Prévia do material em texto
ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS AULA 4 Prof.a Cláudia Regina Bosa 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula teremos a oportunidade de entender como é realizado o processo de gestão de riscos de uma forma prática, com o objetivo de sensibilizar de forma efetiva para a importância dele. Além disso, trataremos de algumas ferramentas de análise e gestão de riscos mais utilizadas. Destacaremos como realizar a identificação de falhas e possíveis riscos e por fim falaremos um pouco sobre os processos de certificação das empresas por meio das ISOs 9001 e 31000 e a importância destas na garantia da realização ideal do processo de gestão de riscos. CONTEXTUALIZANDO Imagine que você é funcionário de uma grande empresa multinacional que atua no ramo de produção de peças para máquinas agrícolas. Você está na empresa evoluindo na sua carreira de maneira satisfatória há vinte anos, foi testemunha de várias mudanças físicas e também da forma de gestão da empresa. Além disso, vivenciou alguns processos de certificação da empresa, os quais são mantidos até os dias atuais, pois sempre houve grande preocupação no uso dessas certificações para manter e aumentar a carteira de clientes da empresa. Há aproximadamente dois anos houve uma grande mudança no corpo diretivo da empresa, muitos funcionários foram remanejados, outros demitidos e, com a crise mundial, houve também a priorização da redução de gastos inclusive no processo de produção, manejo de resíduos e segurança, tanto para os funcionários como para o meio do entorno. Esses fatos têm trazido certo descontentamento aos funcionários e também preocupações. Nesse ano a empresa passará por auditoria externa a fim de manter uma certificação importante que trata da gestão de riscos no ambiente de trabalho e, diante das atitudes tomadas pela nova direção, você acredita que terão grandes dificuldades em manter esse título que já foi motivo de grande orgulho para outros gestores e funcionários mais antigos como você. Diante dessa situação, que atitude você tomaria? Entraria em contato com os antigos gestores para que eles tentassem interceder com a nova gestão a fim de manter a certificação, considerada tão importante para a manutenção da confiabilidade da empresa no mercado? Você mesmo solicitaria um horário para conversar com os novos gestores e expor os 3 problemas e a insatisfação da maioria dos funcionários ou não tomaria atitude alguma, pois, como você é um funcionário antigo e apresenta um bom salário, poderia ser demitido e você precisa de seu emprego, devido às grandes dificuldades pelas quais o mercado de trabalho vem passando. Que atitude você tomaria? TEMA 1 – GESTÃO DE RISCOS NA PRÁTICA Nos últimos tempos muito se tem falado e discutido sobre o processo de gestão de riscos nos mais variados ambientes de trabalho, devido a uma maior fiscalização de todos os ramos de produção e tipos de empresa e também devido à legislação que vem se modificando e pensando na qualidade de vida dos trabalhadores e na manutenção dos recursos naturais utilizados e na preservação do meio ambiente, vital para a existência da humanidade e para a manutenção de nossas atividades de forma direta ou indireta. Sendo assim, é interessante entender como podemos realizar de forma mais descomplicada e rápida a gestão de possíveis riscos presentes na atividade que desenvolvemos e assim evitar acidentes sem lesões, com lesões leves ou permanentes, ou até a perda da vida de um colaborador, além de evitar catástrofes ambientais devido ao descaso de gestores com relações aos riscos presentes em suas atividades. O primeiro passo para uma gestão eficiente de riscos é realizar um inventário de todos os tipos de riscos que podem estar presentes no ambiente em questão, o que pode ser mais bem visualizado por meio de uma simples planilha em Excel. Um dos primeiros aspectos que se deve observar com relação ao processo de gestão de riscos de qualquer tipo de atividade em questão é ter o cuidado em verificar se na instituição existe um plano gestor para os riscos que estão presentes nas atividades ou se ao menos ele está em processo de desenvolvimento; também é importante buscar e priorizar o desenvolvimento de um código de conduta na instituição, o qual tem papel na orientação de eventuais riscos que possam se efetivar, ou seja, funcionaria como um auxiliar do plano de ação caso qualquer tipo de risco identificado seja efetivado. Outro aspecto que merece a devida atenção é a questão da realização de um monitoramento constante dos riscos que foram elencados durante a criação e o desenvolvimento do projeto em questão, deve-se continuamente 4 realizar o monitoramento deles, ter em mente que os riscos existem e têm maior ou menor probabilidade de ocorrência. Diante disso, devemos sempre estar com a atenção voltada no sentido de evitar a efetivação dos riscos. O fato de deixar para segundo plano o processo de monitoramento não é incomum nos mais variados tipos de empresas, o que aumenta a probabilidade de ocorrência de um risco, portanto o monitoramento constante é um processo que também faz parte das prioridades quando tratamos da gestão de riscos. É importante salientar que todos os riscos devem ser registrados, mesmo aqueles que por algum motivo achemos que nunca serão aplicáveis de ocorrência, o mais coerente é colocar todos em nossa lista de riscos. Quando se trata da gestão de riscos, há necessidade de trabalhar com todas as probabilidades, para que o resultado alcançado seja o melhor, e o melhor resultado seria a não efetivação dos riscos elencados na lista previamente confeccionada. Muitas vezes, gestores, por falta de experiência, acabam categorizando alguns riscos como não aplicáveis, pelo fato de não ter o devido conhecimento destes, por não saber como trabalhar com eles. Agindo assim, o gestor poderá comprometer todo o processo de gerenciamento de riscos e sérias consequências devido a essa tomada de decisão poderão ocorrer. É importante pensar no gerenciamento de risco por meio de procedimentos criados na própria instituição. Tal método é bem aplicado para riscos evitáveis (fraude interna, negligência, falta de energia etc.), mas não tem igual penetração para riscos estratégicos ou riscos externos. Quando tratamos de riscos estratégicos, estamos tratando de riscos de interesse da própria instituição. Como exemplo, podemos citar: bancos realizam empréstimos e, portanto, têm risco de crédito, bancos mais preparados têm eficiência na gestão desse tipo de risco. Já os riscos externos são variados, indo desde leis criadas ou modificadas, contra o interesse de determinado tipo de atividade, até a mudança de fatores macroeconômicos, como a mudança na taxa de juros, ou eventos naturais: chuvas, terremotos, vulcanismo etc. Como gerir os riscos de uma atividade de forma efetiva e junto com os profissionais envolvidos em todos os processos? Algumas providências podem ser tomadas para tornar mais fácil a comunicação entre os envolvidos no processo e facilitar a coleta de 5 informações que podem auxiliar na maximização do processo de gestão de riscos, entre eles: É importante criar uma forma de comunicação interna na qual os colaboradores sintam-se à vontade para contar o que sabem, o que viram acontecer e em que local acreditam estar as falhas. A criação de um código de ética para o desenvolvimento das atividades também apresenta bons resultados no processo. A comissão de riscos de qualquer empresa deve ser representada em todos os âmbitosdela, inclusive dentre os acionistas. Sistematicamente realizar consultas junto aos colaboradores com a finalidade de verificar se estes se sentem à vontade para relatar os problemas que visualizam na instituição. Fomentar a criação de uma forma de comunicação que seja transparente e permita aos colaboradores se sentirem à vontade para relatar fatos. Também é importante a contratação de consultores externos ao processo, pois eles não possuem vícios, sendo assim, poderão mostrar resultados mais próximos da realidade. Por fim, deve-se sempre voltar ao objetivos e metas do processo e reavaliá-los a fim de ter visão de como está o desenvolvimento do projeto. Seguindo essas orientações, é possível que o processo de gerenciamento seja mais efetivo e tenha a real participação de todos os envolvidos nele. Quando as pessoas sentem que fazem parte do processo, esforçam-se e buscam o máximo de resultados positivos. TEMA 2 – ANÁLISE SWOT Atualmente existem várias técnicas utilizadas para os processos de gestão envolvendo pessoas, capital, mercadorias, recursos naturais, dentre muitos outros. Pensando no processo de análise e gestão de riscos, temos também várias técnicas para a realização de análises que podem ajudar na identificação do perfil de determinada empresa, setor, ramo de atividade. Dentre essas formas de análise, daremos destaque para a Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) ou FOFA em português 6 (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). Essa análise é uma forte aliada no processo de conhecimento profundo do processo, na qual serão levantados vários aspectos do ambiente por meio dos quais pretendemos realizar o processo de gerenciamento de riscos. A Análise SWOT, também denominada em algumas literaturas como Matriz SWOT, foi criada na década de 1960 por Albert Humphrey, cujo objetivo era realizar a caracterização rápida de diversas empresas. Por meio desse tipo de análise, ele conseguiu rapidez no processo de comparação e caracterização e ainda robustez nos resultados obtidos, de modo que rapidamente a análise se difundiu em diferentes mercados e atualmente é utilizada de forma ampla devido a sua facilidade de aplicação. Devemos lembrar que hoje ainda contamos com mais tecnologia no processo de gerenciamento de muitos dados com a utilização de programas de computadores que podem gerenciar o processo de análise da grande quantidade de informações com que temos de trabalhar ao mesmo tempo. Essa análise é muito utilizada para traçar o plano estratégico de desenvolvimento das empresas. Quando falamos da Análise SWOT, tratamos de uma forma de análise simples, confiável e que auxilia os gestores a entender a situação real de seu empreendimento e a entender qual a posição estratégica de sua empresa no mundo dos negócios em seu ramo de atuação. Além do mais, essa forma de análise pode ser extrapolada para realizar a análise de qualquer tipo de cenário ou ambiente no interior da empresa, e nesse momento podemos pensar em aplicá-la no processo de gerenciamento de riscos. A Análise SWOT está em amplo processo de expansão sendo utilizada para análise tanto de ambientes internos quanto externos à empresa. Essa análise tem o potencial de caracterizar os pontos fortes e fracos e também de auxiliar na verificação de possíveis ameaças que ela possa sofrer. A Análise SWOT tem como principais objetivos: a. Analisar e sintetizar informações internas e externas da empresa ou atividade em questão. b. Identificar os pontos que podem ajudar nos diversos processos de gestão. c. Realizar um levantamento dos riscos e problemas que deverão ser resolvidos de forma prioritária. d. Listar os pontos fortes, fracos, e aqueles que devem ser fortalecidos. 7 e. Mostrar o espaço que a atividade em questão tem no mercado. f. Identificar internamente as forças e fraquezas e indicar forma eficazes de trabalhá-las positivamente no ambiente interno, junto com os colaboradores. g. Listar as ameaças e oportunidades externas e lançar um plano de gestão que permita utilizar essas informações em favor do desenvolvimento da empresa. Quando nos referimos ao ambiente interno de uma empresa, estamos pensando em todos os aspectos que a constituem internamente como: os recursos financeiros, humanos, físicos. Quando os gestores têm real conhecimento da composição verdadeira de seu ambiente interno de trabalho, fica menos complexo o processo de gestão desse ambiente e é possível exercer maior controle sobre as variáveis que nele se apresentem. Sendo assim, os gestores facilmente podem realizar a identificação de pontos fortes no ambiente interno, os quais poderão ser altamente competitivos frente à concorrência, como conhecer mais as aptidões de seus colaboradores. Por muitas vezes existem grandes talentos dentro de empresas que não são valorizados e, por consequência, acabam sendo perdidos para a concorrência. Por fim, também será possível realizar uma análise mais confiável dos pontos fracos no ambiente interno e realizar as devidas comparações com a concorrência. Já quando tratamos do ambiente externo temos variáveis presentes com o controle mais complexo e que exercem sua influência nas atividades realizadas em uma empresa. Quando o assunto é ambiente externo, estamos tratando de um ambiente que pode ser monitorado, mas pouco controlado pelos gestores, mesmo que tenham grande conhecimento das variáveis presentes. O processo de análise do ambiente externo pode ser dividido em variáveis macroambientais, as quais envolvem a política, a economia e a cultura, e variáveis microambientais, que envolvem fornecedores, consumidores, dentre outros. O monitoramento constante desses dois tipos de variáveis externas pode ajudar os gestores de forma eficaz no processo de identificação de possíveis ameaças e também na identificação de grandes oportunidades, portanto realizar essa forma de levantamento é de primordial interesse para as empresas que pretendem ter vida longa dentro do mercado que hoje é bastante efêmero. 8 Por fim, podemos concluir que a empresa que estiver sempre preocupada com esse processo de identificação das variáveis externas, pensando que essas variáveis na maioria das vezes são as mesmas para todas as empresas incluídas no processo, poderá ter vantagem no processo de identificação de riscos e oportunidades, tendo maiores chances de se manter com sucesso no mercado em que está inserida. Um processo adequado de identificação de variáveis internas e externas é de grande importância para o processo de gerenciamento de riscos, pois, quanto maior o conhecimento dos processos envolvidos, maiores as chances de sucesso em qualquer tipo de trabalho que envolva gestão. Na Figura 1, temos uma matriz Swot que serve como importante ferramenta para utilização nos mais variados aspectos que envolvem as questões de gerenciamento. Figura 1. Exemplo de Matriz Swot. Fonte: <http://www.agendor.com.br/blog/matriz-swot-como-fazer/> O conhecimento técnico competente e a boa gestão estratégica da atividade em questão ajudarão, de forma substancial, na redução de riscos nos diversos ramos de atividades e poderão consequentemente prevenir danos à saúde humana e ao ambiente no qual a atividade está inserida. TEMA 3 – FMEA – ANÁLISE DO TIPO DE EFEITO E FALHA Quando escrevemos um projeto, nossa intenção é que ele seja colocado em desenvolvimento e que durante esse processo de implantação demonstre 9 que tem grande potencial para continuar existindo e até possa ser usado como modelopor outras pessoas ou instituições. Portanto, sempre que formos trabalhar na criação e também no processo de implantação de qualquer que seja o projeto, devemos nos preocupar na verificação criteriosa de possíveis falhas que ele possa apresentar. Não é incomum verificar a aplicação de projetos de engenharia que foram desenvolvidos para uma região e foram copiados e aplicados em outra, sem levar em consideração a adequação para aquela realidade, tendo como consequência, por exemplo, conjuntos residenciais populares inteiros sendo interditados por graves falhas que não foram consideradas na fase de elaboração, levando a grandes prejuízos tanto para a empresa quanto para as pessoas que necessitam de um lar. Nesse contexto, fica clara a ausência de uma estratégia de verificação de falhas, o que acarretou em grande impacto negativo na sociedade e, por fim, acabou prejudicando a imagem da empresa no mercado. A fim de realizar o processo de levantamento de gestão de possíveis falhas, podemos lançar mão de algumas ferramentas de fácil utilização que poderão ser muito úteis na realização dessa tarefa, sendo um exemplo que pode ser citado a metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha, conhecida como FMEA (do inglês Failure Mode and Effect Analysis), por meio da qual ocorre a busca por falhas já na fase de projeto, as quais, quando identificadas, são rapidamente eliminadas, buscando no processo de desenvolvimento do projeto um produto ou serviço sempre com maior confiabilidade, ou seja, com riscos de falhas cada vez mais reduzidos. Um exemplo muito recente que podemos dar são as falhas associadas ao novo telefone celular da Samsung, uma empresa que tem grande confiabilidade, porém, no último lançamento de um aparelho celular, o aparelho apresentou falhas graves na bateria que levam ao risco de explosão, tanto que a presença do aparelho a bordo de aviões está proibida. Esse é um exemplo de uma grande falha que não foi identificada e que chegou ao seu plano final, o consumidor; certamente a empresa teve grande prejuízo, assim como os consumidores, e a concorrência se privilegiou do fato. No mercado não podemos correr esse risco, portanto o gerenciamento de possíveis falhas deve ser realizado de forma rápida e consciente, por profissionais comprometidos. Quando falamos de um produto ou serviço oferecido, sabemos que a questão da confiabilidade tem grande destaque, pois muitas vezes as pessoas 10 preferem inclusive pagar um pouco mais caro por um mesmo produto ou serviço pelo fato de conhecerem a marca, ou esta ter sido indicada por uma pessoa de seu convívio, sendo assim as empresas devem em todos os momentos priorizar a construção de produtos e serviços que denotem confiança no mercado, fato que com toda certeza dará longevidade para o negócio. Quando foi criada a análise FMEA, ela tinha como objetivo ser utilizada no desenvolvimento de novos produtos, porém, devido a sua fácil aplicação e resultados de qualidade, vem sendo amplamente utilizada na produção e na pós-produção de produtos e serviços, trazendo ótimos resultados e aumentando a confiabilidade frente ao mercado e aos consumidores. A FMEA trata de uma metodologia extremamente adequada com objetivo de avaliar e reduzir os riscos que podem ocorrer em um produto ou serviço, e isso é possível por meio da análise de possíveis falhas que possam estar associadas ao projeto e também auxilia no processo de implantação de ações que ajudem no processo de aumento da confiabilidade. A FMEA pode ser utilizada tanto no projeto quanto em todo o processo envolvido para o desenvolvimento do projeto. Atualmente a análise FMEA é dividida em três grandes categorias: do produto, do processo e dos procedimentos administrativos, portanto está presente em todo o processo de produção desde o momento da idealização dele. Diante do exposto, podemos identificar que a FMEA pode ser amplamente utilizada para a redução da ocorrência de falhas em projetos novos bem como de produtos e processos que já estejam em processo de execução, eliminando as falhas potenciais. Ainda há grande capacidade de aumentar a confiabilidade do produto frente ao mercado consumidor, por meio da redução de riscos, pois produtos que passam pelo crivo da FMEA têm maior aceitação e os empresários devem estar sempre preocupados com essa questão, já que, a partir do momento que um produto ou serviço passa a ser rejeitado ou ter sua confiança colocada em dúvida, possivelmente o fracasso dele ocorrerá em breve. Por meio do registro de possíveis falhas, a FMEA auxilia de forma direta no processo de gerenciamento de riscos em todas as etapas de elaboração do produto ou serviço. 11 Para facilitar o processo de registro, alimentação de dados e análise, existem formulários que podem ser utilizados, os quais servirão de registro histórico para o processo de gerenciamento de riscos. O formulário da FMEA deve ser constantemente revisto, pois deve passar por processo de reavaliação, a fim de atingir o seu objetivo principal, que seria nenhuma falha durante o processo de desenvolvimento de um produto ou serviço ofertado. TEMA 4 – FALHAS NO GERENCIAMENTO DE RISCOS Quando tratamos do processo de gerenciamento ou gestão de riscos, estamos falando sobre como identificar os riscos, evitá-los, caso seja possível, ou mitigá-los, caso tenham sido efetivados. Para isso, é necessário que os envolvidos nesse processo tenham consciência da importância de adotar as melhores práticas desde as questões referentes à infraestrutura até as que envolvem as políticas e metodologias, fato que pode permitir uma melhor gestão dos limites de riscos aceitáveis. Porém em muitos momentos os envolvidos nos processos esquecem a importância em priorizar o gerenciamento de riscos e não pouco comum são noticiados eventos que custam a vida de pessoas envolvidas com a atividade e também de pessoas que não estão envolvidas com ela, sem mencionar as consequências para o meio ambiente, como a contaminação por radiatividade, poluição do lençol freático, extinção de espécies, intensificação do efeito estufa, entre outros. Podemos listar algumas falhas que os gestores podem realizar frente ao processo de gerenciamento de riscos, as quais geram severas consequências, que poderiam ter sido evitadas, como: a. Não dar a devida atenção ao processo de gerenciamento de riscos Quando os gestores agem não dando a devida importância para o processo de gerenciamento de riscos, é muito provável que a probabilidade de efetivação dos riscos aumente drasticamente, fato que pode levar a prejuízos materiais, para a saúde dos colaboradores e consumidores e para o meio ambiente. Sendo assim, os gestores devem ter maturidade e conhecimento para entender a importância em traçar planos de gestão de riscos bem concatenados e também pensar em planos de ação de medidas mitigadoras caso o risco se torne realidade. Devemos todos entender que esse processo de gestão de riscos permite a redução de problemas graves e nos ajuda a prever a 12 ocorrência destes, podendo evitar grandes catástrofes ambientais, como podemos citar no caso do rompimento da barragem de dejetos da cidade de Mariana (MG). b. Utilização de um método não apropriado para o tipo de processo Se um método inadequado for escolhido para um determinado tipo de projeto, corremos o grave risco de não conseguirmos identificar todos os riscos envolvidos naquele projeto, teremos poucas informações ou informações pouco confiáveis ou ainda não teremos a real situação de todas as variáveis envolvidas nesse processo, fatos que com certeza levarão aoaumento das probabilidades de efetivação de riscos para todos os envolvidos direta ou indiretamente. c. Efetuar registro de riscos de forma excessiva Os gestores do processo de gerenciamento de riscos devem ter conhecimento dos riscos presentes no processo em questão e realizar a listagem deles, de forma adequada e dentro de todas as conformidades preconizadas, por outro lado o excesso de registro de riscos pode levar a dificuldades no processo de gerenciamento deles. Assim, deve-se sempre buscar equilíbrio e registrar aqueles que de fato podem estar presentes e se efetivarem. Não se devem realizar registros de fatores estocásticos, como uma grande catástrofe ambiental, pois o gerenciamento desse tipo de risco não tem protocolo. d. Mitigar riscos em excesso Trata-se de outra falha que pode comprometer seriamente o processo de gerenciamento de riscos, pois em um primeiro momento parece algo positivo tentar reduzir todos os riscos, mas, quando isso é feito em excesso, pode prejudicar o gerenciamento deles, pois alguns riscos, que têm maior probabilidade de ocorrência e poderiam ser trabalhados no processo de mitigação, podem ser menos trabalhados devido ao excesso de registro de riscos que têm probabilidade nenhuma de efetivação. Dessa forma, o risco pode aumentar pelo fato de o gestor não tratar de forma direta os riscos reais e mais imediatos. e. Priorização dos riscos somente no processo de planejamento Quando tratamos do processo de gerenciamento de riscos, devemos ter em mente que os riscos podem ser analisados e gerenciados desde a fase de projeto e planejamento até a fase de execução, e principalmente nessa fase, na qual de fato os riscos poderão sofrer a real efetivação. Sendo assim, pensar na gestão de riscos somente na fase de planejamento de um projeto é uma grave falha, pois gerenciar riscos envolve a análise sistemática dos riscos em todos os momentos que constituem um projeto. f. O gerenciamento de riscos é exclusivo dos gerentes de projetos 13 O processo de gerenciamento de riscos deve ter a participação de todos os envolvidos no projeto, e deixar essa responsabilidade somente nas mãos dos gestores é uma grave falha que pode comprometer todo o processo, desse modo, todos os envolvidos devem ter participação e possibilidade de opinar. g. Conhecer o passado é garantia de entender o futuro Muitas vezes, gestores experientes de processos de gerenciamento de riscos acabam cometendo esse tipo de falha, pois acreditam que, como possuem amplo conhecimento de eventos anteriores, podem prever o que acontecerá em um projeto que ainda será executado. Evidentemente que não devemos ignorar esse conhecimento anterior, mas acreditar que as variáveis irão se comportar da mesma forma que no passado pode levar a falhas, aumentando a probabilidade de efetivação dos riscos. h. Focar em riscos relacionados com restrições menos relevantes Devemos entender que todos os projetos apresentam restrições e é diante da análise destas que o gestor do processo de gerenciamento de riscos irá priorizar o risco que deverá ser tratado com maior interesse. Por exemplo, se estamos com um projeto que tem a questão orçamentária bastante confortável e um cronograma bem adiantado, podemos relaxar com relação ao risco de falta de caixa para a finalização dele e, nesse momento, focar para outros riscos que apresentam maior probabilidade. Diante dessas falhas que podem ocorrer no gerenciamento de riscos, ficam claras algumas questões, como a necessidade de o gestor do projeto conhecer a sua equipe, de ter a capacidade de sensibilizar os envolvidos na atividade sobre a importância de entender a presença iminente dos riscos em qualquer uma das etapas de um projeto ou processo e ainda de nunca relaxar ou ter a ideia de que uma maior experiência no processo de gestão de riscos pode nos blindar da ocorrência deles. TEMA 5 – ISOS 9001 E 31000 Provavelmente você já ouvir falar na sigla ISO e talvez tenha dúvidas sobre o que realmente representa e quais são as vantagens de se ter uma certificação nesse formato. As certificações normalmente são muito almejadas pelas empresas e setores de serviços, pois são certificações bastante difundidas mundialmente e apresentam grande confiabilidade, podendo ajudar no processo de agregação de valor ao produto e ainda na confiabilidade, permitindo maior longevidade no mercado. 14 Quando tratamos da sigla ISO (International Organization for Standartization), estamos nos referindo a um sistema de padronização internacional para serviços e produtos, portanto, quando uma empresa ou produto tem esse tipo de certificação, o qual é extremamente rigoroso, sabemos que ele segue um conjunto de padrões que devem estar presentes naquele produto ou serviço e estão devidamente preconizados na norma internacional. Esse tipo de certificação tem grande importância para o produto ou serviço e também auxilia os consumidores em suas escolhas, dando maior segurança e confiabilidade. Essa forma de padronização e normatização foi criada em Genebra (Suíça) no ano de 1947, e a partir daí se manteve no mercado e vem evoluindo a fim de considerar aspectos da atualidade, como o aquecimento global. No Brasil contamos com as normas preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a qual representa a ISO. Por meio da ISO, ocorre o processo de padronização de produtos e serviços, com a finalidade principal de garantir a qualidade do que é oferecido ao consumidor, preconizando sua saúde e qualidade de vida e aspectos de conservação dos recursos naturais. Como exemplo, podemos citar produtos de origem duvidosa, como algumas falsificações que encontramos no mercado, porém com preços mais baixos e atraentes. Esses produtos com certeza não apresentam certificação alguma e o consumidor pode correr sérios riscos para a sua saúde; além disso, em uma escala maior, o produto “pirata” pode ter sido produzido utilizando mão de obra escrava, ou produtos altamente poluentes para o meio ambiente. Assim, analisando de forma mais criteriosa, o produto “pirata” é mais barato de forma imediata, mas, quando pensamos na sua cadeia de produção, verificamos que os riscos envolvidos em seu consumo não compensam o valor mais baixo tanto em escala macro quanto micro, e ainda devemos ressaltar que tais produtos não apresentam garantias por parte dos fabricantes, enfim são um grande risco e ainda competem de forma desleal com os produtos que possuem certificação. Dentre as ISOs mais conhecidas pela população de um modo geral, estão a ISO 9000, ISO 9001, 14000 e ISO 14064. Para que o processo de certificação seja efetivado em uma empresa, um longo processo bastante criterioso é realizado. 15 ISO 9001 As normas de padronização presentes na ISO 9001 estão relacionadas a todos os processos que envolvem a gestão de uma empresa, ou seja, envolve todo o seu funcionamento, como: normas de segurança, saúde ocupacional, proteção ambiental, dentro outros. Para que a empresa seja certificada dentro dessa normatização, deve seguir várias exigências, caso contrário, a certificação não é obtida. Nessa norma de certificação, ocorre priorização para o sistema de gestão e qualidade dos serviços e produtos produzidos e/ou oferecidos. Toda empresa de confiança presente no mercado busca esse tipo de certificação no mundo todo, devido aos valores imediatos que podem ser agregados aos produtos e serviços oferecidos. Essa forma de certificação em uma determinada organização com toda certeza irá melhorar a prestação de serviços e auxiliará no processo de busca da melhoria de satisfaçãodos clientes, levando a melhorias de todos os processos de gestão da empresa, tanto no âmbito interno quanto externo. ISO 31000 – Gestão de Risco Atualmente podemos contar com normas de padronização para o processo de gerenciamento de riscos. Como já foi comentado, essas normas são internacionais, e as empresas que contam com esse tipo de certificação certamente contam com maior confiabilidade no mercado de trabalho. Se uma empresa conta com um bom processo de gerenciamento de riscos, ela tem maior capacidade de agregar valor aos produtos que oferece, como a maior preocupação dos consumidores com produtos que tenham preocupações relativas às questões ambientais. Tais produtos, diante do mercado crescente de consumidores cada vez mais conscientes, têm maiores chances de aumentar a sua confiabilidade frentes àqueles que não apresentam qualquer certificação relativa a essas questões. A ISO 31000 é a norma internacional que trata dos processos de gestão de risco. Sabemos que todas as empresas devem ter um processo criterioso de gerenciamento de riscos, mas ter uma certificação internacional garantindo que esse processo é realmente eficaz, com toda certeza, é algo bastante positivo para a empresa certificada frente às demais que não possuem certificação. Na comparação, provavelmente o consumidor consciente escolha a empresa que possui a referida certificação. Ter certificações internacionais leva à melhoria 16 de todos os processos inerentes a uma empresa de qualquer setor, levando a atitudes mais proativas, tornando os processos de governança mais eficazes e maximizando os processos envolvidos com a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, principalmente no ambiente laboral. Sendo assim, as atividades que possuem as referidas certificações estão menos propensas à efetivação de riscos protegendo as diversas pessoas direta e indiretamente envolvidas e também o meio ambiente de tragédias como vazamentos de produtos tóxicos, pois primam pela qualidade no processo de produção e pelo gerenciamento adequado dos riscos envolvidos. FINALIZANDO Nesta aula tratamos de uma forma geral sobre como podemos realizar uma gestão de risco de forma prática, sem criar obstáculos desnecessários e agir de forma direta, prerrogativa exigida quando o assunto a tratar são os riscos envolvidos em uma atividade e a manutenção da qualidade de vidas das pessoas envolvidas e a preservação do meio ambiente. Tratamos de algumas ferramentas úteis para maximizar o processo de gestão de riscos com a SWOT e FMEA, comentamos sobre algumas falhas que podem ocorrer no processo de gerenciamento de riscos e, por fim, trouxemos um melhor entendimento sobre os processos de certificação ISO, dando destaque para as ISOS 9001 e 31000, importantes para a manutenção da qualidade e um adequado processo de gestão dos riscos envolvidos. Agora vamos voltar a nossa situação-problema colocada no início desta aula? Que atitude você tomaria? Entraria em contato com antigos gestores sobre a possibilidade de perda das certificações tão bravamente conquistadas? Entraria em contato com seus gestores diretos, a fim de mostrar a insatisfação dos colaboradores ou não tomaria atitude alguma, pois está quase se aposentando e isso não tem influência direta sobre você? REFERÊNCIAS ASSI, M. Gestão de riscos com controles internos. São Paulo: Saint Paul,. 2012. 17 CAIXETA, M. Gestão de riscos. Método ágil para gestão de riscos em projetos de TI. Curitiba: Prismas, 2015. CARPINETTI, l. C. R.; MIGUEL, P. A. C.; GEROLAMO, M. C. Gestão da qualidade ISO 9001:2008 – princípios e requisitos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. GALANTTE, E. Princípios de gestão de riscos. Curitiba: Appris, 2015. SEIFERT, M. E. B. Sistemas de gestão ambiental. (SGA – ISO 14001) Melhoria contínua e produção mais limpa na prática e experiência de 24 empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2011.