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Lúpus Eritematoso Sistêmico Introdução • A LES doença inflamatória crônica autoimune associada à produção de autoanticorpos e formação de complexos imunes que desencadeiam dano tecidual. • Múltiplos autoanticorpos leva a lesão em diversos órgãos e sistemas. • QD clínico e laboratorial podem ser polimórficos • Evolução crônica (períodos de exacerbação e remissão) • Etiologia multifatorial e pouco conhecida (genético – hormonal – ambiental) Etiologia • Genético – deficiência de complemento e HLA-DR2 e 3 • Hormonal – estrógeno (relacionado na diminuição do apoptose do Linfócito B) • Ambiental: Exposição solar (lesão celular e exposição de compostos intracelulares), tabagismo, medicações (lúpus farmacoinduzido) e infecções Epidemiologia • Mais prevalente em mulheres (9:1) • Pico de incidência em mulheres jovens entre 35 a 39 anos – devido ao estrógeno • Acomete mais afrodescendentes que eurodescendentes • Homem possuem diagnóstico tardio e mortalidade dentro do primeiro ano de doença é maior Aspectos Clínicos Manifestações Gerais • Fadiga – mais prevalente • Febre moderada – resposta rápida com glicocorticoides (pesquisar infecções subjacentes) • Mialgia • Perda de peso • Linfadenopatia reacional periférica Manifestações articulares • Encontrado em 90% dos pacientes sendo frequentemente manifestação inicial • Todas as articulações podem ser afetadas • Simétrico • Não erosivo • Rigidez matinal • Desproporção entre achados do ex físico e queixas dos pacientes (dores articulares intensas principalmente nas mãos) • Artropatia de Jaccoud em 3 a 34% dos pacientes (deformidades redutíveis nas mãos) • Necrose asséptica em 5 a 10% dos pacientes, principalmente os que usam doses altas de glicocorticoides (princ. de cabeça de fêmur) • Perda de massa óssea – risco de osteoporose e fraturas (devido ao uso de GC e baixa exposição ao sol) Manifestações mucocutâneas • Fotossensibilidade após exposição à radiação solar ou artificial – piora doença sistêmica • Eritema em áreas fotoexpostas • Lesão em asa de borboleta - eritema confluente simétrico e edema na região malar e no dorso do nariz, preservando o sulco nasolabial • Acometimento de formas agudos – bolhas • Acometimentos formas subagudas – lesões simétricas, superficiais e não cicatriciais em áreas fotoexpostas (início como pequenas pápulas eritematosas progredindo para lesões papuloescamosas) • Lúpus discoide – placa eritematosa coberto por escama aderente comum na cabeça (lesões hiperpigmentadas com área central atrófica e ausência de pelo) • Lúpus profundus (paniculite lúpica) – nódulos subcutâneos endurecidos em regiões de traumas. • Eritema pérnio – lesões eritematovioláceas pruriginosas sobre os dedos das mãos e dos pés e da face, desencadeado pelo frio. • lúpus tumidus – lesões tipo pápulas urticariformes, nódulos ou placas infiltrativas edemaciadas que atingem preferencialmente a cabeça, o pescoço e os braços • Eritema palmoplantar • Fenômeno de Raynaud • Úlcera orais e nasais – indolores (princ. em palato duro) • Acometimento de mucosas – incluindo conjuntiva ocular e a área genital • Alopecia – difusa e frontal Manifestações cardiovasculares • Pericardite – mais comum. Pode ser clínica ou subclínica e geralmente com pouco derrame pericárdico • Miocardite • Acometimento valvar • Endocardite de Libman-Sacks – lesões verrucosas especialmente em valvas aórtica e mitral • Tromboembolismo – por anticorpos antifosfolípides e ao uso crônico de GC ou de AC oral • Doença arterial coronariana – devido aterogênese decorrente da inflamação sistêmica Manifestações pulmonares • Pleurite com derrame pleural pequeno a moderado volume, geralmente bilateral • Hipertensão pulmonar geralmente é de intensidade leve a moderada • Pneumonite lúpica - febre, tosse, hemoptise, pleurisia e dispneia • Síndrome do pulmão encolhido – hipoexpansão pulmonar, sem lesão parenquimatosa pulmonar e provas pulmonares com diminuição da capacidade vital e distúrbio ventilatório restritivo • Hemorragia alveolar aguda – parece pneumonite lúpica, porém mais rápido e fatal Manifestações renais • Proteinúria persistente • Síndrome nefrítica – cilindrúria, hematúria e proteinúria, associada a HAS e perda de função renal pode estar presente na glomerulonefrite proliferativa • Quadros nefróticos – proteinúria maciça, hipoalbuminemia e hiperlipidemia podem estar relacionados com glomerulonefrite membranosa • Estados intermediários entre síndrome nefrítica e nefrótica • Insuficiência renal crônica Manifestações neuropsiquiátricas • Ocorre por danos imunomediados diretamente no SNC, eventos vasculares isquêmicos ou hemorrágicos, repercussão da doença em outros órgãos ou complicações do tratamento. • Síndrome cerebral orgânica – por disfunção cognitiva, cefaleia, distúrbios do humor e ansiedade • Convulsões, mielopatia, distúrbios de movimentos, síndromes desmielinizantes, meningite asséptica, neuropatia e psicose podem ocorrer Alterações laboratoriais Hemograma • Leucopenia e linfopenia • Anemia hemolítica – reticulocitose, coombs direto positivo, elevação de bilirrubinas e LDH) • Trombocitopenia EAS • Proteinúria persistente (> 0,5 g/24 hs ou > 3+) • Hematúria • Cilindrúria celular Provas de Fase Aguda • Proteína C reativa • VHS • Diminuições nos níveis de complemento hemolítico total (CH50), das frações C3 e C4, relacionado com atividade da doença, especialmente nos casos com nefrite • Hipergamaglobulinemia policlonal • Diminuição de albumina • Elevação de alfa-2 globulina Autoanticorpos • Anticorpos antinucleares (AAN) – quase sempre positivo (não deve ser usado para acompanhamento pois mesmo em remissão é +) – teste FAN • Anti-DNAds – Bom marcador de fase ativa. • Anti-Sm – Altamente específico para diagnóstico, porém presente em apenas 1/3 dos pacientes • Anti-Ro/SSA e o anti-La/SSB – síndrome do lúpus neonatal, Sjöegren secundário e lúpus cutâneo subagudo • Anti-P ribossomal e anti-NMDAR (receptor N-metil D aspatato) – manifestações neuropsiquiátricas em pacientes com LES • Anticorpos anticardiolipina e o anticoagulante lúpico – fenômenos tromboembólicos, a perda fetal de repetição, a trombocitopenia, além de anormalidades em provas de coagulação (tromboplastina parcial ativado prolongado e VDRL + (falso + para sífilis) *Verificar atividade da doença: Anti-P, Anti-DNAds e Complemento Diagnóstico diferencial • Endocrinopatias • Hepatites virais e metabólicas • Neoplasias • Infecções • Doença renal crônica • Cardiopatias • Pneumopatias crônicas • Artrite reumatoide, dermatopolimiosite e esclerose sistêmica • LES induzida por droga - regride após suspensão da medicação, havendo recidiva do quadro clínico, se a droga for reintroduzida *Lúpus induzido por fármaco terá Anti-histona positiv Critérios de classificação Critérios da SLICC (Systemic Lupus International Collaborating Clinics) • Para classificação: mínimo de 4 confirmações, seno pelo menos 1 de cada critério (clínico-imunológico) Tratamento • Individualizado para o comprometimento mais importante de cada paciente. Orientações Gerais • Uso de protetores solares – mínimo FPS 30 • Uso de roupas e bonés para proteção solar • Evitar uso de ACO com altos níveis de estrógeno, usar progestágenos e métodos de barreira • Dieta rica em cálcio e suplementação de vitamina D • Evitar dieta rica em gordura animal • Atv. Física regular após avaliação cardiorrespiratória – evitar perda óssea e diminuir riscos cardiovasculares (bom ser com carga) • Terapia pra saúde mental Antimaláricos • Associado à diminuição de novas crisesde atividade da doença e à redução da necessidade de corticosteroides e a menor taxa de mortalidade ✓ Hidroxicloroquina 6 mg/kg/dia ✓ Difosfato de Cloroquina 4 mg/kg/dia Comprometimento cutâneo • Corticosteroides tópicos – evitar florados na face (atrofia cutânea) – associado a antimaláricos • Lesões exuberantes não responsivas a antimaláricos: ✓ Predinisona < 0,5 mg/kg/dia Se refratário: ✓ Metotrexato 15 a 25 mg/semana ou ✓ Azatioprina 1 a 2 mg/kg/dia ou ✓ Talidomida 100 mg/dia – se sem risco para gravidez • Leões bolhosas: ✓ dapsona 100 mg/dia Comprometimento articular • Para a artrite: ✓ AINES ✓ Inibidores específicos de COX-2 *Evitar o uso em pacientes com nefrite, HAS e insuf. renal • Em casos não responsivos a antimaláricos: ✓ Prednisona em doses baixas 7,5 a 15 mg/dia • Artrite crônica ou artrite recidivante: ✓ Metotrexato • Monoartrites ou oligoartrites crônicas: ✓ Infiltração intra-articular com triancinolona hexacetonida Comprometimento de serosas ✓ AINES Não responsivo: ✓ Predinisona < 0,5 mg/kg/dia Não responsivo: ✓ Imunossupressores *Devido o uso de imunossupressores, devem haver cuidados com a higienização, profilaxia de estrongiloidíase, vacinação Comprometimento renal • O uso de inibidores da enzima de conversão (IECA) ou de antagonistas dos receptores da angiotensina (BRA) é obrigatório para pacientes com proteinúria > 1 g/24 horas, para a nefroproteção, independente da pressão arterial, desde que não cause hipotensão e não tenha contraindicação. • Manutenção: azatioprina (AZA) 2 mg/kg/dia ou MFM 1-2 g/dia e deve ser mantido por 3 – 5 anos MFM: Micofenolato de mofetila
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