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Síndrome dos ovários policísticos REFERÊNCIA: Medcurso Acadêmica: Juliana Rabelo da Silva Sousa 1935 – Stein-Leventhal: Associação de amenorréia com SOP e obesidade (epônimo – síndrome de Stein-Leventhal). Endocrinologia mais comum da mulher Sinais e sintomas diversos: alterações reprodutivas, endócrinas e metabólicas. Caracterizada por ciclos anovulatórios irregulares (às vezes com períodos de amenorréia), infertilidade, manifestações de hiperandrogenismo (hirsutismo e acne), obesidade e ovários aumentados de volume com múltiplos cistos. Epidemiologia 80% dos casos de hiperandrogenismo em mulheres 5_10% das mulheres em idade reprodutiva 30-40% das pcts com infertilidade 90% das pcts com ciclos irregulares Etiologia - Origem poligênica ou multifatorial. Qualquer alteração que resulte em desequilíbrio do eixo hipotalamo-hipofisario pode levar a secreção inadequada de gonadotrofinas e esteroides ovarianos que levarão a anovulação. Algumas alterações levam ao hiperandrogenismo Alteração da pulsatilidade de GnRH e frequência e amplitude de LH Anormalidades intrínsecas na esteroidogênese ovariana Hiperinsulinemia que estimula a síntese de androgênios Dieta e atividade física Fisiopatologia - Não está totalmente esclarecida. O hiperandrogenismo e anovulação crônica podem ser causados por anormalidades em 4 compartimentos endocrinologicamente ativos, o ovariano é o maior colaborador. Desregulacao do citocromo P450c17, enzima formadora de androgênios nas adrenais e ovários pode ser o mecanismo central. Inicio de alterações na fase fetal. Elevados níveis maternos de androgênios e insulina influenciam na programação genética e predisposição. Hereditariedade - Herança autossômica dominante O gen CYP17 no cromossomo 10 codifica o citocromo P450. Alterações podem causar aumento de função resultando em hiperandrogenemia. Irmã de pct com SOP tem 50% de risco. Compartimento ovariano Alterações na atividade da 5-alfa redutase e aromatase. Androgênios – inibição da secreção pulsátil de FSH, GnRH (que aumenta LH na teca). A supressão de FSH resulta em falta de estímulo para a maturação dos folículos. O estímulo constante de LH faz com que as células da teca mantenham a produção de androstenediona e testosterona, aumentando a produção de androgênios. Androgênios em excesso não sofrem aromatização pela falta de FSH. Isso leva ao espessamento da albuginea e aceleração da atresia folicular. A seleção do folículo dominante está alterada. Nas células da granulosa, IGF inibidores da ação do FSH, inibem a ação da aromatase. Os folículos atresicos são ricos em inibina B que também inibe FSH. Compartimento adrenal - Adrenarca exagerada Compartimento periférico Pele e tecido adiposo. Alterações periféricas na sensibilidade, disponibilidade e clearance dos androgênios. alterações na 5-alfa-redutase e aromatase. Os androgênios seriam convertidos em estrona. Androgênios em excesso tendem a 5- alfa-reducao formando dihidroxitestosterona, o andrógeno mais potente, que não é mais aromatizado. A contribuição do compartimento periférico se manifesta de algumas formas: - Obesidade Aumento da aromatização periferica de androgênios em estrogênios ( estrona ) Inibição da síntese hepática de SHBG, que aumenta a fração livre de estradiol e testosterona. Aumento dos níveis de insulina que estimula a síntese de androgênios pela célula da teca. Compartimento hipotalamo-hipofisario Aumento da sensibilidade ao GnRH, que aumenta a frequência e pulso de LH. Hipersecreção de LH resulta em hiperplasia de estroma ovariano é células da teca, com produção aumentada de testosterona e androstenediona que seriam convertidos em estrogênio pela ação da aromatase, por isso ocorre supressão de FSH que não estimula o crescimento dos folículos. Resistência à insulina e hiperinsulinemias A hiperinsulinemia compensatória leva a alterações nos tecidos, promovendo o aumento no nível de testosterona livre. Essas alterações incluem: Acantose nigrans Aumento da reatividade do endotélio Diminuição da quantidade de SHBG secretada pelos hepatócitos Ação da insulina na esteredoigênese ovariana Receptores de insulina e IGF1 estão presentes nas células do estroma ovariano. A insulina inibe a produção de SHBG levando a um aumento das porções livres de androgênios e estrogênios. IGF-1 mais encontrados nas células da teca e quando estimulados aumentam a produção de androgênios nesse setor, dificultando o crescimento folicular resultando em anovulação. No entanto, a conversão de androgênios em estrona se mantem, aumentando a secreção de LH que estimula a células tecais. Manifestações clínicas Irregularidade menstrual: amenorreia, oligomenorréia (estado anovulatório persistente ou ausência de corpo lúteo) ou sangramento disfuncional (estimulo estrogênico no endométrio). Hirsutismo: Escala de Ferriman e Gallwey – pontuação maior que 8 Obesidade: IMC maior que 30 Acne, seborreia, alopecia frontal Acantose nigrans: lesão cutânea espessa, pigmentada e aveludada, que pode estar presente nas axilas, nuca, abaixo das mamas, face interna das coxas e vulva. HAS Infertilidade: anovulação Exame físico PA IMC: 25-30 sobrepeso, acima de 30 obesidade. Relação cintura-quadril: acima de 0,72 anormal, risco CV elevado. Presença de sinais de hiperinsulinemia e hiperandrogenismo Exames laboratoriais TSH: diferenciar de hipotireoidismo Prolactina: diferenciar de hiperprolactinemia 17-OH-progesterona: exclui hiperplasia adrenal quando menor que 4ng\ml Cortisol sérico ou urinário das ultimas 24h: diferenciar de síndrome de cushing Dosagem de gonadotrofinas: dosagem de FSH para afastar falência ovariana Dosagem de androgênios plasmáticos: testotsterona total e livre, S-DHEA e androstenediona Avaliação de distúrbios metabólicos: glicemia em jejum (normal ate 110mg\dl acima de 126 DM2), teste de tolerância a glicose 75g (normal ate 140 mg\dl acima de 200 DM2) e lipidograma (colesterol total, frações e triglicerídeos) Dosagem de progestero na fase lútea: 21-24 dias , níveis de 2-5 ng\ml indica anovulação Insulina Basal Estradiol: não se encontra aumentado Estrona: aumentada Exames de imagem US transvaginal: 12 ou mais folículosmedindo 2-9 mm de diâmetro ou volume ovariano aumentado maior que 10cm3 Outros Histerescopia: historia longa de ciclos irregulares, sangramento excessivo e espessamento endometrial devem ser investigados devido ao risco de hiperplasia e câncer de endométrio Síndrome metabólica Conjunto de fatores de risco para desenvolvimento de doença cardiovascular Diagnostico: 3 critérios Circuferencia abdominal: M maior que 88 cm e H maior que 102 PA: maior que 130 ou 85 mmHg Triglicerídeos: maior que 150mg\dl HDL: M menor que 50 H menor que 40 Glicemia jejum: maior que 110 mg\dl Criterios de Rotterdam – Diagnóstico de SOP - pelo menos 2 Oligo ou anovulação Sinais clínicos ou bioquímicos de hiperandrogenismo Ovarios policísticos a US: 12 ou + folículos medindo 2-9 mm ou volume aumentado maior que 10 cm3 Repercussões clínicas DM2 Hiperplasia endometrial\câncer de endométrio – estimulo estrogênico prolongado Câncer de mama e ovário – estimulo estrogênico prolongado Fibrinólise diminuída – elevação do inibidor de ativador de plasminogenio HAS Dislipidemia – aumenta colesterol total, LDL, triglicérides e baixa de HDL e APOA-I Doença cardiovascular- aterosclerose e IAM Gestação – maior risco de aborto e DM Tratamento Objetivos Controlar a irregularidade menstrual 1. Redução de peso (5-10%) – diminui insulina e produção de androgênios, aumenta SHBG. 2. Acetato de medroxiprogesterona (5-10mg\dia) VO– efeitos colaterais: amenorreia, perda da densidade mineral óssea, depressão, retenção hídrica, cefaleia, disfunção hepática e ganho de peso. 3. Acetato de monegestrel (5mg\dia) VO 4. Progesterona micronizada (200-400mg\dia) VO 5. Anticoncepcionais orais combinados: Acetato de ciproterona Tratamento do hirsutismo 1. Acetato de ciproterona (50-100mg\dia) 10 dias por mês – inibição competitiva da testosterona e DHT em nível de receptores androgênicos. Efeitos colaterais: fadiga, ganho ponderal, diminuição da libido, sangramento irregular, náuseas e cefaleia. 2. Espironolactona (25-100mg\dia) – antagonista da aldosterona, diurético poupador de potássio que atua também no catabolismo androgênico 3. Finasterida (2,5-5mg\dia) – inibidor especifico de 5-alfa-redutase Desejo de gestação 1. Citrato de clomifeno 50mg\dia por 5 dias a partir do 3º ou 5º dia do ciclo menstrual 2. Gonadotrofinas – quando não respondem as doses de 100-150mg de citrato de clomifeno Tratamento cirúrgico 1. Ressecção em cunha do ovário bilateral – Cirurgia de Thaller 2. Drilling ovariano ou eletrocauterização laparoscópica Manejo da resistência insulínica 1. Metformina – 500mg de 8\8h. suprime a glicogênese hepática, aumentando a sensibilidade periférica a insulina e diminuição absorção intestinal de glicose.
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