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DIABETES GESTACIONAL INTRODUÇÃO/DEFINIÇÃO ❖ O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma intolerância aos carboidratos de gravidade variável, que se inicia durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de diabetes mellitus franco ❖ Considerando o período gravídico- puerperal, é possível a ocorrência de hiperglicemia tanto em mulheres já sabidamente diagnosticadas como portadoras de DM previamente à gestação quanto em gestantes sem esse diagnóstico prévio ❖ Qualquer gravidez é caracterizada, fisiologicamente, pela resistência à insulina e hiperinsulinemia - Consequentemente, algumas pacientes estão predispostas ao desenvolvimento de diabetes gestacional durante a gestação ❖ As recentes diretrizes da OMS e dos principais protocolos de manejo de DM recomendam que a hiperglicemia inicialmente detectada em qualquer momento da gravidez deve ser categorizada e diferenciada em DM diagnosticado na gestação (do inglês Overt Diabetes) ou em DMG - Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM - Diabetes Mellitus diagnosticado na gestação (Overt Diabetes): mulher sem diagnóstico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios da OMS para a DM na ausência de gestação ❖ A paciente que engravida já com o diagnóstico firmado de diabetes, seja ele tipo I ou tipo II, não é chamada de gestacional e, sim, de diabetes prévio ou pré-gestacional EPIDEMIOLOGIA ❖ A incidência de DMG tem aumentado em paralelo com o aumento do DM2 e da obesidade na população ❖ As estimativas populacionais de frequência de hiperglicemia na gestação no Brasil são conflitantes, porém estima-se que a prevalência de DMG no SUS seja de aproximadamente 18% FATORES DE RISCO ❖ Idade materna avançada (≥ 35 anos) ❖ Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual ❖ Deposição central excessiva de gordura corporal ❖ História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau ❖ Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual ❖ Antecedentes obstétricos: - Abortamentos de repetição (dois ou mais) - Malformação fetal - Morte fetal ou neonatal - Macrossomia (recém-nascido anterior com peso ≥ 4000g) - DMG ❖ Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: - HbA1c ≥ 5,7% (método HPLC) - Síndrome dos ovários policísticos - Hipertrigliceridemia - Hipertensão arterial sistêmica - Acantose nigricans - Doença cardiovascular aterosclerótica - Uso de medicamentos hiperglicemiantes ❖ Baixa estatura (menos de 1,5 m) ❖ Hemoglobina glicada ≥ 5,9% no primeiro trimestre 2 FISIOPATOLOGIA ALTERAÇÕES HORMONAIS ❖ O hormônio Lactogênio Placentário (hPL) é sintetizado pela placenta em teores crescentes com a evolução da gestação - Ele exerce forte antagonismo à ação da insulina ❖ Os estrogênios, progesterona, cortisol e prolactina são hormônios também sintetizados pela gestante, em quantidades ascendentes, que apresentam importante ação hiperglicemiante. ALTERAÇÕES METABÓLICAS As alterações metabólicas envolvidas são basicamente três: ❖ Resistência à Ação Periférica da Insulina: decorre do bloqueio periférico da insulina pelos hormônios anteriormente citados. ❖ Catabolismo Acentuado: na gestante , ele é muito semelhante ao que ocorre no jejum - O concepto requer glicose e aminoácidos para a sua nutrição e para o seu crescimento. Assim, dependendo da magnitude da queda em nível materno de aminoácidos e glicose, pode ocorrer hipoglicemia - A manutenção adequada deste processo exige a ocorrência de três mecanismos no organismo materno: 1. Maior e mais rápida mobilização dos lipídios para fornecimento de energia, com aumento consequente da cetogênese 2. Maior e mais rápido declínio na concentração plasmática de glicose e aminoácidos 3. Aumento na gliconeogênese hepática ❖ Anabolismo Facilitado: algumas adaptações ocorrem durante o período de alimentação para compensar as perdas do organismo materno: - Elevação mais acentuada da glicemia materna, que permite maior transferência placentária desta substância - Maior conversão de glicose em triglicerídeos, que serão utilizados posteriormente para fornecimento de energia para concepto, nas situações em que o organismo materno economizará glicose - Queda mais acentuada do nível de glucagon plasmático. Este fato facilita a ocorrência de processos anabólicos como a síntese de triglicerídeos e de glicogênio COMPORTAMENTO DO DIABETES NA GESTAÇÃO PRIMEIRO TRIMESTRE ❖ Há uma tendência ao desenvolvimento materno de hipoglicemia, com diminuição da necessidade de insulina ❖ Os níveis glicêmicos durante o jejum são 15 a 20 mg/dl mais baixos do que em não gestantes ❖ Provavelmente, a inapetência, as náuseas e os episódios eméticos, característicos deste período, contribuem para este quadro ❖ Em termos laboratoriais, pode ser detectada glicosúria, cetonúria e níveis normais de glicemia ❖ Estes achados podem induzir condutas terapêuticas inapropriadas. SEGUNDO TRIMESTRE ❖ Evidencia-se rápida elevação das necessidades de insulina com tendência à cetose e à cetoacidose TERCEIRO TRIMESTRE ❖ No início desse período, persiste o aumento nas necessidades de insulina e a maior prevalência de cetose e cetoacidose ❖ Próximo ao termo há uma tendência à estabilização do diabetes e, por vezes, Em resumo...A transferência para o feto de glicose e de aminoácidos, que participam da gliconeogênese, tende a reduzir a glicemia no jejum e acentuar a utilização dos ácidos graxos e a cetogênese. Com a progressão da gravidez, ocorre aumento dos hormônios que antagonizam a ação da insulina, o que culmina com a resistência insulínica e com a hiperglicemia pós-prandial. 3 ocorre hipoglicemia, o que, segundo algumas referências, representaria um sinal de alerta para a ocorrência de insuficiência placentária, visto que resistência elevada à insulina é decorrente principalmente da produção placentária do hormônio lactogênio placentário. PUERPÉRIO ❖ Ocorre uma queda brusca da necessidade de insulina por uma redução abrupta dos hormônios contrainsulínicos produzidos pela placenta. QUADRO CLÍNICO ❖ A gestantes com diabetes gestacional, em geral, são assintomáticas, mas quando apresentam sintomas é comum queixar-se de: - Polidipsia - Polifagia - Ganho exagerado de peso (materno ou fetal) - Polaciúria - Cansaço - Mal-estar - Edema MMSS/ MMII - Visão turva ❖ Glicosúria: O aumento progressivo do débito cardíaco da gestante acarreta aumento do fluxo plasmático renal com elevação da filtração glomerular - Este fato compromete a capacidade de reabsorção tubular máxima para a glicose e promove a glicosúria, mesmo na vigência de glicemia normal ❖ Infecção Urinária: Há aumento na incidência de infecção urinária, provavelmente decorrente da glicosúria observada ❖ Candidíase Vaginal: Há aumento na incidência desta afecção. Possivelmente, resulta da acidificação do meio vaginal pelo acúmulo de glicogênio em sua mucosa. ❖ Lesões Vasculares: O agravamento de lesões vasculares preexistentes, como as renais e as da retina, é tema controverso e carece de comprovação científica - A função renal, apesar de evidências de alterações significativas na gestação, parece retornar aos níveis pré-gravídicos ao término da mesma - As evidências confirmam que a presença de nefropatia diabética encerra pior prognóstico gestacional, com aumento do risco de abortamento, parto prematuro,pré- eclâmpsia, CIUR, morte neonatal ❖ Pré-eclâmpsia: Há aumento na incidência de pré- eclâmpsia. No entanto, a fisiopatologia é incerta RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO ❖ Diferentes métodos são atualmente utilizados para o diagnóstico de DMG ❖ A investigação de DMG deve ser feita em todas as gestantes sem diagnóstico prévio de diabetes ❖ A presença de fatores associados com maior risco de hiperglicemia na gravidez não deve ser utilizada para fins de rastreamento de DMG ❖ Na primeira consulta pré-natal, deve ser solicitada glicemia de jejum, com o principal objetivo de detectar o diabetes preexistente ❖ A hiperglicemia inicialmente detectada em qualquer momento da gravidez deve ser categorizada e diferenciada em DM diagnosticado na gestação (do inglês overt diabetes) ou em DMG - Se o valor encontrado for ≥ 126 mg/dL, será feito o diagnóstico de DM diagnosticado na gestação - Se a glicemia plasmática em jejum for ≥ 92 mg/dL e < 126 mg/dL, será feito o diagnóstico de DMG. ❖ Em ambos os casos, deve-se confirmar o resultado com uma segunda dosagem da glicemia de jejum ❖ Caso a glicemia antes da 20ª semana seja < 92 mg/dL, a gestante deve realizar um novo TOTG no segundo trimestre, entre a 24a e 28a semanas de gestação. ❖ Considerando-se as especificidades do Brasil, a proposição de duas estratégias de diagnóstico de DMG para nossa população, na dependência da viabilidade financeira e 4 disponibilidade técnica de cada região, é importante para alcançar a maior cobertura possível e, desta forma, diminuir a iniquidade no acesso COM VIABILIDADE FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA TOTAL ❖ Todas as gestantes com glicemia de jejum inferior a 92 mg/dL devem realizar o TOTG com 75 g de glicose de 24 a 28 semanas. ❖ Se o inicio do pré-natal for tardio (após 20 semanas de idade gestacional) deve-se realizar o TOTG com a maior brevidade possível ❖ Estima-se que assim sejam detectados 100% dos casos ❖ O teste oral de tolerância à glicose (TOTG) deve ser precedido por dieta sem restrição de carboidratos ou com, no mínimo, ingestão de 150 g de carboidratos nos 3 dias anteriores ao teste, com jejum de 8 horas COM VIABILIDADE FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA PARCIAL ❖ Todas as gestantes devem realizar a glicemia de jejum no início do pré-natal para diagnóstico de DMG e de DM diagnosticado na gestação, e, caso o resultado do exame apresente valores inferiores a 92 mg/dL, antes de 24 semanas de idade gestacional, deve-se repetir a glicemia de jejum de 24 a 28 semanas TRATAMENTO ❖ Evidências sugerem que a intervenção em gestantes com DMG pode diminuir a ocorrência de eventos adversos na gravidez DIETA ❖ O tratamento inicial do DMG consiste em orientação alimentar que permita ganho de peso adequado e controle metabólico ❖ O cálculo do valor calórico total da dieta deve ser feito de acordo com o índice de massa corporal (IMC) ❖ O ganho de peso indicado ao longo da gestação baseia-se, idealmente, na avaliação do IMC pré-gestacional ou no IMC obtido no início do pré-natal ❖ O valor calórico total prescrito deve ser individualizado e conter: - 40 a 55% de carboidratos - 15 a 20% de proteínas - 30 a 40% de gorduras ❖ E recomenda-se consumo mínimo diário de: - 175 g de carboidratos - 71 g de proteínas (1,1 g/kg/dia) - 28 g de fibras 5 ❖ Deve-se dar preferência ao consumo de alimentos que contenham carboidratos com baixo índice glicêmico. - A dieta com baixo índice glicêmico no DMG se associou à diminuição da necessidade de indicar o uso de insulina e menor ganho de peso ao nascer ❖ São escassos os estudos de segurança do uso de adoçantes na população de gestantes - Os edulcorantes (aspartame, sacarina, acessulfame-K e sucralose) podem ser usados como alternativa para a substituição da sacarose, entretanto, devem ser utilizados com moderação. ATIVIDADE FÍSICA ❖ A prática de atividade física deve fazer parte do tratamento do DMG, respeitando- se as contraindicações obstétricas ❖ A prática de atividade física promoverá: - Sensação de bem-estar - Menor ganho de peso - Redução da adiposidade fetal - Melhor controle glicêmico - Menos problemas durante o parto ❖ Contraindicações: - Hipertensão induzida pela gravidez - Ruptura prematura de membranas - Trabalho de parto prematuro - Sangramento uterino persistente após o segundo trimestre - Restrição de crescimento intrauterino INSULINOTERAPIA ❖ Recomenda-se o monitoramento das glicemias capilares pré e pós-prandiais quatro a sete vezes por dia, especialmente nas gestantes que usam insulina ❖ Após 2 semanas de dieta, se os níveis glicêmicos permanecerem elevados (jejum ≥ 95 mg/dL e 1 hora pós-prandial ≥ 140 mg/dL ou 2 horas pós-prandiais ≥ 120 mg/dL), deve- se iniciar tratamento farmacológico ❖ O critério de crescimento fetal para início da insulinoterapia é uma alternativa quando a medida da circunferência abdominal fetal for igual ou superior ao percentil 75 em uma ecografia realizada entre a 29a e a 33a semanas de gestação ❖ A dose inicial de insulina é de 0,5 U/kg, com ajustes individualizados para cada caso ❖ Em geral, associam-se insulinas humanas de ações intermediária e rápida ❖ Os análogos de insulina asparte e lispro têm vantagens sobre a insulina regular, promovendo melhor controle dos níveis de glicemia pós-prandiais com menor ocorrência de hipoglicemias ❖ O análogo de ação prolongada detemir, após a conclusão de um estudo randomizado controlado realizado em mulheres com DM1, é classificado pela agência reguladora norte-americana Food and Drug Administration (FDA) e pela Anvisa como A para uso durante a gestação ❖ O uso de glargina, segundo a bula aprovada pela Anvisa pode ser considerado durante a gravidez, se clinicamente necessário, e pertence à categoria C na gestação ANTIDIABÉTICOS ORAIS ❖ Em relação ao uso de antidiabéticos orais na gravidez, número crescente de estudos não mostra efeitos deletérios materno-fetais do uso da metformina na gestação - A metformina ultrapassa a barreira placentária - Em bula, por determinação da Anvisa, a metformina é categoria B. Estudo randomizado controlado observou que o uso A insulina é a primeira escolha na terapêutica medicamentosa para controle glicêmico no período gestacional, devido à sua eficácia comprovada e à pequena passagem placentária. O uso de análogos de insulina de ação rápida, tais como as insulinas asparte e lispro, é seguro durante a gravidez, propiciando melhor controle dos níveis de glicemia pós-prandial e menor risco de hipoglicemia. A insulina NPH humana é a primeira escolha dentre as insulinas basais. 6 de metformina a partir do segundo trimestre foi seguro para as mães e para os fetos ❖ Filhos de mulheres incluídas no estudo Metformina em Diabetes Gestacional (MiG) foram acompanhados e avaliados prospectivamente em comparação com a prole de mães tratadas com insulina durante a gestação, configurando a coorte MIG TOFU (do inglês “The Offspring Follow-Up”) - No resultado não foram observados eventos adversos graves no acompanhamento em médio prazo das crianças expostas - No entanto, até o momento ainda não há dados disponíveis sobre o efeito metabólico desta população na vida adulta decorrente desta exposição ❖ Situações nas quais o uso de metformina poderia ser considerado: - Falta de adesão da paciente ao uso de insulina - Não acessibilidade à insulina - Dificuldade na autoadministração de insulina - Estresse para a paciente em níveis exacerbados decorrentes uso de insulina e que determina restrição alimentar não corrigida mesmo após orientação adequada - Necessidade de altas doses diárias de insulina (>100 UI) sem resposta adequada no controle glicêmico e ganhode peso excessivo em uso de insulina ❖ A glibenclamida, embora de forma menos contínua do que a metformina, também apresenta passagem placentária - Seu uso está associado ao aumento do risco de hipoglicemia neonatal, maior ganho de peso materno, maior ganho de peso neonatal e macrossomia, sugerindo que essa medicação não deva ser utilizada no tratamento do diabetes na gestação ❖ Outros agentes orais não foram adequadamente estudados na gestação e são contraindicados CONTROLE GLICÊMICO NA GRAVIDEZ E AVALIAÇÃO CLÍNICA ❖ O acompanhamento da gestante diabética também apresenta algumas variações entre os diversos autores, porém, de uma forma geral, segue-se da seguinte forma: - Medições de glicemia capilar diárias pela manhã em jejum, antes do almoço, antes do jantar, uma ou duas horas após o almoço e uma ou duas horas após o jantar em diabéticas em uso de insulina - Glicemia capilar de jejum e pós-prandiais nas consultas e a critério médico - Glicemia de jejum e pós-prandial semanal para as gestantes com diagnóstico de diabetes gestacional - Função renal com dosagem trimestral de ureia, creatinina e proteinúria nas diabéticas prévias - Fundo de olho trimestral nas diabéticas prévias PARTO ❖ As gestantes com ótimo controle metabólico e que NÃO APRESENTAM antecedentes obstétricos de morte perinatal, macrossomia ou complicações associadas, como hipertensão, podem aguardar a evolução espontânea para o parto até o termo - Não se indica cesariana em razão do DMG, sendo a via de parto uma decisão obstétrica 7 ❖ No parto programado, a gestante precisa permanecer em jejum, devendo-se suspender a insulina NPH e infundir uma solução de glicose a 5 ou 10% intravenosamente, com controle do horário da glicemia capilar; - Se necessário, deve-se administrar infusão contínua de insulina regular intravenosa com baixas doses (uma a duas unidades/hora) ou insulina regular, lispro ou asparte subcutânea, conforme as glicemias capilares ❖ Quando é parto de início espontâneo e já se tiver administrado a insulina diária, recomenda-se manutenção de um acesso venoso com infusão contínua de solução de glicose, além do monitoramento da glicemia capilar a cada hora - Durante o trabalho de parto, deve-se manter a glicemia em níveis entre 70 e 120 mg/dL PÓS-PARTO ❖ No primeiro dia após o parto: - Monitorar os níveis de glicemia - Suspender a insulina basal ❖ Orienta-se também a manutenção de uma dieta saudável ❖ A maioria das mulheres apresenta normalização das glicemias nos primeiros dias após o parto ❖ Ainda, deve-se estimular o aleitamento materno que, além dos benefícios ao bebê, está associado à prevenção do diabetes tipo 2 em mulheres com histórico de DMG ❖ Caso ocorra hiperglicemia durante esse período, a insulina é o tratamento indicado ❖ A prescrição de dietas hipocalóricas durante o período de amamentação deve ser evitada ❖ A reclassificação deve ser feita, idealmente, seis semanas após o parto para todas as mulheres que tiveram DMG, utilizando-se os critérios padronizados para a população em geral - A realização do TOTG com 75 g de glicose, seis semanas após o parto, é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de diabetes após a gestação e deve ser a opção em situações de viabilidade financeira e disponibilidade técnica total - Em situações de viabilidade financeira e/ou disponibilidade técnica parcial, pode-se realizar a glicemia de jejum seis semanas após o parto para diagnóstico de DM e de glicemia de jejum alterada - Não está indicada a dosagem de hemoglobina glicada no pós-parto pois esse exame não está validado para o diagnóstico de diabetes no puerpério ❖ Caso o TOTG com 75g de glicose ou a glicemia de jejum sejam normais, a paciente deverá ser avaliada anualmente por meio de glicemia de jejum e/ou TOTG com 75 g de glicose ou pela medida da HbA1c ❖ A incidência de diabetes entre mulheres com história prévia de DMG varia de 3 a 65%. 8 ❖ É fundamental indicar a manutenção do peso adequado, revisando as orientações sobre dieta e atividade física ❖ Mulheres com intolerância à glicose e histórico de DMG devem mudar seus hábitos de vida, com dieta adequada e exercícios físicos, mantendo um peso próximo do ideal para evitar o aparecimento do diabetes ❖ São considerados fatores de risco para o desenvolvimento de DM do tipo 2 em mulheres com DMG prévio: - Glicemia em jejum na gestação acima de 100 mg/dL - Etnia não branca - História familiar de diabetes tipo 2, principalmente materna - Ganho excessivo de peso durante ou após a gestação - Obesidade (Obesidade abdominal) - Dieta hiperlipídica - Sedentarismo - Uso de insulina na gestação COMPLICAÇÕES GESTACIONAIS ABORTAMENTO ❖ Há uma maior incidência de abortamentos nas gestantes diabéticas ❖ Isto ocorre devido a alterações metabólicas maternas resultantes do descontrole da sua glicemia, como a acidose metabólica fetal ❖ Estão diretamente relacionados a níveis de hemoglobina glicosilada de 12% ou mais e glicemia pré-prandial maior que 120 mg/dl no primeiro trimestre MORTES FETAIS TARDIAS ❖ Mortes fetais tardias “inexplicadas” apresentam provável relação com acidose metabólica fetal ❖ É a complicação mais temida da gravidez em pacientes com diabetes (1% dos casos) ❖ Geralmente, o óbito fetal súbito ocorre por volta de 35 semanas ou mais caracteristicamente nos casos com hiperglicemia de jejum > 105 mg/dl persistente nas últimas semanas da gestação ❖ Parece decorrer de uma hipoxemia de consumo, em que a hiperglicemia provoca uma disfunção no transporte de oxigênio e no metabolismo fetal. ❖ ALTERAÇÕES DO VOLUME DO LÍQUIDO AMNIÓTICO ❖ A polidramnia acomete 25% das grávidas diabéticas ❖ Resulta do aumento da diurese fetal, devido à hiperglicemia ❖ A maior concentração de glicose no líquido amniótico provoca, por efeito osmótico, aumento da captação de água para o líquido ❖ Índices de Líquido Amniótico (ILA) superiores a 18 possuem relação com macrossomia fetal ❖ A avaliação ultrassonográfica deve ser realizada a cada quatro semanas após a 28ª semana FETAIS ANOMALIAS CONGÊNITAS ❖ É sabidamente conhecida a maior incidência de anomalias congênitas em fetos de mães diabéticas ❖ É, aproximadamente, três a seis vezes mais elevada que na população em geral ❖ O efeito negativo da hiperglicemia na organogênese se deve a uma maior ação de radicais livres e a uma menor ação de genes que são responsáveis pela produção do ácido araquidônico, causando defeitos do tubo neural ❖ A origem destas anomalias é multifatorial, mas parece envolver uma via comum: dano à vesícula vitelina ❖ Particularmente, destacam-se os defeitos cardíacos, os de fechamento do tubo neural e a síndrome de regressão caudal Esses defeitos incidem nas fases precoces da organogênese e resultam da ausência de controle periconcepcional do diabetes. 9 ❖ Assim como o abortamento, estas malformações possuem relação direta com a elevação da glicemia de jejum e da hemoglobina glicosilada antes da gravidez ou no primeiro trimestre ❖ Idealmente, os níveis de hemoglobina glicosilada no início da gestação devem ser menores que 7%, havendo aumento progressivo do risco de malformações fetais com a elevação dos seus níveis - Recomenda-se HbA1c < 6,5% antes da concepção, visando a menor risco de anomalias congênitas(SBD) ❖ No diabetes gestacional o risco de anomalias fetais não está aumentado, assim como de abortamento - Isto ocorre porque no diabetes gestacional a hiperglicemia surge no segundo trimestre, após o período de organogênese ❖ Da mesma forma, não está aumentado o risco de óbito fetal, exceto nos casos com hiperglicemia de jejum > 105 mg/dl persistente nasúltimas semanas da gestação DISTÚRBIO DO CRESCIMENTO ❖ Macrossomia (peso maior que 4.000 g) - A hiperglicemia materna facilita a passagem transplacentária de elevada quantidade de glicose, que estimula o pâncreas fetal saudável a produzir insulina - Embora esta insulina não consiga participar adequadamente do controle glicêmico do feto, ela exerce seus efeitos anabólicos, provocando aumento das proteínas, dos lipídios e do glicogênio corpóreo, o que confere ao neonato aspecto característico - A insulina tem efeito no feto semelhante ao do hormônio de crescimento, provocando crescimento e ganho de peso excessivos. - Não há, portanto, edema e sim acúmulo de gordura e visceromegalia. - O feto macrossômico apresenta menor chance de nascer por parto vaginal. Neste caso, há um aumento da incidência de distocia (principalmente de espáduas) e de partos operatórios. ❖ Crescimento Intrauterino Restrito: - Resulta do comprometimento das trocas placentárias em função da doença vascular do vilo terciário. DISTOCIA DE ESPÁDUAS ❖ É definida como a dificuldade na liberação dos ombros fetais durante o parto vaginal de feto em apresentação cefálica ❖ Pode ocorrer em qualquer gestação, mas nitidamente tem sua frequência aumentada com o aumento do peso fetal, como na macrossomia fetal, além da deposição de gordura em tronco, a qual pode contribuir para tal dificuldade no parto. SOFRIMENTO FETAL ❖ Ainda não estão bem esclarecidas as causas da hipóxia e da morte fetal súbita PREMATURIDADE ❖ A maior incidência de partos prematuros nas grávidas diabéticas decorre da hiperdistensão uterina da polidramnia, da insuficiência placentária, de alterações metabólicas motivadas pela instabilidade no controle da doença e por indução de nascimento pré-termo em benefício materno e ou fetal ❖ Algumas fontes bibliográficas correlacionam a ocorrência da prematuridade com a pré- eclâmpsia ❖ Recomenda-se a realização de parto operatório (cesariana) em fetos com peso estimado > 4.000-4.500 g 10 NEONATAIS SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA ❖ Os altos níveis de insulina fetal retardam e alteram o mecanismo fisiológico de amadurecimento pulmonar, interferindo no metabolismo dos fosfolipídeos, com redução da produção de surfactante pulmonar ❖ Este fato acarreta uma frequência cerca de seis vezes maior da síndrome da angústia respiratória entre os recém-nascidos HIPOGLICEMIA NEONATAL ❖ A hiperinsulinemia fetal também é responsável pela hipoglicemia neonatal ❖ O nascimento do feto resulta na interrupção do aporte materno excessivo de glicose após o clampeamento do cordão umbilical - A glicemia torna-se, então, desproporcional aos níveis de insulina, e a hipoglicemia se instala ❖ Esta é considerada a complicação metabólica fetal mais comum do diabetes materno HIPOCALCEMIA ❖ Provavelmente, associa-se à prematuridade ❖ Sua causa é desconhecida HIPERBILIRRUBINEMIA ❖ Parece advir da policitemia e de uma imaturidade do sistema enzimático que conjuga a bilirrubina POLICITEMIA ❖ Possivelmente decorre de uma hipoxemia placentária e de um aumento das necessidades de oxigênio induzida pela hiperglicemia RISCO DE DIABETES NA VIDA FUTURA ❖ Ocorrência do diabetes tipo 2 em até 1/3 dos filhos de diabéticas até 17 anos de idade. ALTERAÇÕES DO LA INTRODUÇÃO ❖ O líquido amniótico (LA) é de fundamental importância para o desenvolvimento fetal. ❖ Algumas de suas funções principais são: - Proteger o feto de traumatismos externos - Impedir a compressão do cordão umbilical - Permitir o desenvolvimento dos sistemas musculoesquelético e respiratório fetais ❖ O conhecimento dos mecanismos de regulação do volume do líquido amniótico permite um adequado raciocínio clínico quando dos seus desvios de volume - Esse volume reflete o balanço entre sua produção e seu consumo ❖ A partir do final do primeiro trimestre, o principal meio de produção do líquido amniótico é a diurese fetal e seu principal meio de consumo, a deglutição fetal ❖ Tanto a produção quanto o consumo do líquido amniótico aumentam com a idade gestacional, ambos atingindo valores próximos a 1000 ml/dia no final da gestação, fazendo com que um pequeno desequilíbrio entre eles possa resultar em grandes alterações do seu volume, tanto para menos (oligoidrâmnio) quanto para mais (polidrâmnio) OLIGOIDRÂMNIO ❖ Oligoidrâmnio é a diminuição do volume do líquido amniótico ❖ Sua incidência é estimada entre 1 e 5% ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA ❖ O oligoidrâmnio é resultante da diminuição da produção do líquido amniótico ou da incapacidade do saco amniótico de manter o seu conteúdo ❖ Não existem patologias que cursem com aumento do consumo do líquido amniótico ❖ A diminuição da sua produção é observada em casos de malformações bilaterais do trato urinário fetal (como agenesia renal 11 bilateral, rins policísticos, rim multicístico bilateral e obstrução uretral) e... - Na insuficiência placentária (pelo fenômeno da centralização fetal, na qual a redistribuição da circulação fetal prioriza órgãos mais importantes em detrimento de outros, como os rins) ❖ A incapacidade do saco amniótico de manter o seu conteúdo é observada na rotura prematura das membranas ovulares (RPMO), onde o líquido amniótico produzido é perdido ❖ Em parte dos casos, sobretudo nos mais leves, não é possível se determinar a etiologia do oligoidrâmnio, sendo o mesmo considerado idiopático ❖ A maior ou menor frequência de cada um desses achados varia com a idade gestacional - A ocorrência de oligoidrâmnio no primeiro trimestre da gestação é rara e, geralmente, de etiologia indeterminada - No segundo trimestre, a principal causa de oligoidrâmnio são as malformações do trato urinário fetal, seguida pela RPMO, sendo a insuficiência placentária, exceção - Por sua vez, quando diagnosticado no terceiro trimestre da gestação, o oligoidrâmnio tem como causas principais a RPMO e a insuficiência placentária, embora algumas vezes a etiologia não possa ser determinada. QUADRO CLÍNICO ❖ O quadro clínico do oligoidrâmnio é relativamente pobre ❖ Ele pode ser suspeitado quando a altura uterina for menor do que a esperada para a idade gestacional ou pela melhor identificação das diversas partes fetais à palpação uterina DIAGNÓSTICO ❖ Embora possa ser suspeitado clinicamente, o diagnóstico de oligoidrâmnio requer a observação da diminuição do volume do líquido amniótico à ultrassonografia ❖ Para tanto, sugerimos a utilização do índice do líquido amniótico (ILA) - Neste método, a cavidade uterina é dividida em quatro quadrantes, utilizando-se, para tanto, duas linhas imaginárias perpendiculares que se cruzam na cicatriz umbilical - Posicionando-se o transdutor perpendicularmente ao solo, mensura-se, então, o diâmetro vertical do maior bolsão de líquido amniótico, livre de cordão umbilical e partes fetais, em cada um dos quadrantes - Por fim, as medidas são somadas e o resultado expresso em centímetros. ❖ O método é utilizado, preferencialmente, em gestações acima de 26 semanas e quando o fundo uterino ultrapassa a cicatriz umbilical. ❖ O oligoidrâmnio é considerado presente se o ILA for menor ou igual a 5,0 cm ❖ Em situações especiais, como, por exemplo, em gestações gemelares, a mensuração do volume do líquido amniótico pelo ILA não é factível, devendo-se optar pelo emprego do método do maior bolsão vertical - Neste método, posicionando-se o transdutor perpendicularmente ao solo, mensura-se o diâmetro vertical do maior bolsão de líquido amniótico encontrado na cavidade uterina, livre de cordão umbilical e partes fetais - Sendo o oligoidrâmnio considerado presente se este for menor ou igual a 2,0 cm CONDUTA ❖ A determinaçãoda etiologia do oligoidrâmnio é de fundamental importância na definição da conduta a ser adotada ❖ Para tal fim, recomendamos a realização de exame ultrassonográfico com avaliação da morfologia do trato urinário fetal (à procura das malformações que representem possíveis causas de oligoidrâmnio) e avaliação da circulação fetal (Doppler das artérias umbilical e cerebral média), no intuito de se diagnosticar uma insuficiência placentária ❖ A possibilidade de rotura prematura das membranas ovulares deverá ser confirmada ou excluída pelo exame clínico e por métodos complementares, de acordo com a rotina do serviço 12 ❖ Enquanto o ILA for maior que 3,0 cm, a avaliação seriada do volume do líquido amniótico deverá ser feita a intervalos semanais - Da mesma forma, um teste de vitalidade fetal(cardiotocografia, perfil biofísico fetal ou dopplervelocimetria) deverá ser realizado duas vezes/semana, enquanto normais ❖ Em caso de ILA menor que 3,0 cm ou de um teste de vitalidade fetal anormal, em um feto viável, sugere-se a internação da paciente, com controle diário da vitalidade fetal. ❖ Complicações gestacionais específicas associadas ao oligoidrâmnio, como, por exemplo, a pré-eclâmpsia, serão conduzidas de acordo com protocolo específico ❖ Ressalte-se que o melhor controle de algumas doenças maternas pode, em alguns casos, diminuir a intensidade do oligoidrâmnio ❖ Independentemente de sua etiologia, não indicamos hidratação materna ou amnioinfusão (infusão de líquido amniótico por amniocentese) para a correção do oligoidrâmnio por não terem estes benefícios comprovados ❖ A época ideal do parto de um feto com oligoidrâmnio vai depender de uma combinação de fatores, incluindo: - Idade gestacional - Vitalidade fetal - Presença de outros achados como patologias maternas relacionadas à insuficiência placentária. ❖ Nos casos de oligoidrâmnio de etiologia idiopática, sugerimos o parto por volta de: - 37 semanas (se ILA entre 3,1 e 5,0 cm) - ou 34 semanas (se ILA menor ou igual a 3,0 cm) ❖ Quanto à via de parto, caso a vitalidade fetal esteja comprometida, deve-se optar pela cesariana - Nos casos de oligoidrâmnio idiopático, com vitalidade fetal preservada, um parto normal pode ser realizado PROGNÓSTICO ❖ Alguns casos de oligoidrâmnio de causa indeterminada, principalmente aqueles de menor intensidade, podem se resolver espontaneamente ❖ O oligoidrâmnio está associado a resultados maternos e perinatais adversos, como: - Deformações fetais - Compressão do cordão umbilical - Óbito fetal ❖ O prognóstico fetal, no oligoidrâmnio, depende, sobretudo, da idade gestacional de seu início e da sua causa, tornando imperiosa a determinação de sua etiologia ❖ Embora raro, o oligoidrâmnio quando ocorre no primeiro trimestre tem mau prognóstico e, geralmente, evolui para abortamento. - Exames ultrassonográficos seriados permitem o acompanhamento da evolução natural do processo (piora do oligoidrâmnio, óbito fetal ou, raramente, resolução) ❖ No segundo trimestre da gestação, o prognóstico e a conduta dependerão da etiologia do oligoidrâmnio - Fetos com malformações bilaterais do trato urinário têm prognóstico reservado, uma vez que com rins ausentes, ou não funcionantes, a vida extrauterina não é possível - Nessa idade gestacional, os casos de oligoidrâmnio secundários à insuficiência placentária deverão ter uma eventual causa materna investigada e tratada, embora, assim como aqueles casos de oligoidrâmnio por RPMO, frequentemente, evoluam para óbito fetal ou neonatal, seja pela prematuridade extrema, seja pela hipoplasia pulmonar decorrente da diminuição do volume de líquido amniótico 13 POLIDRÂMNIO ❖ Polidrâmnio é o aumento do volume do líquido amniótico ❖ Sua incidência é estimada em cerca de 1 a 2% das gestações ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA ❖ O polidrâmnio é resultante ou do aumento da produção do líquido amniótico ou da diminuição do seu consumo ❖ O aumento da sua produção é observado, mais comumente, no diabetes mellitus materno (por diurese osmótica) - Mas também em casos de anemia fetal, tumores fetoplacentários ou transfusão fetofetal (pelo aumento da produção de urina devido à circulação hiperdinâmica) ❖ Por sua vez, a diminuição do consumo do líquido amniótico é observado em casos de malformações fetais (como anencefalia, hérnia diafragmática, malformação adenomatóide cística, atresia esofágica e atresia duodenal) que impedem uma adequada deglutição do líquido amniótico ou sua absorção no intestino delgado ❖ Assim como ocorre no oligoidrâmnio, em alguns casos de polidrâmnio, principalmente naqueles mais brandos, não é possível se determinar sua causa, sendo o mesmo considerado idiopático QUADRO CLÍNICO ❖ Embora o quadro clínico do polidrâmnio não seja muito rico, ele pode ser suspeitado quando a altura uterina for maior do que a esperada para a idade gestacional ❖ Podem ocorrer, ainda, desconforto abdominal, dispneia, edema suprapúbico, pele lisa e brilhante na região do abdome, dificuldade de palpação das diversas partes fetais e dificuldade de ausculta dos batimentos cardíacos fetais DIAGNÓSTICO ❖ Seu diagnóstico é feito pela observação do aumento do volume do líquido amniótico à ultrassonografia ❖ Para tanto, sugerimos a utilização do ILA, considerando polidrâmnio se este for maior ou igual a 24,0 cm ❖ O método é utilizado, preferencialmente, em gestações acima de 26 semanas e quando o fundo uterino ultrapassa a cicatriz umbilical. ❖ Em situações especiais, como, por exemplo, em gestações gemelares, a mensuração do volume do líquido amniótico pelo ILA não é factível, devendo-se optar pelo emprego do método do maior bolsão vertical (técnica descrita acima) - Sendo o polidrâmnio considerado presente se este for maior ou igual a 8,0 cm. CONDUTA ❖ Uma vez detectado o polidrâmnio, devemos buscar determinar sua etiologia ❖ Semelhante ao observado no oligoidrâmnio, quanto mais acentuado for o polidrâmnio, maior a possibilidade dessa busca ser bem sucedida ❖ Para isso, recomendamos o rastreamento do diabetes mellitus gestacional e a realização de exame ultrassonográfico com avaliação detalhada da morfologia fetal (à procura das malformações mais frequentemente associadas ao polidrâmnio) e procura de sinais de anemia fetal (Doppler da artéria cerebral média) ❖ Um teste de vitalidade fetal (preferencialmente, perfil biofísico fetal) deverá ser repetido a intervalos semanais, enquanto normais, ou a intervalos menores, se alterados ❖ Quando possível, a correção da causa do polidrâmnio (como no caso do diabetes mellitus materno ou da anemia fetal) tende a diminuir sua intensidade ❖ A amniodrenagem (remoção de líquido amniótico por amniocentese) é indicada apenas nos casos mais acentuados e sintomáticos (com dispneia materna progressiva e dor abdominal persistente, ou trabalho de parto prematuro) - Visa diminuir o desconforto e/ou prolongar a gestação 14 ❖ Nos casos de polidrâmnio de etiologia idiopática, sugerimos o parto por volta de 38 semanas ❖ A presença de polidrâmnio não é contraindicação para o parto normal - Entretanto, com o objetivo de evitar complicações, como prolapso de cordão, descolamento prematuro da placenta, trabalho de parto prolongado e atonia uterina pós-parto, a equipe obstétrica deve permanecer atenta, realizando assistência adequada durante o parto e o puerpério PROGNÓSTICO ❖ Alguns casos de polidrâmnio idiopático, sobretudo os mais leves, resolvem-se espontaneamente ❖ Entretanto, o polidrâmnio tem sido associado a um maior risco de resultados maternos e perinatais adversos, como: - Dificuldade respiratória materna - Parto prematuro -Apresentações anômalas - Prolapso de cordão - Rotura prematura das membranas ovulares - Trabalho de parto prolongado - Atonia uterina pós-parto - Descolamento prematuro da placenta após rotura das membranas INDICAÇÕES DE PARTO CIRÚRGICO INTRODUÇÃO ❖ Os índices de cesariana aumentaram consideravelmente nos últimos anos por várias razões ❖ As indicações desse procedimento representam um aspecto complexo e controvertido da assistência obstétrica ❖ Portanto, é impossível apresentar uma lista completa de indicações de cesariana ❖ A interrupção da gravidez por via alta (cesariana) pode ser indicada em benefício da mãe (indicação materna), do feto (indicação fetal) ou em benefício de ambos. ❖ Em relação à real necessidade da cesariana, existem indicações absolutas e relativas. ❖ Em relação à urgência, a cesariana pode ser de urgência absoluta ou relativa ❖ Quando não há urgência, diz-se que a cesárea é eletiva Vale lembrar que a maior parte das indicações de cesariana é relativa, isto é, realizada quando não há urgência. 15 ❖ É importante salientar que não existem contraindicações absolutas à cesariana - Contrariamente aos outros tipos de cirurgia, que não envolvem mais de um paciente no mesmo procedimento, os riscos e os benefícios maternos e fetais da cesariana devem ser considerados ❖ Além dessa peculiaridade, é importante ressaltar que muitas gestantes apresentam baixa tolerância em aceitar qualquer situação de risco fetal relacionada ao parto vaginal, independente do risco materno associado à intervenção operatória 4 INDICAÇÕES MAIS COMUNS: ❖ As quatro indicações mais comuns de cesariana, que respondem por aproximadamente 80% destes partos, incluem: - Falha de progressão durante o trabalho de parto (30%) - Histerotomia prévia: usualmente relacionada à cesariana prévia, mas também associada à miomectomia (30%) - Apresentação anômala fetal (11%) - Sofrimento fetal (10%) INDICÇÕES MENOS COMUNS ❖ Outras indicações de cesariana menos comuns abrangem: - Placentação anormal (placenta prévia, vasa prévia, placenta acreta) - Infecção materna (herpes simples ou vírus da imunodeficiência humana) - Gestação múltipla - Obstrução mecânica ao parto vaginal (grandes leiomiomas, fratura pélvica severa prévia, macrossomia fetal, anomalias fetais como hidrocefalia)
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