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História, organização e assistência à família de pessoas internadas em Unidades Críticas: Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Definição Unidade complexa dotada de sistema de monitorização contínua que admite pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que, com o suporte e tratamento intensivos, tenham possibilidade de se recuperar – Resolução MS 81 – 1995. São unidades hospitalares destinadas ao atendimento de pacientes graves ou com iminente risco de vida que dispõem de uma assistência de enfermagem especializada e ininterrupta, destinando os pacientes à uma terapêutica mais adequada – Portaria n° 3432 MS. Ambiente de alta complexidade, reservado e único no ambiente hospitalar, já que se propõe estabelecer monitorização completa e vigilância 24 horas. Unidade de Tratamento Semi-intensivo (unidade semi-intensiva) ou Unidade de Cuidados Intermediários (UCI): destinada ao atendimento de pacientes, preferencialmente oriundos da UTI, que requeiram cuidados de enfermagem intensivos e observação contínua, sob supervisão e acompanhamento médico, este último não necessariamente contínuo, porém linear. Serviço de Tratamento Intensivo Móvel (UTI Móvel): conjunto de elementos funcionalmente agrupados e uma frota de veículos devidamente projetados e equipados, destinados a garantir suporte avançado de vida durante o transporte de pacientes graves ou de risco, no atendimento de emergência pré-hospitalar e no transporte inter-hospitalar. Este serviço pode ser parte integrante do serviço do hospital ou constituir-se em um prestador autônomo de UTI móvel. Centro de Tratamento Intensivo (CTI): agrupamento, numa mesma área física, de duas ou mais UTIs, incluindo-se, quando existentes, as Unidades de Tratamento Semi-intensivo. Na resolução nova: Unidade de Cuidados Intermediários. O CFM publicou no Diário Oficial da União, em 23/04/2020, a Resolução n° 2.271/2020, que regulamenta os critérios para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e Unidades de Cuidados Intermediários no Brasil e traz as seguintes definições a saber: 1. Paciente crítico ou gravemente enfermo: defini-se aquele que apresenta instabilidade ou risco de instabilidade de sistema vital com risco de morte. Os pacientes podem sofre deterioração de uma ou mais funções dos órgãos vitais, apresentando instabilidade cardiovascular, respiratória, neurológica, renal, metabólica ou patologias que possam levar à instabilidade desses sistemas. 2. Níveis de cuidados: dependem do grau de complexidade e gravidade da condição de saúde e podem ser estratificados da seguinte forma: Nível de atenção III (muito alto): pacientes de UTI com múltiplas falências agudas de órgãos vitais ou em risco de desenvolvê-las, com caráter de ameaça imediata à vida. Esses pacientes necessitam de cuidados de equipe multiprofissional especializada, habilitada e adequadamente dimensionada para ofertar terapia de suporte com complexidade muito alta, tais como monitorização e suporte hemodinâmico (fármacos vasoativos em infusão contínua) e/ou assistência respiratória e/ou terapia de substituição renal. Nível de atenção II (alto): pacientes de UTI com falência aguda de órgãos vitais ou em risco de desenvolvê-la, com caráter de ameaça à vida, que necessitam de monitoramento e/ou suporte de menor complexidade, como assistência respiratória ou terapia de substituição renal ou droga vasoativa em infusão intravenosa contínua. Nível de atenção I (médio – baixo): pacientes de UCI que necessitam de monitoração por risco de desenvolver uma ou mais falências agudas de órgãos ou que estão se recuperando de condições críticas, mas cuja condição requer maior intensidade de cuidado da equipe multiprofissional, quando a carga de trabalho é muito alta ou complexa para que o paciente possa ser gerido numa enfermaria. As unidades de assistência são classificadas de acordo com o nível de cuidados para o qual estão habilitadas, ou seja, unidades de terapia intensiva devem ser habilitadas para assistir a demanda de pacientes que requerem nível de atenção II ou III, e unidades de cuidados intermediários para assistir a demanda de pacientes que requerem nível de atenção I. Não é apropriado alocar pacientes de maior gravidade em unidade que ofereçam nível de cuidados inferior ao requerido por eles. Unidades de Cuidados Intensivos A) Unidade de Terapia Intensiva (UTI): ambiente hospitalar com sistema organizado para oferecer suporte vital de alta complexidade, com múltiplas modalidades de monitorização e suportes orgânicos avançados para manter a vida durante condições clínicas de gravidade extrema e risco de morte por insuficiência orgânica. Essa assistência é prestada de forma contínua – 24h – por equipe multidisciplinar especializada. As unidades visam a assistência a pacientes com maior gravidade, que apresentam instabilidade ou risco de instabilidade clínica vital e correm risco de morte. Podem ser classificadas em dois tipos, conforme nível de atenção que atendem e o grau de complexidade de recursos humanos e tecnológicos que oferecem: Tipo III: atendem a pacientes que necessitam de nível de atenção muito alto. Tipo II: atendem a pacientes que necessitam de nível de atenção alto. B) Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) ou Unidade Semi-Intensiva: ambiente hospitalar com capacidade de oferecer suporte vital de média - baixa complexidade e com capacidade de monitorização mais frequente, de forma a identificar mais precocemente sinais de deterioração do paciente e oferecer estabilização vital. Essas unidades visam atendimento de pacientes de gravidade intermediária, considerados como de risco moderado e que não correm risco imediato de morte. Os pacientes requerem monitorização contínua durante 24 horas e cuidados semi- intensivos, intermediários entre a unidade de internação da enfermaria e a UTI, necessitando de equipamentos e equipe multidisciplinar especializada. Nível Tipo de paciente Proporção profissional / paciente Intervenções UTI nível III – nível de atenção III (muito alto) Pacientes críticos, com instabilidade fisiológica, risco de morte elevada. Requerem monitorização e/ou intervenções invasivas Médico intensivista responsável técnico. Médico intensivista de rotina/diarista matutino e vespertino: 1h10 ou fração. Médico plantonista: Intervenções disponíveis apenas em ambiente de UTI – monitorização hemodinâmica avançada, terapia de substituição renal continua. altamente complexas. 1h10 ou fração. UTI nível II – complexidade alta – nível de atenção II (alto) Pacientes críticos, instabilidade fisiológica, risco de morte. Requerem monitorização e/ou intervenções invasivas complexas. Médico intensivista responsável técnico. Médico intensivista de rotina/diarista matutino e vespertino: 1h10 ou fração. Médico plantonista: 1h10 ou fração. Intervenções disponíveis apenas em ambiente de UTI – monitorização hemodinâmica avançada, terapia de substituição renal continua. UCI – complexidade baixa – nível de atenção I (médio – baixo) Pacientes que requerem assistência da enfermagem ou da fisioterapia ou monitorização contínua. Médico responsável técnico. Médico de rotina/diarista: 1h15. Médico plantonista: 1h15 ou fração. Ventilação mecânica não invasiva intermitente, infusões venosas como insulina, vasodilatadores ou antiarrítmicos. Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – serviço hospitalar destinado a usuários em situação clínica grave ou de risco, clínico ou cirúrgico, necessitando de cuidados intensivos, assistência médica, de enfermagem e fisioterapia, ininterruptos, monitorização contínua durante 24h do dia, ale, de equipamentos e equipe multidisciplinar especializada. História A UTI nasceu da necessidadede oferecer suporte avançado de vida a pacientes com instabilidade clínica, potencial de gravidade, porém com chances de sobreviver. Um projeto idealizado pela enfermeira Florence Nightingale em 1854 reduzia os índices de óbito dos soldados por prestarem cuidados aos soldados feridos. Ela classificou os doentes de acordo com o grau de dependência, dispondo-os nas enfermarias em que os doentes mais graves ficassem próximos à área de trabalho da enfermagem para uma maior vigilância e melhor atendimento, ou seja, a partir desse momento nasce o projeto embrionário do que são hoje as UTIs. A UTI foi criada a partir da evolução das “salas de recuperação pós-anestesia” na década de 20 para pacientes submetidos à neurocirurgia. 1° UTI criada em 1926 em Boston pelo cirurgião Walter Dandy. Peter Safar foi o primeiro médico intensivista, formou-se médico anestesista e na década de 50 estimulou e preconizou o atendimento de urgência-emergência. Formulou o ABC primário em que crio a técnica de ventilação artificial boca a boca e massagem cardíaca externa. No Brasil, a 1° UTI foi implantada na década de 70, com apenas 10 leitos. Em 1971, um grupo de médicos sentiu a necessidade de organizar uma UTI para cuidar de pacientes graves. Os equipamentos substitutos das funções de órgãos eram limitados e os medicamentos e recursos de monitorização de sinais vitais, escassos. A mortalidade de pacientes internados era muito alta, criando o conceito de que ir a uma UTI era quase uma sentença de morte. UTI ontem: circulação periférica, pouca ou nenhuma visita, ambiente totalmente fechado, área restrita semelhante a um centro cirúrgico, paciente inconsciente, unidade única – era um lugar para morrer. UTI hoje: circulação interna, visita terapêutica, ambiente com luz natural e visão exterior, área com acesso restrito, mas sem a necessidade de paramentação, pacientes inconscientes e conscientes, unidades especializadas – lugar para se recuperar e viver. UTI hoje Demanda crescente + déficit na oferta = pacientes críticos em outros espaços assistenciais (PS, unidades clínicas, unidades cirúrgicas). Procedimentos de UTI em outros espaços assistenciais. Legislação para funcionamento da UTI RDC – n° 7 de 25 de fevereiro de 2010: Estabelecer padrões mínimos para o funcionamento das UTI, visando à redução de risco aos pacientes, visitantes, profissional e meio ambiente. Organização Recursos físicos Recursos humanos Recursos materiais Portaria 3432 do Ministério da Saúde de 12 de agosto de 1998. Portaria 3432/MS: UTIs classificadas em tipo I, II e III, sendo cadastrado no SUS automaticamente como tipo I. 1. Faixa etária: Neonatal: pacientes com idade de 0 a 2 anos. Pediátrico: pacientes com idade de 29 dias a 14/18 anos incompletos, de acordo com as rotinas hospitalares internas. Adulto: pacientes com idade acima de 14/18 anos, de acordo com as rotinas hospitalares internas. OBS: Pacientes com faixa etária de 14/18 anos incompletos podem ser atendidos em UTI adulto ou pediátrico, de acordo com o manual de rotinas do serviço. Todo hospital que atende gravidez/parto de alto risco deve dispor de UTIs adulto e neonatal. 2. Especialidade: A UTI especializada é destinada ao atendimento de pacientes em uma determinada especialidade médica ou selecionados por grupos de patologias, podendo compreender: Coronariana Neurologia Trauma Queimados Distribuição de leitos: A existência de UTI é obrigatória em todo hospital com capacidade igual ou superior a 100 leitos. O número de leitos de UTI deve ser de 6% do total de leitos existentes no hospital: 5% de leitos UTI adulto – hospitais gerais. 5% de leitos UTI pediátrico – em relação ao total de leitos pediátricos do hospital. 5% de leitos UTI neonatal – em relação ao número de leitos obstétricos do hospital. 10% de leitos UTI especializada – hospitais gerais que realizem cirurgias complexas como neurocirurgias entre outras. Objetivos: Regulamento técnico para funcionamento de unidades de terapia intensiva e unidades de cuidados intermediários. Estabelecer padrões mínimos exigidos para o funcionamento das unidades de terapia intensiva e unidades de cuidados intermediários, objetivando a defesa da saúde dos pacientes e dos profissionais de saúde. Recursos físicos Infraestrutura deve contribuir para a manutenção da privacidade do paciente, mas sem interferir na sua monitorização. A localização deve ser em uma área geográfica distinta dentro do hospital; com salas exclusivas com acesso controlado, sem trânsito para outros departamentos. Seu acesso deve ser direto e próximo a: Elevador Serviço de emergência Centro cirúrgico e sala de recuperação pós-anestésica Unidades de terapia semi-intensivas Serviço de laboratório e radiologia A UTI pediátrica mista deve haver uma separação física entre os ambientes de UTI pediátrica e UTI neonatal. Infraestrutura Área coletiva de tratamento Quarto de isolamento Posto de enfermagem Área para prescrição médica Sala administrativa Copa Rouparia Sala de preparo de equipamentos / materiais Sanitário com vestiário para funcionários Banheiro para pacientes, em UTIs adulto ou pediátrico Sala de espera para acompanhantes e visitantes Sanitário para público Depósito de material de limpeza Sala de reuniões / entrevista Quarto de plantão com banheiro Área coletiva de tratamento Os leitos de UTI devem ser dispostos em uma área comum (vigilância), quartos fechados ou mistos. Os leitos devem ser separados por divisórias laváveis para proporcionar uma privacidade relativa aos pacientes. As unidades com leitos devem ser dispostos em quartos fechados, dotados de painéis de vidro para facilitar a observação dos pacientes. Os lavatórios devem ser exclusivos para uso da equipe de assistência – 1 lavatório para cada 5 leitos ou 1 para cada quarto em caso de leito privativo. A área mínima a cada leito deve ser de 7,5 m², sendo suficiente para conter todos os equipamentos e permitir livre movimentação da equipe para atender às necessidades de terapia do paciente. Isolamento 1 quarto de isolamento para cada 10 leitos de UTI, sendo providos de: Antecâmara Lavatório exclusivo para uso da equipe de assistência Bancada com pias de despejo Sanitário ou banheiro Posto de enfermagem: Deve ser centralizado ou localizado de forma a permitir completa observação dos leitos, sendo 1 para cada 10 leitos e promover observação visual direta ou por meio eletrônico entre o paciente e o posto de enfermagem, devendo dispor de uma central de monitores. Recursos humanos Profissionais que atuam nas UTIs = intensivistas. As atribuições e as responsabilidades de todos os profissionais devem ser formalmente designadas, descritas e divulgadas aos profissionais. Equipe: 1 médico intensivista – responsável técnico: Deve ser especialista em medicina intensiva para responder por UTI adulto; especialista em medicina intensiva pediátrica, para responder por UTI pediátrica; especialista em pediatria com área de atuação em neonatologia, para responder por UTI neonatal. 1 enfermeiro intensivista – coordenador da equipe de enfermagem: Deve ser especialista em enfermagem em terapia intensiva ou em outra especialidade relacionada à assistência ao paciente grave, específica para a modalidade de atuação (adulto, pediátrica ou neonatal). 1 fisioterapeuta intensivista – coordenador da equipe de fisioterapia: Deve ser especialista em terapia intensiva ou em outra especialidade relacionada à assistência ao paciente grave, específica para a modalidade de atuação. Enfermeiro assistencial por turno – 1 para cada 10 leitos. Médico diarista especialista em terapia intensiva – 1 para cada 10 leitos – turno da manhã e tarde. Médico plantonistapor turno exclusivo da unidade – 1 para cada 10 leitos. Fisioterapia por turno – 1 para cada 10 leitos. 1 fonoaudiólogo e/ou terapeuta ocupacional para a unidade. 1 psicólogo para a unidade. Técnico de enfermagem – 1 para cada 2 leitos por turno. 1 funcionário exclusivo responsável pelo serviço de limpeza. Recursos assistenciais de apoio Banco de sangue 24 h/dia Laboratório de análises clínicas 24 h/dia Laboratório de microbiologia Terapia renal substitutiva Serviço social Centro / equipamentos de diagnóstico de imagem CCIH – comissão de controle de infecção hospitalar Pronto – socorro / pronto – atendimento Centro cirúrgico e recuperação anestésica Centro obstétrico Recursos materiais – estrutura da UTI por leito O leito deve ocupar uma área mínima de 7,5 m² Cama Monitor cardíaco – 1 por leito Ventilador mecânico – 1 para cada 2 leitos ( o correto seria 1 por leito) Bomba de infusão – mínimo de 2 bombas por leito Oxímetro de pulso – 1 para cada 2 leitos Carro de urgência – 1 para cada 10 leitos Bancada Lixeira, pia, suporte de soro Sistema de vácuo, oxigênio e ar comprimido Humanização na UTI Lei n° 6.366, de 28 de agosto de 2019: Dispõe sobre a permanência de acompanhantes nas dependências das unidades de terapia intensiva dos hospitais, unidades de pronto atendimento e maternidades públicas e privadas e dá outras providências. Assegura-se o direito à permanência de 1 acompanhante à pessoa que está internada na UTI, UPA e maternidades públicas e privadas, sendo que devem resguardar os períodos necessários para a atividade de higienização e direito à privacidade de outros pacientes. Pode ser exigido do acompanhante a sua saída durante as atividades de higienização do ambiente e do paciente para a realização de exames de maior complexidade. Pode haver rodízios de acompanhantes se caso estiverem devidamente cadastrados previamente. Após o horário de visita não é permitido 2 ou mais acompanhantes. Visitas UTIs: As visitas devem ocorrer de 30 a 40 minutos por dia, sendo um benefício para o paciente que está internado, trazendo conforto e menor incidência de sintomas de ansiedade e depressão, menor incidência de delirium, assim, quando os pacientes fazem a visita ocorre as maiores taxas de satisfação e menor incidência de sintomas de ansiedade e depressão. Projeto UTI visitas – até dois familiares podem se habilitar a permanecer até 12 horas por dia com o paciente, devendo passar por uma capacitação em boas práticas na visita ao paciente internado na UTI. Ocorre em horários predefinidos e costuma ter duração breve, mas devem seguir os protocolos institucionais pré-estabelecidos e buscar a segurança e humanização dos pacientes.
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