Buscar

Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Síndrome do anticorpo antifosfolípide – Dra. Joara Martins 
1 
Síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF) 
A síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF) é uma trombofilia adquirida autoimune que acarreta eventos 
tromboembólicos arteriais e/ou venosos recorrentes, esses que podem estar associados à perdas fetais de 
repetição e títulos elevados de anticoagulante lúpico (LAC) ou anticardiolipina (aCL). É uma patologia que 
predomina no sexo feminino, tem associação com lúpus eritematoso sistêmico (LES) e possui manifestações 
clínicas heterogêneas, essas que podem se desenvolver de modo abrupto ou insidioso. De modo geral, a 
SAF pode ser classificada em: 
 Primária: ocorre na ausência de doenças associadas ou de base, sendo mais comum; 
 Secundária: se caracteriza pela associação com outras doenças, como LES; 
 Gestacional: quando existem eventos obstétricos; 
 Catastrófica: acontece em menos de 1% dos casos, em que ocorre trombose de três sítios distintos num 
período de até uma semana, na presença de autoanticorpos – tendo mortalidade alta de 50%. O 
tratamento é feito com anticoagulação plena e corticoides em forma de pulsos com altas doses de 
metilprednisolona, podendo associar a plasmaferese ou imunoglobulina endovenosa (para reduzir a 
atividade dos anticorpos). 
Fisiopatologia: é multifatorial e complexa, em que os anticorpos antifosfolipídeos se ligam com o complexo 
cofator2GPI-fosfolipídeo expresso em proteínas plasmáticas e células endoteliais, de modo que aumentam 
a expressão de moléculas de adesão, além de promoverem síntese de citocinas e interferirem na produção 
de prostaglandinas, criando um estado de hiperativação que favorece a trombose. A ligação dos 
autoanticorpos com os aPLs na membrana das plaquetas também aumenta adesão e agregação, facilitando 
a formação de trombos. 
Ainda foi demonstrado que os aPLs podem interferir na ativação do complemento e em ações 
antitrombóticas das proteínas C e S. Como cursa com perdas fetais, acredita-se que a patogênese se 
explique pelo mecanismo de trombose de vasos placentários ou por insuficiência placentária em decorrência 
da afinidade dos autoanticorpos pelos trofoblastos. Nota-se que os aPLs podem ser anticorpos de reação 
cruzada induzidos por antígenos exógenos de microrganismos infecciosos. 
Diagnóstico: os anticorpos antifosfolípideos (aPLs) são autoanticorpos dirigidos contra um complexo de 
fosfolipídeos combinados com proteínas plasmáticas, de modo que podem ser detectados pelo ELISA ou 
pela pesquisa funcional da coagulação nos testes do lúpus anticoagulante (LAC). Sabe-se que pacientes 
assintomáticos podem apresentar presença de aPLs, sendo que a presença desses pode também cursar 
com um teste VDRL falso positivo. O mais sensível é a anticardiolipina, enquanto que o anticoagulante lúpico 
(mais trombótico) e o anti-2 são mais específicos. Eles podem estar aumentados por outros fatores, como 
infecções, então faz-se necessária a repetição em 12 semanas. O critério de Classificação de Sydney pode 
ser utilizado e define o diagnóstico de SAF na presença de um fator clínico e um laboratorial. 
 
Síndrome do anticorpo antifosfolípide – Dra. Joara Martins 
2 
Quadro clínico: existem alguns espectros clínicos, como 1) presença de anticorpos antifosfolipídeos em 
assintomáticos, 2) SAF com eventos vasculares, 3) SAF com apenas eventos obstétricos, 4) SAF 
catastrófica e 5) anticorpos antifosfolipídeos com manifestações não trombóticas. Como manifestações não 
critério tem-se o livedo reticular, que é o achado mais comum e pode estar associado a trombocitopenia, 
aumenta a chance de retrombose, não melhorando com anticoagulação. As úlceras cutâneas possuem 
associação com a presença do anticoagulante lúpico (LAC), dolorosas e que cicatrizam com atrofia branca 
com halo pigmentado escuro (vasculite livedoide) – podendo tratar com anticoagulação. 
A nefropatia é frequente, mas não tem tratamento específico. A biópsia não é indicada e apresenta alto risco, 
já que os pacientes estão em um quadro de hipercoagulação. Também pode-se ter doença valvular cardíaca, 
que é geralmente assintomática e só 5% dos pacientes evoluem com lesão grave. Além disso, pacientes 
com SAF podem ter disfunção cognitiva e trombocitopenia (não usar anticoagulante se < 50.000). 
Síndrome do anticorpo antifosfolípide – Dra. Joara Martins 
3 
Diagnóstico diferencial: deficiências de proteína C ou S, 
hiperhomocisteinemia, AVC, aterosclerose, vasculite sistêmica, endocardite 
infecciosa, CIVD. Em relação à perda gestacional pode-se ter malformação 
fetal ou uterina, toxoplasmose, rubéola, sífilis, citomegalovírus, herpes, HIV 
e uso de drogas. 
Tratamento: o episódio agudo de trombose é feito com anticoagulação com 
heparina ou heparina de baixo peso molecular, sendo que a longo prazo 
utiliza-se varfarina com alvo INR 2 e 3, utilizando INR 3 e 4 em episódios de 
retrombose. 
Em gestação sem trombose prévia AAS utiliza-se uma dose profilática de heparina (40mg/dia), mas com 
trombose prévia utiliza-se AAS e heparina dose plena (1mg/kg 12/12h). Se primeira gestação e sem clínica 
prévia, utiliza-se apenas o AAS. Deve-se lembrar que vários alimentos interferem com a varfarina, devendo 
orientar sobre dieta com restrição de vitamina K, além de retirar medicações que interajam 
farmacologicamente. Em casos de sangramento deve-se evitar o uso de vitamina K e, de modo geral, os 
fatores de risco para aterosclerose devem ser controlados – como por estímulo de atividade física. 
 
 
 
Manifestações critério 
Trombose vascular ou 
venosa; 
Perdas fetais recorrentes; 
Óbito fetal; 
RCIU; 
Pré-eclâmpsia.

Continue navegando