentos Para a Gestão de Equipes de Alta Performance • Comportamento Agradável e Atitudes Coerentes: De nada adianta palavras de motivação se, na prática, predominam o comportamento hostil e antipático. Cabe ao líder permitir aos membros que percebam coerência entre o dizer e o fazer. E dele o compromisso de transformar em atos as palavras proferidas. Para que tanto avaliação, recompensa e feedback se tornem ferramentas efetivas na busca por equipes de alta performance, estas devem ser utilizadas de forma efetiva e o líder deve ser o ponto de referência. Por meio da liderança é que se pode atingir a participação eficaz da equipe, alcançando-se a alta performance. Todavia, vale ressaltar que o líder também merece avaliação, recompensa e feedback apropriados, pois ele também é um membro da equipe. Um exemplo de preocupação com o líder, é visto no Sabin Laboratório Clínico, onde há um plano de desenvolvimento individual de líderes, os quais são avaliados semestralmente, incentivados por meio de gratificações e incumbidos de identificar em suas equipes potenciais sucessores (LIMA, 2009). Enfim, conquistar uma equipe de alta performance não é sorte, mas sim fruto de trabalho. Por isto, retomando a frase de De Mari, investir em gente dá sim resultado, certamente os melhores resultados são alcançados, quando se investe em pessoas. Mas, é preciso investir, pois trabalho em equipe só terá expressão real e verdadeira se e quando os seus membros desenvolverem sua competência interpessoal, o que lhes permitirá alcançar a tão desejada sinergia. 11 Referências CORRÊA, F. O RH somos nós. Guia Você S.A./Exame. Edição Especial, 2009. DE MARI, J. Sólida Liderança. Guia Você S.A./Exame. Edição Especial, 2009. GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e gestão dos talentos. São Paulo: Pearson Makron Books, 2002. IZIDORO, M. Por que eles gostam tanto delas. Guia Você S.A./Exame. Edição Especial, 2009. LIMA, A. Razão e sensibilidade. Guia Você S.A./Exame. Edição Especial, 2009. MATOS, Gustavo Gomes de. A cultura do diálogo: uma estratégia de comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal: treinamento em grupo. 13a. ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 2003. PENA, M. A importância do feedback no desenvolvimento de talentos. Em: GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e gestão dos talentos. São Paulo: Pearson Makron Books, 2002. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 12 Unidade: Avaliação e Feedback: Instrumentos Para a Gestão de Equipes de Alta Performance Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br GESTÃODE EQUIPES DE ALTA PERFORMANCE O que é uma equipe? Gestão de Equipes de Alta Performance Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Gisele de Lima Fernandes Revisão Textual: Profª. Esp.Márcia Ota 5 Gestão de Equipes e o Mundo Globalizado Fischer ao fazer um resgate conceitual de modelos de gestão de pessoas afirma “toda e qualquer organização depende, em maior ou menor grau, do desempenho humano para seu sucesso” (2002, p. 11). A frase não apresenta uma novidade, mas destacar a importância das pessoas para o sucesso organizacional é sempre um tema atual. As organizações modernas enfrentam constantes alterações no cenário político, econômico e social, sejam tais mudanças decorrentes de questões relacionadas à instabilidade econômica mundial, sejam por modificações nas políticas internas ou externas, sejam por catástrofes naturais ou mesmo por outros motivos diversos que enfrentam cotidianamente. O certo é que os rumos da economia mundial são uma verdadeira incógnita e, consequentemente, há duvidas sobre qual o melhor caminho a ser adotado pelas organizações. Frente a este cenário futurista desconhecido, as organizações precisam se modificar para se manterem competitivas e adequadas às exigências do mercado, precisam se dedicar a gerenciar seu maior capital: o conhecimento. As organizações precisam ser capazes de produzir e de disseminar o conhecimento, precisam de pessoas capazes de aprender. Constatação que faz com que a consideração de Fischer, comumente reiterada pelos diversos autores da área de gestão de pessoas, permanece cada vez mais atual. As organizações precisam ser capazes produzir e de disseminar o conhecimento, precisam de pessoas capazes de aprender. http://www.flickr.com/photos/inkrain/3047653010/ Ao analisar diversas estratégias e modelos de gestão de pessoas no Brasil e no exterior, Albuquerque aponta como um dos principais fatores de competitividade nas organizações o trabalho em equipe. O autor considera que trabalho em equipe é “premissa importante na definição da nova concepção de sistemas de gestão na empresa competitiva” (1992, p. 26). Conceito reforçado por Katzenbach e Smith (2001). Estudiosos das equipes de alta performance, tema desta disciplina, que asseguram que a interação das pessoas em equipes pode se transformar num dos elementos de sustentação de qualquer organização, especialmente em cenários de constante mudanças, tal como os vivenciados na atualidade. Un id ad e O que é uma equipe? http://www.flickr.com/photos/inkrain/3047653010/ 6 Unidade: O que é uma equipe? Para os autores “...líderes em todas as organizações valorizam ainda mais as equipes... elas são um elemento básico para o desempenho diante de um cenário de mudanças profundas” (KATZENBACH; SMITH, 2001, p. 185). Mas se o trabalho em equipe pode ser peça fundamental para o sucesso nas organizações, cabe ao gestor de pessoas saber como transformar seus funcionários numa equipe vitoriosa. Importa ao gestor conhecer as principais características de uma equipe e o que a diferencia de uma união de pessoas que apenas atuam juntas, mas não com sinergia. ...a interação das pessoas em equipes pode se transformar num dos elementos de sustentação de qualquer organização (KATZENBACH e SMITH). Grupos e Agrupamentos Não existe uma única definição de grupos e equipes. Em contrapartida, apesar da diversidade de definições de grupos e equipes, não existe uma que atenda a todos os aspectos do que realmente estes conjuntos de pessoas podem ser. Na visão da psicologia, mais especificamente da psicanálise, um grupo pode ser definido como “uma pluralidade de pessoas que num determinado momento estabelecem uma interação precisa e sistemática entre si. Isto significa que, em todo agrupamento psicológico, as pessoas se conhecem e se identificam” (GRINBER apud RODRIGUES, 1981). Para Pichon (1998), psiquiatra e psicanalista suíço e um dos pioneiros nos estudos sobre grupos, a formação de grupo se dá a partir de um conjunto de pessoas que, ligadas por constantes de tempo e espaço e articuladas por uma mútua representação interna, propõe-se, em forma explícita ou implícita, a uma tarefa, que constitui a finalidade para a formação desse determinado grupo. Os psicólogos Guzzo e Dickson (1996) asseguram que um grupo de trabalho só existe quando seus componentes percebem a si mesmos e são percebidos pelos demais, numa realização de trabalho que seja interdependente. Na visão do professor de administração Andrew J. Dubrin (2003), um grupo é uma junção de pessoas que interagem umas com as outras, atuando sobre um propósito comum e percebendo que são um grupo. Muitas outras são as definições de grupos que podemos encontrar. Todavia, todos concordam que um grupo não é um somatório de pessoas. Agrupamento não é sinônimo de grupo. 7 Mas o que especificamente diferencia um grupo de um agrupamento? Analisando as definições dos autores, podemos destacar características que distinguem um grupo de um agrupamento. Vamos analisar: • Grinber afirma que um grupo se constitui a partir de pessoas que, num determinado momento, “estabelecem uma interação precisa e sistemática entre si”. • Pichon-Rivière destaca a importância da “mútua representação interna” e da existência de uma “tarefa” para constituição de um grupo. • Já Guzzo e Dickson alertam para o fato de que, só existe grupo quando as pessoas que o compõem “percebem a si mesmos e são percebidos pelos demais”, além de realizarem um “trabalho que seja interdependente”. • E Dubrin, por sua vez, ressalta a importância da interação, ou seja, é preciso que as pessoas “interajam umas com as outras”. O autor destaca ainda que há necessidade de “atuarem sobre um propósito comum”, “percebendo que são um grupo”. Um das características que podemos destacar é que um grupo só existe, se há algo a ser feito, ou seja, é necessária uma tarefa, um objetivo em comum. Do contrário, não há um grupo. Pessoas reunidas em uma constante de tempo e de espaço que não tenham um objetivo em comum, uma tarefa a ser realizada, não constituem um grupo. A este agrupamento de pessoas ou somatório de pessoas Pichon-Rivière dá o nome de serialidade. “Estabelecem uma interação precisa e sistemática entre si”. Grinber ‘Propõe-se, em forma explícita ou implícita, a uma tarefa, que constitui a finalidade para a formação desse determinado grupo”. Pichon-Rivière “Realização de trabalho que seja interdependente”. Guzzo e Dickson ‘Atuam sobre um propósito comum”. Dubrin 8 Unidade: O que é uma equipe? Vale ressaltar que objetivo em comum não significa o mesmo que objetivo comum. Alunos de um curso de pós-graduação (presencial ou à distância) tem objetivos comuns, especializar- se em determinada área do conhecimento. Pessoas reunidas num ponto de ônibus também têm objetivos comuns, deslocar-se de um ponto a outro. Consumidores em um supermercado também têm objetivos comuns, mas isto não faz deles um grupo. Um grupo é formado por pessoas com objetivos em comum, objetivos compartilhados. Um aluno de pós-graduação pode obter o título de especialista, mesmo que um de seus colegas abandone o curso. Um usuário do transporte coletivo pode chegar ao seu destino, mesmo que o companheiro de viagem diária tenha faltado naquela manhã. Da mesma forma, que o consumidor pode fazer suas compras, mesmo que o outro não tenha dinheiro suficiente para comprar o que pretendia. Estes são casos de serialidade e não de grupo. Um grupo só existe se há objetivo em comum. Outra característica importante acerca da diferenciação de grupo e serialidade, ou agrupamento, de acordo com as definições dos autores citados, está na capacidade de estabelecerem uma interação, de se reconhecerem como grupo e de interagirem uns com os outros. “...pessoas se conhecem e se identificam...” Grinberg “Um conjunto de pessoas que, ligadas por constantes de tempo e espaçoe articuladas por sua mútua representação interna”. Pichon-Rivière “Seus componentes percebem a si mesmos e são percebidos pelos demais”. Guzzo e Dickson “Uma junção de pessoas que interagem umas com as outras’. Andrew J. Dubrin Portanto, como vimos nas definições apresentadas, para que haja grupo as pessoas precisam se sentirem pertencentes ao grupo, precisam se identificarem com as demais que compõem o grupo. Pichon-Rivière fala da mútua representação interna. Para o autor no processo de grupo “surge o reconhecimento de si e do outro” (1985, p. 142) e cada participante tem o grupo dentro de si como um todo. Cada um tem a representação do outro internalizada. A percepção do ser um no grupo, a identificação, a interação com o outro podem ser sintetizadas na noção de vínculo apresentada por Pichon-Rivière. Gayotto ao explicar a noção de vínculo afirma que “o vínculo é a unidade básica de interação ... é através do vínculo que as necessidades cumprem sua função social de gratificação e de frustração” (1992, p. 67). 9 Ou seja, pessoas unidas por uma constante de tempo e espaço só são grupo quando tem um objetivo em comum e quando possuem um vínculo, quando percebem que por meio daquelas pessoas suas necessidades podem ser satisfeitas. Então, mais uma vez, podemos afirmar que pessoas reunidas num ponto de ônibus não formam um grupo, mas um agrupamento. Alunos de um curso de pós-graduação não formam um grupo só porque estão reunidas numa constante de tempo e espaço, independente se o espaço é físico ou virtual. Em ambos os casos, poderiam se tornar grupo caso houvesse uma tarefa compartilhada e um vínculo. Mas, o que isto quer dizer: “caso houvesse uma tarefa compartilhada e um vínculo?” Vamos a um exemplo: Imagine que as pessoas que estão no ponto de ônibus presenciam um atropelamento. Imediatamente essas pessoas se mobilizam para socorrer as vítimas, para auxiliar na situação. Por um instante aquele agrupamento virou grupo, as pessoas se uniram por um objetivo em comum, compartilharam uma tarefa e desempenharam seus papéis de forma interdependente. Estes breves instantes de partilhar a tarefa de socorro às vítimas fez com que aquelas pessoas, antes alheias umas as outras, reconhecessem o outro e interagissem entre si. Naquele momento se tornaram grupo. É relevante ressaltar apenas que provavelmente este grupo não existirá por muito tempo, certamente permanecerá como um grupo constituído apenas durante o socorro. Não deixa de ser grupo, mas a duração da tarefa não permitiu que o vínculo se tornasse forte o suficiente para mantê-lo como o grupo. Então, retomando a diferença entre grupo e agrupamento, ou serialidade, está na existência de um objetivo em comum e na percepção de fazer parte daquele grupo. Mas sabendo o que é e o que não é grupo, surge outro questionamento: “Qual a diferença entre grupos e equipes?” Toda Equipe é um Grupo, mas nem todo Grupo é uma Equipe Você provavelmente já deve ter ouvido a máxima, que serviu de título deste subitem, “Toda equipe é um grupo, mas nem todo grupo é uma equipe”. Mas o que ela quer dizer afinal? Ora, quando fazemos esta diferenciação entre grupos e equipes estamos nos referindo especialmente à forma de trabalho. Um grupo, como vimos, são pessoas que interagem umas com as outras para atingir um objetivo em comum. 10 Unidade: O que é uma equipe? No entanto, diferente de uma equipe, em um grupo de trabalho cada membro pode realizar a parte que lhe compete de uma tarefa de forma independentemente. Na equipe, tal como no grupo, as pessoas também interagem umas com as outras para atingir um objetivo em comum, mas a realização da tarefa deve ser coordenada e interdependente. A diferença está na forma de trabalho. Por isto podemos dizer que toda equipe é um grupo, uma vez que toda a equipe tem as características que compõe um grupo, interação e objetivo em comum, porém, a forma de trabalho de uma equipe exige mais sinergia entre seus membros do que a de um grupo. Robbins propõem um esquema de comparação entre grupos e equipes, apresentada na Figura 1. Grupo de Trabalho Equipes de Trabalho Objetivo: Compartilhar informações Desempenho coletivo Responsabilidade: Individual Individual e mútua Sinergia: Neutra (às vezes negativa) Positiva Habilidades: Aleatórias e variadas Complementares Figura 1 – Comparação entre Grupos de Trabalho e equipes de Trabalho (Fonte: Robbins, 2005, p. 213) A comparação proposta por Robbins apresenta as diferentes formas de trabalho de uma equipe em relação ao de um grupo. Enquanto o grupo compartilha as informações para se chegar à conclusão de suas tarefas, a equipe busca atingir suas metas por meio de um desempenho coletivo: todos trabalhando juntos, de forma coordenada em prol do objetivo proposto. No grupo cada integrante assume a responsabilidade por aquilo que lhe é determinado fazer, no trabalho em equipe também há esta assunção de responsabilidades individuais, no entanto, há também o compartilhamento das mesmas, sendo que cada qual é responsável também pela produção do outro. Esta diferença na forma como os membros de grupos e equipes assumem seus compromissos refletem diretamente na sinergia. Na equipe a sinergia é positiva, pois existe cooperação entre as pessoas em defesa dos interesses quer coletivos, quer individuais. De outro lado, o mesmo não se vê no trabalho em grupo, a sinergia é neutra ou pode mesmo ser negativa, uma vez que cada membro pode realizar sua parte na obtenção da tarefa, sem se importar diretamente com a realização do outro. Quanto às habilidades, em uma equipe estas são complementares, já em um grupo estas são variadas e mesmo aleatórias. Robbins ressalta ainda que para transformar um grupo em uma equipe não basta apenas trocar a nomenclatura, “não existe nenhuma mágica inerente na criação de equipes que garanta sinergia positiva” (p. 213). E isto é tão verdade que transformar um grupo em uma equipe não é tarefa fácil. Atuar em equipe exige muito mais dedicação e comprometimento de seus participantes e de seus líderes, mas os resultados são visivelmente melhores. 11 Como ensinam Katzenbach e Smith a essência de uma equipe é o compromisso comum. Sem ele, os grupos atuam como indivíduos; com ele, tornam-se uma poderosa unidade do desempenho coletivo. E é certo que as organizações contemporâneas e seus gestores têm consciência da importância de compreender e de investir nas interações nos ambientes de trabalho, tanto que a capacidade de desenvolver boas relações é apontada como um dos comportamentos mais valorizados no ambiente organizacional (COSTA, 2009). No entanto, importa às organizações e aos gestores, criar condições individuais e de contexto que propiciem o desenvolvimento do trabalho em equipe. Para tanto, é preciso compreender fatores individuais, como cultura, valores, socialização, além dos próprios fatores de formação de uma equipe para que se possa agir e interagir com as pessoas de forma a torná-las mais eficazes quando atuarem em conjunto. 12 Unidade: O que é uma equipe? Referências ALBUQUERQUE, L. G. Estratégia de recursos humanos e competitividade. Revista de Administração. São Paulo: v. 27, n. 4, out/dez, 1992. p. 16-29. COSTA, J. E. Venha fazer parte desta turma: saiba quem é o profissional que as melhores empresas procuram. Guia Você S.A./Exame. Edição Especial, 2009. DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. FISCHER, A. L. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. Em: LIMONGI-FRANÇA, A. C. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. GAYOTTO, M. L. C. e outros. Creches: desafios e contradições da criação coletiva da criança pequena. São Paulo: Ícone, 1992. GUZZO, R. 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São Paulo, nº 37, maio de 1981. www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br Capa Processos Individuais e a Influencia no Grupo Referências Capa Estrutura e Formação de Equipes Referências Capa O Papel do Líder na Performance Referências Capa Avaliação e Feedback: Instrumentos para a Gestão de Equipes de Alta Performance Referência Capa O que é uma equipe? Referências
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