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Diarreias Agudas

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 A diarreia pode ser definida de forma prática como a 
eliminação de fezes amolecidas, de consistência líquida, 
fenômeno que geralmente vem acompanhado de: 
a) Aumento do número de evacuações diárias (> 3x dia); 
b) Aumento da massa fecal (> 200 g/dia). 
 A diarreia ocorre quando o balanço entre absorção e secreção 
de fluidos pelos intestinos (delgado e/ou cólon) está 
prejudicado, por redução da absorção e/ou aumento da 
secreção. 
INCONTINÊNCIA FECAL X DIARREIA 
 A incontinência fecal é a perda involuntária de fezes SEMPRE. 
 A diarreia é um momento em que acontecem alterações nas 
fezes e frequência das fezes. 
 Em referência a duração: 
→ Aguda (< 2 semanas); 
→ Protraída ou persistente (2-4 semanas); 
→ Crônica (> 4 semanas). 
 Em referência à sua origem: 
→ Diarreia alta: proveniente do intestino delgado. Os 
episódios diarreicos são mais volumosos 
→ Diarreia baixa: proveniente do cólon. As evacuações 
ocorrem em pouca quantidade, muito mais frequentes 
e ainda associadas a tenesmo (desconforto ao evacuar). 
 Em relação ao seu mecanismo fisiopatológico 
→ Osmótica: ocorre um desbalanço entre a absorção e 
secreção de água no TGI. É uma diarreia que cessa em 
estado de jejum, a suspensão da substância incriminada 
melhora rapidamente o quadro. Por exemplo: deficiência 
de lactase. 
→ Secretória não invasiva: algum fator, geralmente uma 
toxina, droga ou substância neuro-hormonal, está 
estimulando a secreção ou inibindo a absorção 
hidroeletrolítica pelo epitélio intestinal. Pode ser uma 
diarreia “alta” ou “baixa”, ou as duas ao mesmo tempo. 
Por exemplo: laxantes, bactérias produtoras de toxinas. 
Ela não cessa com jejum. 
 
 
 
 
 
→ Invasiva ou inflamatória: liberação de citocinas e 
mediadores inflamatórios por lesão direta da mucosa 
intestinal (enterite, colite ou enterocolite), o que 
estimula a secreção intestinal e o aumento da 
motilidade. O marco deste tipo de diarreia é a presença 
de sangue, pus e muco nas fezes, podendo ser 
chamada de disenteria. 
→ Diarreia + Esteatorreia (Síndrome Disabsortiva): A 
presença de esteatorreia (aumento da eliminação fecal 
de lipídios) sempre tem origem numa doença do 
intestino delgado. O mecanismo da diarreia na síndrome 
disabsortiva inclui o mecanismo secretório colônico 
(“diarreia dos ácidos graxos”), o mecanismo osmótico da 
má absorção de carboidratos dissacarídeos (deficiência 
secundária de lactase) e, em menor grau, a própria 
massa lipídica fecal. 
→ Funcional: causada pela hipermotilidade intestinal. Os 
principais exemplos são a síndrome do intestino irritável 
(pseudodiarreia) e a diarreia diabética (neuropatia 
autonômica). 
 
ÂNION GAP FECAL 
 O ânion-gap fecal representa as substâncias osmoticamente 
ativas que habitualmente não são dosadas nas fezes. 
 
 
 Definida como uma diarreia que dura < 2 semanas, na imensa 
maioria das vezes possui etiologia infecciosa. 
 Em geral, as diarreias agudas são leves, cursando com 3-7 
evacuações diárias e perda de menos de 1 litro de líquido nas 
fezes. 
 Contudo, nos casos graves (ex.: cólera), o paciente pode 
evacuar mais de 20 vezes ao dia e perder mais de 5 litros de 
fluido, sobrevindo desidratação, hipovolemia, choque 
circulatório e acidose metabólica. 
 Quando acompanhada de náuseas, vômitos e dor abdominal 
difusa, a diarreia aguda compõe a síndrome de gastroenterite 
aguda, uma condição habitualmente causada por infecções 
virais ou intoxicação alimentar. 
 A maior causa de gastroenterite aguda são as infecções virais 
(ex.: Norovirus em adultos, Rotavirus em crianças). O principal 
causador de intoxicação alimentar é o Staphylococcus aureus. 
 Perante um quadro de diarreia aguda, devemos inicialmente 
determinar se a diarreia é do tipo inflamatória ou não. 
 As diarreias agudas 
inflamatórias 
geralmente afetam 
o cólon, 
manifestando-se 
com diarreia de 
pequeno volume e 
múltiplos episódios 
ao dia, além de dor no 
quadrante inferior esquerdo 
do abdome, tenesmo e 
urgência fecal. 
 As diarreias agudas não 
inflamatórias geralmente 
afetam o delgado, 
manifestando-se com 
diarreia de grande volume, 
poucos episódios e dor 
periumbilical, não raro sendo 
acompanhadas pelos demais 
sinais e sintomas que 
constituem a síndrome da 
gastroenterite aguda. 
 Nas diarreias agudas não 
inflamatórias, não costuma 
ser necessário realizar 
exames para investigação 
do diagnóstico etiológico, tampouco se indica qualquer 
tratamento específico além de medidas de suporte visando 
manter a hidratação. 
 
 
 Dieta: refeições “leves” e de “fácil digestão” devem ser 
encorajadas, em lactentes, o aleitamento materno NÃO deve 
ser interrompido. 
 Hidratação: sempre que possível deve-se preferir a 
reidratação oral, com soluções que já vem prontas (como o 
soro de reidratação oral da OMS ou produtos comerciais como 
o Pedyalite®) ou com preparo do soro caseiro. 
HIDRATAÇÃO 
 Soro caseiro: 1 litro de água filtrada ou fervida + 1 colher de 
café (rasa) contendo sal de cozinha (3 g) + 1 colher de sopa 
(rasa) contendo açúcar (20 g). 
 A reidratação intravenosa é reservada para os casos graves 
ou naqueles em que o paciente não tolera o uso da via oral. A 
solução de escolha é o Ringer Lactato, pois o lactato é 
transformado em bicarbonato pelo fígado, corrigindo ou 
prevenindo a acidose metabólica (soro “alcalinizante”). 
 O soro fisiológico (NaCl 0,9%) contém um discreto excesso de 
cloro e, quando ministrado em grande volume, ocasiona uma 
acidose metabólica hiperclorêmica que pode agravar e 
prolongar a duração da acidose metabólica secundária à diarreia 
 
 Agentes antidiarreicos 
→ Podem dar conforto ao paciente, diminuindo o número 
de evacuações e a sensação de urgência fecal, além de 
aumentar a consistência das fezes. 
→ No entanto, seu emprego só pode ser cogitado em 
quadros de diarreia aguda “não inflamatória”. 
1. Racecadotril (Tiorfan®): 100 mg VO 8-8h; 
2. Loperamida (Imosec®): 4 mg de “ataque” seguido de 2 mg VO 
após cada evacuação, até um máximo de 16 mg/dia; 
3. Subsalicilato de Bismuto (Pepto-Bismol®): 30 ml VO 6-6h. 
→ É imprescindível ter em mente que todos os 
antidiarreicos possuem a mesma CONTRAINDICAÇÃO 
BÁSICA: diarreia “inflamatória” ou “invasiva”, isto é, 
presença de disenteria (sangue, muco e pus nas fezes), 
febre e/ou sinais de toxicidade sistêmica. → Isso 
facilita as chances de complicações como a síndrome 
hemolítico-urêmica (SHU), caso a infecção esteja sendo 
causada por uma bactéria produtora de shigatoxinas, 
como a E. coli e o megacólon tóxico. 
 Probióticos 
→ São microorganismos vivos que conferem benefício 
para a saúde do hospedeiro. 
→ Em se tratando das diarreias agudas, acredita-se que 
eles possam ajudar a restabelecer a microbiota normal 
do intestino. 
→ O seu uso ainda é controverso. 
 Antimicrobianos 
→ Alguns pacientes com diarreia aguda devem receber 
antibioticoterapia empírica. 
→ As drogas de escolha são as fluoroquinolonas.

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