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TRABALHO PROCESSO PENAL

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INSTITUTO DAMÁSIO DE DIREITO 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 TRABALHO AVALIAÇÃO CONTINUADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RA 191140026 – Júlia Novais 
E-mail: julia_novais12@hotmail.com 
Celular (11) 97072-8000 
 
 
 
TURMA NS7 
São Paulo 
 2020 
 
DENIS PIGOZZI ALABARSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO AVALIAÇÃO CONTINUADA 
 
 
Trabalho apresentado no 
7º Semestre do Curso de Direito 
do Instituto Damásio de Direito, 
como exigência parcial para 
obtenção da nota relativa a 
“Avaliação Continuada” na 
disciplina “Processo Penal 
Aplicado” sob orientação do 
Professor Denis Pigozzi 
Alabarse. 
 
 
 
 
São Paulo 
 2020 
 
1) DOS SUJEITOS PROCESSUAIS, DANDO ÊNFASE AO ASSISTENTE DE 
ACUSAÇÃO 
2) do conflito de jurisdição 
3) do incidente de falsidade 
4) das medidas assecuratórias 
Deve ser feito com as próprias palavras 
entrega: dpalabarse1@icloud.com 
1) Há três sujeitos: juiz, acusador e réu (parte primária) 
Quando nos referimos a um processo, esse deve conter as partes, que 
são composta por limites e categorias jurídicas próprias do processo 
penal. Acima de tudo, o que se busca é reforçar a posição da parte 
passiva, fortalecendo o sistema acusatório com o estabelecimento da 
igualdade de armas, do contraditório, e, por fim, com o abandono 
completo de todo e qualquer resíduo do verbo totalitário. 
Em última análise, significa o abandono completo da concepção do 
acusado como um objeto, considerando se agora no seu devido lugar: 
como parte no processo penal. Tanto mais forte será sua posição quanto 
mais clara for a delimitação da esfera jurídica de cada parte, pois somente 
assim poderá efetivar-se o contraditório. 
O fortalecimento da estrutura dialética do processo beneficia a todos os 
intervenientes e, principalmente, contribui para uma melhor Administração 
da Justiça. Devemos destacar que no processo penal o elemento 
subjetivo determinante do objeto é exclusivamente a pessoa do acusado, 
pois não vige a doutrina das três identidades da coisa julgada civil, pois 
nem o pedido nem a identidade das partes acusadoras são essenciais 
para a pretensão e a coisa julgada. 
o processo penal reside na definição carneluttiana, segundo a qual lide 
significa conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida. 
 
 
mailto:dpalabarse1@icloud.com
No entanto, nem sempre haverá resistência do acusado à pretensão do 
Autor. O vício conceitual então poderá ser corrigido para assentir que, ao 
invés de pretensão resistida, há uma pretensão insatisfeita. O ius puniendi 
não pode ser exercido contra o acusado sem o devido processo legal. A 
aplicação do Direito Penal deve ser jurisdicionalizada, mediante utilização 
imprescindível do processo para que seja legitimada a punição estatal. 
Ainda analisando o desacerto em utilizar o conceito de Francesco 
Cannelutti, “aplicando-o ao processo penal, encontra-se no exame sobre 
o interesse”. Na do processo penal, a condenação do réu à sanção 
privativa de liberdade não decorrem quaisquer vantagens para a vítima e 
mesmo para o Estado, apontando-se apenas a virtude de manter o 
sentimento de segurança da população geral. 
Num sistema inquisitivo, que concentra em uma única figura as funções 
de acusar, defender e julgar, e com o advento do sistema acusatório, 
passa a ter maior relevância a imparcialidade do juiz. Imparcialidade esta 
que possui íntima relação com o princípio do juiz natural, com a respectiva 
vedação ao juiz ou tribunal de exceção, visando evitar a alteração de 
determinada, concreta e específica decisão. Por isso há casos de 
impedimento, incompatibilidades e suspensão do juiz. As hipóteses de 
impedimento estão relacionadas a fatos e circunstâncias de fato e de 
direito, e com condições pessoais do próprio julgador. 
O processo criminal português conta com a intervenção de um número 
considerável de intervenientes. São eles: o tribunal (o juiz), o ministério 
público, os órgãos e as autoridades de polícia criminal, o ofendido, o 
assistente, o suspeito, o arguido, o defensor, a testemunha, o perito, o 
consultor técnico, e o lesado. No processo penal português todos eles 
podem ser considerados genericamente como participantes processuais, 
no entanto, dentro deste grande círculo de intervenientes processuais é 
habitual distinguir-se entre participantes processuais e sujeitos 
processuais. 
Assim, enquanto os participantes processuais “praticam atos singulares 
cujo conteúdo processual se esgota na própria atividade”, os sujeitos 
processuais são titulares de “direitos (que surgem, muitas vezes, sob a 
forma de poderes-deveres ou de ofícios de direito público) autónomos de 
conformação da concreta tramitação do processo como um todo, em vista 
da sua decisão final”. Em outras palavras, “têm uma participação 
constitutiva na declaração do direito do caso”, segundo Antunes (2016). 
 
Correspondendo os sujeitos processuais aos chamados participantes 
processuais maiores, ou seja, são aqueles entre os quais se desenrola e 
estabelece a relação jurídica que se inicia com a notícia do crime. 
O instituto do assistente de acusação 
 
O assistente da acusação é uma parte secundária/acessória, sendo que 
o processo independe dele para se desenvolver. O advogado vai ajudar 
ao Ministério Publico, sendo a vitima ou familiares que contratem o 
advogado, sendo o momento dele adentrar no processo sendo em 
qualquer tempo, porem desde que seja até antes do transito em julgado. 
Não precisará o advogado fundamentar o porque dele estar entrando 
como assistente de acusação, porque a vitima tem legitimidade, sendo 
que para o advogado habilitar-se no processo, basta um pedido simples, 
mas com a explicação de que a vitima pode adentrar como assistente de 
acusação mediante procuração. E caso a vitima venha a falecer, poderá 
entrar com assistente o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (Art. 
268 e 31 CPP). 
Diz, Aury, que quanto à legitimidade, o art. 268 do CPP poderá intervir 
como assistente o ofendido ou representante legal, ou, na falta, qualquer 
das pessoas mencionadas no art. 31, quais sejam: cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. Excepcionalmente, admite-se que órgãos ou 
entidades sejam assistentes da acusação, mas os casos são 
taxativamente previstos em lei. 
Tem como natureza jurídica a parte contingente/secundária, porque sua 
atividade processual é acessória em relação àquela desenvolvida pela 
parte principal, que é o Ministério Público. 
Nessa linha, nos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, a Lei n. 
7.492, no seu art. Ademais, não há que se esquecer de que se o crime for 
praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e 
Município, a ação penal será de iniciativa pública. Logo, quem defende 
em juízo os interesses do órgão público afetado é o Ministério Público, 
sendo sem sentido (salvo para gerar desequilíbrio processual e 
contaminar o processo com o sentimento de vingança) admitir-se a 
assistência. Do contrário, teríamos de admitir que o Ministério Público é 
negligente na tutela do patrimônio público, o que seria um contrassenso. 
Noutra dimensão, não há que se confundir o assistente com o advogado 
que o representa. Assistente é a vítima, seu ascendente, descendente ou 
irmão, mas, em qualquer caso, necessita de advogado para postular em 
juízo (capacidade postulatória). O interesse de agir, como explicado 
anteriormente, não pode ser pensado desde a ótica do processo civil. No 
processo penal, vigora o princípio da necessidade, ou seja, é o processo 
penal o caminho necessário para chegar-se à pena. Logo, não há que se 
questionar sobre o interesse, muito menos sob a ótica civilista da 
“necessidade e utilidade do provimento”, pois ele é inerente à ação 
processual penal. No Ministério Público – tanto nos crimes de ação penal 
de sua iniciativa (pública) – comonos crimes de iniciativa privada, o 
interesse é inerente a quem tiver legitimidade para propor a ação, pois 
não há outra forma de obter e efetivar a punição. Sem embargo, o 
assistente é uma parte secundária, que não dá o starter procedimental, e 
tampouco sua presença é necessária. O ne procedat iudex officium se 
realiza através da atividade do Ministério Público e não do assistente da 
acusação, pois o assistente somente poderá ingressar após a denúncia 
ter sido oferecida e admitida, não sendo ele o responsável pela invocação 
da tutela jurisdicional. Então, o que justifica sua intervenção? Que 
interesse lhe motiva? Deixando os frágeis argumentos teóricos de lado, 
como regra, a assistência da acusação é motivada por sentimento de 
vingança e/ou interesse econômico. Bastante frágil é a alegação de que 
o assistente está interessado em “fazer (ou contribuir para a) justiça”, pois 
que conceito de justiça é esse que somente se conforma com uma 
sentença condenatória? Falar em “sentença justa”, nesse caso, é recorrer 
a um conceito vago, que oculta, no fundo, uma visão unilateral e vingativa, 
pois a tal “sentença justa” somente existe quando condenatória. Sim, 
porque ninguém se habilita como assistente para postular a absolvição do 
acusado... Quanto ao interesse econômico, recordemos as explicações 
que fizemos ao tratar da “ação civil ex delicti” anteriormente. Há situações 
em que uma mesma ação ou omissão gera efeitos nos dois (civil ou penal) 
ou três campos (civil, penal e administrativo). O assistente ingressa no 
processo penal para buscar uma sentença penal condenatória que, além 
de fixar um valor mínimo a título de indenização para a vítima (art. 387, 
IV), com o trânsito em julgado, irá constituir um título executivo judicial na 
esfera cível, nos termos do art. 515, VI, do CPC. Com a sentença penal 
condenatória, a vítima do delito ou seu representante legal poderá ajuizar 
ação de execução na jurisdição cível, buscando o pagamento do valor 
fixado na sentença penal a título de indenização (arts. 63 e 596 , parágrafo 
único, 387, IV, do CPP). Se a vítima entender ser insuficiente esse valor, 
poderá postular a liquidação do dano, obtendo com isso o restante devido. 
Não se pode esquecer que o art. 387, IV, determina que o juiz penal fixe 
o valor “mínimo”, não impedindo que a vítima postule, no juízo cível, um 
valor maior, sem que se discuta mais a causa de pedir, mas apenas 
quanto deverá ser o complemento. Antes de obter o título executivo, 
poderá o assistente, dentro do processo penal, buscar a indisponibilidade 
patrimonial do réu, por meio das medidas assecuratórias previstas no art. 
125 e s. do CPP. Esse interesse econômico também pode vir noutra 
dimensão: buscar uma sentença condenatória para ser utilizada na 
Justiça do Trabalho. Não raras vezes, o que busca o assistente é uma 
condenação penal que possa ser utilizada para justificar a despedida com 
justa causa, gerando profundos reflexos trabalhistas. Outra discussão que 
brota nesse momento é a seguinte: pode o assistente da acusação 
recorrer postulando aumento da pena aplicada? Se for defendida a 
existência de um interesse puramente econômico, não está o assistente 
autorizado a recorrer para pedir um aumento de pena, pois seu interesse 
se satisfaz com a constituição do título executivo que brota da sentença 
penal condenatória, independente do quantum de pena aplicada. Assim, 
o título executivo buscado estará constituído com uma condenação a 1 
mês de pena ou a 20 anos, é irrelevante. Daí por que não cabe o recurso 
para mero aumento de pena. Contudo, há quem entenda que o assistente 
é um auxiliar da acusação, buscando uma sentença “justa”. Para os 
seguidores dessa corrente, admite-se que o assistente recorra – quando 
o Ministério Público não o fizer – para buscar a exasperação da pena. O 
argumento é o de que o assistente teria interesse na punição adequada e 
suficiente do réu, de modo que uma pena “baixa” não seria “justa”. Com 
vênia aos que assim pensam, não podemos concordar com essa posição. 
Entendemos que o assistente não pode recorrer para pleitear o aumento 
de pena, pois lhe falta interesse recursal. E nada impede que o assistente 
recorra apenas do valor indenizatório fixado na sentença penal. Com as 
alterações levadas a cabo pela Lei n. 11.719/2008, deverá o juiz criminal, 
na sentença condenatória, fixar um valor mínimo a título de indenização 
para a vítima. Desse valor, pode perfeitamente recorrer o assistente da 
acusação. Feitas essas considerações, passemos às principais críticas 
feitas pela doutrina ao instituto da assistência. 
A principal crítica que se faz à figura do assistente da acusação brota 
exatamente do interesse que lhe motiva: sentimento de vingança e 
interesse econômico privado. O sentimento de vingança gera uma 
contaminação que em nada contribui para um processo penal equilibrado 
e ético. Essa afirmativa não significa qualquer menoscabo ou desprezo 
pela figura da vítima, todo o oposto. Apenas queremos chamar a atenção 
para o fato de que um processo penal com tal dose de contaminação é 
um grave retrocesso que dificulta a serena administração da justiça. 
Noutra dimensão, o interesse econômico deve ser satisfeito com 
plenitude, mas não no processo penal. 
A mistura de pretensões (acusatória e indenizatória) gera uma grave 
confusão lógica e, principalmente, um hibridismo bastante perigoso e 
problemático, que pode conduzir a “condenações penais disfarçadas de 
absolvições fáticas”, ou seja, condena-se alguém na esfera penal a uma 
pena irrisória (multa ou restritiva de direitos), muitas vezes por delitos 
insignificantes, pois no fundo o que se quer satisfazer é a pretensão 
indenizatória. Isso representa um desvirtuamento completo do sistema 
jurídico penal para a satisfação de algo que é completamente alheio a sua 
função. 
O processo penal não pode ser desvirtuado para ser utilizado a tais fins, 
por mais legítimos que sejam, pois o instrumento é inadequado. Na 
expressão de BETTIOL, isso constitui a derrocada completa do processo 
penal, que deixa de ser portador de justiça para se converter em simples 
instrumento de tutela de interesses privados. Há que se colocar as coisas 
no seu devido lugar. GÓMEZ ORBANEJA também, há muito tempo, 
apontava para o perigo da privatização do processo penal que, segundo 
o autor, é completamente incompatível com sua verdadeira finalidade e 
com o próprio caráter estatal da pena. Mas isso não significa que a vítima 
deva ficar desamparada, senão que corresponde ao processo civil a 
efetiva missão de satisfazer seus interesses econômicos. 
 Não o processo penal. Por fim, poder-se-ia questionar ainda a 
(in)constitucionalidade do instituto, na medida em que o art. 129, I, da 
Constituição é categórico ao afirmar que compete ao Ministério Público 
promover “privativamente” a ação penal pública na forma da lei. A única 
exceção, também constitucional, ao poder privativo de promoção da ação 
penal pública, está no art. 5º, LIX, na chamada ação penal privada 
subsidiária/substitutiva da pública, nos termos e na forma anteriormente 
explicada. Logo, como não é possível assistente da acusação na ação 
penal de iniciativa privada (pois ele é o autor principal) e, na pública, a 
promoção é de atribuição “privativa” do Ministério Público, não estaria 
recepcionada pelo texto constitucional a figura do assistente da acusação, 
sendo ilegítima sua intervenção. Apesar das críticas à figura do assistente 
da acusação, trata-se de intervenção admitida no sistema processual 
penal brasileiro pela maioria dos tribunais. 
 
2) Nos termos do Art. 114 do CPP haverá conflito de jurisdição ou 
competência, quando: 
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição: I – quando duas ou mais 
autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, 
para conhecer do mesmo fato criminoso; II – quando entre elas surgir 
controvérsiasobre unidade de juízo, junção ou separação de processos. 
Haverá o conflito negativo de jurisdição ou de competência quando duas 
ou mais autoridades judiciárias se disserem igualmente incompetentes 
para o julgamento. Será positivo o conflito quando dois juízes (ou 
tribunais) se acharem igualmente competentes para o julgamento do 
processo. O conflito será de jurisdição quando ocorrer entre órgãos da 
jurisdição especial (militar e eleitoral); entre órgãos da jurisdição especial 
e comum (federal ou estadual), bem como entre órgãos da Justiça 
Comum Federal em relação a outro da Justiça Estadual. Será de 
competência o conflito quando ocorrer entre órgãos julgadores 
pertencentes à mesma “Justiça” e vinculados ao mesmo tribunal. Assim, 
haverá conflito de jurisdição entre juiz eleitoral e juiz de direito; ou entre 
juiz militar e um juiz federal, por exemplo. Também será de jurisdição o 
conflito entre juiz federal e juiz de direito (estadual), ou, ainda, entre juízes 
federais subordinados a diferentes Tribunais Regionais Federais. 
 Haverá conflito de competência quando for entre juízes de direito de 
diferentes cidades; entre juiz e Tribunal do Júri; entre juízes federais 
subordinados ao mesmo TRF etc. Relevante nessa matéria é a definição 
do órgão competente para julgar o respectivo conflito positivo ou negativo, 
que será sempre jurisdição superior àqueles entre os quais se 
estabeleceu o conflito. Assim, exemplificativamente, se o conflito for entre 
juízes de direito (estaduais), competirá ao respectivo Tribunal de Justiça, 
ao qual estão vinculados, a decisão; se forem juízes de diferentes 
estados, caberá ao STJ o julgamento do conflito; entre juízes federais, 
caberá ao respectivo TRF ao qual eles estão vinculados, mas, se 
pertencerem a tribunais de regiões diferentes, caberá ao STJ o 
julgamento do conflito. Relevante, ainda, é o conflito positivo ou negativo 
de jurisdição que pode ocorrer entre um juiz de direito e um juiz federal. 
Nesse caso, caberá ao STJ o julgamento. 
Inviável que o julgamento seja proferido pelo TJ, pois a ele não está 
vinculado o juiz federal. Na mesma dimensão, também não poderá o 
conflito ser resolvido pelo TRF, pois a ele não se vincula o juiz de direito. 
Daí por que o órgão jurisdicional superior a ambos é o STJ, cabendo a ele 
o julgamento do conflito. Por fim, ao lado dos conflitos de jurisdição e 
competência, é possível ocorrer um conflito de atribuições entre 
autoridades administrativas, como Ministério Público e Polícia Judiciária. 
Nesses casos, o conflito de poderes administrativos acabará sendo 
resolvido no âmbito da própria administração (caso da polícia judiciária) 
ou com a intervenção do poder jurisdicional. 
Conflito de jurisdição e competência: está previsto no art. 114 do CPP. O 
conflito será de jurisdição quando ocorrer entre órgãos da jurisdição 
especial, entre especial e comum ou entre órgãos da justiça comum 
federal ou estadual. Será de competência quando ocorrer entre julgadores 
da mesma “justiça”, vinculados ao mesmo tribunal. O conflito será sempre 
resolvido por um órgão de jurisdição superior àqueles entre os quais se 
estabeleceu o conflito. É possível o conflito de “atribuições” entre 
autoridades administrativas, seja entre membros do Ministério Público, da 
polícia ou entre MP e polícia judiciária. Será negativo o conflito quando 
duas ou mais autoridades judiciárias se disserem incompetentes; e 
positivo, quando dois ou mais julgadores se acharem igualmente 
competentes para o julgamento do processo. 
3) Incidente de falsidade 
Estabelece o art. 145 do CPP, e seguintes, que, sendo arguida por escrito 
a falsidade de um documento constante nos autos, deverá o juiz mandar 
autuar em apartado a impugnação, ouvindo a parte contrária, que no 
prazo de 48h oferecerá resposta. Reconhecida a falsidade documental 
por decisão irrecorrível, mandará o juiz desentranhá-la dos autos, 
remetendo a seguir para o Ministério Público tomar as medidas que 
entender cabíveis. Se não acolhida a alegação de falsidade do 
documento, permanecerá ele nos autos, surtindo todos os efeitos 
probatórios. O recurso em sentido estrito é o meio de impugnação 
adequado para atacar a decisão proferida neste incidente, 
independentemente de sua natureza. 
4) Denominadas no Código de Processo Penal “Medidas Assecuratórias”, 
encontramos um conjunto de medidas cautelares reais, na medida em 
que buscam a tutela do processo (assegurando a prova) e, ainda, 
desempenham uma importante função de tutela do interesse econômico 
da vítima, resguardando bens para uma futura ação civil ex delicti 
(anteriormente explicada) e também do Estado, no que se refere à 
garantia do pagamento da pena pecuniária e custas processuais. É 
evidente, portanto, seu caráter cautelar. 
No Brasil, durante muito tempo, as medidas assecuratórias 
permaneceram em profundo repouso, sem utilização, tornando-se ilustres 
desconhecidas nos foros criminais. Mas isso é passado e, nas últimas 
décadas, com a crescente expansão do direito penal econômico e 
tributário, as medidas assecuratórias estão na pauta do dia. Na síntese 
de ARAGONESES MARTINEZ, as medidas cautelares reais pretendem, 
através da limitação da disponibilidade de bens, assegurar a execução 
dos pronunciamentos patrimoniais de qualquer classe que possa incluir a 
sentença, não só à restituição de coisas, à reparação do dano e à 
indenização dos prejuízos, mas também o pagamento da multa e custas 
processuais. 
 O sistema processual penal contempla medidas cautelares pessoais (as 
prisões cautelares anteriormente estudadas, que restringem a liberdade 
pessoal do sujeito passivo) e também medidas cautelares reais ou 
patrimoniais, pois incidem sobre bens móveis e imóveis do imputado, 
gerando uma restrição da livre disposição de bens e valores, com vistas 
à constituição da prova e/ou ressarcimento dos prejuízos sofridos pela 
vítima do delito. Existe, dependendo da medida, o atendimento de um 
duplo interesse: processual-probatório e patrimonial da vítima. 
A busca e apreensão e a restituição de coisas apreendidas poderiam 
perfeitamente ser inseridas nesse rol, pois também servem ao processo 
(constituição da prova através da busca e apreensão), bem como ao 
interesse da vítima (a restituição do objeto direto do delito, devidamente 
apreendido). Contudo, não foi essa a sistemática adotada pelo CPP, que 
optou por situar a busca e apreensão no Título VII “Da Prova”. Por esse 
motivo, a medida foi por nós abordada no capítulo onde estamos, as 
provas. Da mesma forma, eis que intimamente vinculada ao instituto da 
busca e da apreensão, lá abordamos a “restituição de coisas 
apreendidas”. Seguindo a sistemática do Código de Processo Penal, 
veremos agora as seguintes medidas assecuratórias: 
a) sequestro de bens móveis; 
b) sequestro de bens imóveis; 
c) hipoteca legal de bens imóveis; 
d) arresto prévio de bens imóveis; 
e) arresto de bens móveis. 
 
Como medidas cautelares que o são, não se afastam dos princípios 
anteriormente referidos, sendo aplicáveis aqui as garantias da 
jurisdicionalidade, provisionalidade, provisoriedade, excepcionalidade e 
proporcionalidade. Também exigem, para sua decretação, a 
demonstração do fumus commissi delicti e do periculum libertatis, ainda 
que, por se tratarem de medidas patrimoniais, esses elementos adquiram 
um referencial conceitual um pouco distinto daquele que norteia o sistema 
das cautelares pessoais. 
Cada uma das medidas possui a sua especificidade, exigindo uma certa 
flexibilização dos conceitos a ponto de, por sua estreita relação com as 
medidas cautelares do Direito Processual Civil, não constituir uma 
impropriedade falar-se em fumus boni iuris e periculum in mora. Mas, 
sublinhe-se, isso em nada conflita com a crítica que fizemos anteriormente 
a tais conceitos, pois, em se tratando de medida cautelar pessoal (leia-se 
prisõescautelares), é absolutamente inadequada a transmissão de 
categorias do processo civil. 
Contudo, nas medidas cautelares reais, por sua estreita vinculação com 
o interesse patrimonial a ser satisfeito na esfera cível, em sede de ação 
de indenização, por exemplo, a adoção dos conceitos fumus boni iuris e 
periculum in mora não constitui a mesma inadequação. Inclusive, em 
relação ao periculum in mora, é ele ainda mais evidente, na medida em 
que o perigo não decorre do “estar em liberdade o agente”, senão das 
possibilidades de deterioração dos bens móveis ou imóveis, alienações 
fraudulentas etc. 
Logo, efetivamente o perigo decorre da demora entre a medida cautelar 
e o provimento cível definitivo, fazendo com que o bem indisponibilizado 
corra risco de perecimento. 
Nesse sentido, ARAGONESES MARTINEZ explica que, como todo 
processo se desenvolve através de um procedimento, é indiscutível que 
desde seu início até sua conclusão haverá um período de tempo de 
duração indeterminada, que pode colocar em risco o êxito do processo de 
conhecimento ou de execução, justificando em certos casos a restrição 
patrimonial. 
Feitas essas ressalvas introdutórias, vejamos agora as medidas 
assecuratórias em espécie.

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