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Ana Lino cirurgia geral ABDÔMEN AGUDO Síndrome Álgica – Dor abdominal · Clínico: difícil diagnóstico na prova, são condições mais raras! · Intoxicação pelo Chumbo ou Saturnismo · Porfiria · Febre Tifoide · Cirúrgico: de fácil diagnóstico na prova! · Apendicite · Diverticulite · Pancreatite · Isquemia mesentérica · Colecistite Abdômen Agudo Clínico SATURNISMO · Quando pensar? Encefalopatia + alteração hematológica + linha gengival + exposição ao chumbo. · Fontes de exposição: mineradoras, baterias, indústria automobilística, tintas e projéteis. · Manifestações clínicas: “os 3 A´s”... · Abdome: DOR, náuseas, vômitos e anorexia. · Anemia: hemólise com pontilhados basofílicos e anemia hipo micro (é dx diferencial de ferropriva) · Amnésia: encefalopatia e dificuldade de concentração. · Outras: nefrite proximal, gota, HAS e infertilidade. · LINHA GENGIVAL DE BURTON (AZUL) · Diagnóstico: dosagem de chumbo sérico. Não existe valor a partir do qual a pessoa está intoxicada, quanto maior for a partir de 25mcg/dL, maior a chance da pessoa estar intoxicada. · Tratamento: interromper a exposição e utilizar quelante de chumbo. PORFIRIA · Quando pensar? Encefalopatia + Jovem + Surtos com fumo/droga + TC normal. · O que é? síntese prejudicada da hemoglobina. Por algum motivo, genético ou adquirido, o paciente tem distúrbio na síntese da porfirina que compõe o heme. · Hemoglobina = heme + globina · Heme = ferro + protoporfirina IX (porfirina) · Globina = 2 cadeias α + 2 cadeias β · Como a porfirina é produzida? Succnil CoA -> 7 reações em cadeia -> porfirina. A cada etapa existe uma enzima. A porfiria não é uma doença, mas sim um grupo porque cada enzima que falta tem um “tipo” de porfiria. Dividimos didaticamente em dois locais principais. Temos heme na hemácia e heme no citocromo p450, então temos porfiria na medula óssea e no fígado, respectivamente. · Porfiria Cutânea Tarda: · A mais comum das porfirias. · Falha na uroporfirinogênio descarboxilase. · Em áreas de exposição solar formam-se várias lesões de diversos aspectos (deformidades, ulcerações, hipertricoses.... O mito do lobisomen foi criado com paciente com essa condição – hipertricose e fuga do sol. O mito do vampiro também – pessoas claras que querem sangue dos outros (transfusão). · Porfiria Intermitente Aguda: · Deficiência da HMB sintase -> acumula 2 metabólitos (PBG e ALA) neurotóxicos -> promovem dores abdominais intermitentes. · Essa é a porfiria relacionada ao abdômen agudo! · Quando pensar? Dor abdominal + hiperatividade simpática + neuropatia periférica + crises convulsivas + sintomas psiquiátricos. · Diagnóstico: elevação de PBG na urina. A urina fica arroxeada -> significado de porfiria é arroxeado. · Fatores precipitantes: álcool, tabagismo, medicamentos, infecções, cirúrgicas, chumbo (pode inibir a via da porfirina em vários pontos – é tipo uma porfiria “adquirida”). · Tratamento: diminuir a concentração de matabólitos tóxicos inibindo a ALA sintase com heme (caro demais) ou fornecendo carboidrato com SG assim a succinil CoA pega o carboidrato e some dessa via sintética. FEBRE TIFOIDE · Também chamada de febre entérica! Tifo do grego quer dizer torpor. · Quando pensar? Encefalopatia + Febre + Sinal de Faget (↓FC com T↑) + complicações gastrointestinais. · Agente: salmonela entérica sorotipo Typhi. · Transmissão: fecal-oral -> localidades com condições sanitárias ruins, maus hábitos de higiene. · Fatores facilitadores: carga elevada, ↑ pH gástrico e ↓ da barreira intestinal. · Placas de Peyer (íleo) é um tecido imune organizado que tenta destruir a bactéria. Mas não consegue, o macrófago capta, mas não destrói e ainda se espalha por medula, baço e fígado. A bactéria é eliminada pela vesícula e fezes. · A doença é evolutiva em dias a semanas. · 1ª a 2ª semana: bacteremia – febre, sinal de Faget.. · 2ª a 3ª semana: hiper-reatividade – rash (roséolas), hepatoesplenomegalia e torpor. · Complicações: SANGRAMENTO (+ comum) e perfuração ileal (+ grave). · 4ª semana: convalescença · Portadores crônicos: 2 a 5%. Risco: idosas com doença da via biliar. · Diagnóstico: · Cultura: · 1ª a 2ª semana: hemocultura. · 3ª a 4ª semana: coprocultura. · Mielocultura é a mais sensível. · Biópsia: roséolas e placas de Peyer. · Outros: sorologia (?)/PCR. · Tratamento: · Ceftriaxone ou ciprofloxacino. · Cloranfenicol (MS). · Dexametasona, se choque ou coma. · Profilaxia: · Existe vacina????????????? EXISTE, mas é uma porcaria, tem baixíssimo poder imunogênico. A indicação é restrita. Quem vai pro Haiti, Ásia, etc. Abdômen Agudo Cirúrgico APENDICITE AGUDA · Apêndice vermiforme: intestino em miniatura em fundo cego. · Ponto de Mc Burney: terço inferior da linha imaginária entre cicatriz umbilical e espinha ilíaca ântero- superior. O apêndice pode estar voltado para vários locais do abdômen, por isso que suspeita-se de apendicite com dor abdominal em qualquer local, embora o típico seja em FID. · Fisiopatologia: · Obstrução no lúmen do apêndice · Fecalito: principal causa no adulto E na criança. · Hiperplasia linfoide. · Acúmulo de bactéria e muco · Distensão abdominal · Dor periumbilical (peritônio visceral) · 12-24 horas: isquemia! · Dor localizada em FID (peritônio parietal - somática) · Necrose · Perfuração · Se bloquear a perfuração forma um abscesso periapendicular. · Se não bloquear causa peritonite. · Clínica: · Dor em região periumbilical que migra para FID. · Anorexia · Náuseas/Vômitos · Febre · “Pode ter de um tudo” · Sinais clássicos: · Blumberg: dor à descompressão súbita dolorosa no ponto de McBurney. · Rovsing: pressão FIE e dor em FID. De maneira completa é preciso fazer uma peristalse retrógrada até o meio do cólon transverso. · Obturador: flexão de coxa e rotação interna do quadril. Bom para apendicite pélvica. · Dunphy: dor FID que piora com tosse. o Lenander: Tretal> Taxilar é o normal, mas nesse sinal o aumento é em pelo menos 1grau. Não é específico de Apendicite, demonstra inflamação em andar inferior do abdômen (DII, diverticulite etc). · Diagnóstico: É CLÍNICO na alta probabilidade (história clássica, homem jovem). · Quando solicitar exame de imagem? · Probabilidade intermediária · Dúvida diagnóstica · Suspeita de complicação – massa ou tardia >48h o O que será visto na imagem? aumento no diâmetro, sinal do alvo, região hipoecoica ao redor do apêndice (abscesso), ao doppler sinal em roda de fogo etc. · Qual imagem? · Idoso, homem ou não gestante TOMOGRAFIA (melhor exame) · Criança ou gestante USG/RNM · Tratamento: é CIRÚRGICO na apendicite simples! · Apendicite simples: sem complicações e <48 horas · HV + ATB profilático + apendicectomia · Suspeita de complicação: massa ou quadro tardio >48h IMAGEM · Exame normal: HV + ATB profilático + apendicectomia. · Abscesso: drenagem por punção (retroperitônio) + ATB + colono em 4-6 semanas (afastar complicações e diferenciais) +- apendicectomia tardia. · Fleimão: ATB + colono em 4-6 semanas +- apendicectomia tardia. · Se peritonite difusa medidas gerais + ATB + cirurgia. · VLP? Só é CI se houver instabilidade hemodinâmica, nem peritonite difusa não CI, é inclusive ideal (avalia os 4 quadrantes). · Diagnósticos Diferenciais: · Linfadenite mesentérica · Divertículo de Meckel o Apendicite Epiplóica ou apendagite: o apêndice epiploico está próximo ao ceco e faz quadro semelhante. É uma gordurinha, sofre necrose, isquemia e cai. É de resolução espontânea. DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS · Presença de divertículos no cólon. · Mais comum: · No Ocidente dieta ocidental (rica em carboidratos e proteínas). · Situações que ↑ pressão dos cólons. · Idosos. · A maioria dos pacientes é assintomática. · Exames complementares: · Colonoscopia. · Clister opaco. · Onde é mais comum? Sigmoide. · Complicações: · Hemorragia: cólon direito (15%). · Diverticulite: cólon esquerdo (25%). · Geralmente, o divertículo que sangra não inflama e o que inflama não sangra! DIVERTICULITE AGUDA · Microperfuração com abscesso pericólico. · Clínica: “apendicite do lado esquerdo” com dor recorrente há alguns dias. · Classificação de Hinchey: · Estágio I: abscesso pericólico. · Estágio II: abscesso pélvico. · Estágio III: peritonite purulenta. · Estágio IV: peritonite fecal. · Diagnóstico: história clínica + exame físico. · Se dúvida??? EVITAR COLONOSCOPIA E ENEMA!!! Não é para fazer nada que aumente a pressão intracolônica em um primeiro momento. O GRANDE EXAME É A TOMOGRAFIA, é padrão ouro, avalia presença de abscesso e permite classificação. Após resolução do quadro, em 4 a 6 semanas, é imprescindível realizar colono para afastar neoplasias. · Tratamento: · Independente da gravidade, sempre faz antibioticoTERAPIA. · Sem complicações: indicação de cirurgia em imunodeprimido, incapacidade de excluir CA, fístula (a mais comum é colovesical e no homem), após o 2º episódio e < 50 anos. Essas duas últimas são relativas. · Complicações (Abscesso >4cm, peritonite ou obstrução)? · Sim: · Abscesso >=4cm: drenagem + ATB EV + cirurgia eletiva. · Peritonite/Obstrução: cirurgia de urgência (colectomia à Hartmann) com lavagem laparoscópica. · Não: · Sintomas mínimos: ATBrapia VO + dieta líquida livre de resíduos. · Sintomas exuberantes: ATBrapia EV + HV + dieta zero. ISQUEMIA MESENTÉRICA AGUDA · Causas: · Embolia: 50%. Cardiopatia emboligênica (FA, IAM recente), dor desproporcional ao exame físico. É o protótipo do grupo. · Vasoconstrição: 20%. Isquemia não oclusiva, sepse, choque, vasoconstritor, cocaína. · Trombose arterial: 15%. Paciente vascular (aterosclerose), insuficiência vascular periférica. · Trombose venosa: 5%. Hipercoagulabilidade, fator V de Leiden, SAF, trauma. · Clínica: · Dor abdominal intensa, desproporcional ao exame físico. · Sinal de Lenander reverso: T retal < T axilar. · Metabolismo anaeróbio: acidose metabólica, taquipneia, lactato elevado. · Irritação peritoneal ACHADO TARDIO · Diagnóstico: · Laboratorial inespecífico: leucocitose, acidose e elevação de lactato. · Rx: alterações tardias como pneumatose intestinal. · Tc/AngioTc: mais utilizado. Dilatação, espessamento e falha no enchimento. · Angiografia mesentérica seletiva: PADRÃO OURO, confirma o diagnóstico. · Tratamento: · Suporte: HV, correção de DHE, ATBrapia e monitorização. · Êmbolo/Trombo arterial ou trombose venosa: · Heparinização + laparotomia. · Embolectomia/Trombectomia + avaliar alça. · Pós operatório papaverina para evitar vasoespasmo. · Vasoconstrição (não oclusivo): · Papaverina intra-arterial · Laparotomia = refratários ou irritação peritoneal. ISQUEMIA MESENTÉRICA CRÔNICA · Causa: aterosclerose · Clínica: · Angina mesentérica · Dor com a alimentação · Emagrecimento · Sinais sistêmicos de aterosclerose · Diagnóstico: · Angiografia mesentérica · Tratamento: · Revascularização (cirurgia/Stent) ISQUEMIA COLÔNICA OU COLITE ISQUÊMICA · Doença vascular intestinal mais comum. · Isquemia da microvascularização. · Idosos + hipoperfusão + colite. · Clínica: · Dor em cólica · Diarreia mucossanguinolenta · Febre · Hipotensão · Diagnóstico: · Clister opaco: sinal das impressões digitais ou “ thumbprinting”. · Retossigmoidectomia: mostra necrose, edema e úlceras. · Tratamento: clínico de suporte · Tratamento cirúrgico com colectomia parcial ou total se: · Fase aguda: peritonite, hemorragia e colite fulminante. · Refratários · Fase crônica: estenose ou obstrução. PANCREATITE AGUDA · Causas: · Biliar: a causa mais comum. 30 - 60%. · Alcoólica: segunda grande causa na aguda (principal na crônica). 15-30% · Outras: drogas (Ácido valproico, estrogênio e azatioprina), pós CPRE, idiopática e escorpião Tytius trinitatis. · Sinal de Cullen: hematoma periumbilical – não específico. · Sinal de Grey-Turner: hematoma em dorso – não específico. · Diagnóstico - 2 dos 3 abaixo: · Clínica: · Dor abdominal em barra. · Náusea. · Vômitos. · Laboratório: amilase e lipase (>3 vezes o normal) · A lipase é muito mais específica. · Hiperamilasemia tem até quem tosse kkk · Elas não guardam relação com PROGNÓSTICO, apenas diagnóstico!!! · Imagem: · Tomografia: mostra o parênquima, avalia presença de necrose pancreática. O MOMENTO IDEAL PARA TOMOGRAFAR É APÓS 48 HORAS com a estabilização da necrose. Antes disso, subestima-se a gravidade da pancreatite. · USG: colelitíase (causa mais comum – SEMPRE FAZ USG) · Conduta: · 1º passo: definir a causa e a gravidade: · Causa: · Biliar: avaliar CPRE. · Alcoólica: exacerbação de um quadro crônico. · Medicamentosa: suspender a droga responsável. · Gravidade: · Leve x Grave (Atlanta): · Disfunção orgânica (choque, IR, IRpA) · Complicação local (necrose e abscesso) · Complicação sistêmica (CIVD, Ca< 7,5 mg/dL) · Ranson >= 3: admissão/48 horas. · Apache II >= 8: avaliação imediata, UTI. Não é exclusivo de pancreatite aguda. · BISAP >= 3: BUN, diminuição de consciência, SIRS, > 60 anos, derrame pleural. · PCR > 150 ng/ml (> 48horas) · 2º passo: definir o tratamento: · Leve: repouso em enfermaria + dieta zero + analgesia + HV + eletrólitos + suporte. · Grave: UTI + dieta zero + analgesia + HV com reanimação volêmica (diurese 0,5ml/kg/hora) + eletrólitos + suporte. Antibiótico?? NÃO!!!!! Se for fazer, será imipenem, mas não precisa fazer mesmo. ATBprofilaxia não diminui o risco de infecção bacteriana e aumenta a pre-disposição à infecção fúngica. Suporte nutricional: enteral x NPT. · 3º passo - acompanhar as complicações: · Coleção fluida aguda (30-50%): conduta expectante. Se infectado: punção + ATB. · Necrose pancreática: · Estéril · Infectada: punção + Necrosectomia SEMPRE + imipenem. Se o paciente estiver estável, protelar ao máximo a necrosectomia. · Pseudocisto pancreático (15%): coleção fluida aguda com revestimento não epitelizado há mais de >4-6 semanas (aumento de amilase ou massa). Tratamento é sintomático ou complicação (EDA). · 4º passo: antes da alta hospitalar: · Dor controlada e alimentação normal · Colecistectomia: · Pancreatite leve: na mesma internação. · Pancreatite Grave: após 6 meses. · Um algo a mais. Revisão dos critérios de Atlanta · Pancreatite leve: sem falência orgânica ou complicações. · Pancreatite moderadamente grave: falência orgânica transitória (<48h) ou complicação local isolada. · Pancreatite grave: falência orgânica persistente.
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