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U1 S2 obrigações+-+espécies+-+aula+2

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DIREITO CIVIL II
2018-2
Profª. Me. Jennifer Leal Furtado Barreto Dalalba
jennifer.barreto@aedu.com
DIREITO DAS OBRIGACÕES – ART. 233 A 420
	
1. CONCEITO
1.1 Diferença entre Obrigação Propter rem com Obrigação de eficácia real
2. ESTRUTURA DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL
2.1 Elemento ideal (ou espiritual): 
2.2 Elemento subjetivo: 
2.3 Elemento objetivo: 
3. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
3.1 Obrigação de Dar 
Pode significar (a) transferir propriedade ou (b) entregar a posse ou (c) restituir a posse e a propriedade. Mas, em qualquer desses sentidos significa prestação de coisas.
3.1.1 Obrigação de Dar Coisa Certa
Significa obrigação de dar coisa determinada, especificada, qualificada. A disciplina de dar coisa certa inicia no art. 233 do CC/02.
“Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.”
Nesse sentido, na obrigação de dar coisa certa, em regra, o acessório segue o principal. Ex: vaca prenha vendida dará direito do bezerro ao comprador.
A) Responsabilidade pela Perda ou Deterioração na Obrigação de Dar Coisa Certa
A partir do art. 234 do CC o codificador regulou a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa na obrigação de dar coisa certa. Em caso de perda ou deterioração da coisa por caso fortuito ou força maior, regra geral, a coisa perece para o dono (res perit domino).
 “Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (que opera a transferência do bem), ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (preço) e mais perdas e danos.
No Brasil, um contrato não tem efeitos reais. Logo, a aquisição se opera com a tradição, não bastando a existência de contrato. Assim, celebrado o contrato para aquisição de uma vaca, a propriedade só se operara com a tradição. 
Na forma da primeira parte do art. 234, operada a perda da coisa por caso fortuito ou força maior, a obrigação é simplesmente resolvida (com devolução do preço quando já tiver sido antecipado); no entanto, o artigo, em sua parte final dispõe que, havendo culpa do devedor, este responderá pelo preço e perdas e danos (indenização). 
“Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.”
No caso de deterioração da coisa, não há culpa. Por isso, não previsão de indenização por perdas e danos. Ex: vaca adquiriu doença aftosa. Nesse caso, o credor poderá optar pela resolução da obrigação ou pelo desconto na prestação.
“Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.”
No caso de culpa pela deterioração, o credor poderá exigir o equivalente pago ou o próprio bem, tendo em qualquer dos casos direito também a indenização por perdas e danos.
OBS: O princípio fundamental do direito obrigacional, no que tange à responsabilidade pela coisa nas obrigações de dar, é no sentido de que, havendo culpa, consequentemente haverá obrigação de pagar perdas e danos.
B) Regras Básicas das Obrigações de Dar Coisa Certa
(a) Nos termos do art. 313, o credor não esta obrigado a receber prestação diversa ainda que mais valiosa.
“Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”
(b) Ainda que a prestação seja divisível, a regra geral é no sentido de que o credor não deve receber por partes (art. 314, CC). Assim, a obrigação deve ser cumprida por inteiro (princípio da indivisibilidade). Ninguém tem direito ao parcelamento.
 “Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.”
OBS: Essas regras podem até ter estendidas a sua aplicação às demais obrigações, embora se aplique especialmente em relação às obrigações de dar coisa certa.
3.1.2 Obrigação de Dar coisa Incerta
a obrigação de dar coisa incerta é uma obrigação genérica indicada apenas pela espécie e quantidade, faltando a qualidade da coisa (art. 243, CC). Ex: dar 15 sacas (quantidade) de feijão (espécie), embora não esteja definida a qualidade (feijão branco ou preto).
“Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.” 
O CC diz que a coisa incerta é definida pelo gênero e quantidade. Mas, a doutrina diverge, entendendo que a coisa deve ser definida pela espécie e quantidade. 
No direito obrigacional, a regra geral é a de que as escolhas sobre a qualidade da coisa devem ser feitas pela parte mais fraca (devedor), conforme art. 244. 
“Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.”
A escolha também chamada de concentração do débito deve ser feita pela média.
“Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.”
Vale lembrar, nos termos do art. 246, que o legislador firmou o princípio de que o gênero não perece. 
 “Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.”
Antes da escolha, o art. 246 do CC impede que o devedor descumpra a obrigação por caso fortuito ou força maior, uma vez que o gênero não perece (imperecível).

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