Buscar

Prévia do material em texto

ANÁLISE DE RISCOS 
AMBIENTAIS 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Cláudia Regina Bosa 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula teremos a oportunidade de entender como é realizado o 
processo de gestão de riscos de uma forma prática, com o objetivo de 
sensibilizar de forma efetiva para a importância dele. Além disso, trataremos de 
algumas ferramentas de análise e gestão de riscos mais utilizadas. 
Destacaremos como realizar a identificação de falhas e possíveis riscos e por 
fim falaremos um pouco sobre os processos de certificação das empresas por 
meio das ISOs 9001 e 31000 e a importância destas na garantia da realização 
ideal do processo de gestão de riscos. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Imagine que você é funcionário de uma grande empresa multinacional 
que atua no ramo de produção de peças para máquinas agrícolas. Você está 
na empresa evoluindo na sua carreira de maneira satisfatória há vinte anos, foi 
testemunha de várias mudanças físicas e também da forma de gestão da 
empresa. Além disso, vivenciou alguns processos de certificação da empresa, 
os quais são mantidos até os dias atuais, pois sempre houve grande 
preocupação no uso dessas certificações para manter e aumentar a carteira de 
clientes da empresa. Há aproximadamente dois anos houve uma grande 
mudança no corpo diretivo da empresa, muitos funcionários foram 
remanejados, outros demitidos e, com a crise mundial, houve também a 
priorização da redução de gastos inclusive no processo de produção, manejo 
de resíduos e segurança, tanto para os funcionários como para o meio do 
entorno. Esses fatos têm trazido certo descontentamento aos funcionários e 
também preocupações. Nesse ano a empresa passará por auditoria externa a 
fim de manter uma certificação importante que trata da gestão de riscos no 
ambiente de trabalho e, diante das atitudes tomadas pela nova direção, você 
acredita que terão grandes dificuldades em manter esse título que já foi motivo 
de grande orgulho para outros gestores e funcionários mais antigos como você. 
Diante dessa situação, que atitude você tomaria? Entraria em contato 
com os antigos gestores para que eles tentassem interceder com a nova 
gestão a fim de manter a certificação, considerada tão importante para a 
manutenção da confiabilidade da empresa no mercado? Você mesmo 
solicitaria um horário para conversar com os novos gestores e expor os 
 
 
3 
problemas e a insatisfação da maioria dos funcionários ou não tomaria atitude 
alguma, pois, como você é um funcionário antigo e apresenta um bom salário, 
poderia ser demitido e você precisa de seu emprego, devido às grandes 
dificuldades pelas quais o mercado de trabalho vem passando. Que atitude 
você tomaria? 
 
TEMA 1 – GESTÃO DE RISCOS NA PRÁTICA 
Nos últimos tempos muito se tem falado e discutido sobre o processo de 
gestão de riscos nos mais variados ambientes de trabalho, devido a uma maior 
fiscalização de todos os ramos de produção e tipos de empresa e também 
devido à legislação que vem se modificando e pensando na qualidade de vida 
dos trabalhadores e na manutenção dos recursos naturais utilizados e na 
preservação do meio ambiente, vital para a existência da humanidade e para a 
manutenção de nossas atividades de forma direta ou indireta. Sendo assim, é 
interessante entender como podemos realizar de forma mais descomplicada e 
rápida a gestão de possíveis riscos presentes na atividade que desenvolvemos 
e assim evitar acidentes sem lesões, com lesões leves ou permanentes, ou até 
a perda da vida de um colaborador, além de evitar catástrofes ambientais 
devido ao descaso de gestores com relações aos riscos presentes em suas 
atividades. 
O primeiro passo para uma gestão eficiente de riscos é realizar um 
inventário de todos os tipos de riscos que podem estar presentes no ambiente 
em questão, o que pode ser mais bem visualizado por meio de uma simples 
planilha em Excel. 
Um dos primeiros aspectos que se deve observar com relação ao 
processo de gestão de riscos de qualquer tipo de atividade em questão é ter o 
cuidado em verificar se na instituição existe um plano gestor para os riscos que 
estão presentes nas atividades ou se ao menos ele está em processo de 
desenvolvimento; também é importante buscar e priorizar o desenvolvimento 
de um código de conduta na instituição, o qual tem papel na orientação de 
eventuais riscos que possam se efetivar, ou seja, funcionaria como um auxiliar 
do plano de ação caso qualquer tipo de risco identificado seja efetivado. 
Outro aspecto que merece a devida atenção é a questão da realização 
de um monitoramento constante dos riscos que foram elencados durante a 
criação e o desenvolvimento do projeto em questão, deve-se continuamente 
 
 
4 
realizar o monitoramento deles, ter em mente que os riscos existem e têm 
maior ou menor probabilidade de ocorrência. Diante disso, devemos sempre 
estar com a atenção voltada no sentido de evitar a efetivação dos riscos. O fato 
de deixar para segundo plano o processo de monitoramento não é incomum 
nos mais variados tipos de empresas, o que aumenta a probabilidade de 
ocorrência de um risco, portanto o monitoramento constante é um processo 
que também faz parte das prioridades quando tratamos da gestão de riscos. 
É importante salientar que todos os riscos devem ser registrados, 
mesmo aqueles que por algum motivo achemos que nunca serão aplicáveis de 
ocorrência, o mais coerente é colocar todos em nossa lista de riscos. Quando 
se trata da gestão de riscos, há necessidade de trabalhar com todas as 
probabilidades, para que o resultado alcançado seja o melhor, e o melhor 
resultado seria a não efetivação dos riscos elencados na lista previamente 
confeccionada. Muitas vezes, gestores, por falta de experiência, acabam 
categorizando alguns riscos como não aplicáveis, pelo fato de não ter o devido 
conhecimento destes, por não saber como trabalhar com eles. Agindo assim, o 
gestor poderá comprometer todo o processo de gerenciamento de riscos e 
sérias consequências devido a essa tomada de decisão poderão ocorrer. 
É importante pensar no gerenciamento de risco por meio de 
procedimentos criados na própria instituição. Tal método é bem aplicado para 
riscos evitáveis (fraude interna, negligência, falta de energia etc.), mas não tem 
igual penetração para riscos estratégicos ou riscos externos. 
Quando tratamos de riscos estratégicos, estamos tratando de riscos de 
interesse da própria instituição. Como exemplo, podemos citar: bancos 
realizam empréstimos e, portanto, têm risco de crédito, bancos mais 
preparados têm eficiência na gestão desse tipo de risco. 
Já os riscos externos são variados, indo desde leis criadas ou 
modificadas, contra o interesse de determinado tipo de atividade, até a 
mudança de fatores macroeconômicos, como a mudança na taxa de juros, ou 
eventos naturais: chuvas, terremotos, vulcanismo etc. 
Como gerir os riscos de uma atividade de forma efetiva e junto com os 
profissionais envolvidos em todos os processos? 
Algumas providências podem ser tomadas para tornar mais fácil a 
comunicação entre os envolvidos no processo e facilitar a coleta de 
 
 
5 
informações que podem auxiliar na maximização do processo de gestão de 
riscos, entre eles: 
 É importante criar uma forma de comunicação interna na qual os 
colaboradores sintam-se à vontade para contar o que sabem, o 
que viram acontecer e em que local acreditam estar as falhas. 
 A criação de um código de ética para o desenvolvimento das 
atividades também apresenta bons resultados no processo. 
 A comissão de riscos de qualquer empresa deve ser representada 
em todos os âmbitosdela, inclusive dentre os acionistas. 
 Sistematicamente realizar consultas junto aos colaboradores com 
a finalidade de verificar se estes se sentem à vontade para relatar 
os problemas que visualizam na instituição. 
 Fomentar a criação de uma forma de comunicação que seja 
transparente e permita aos colaboradores se sentirem à vontade 
para relatar fatos. 
 Também é importante a contratação de consultores externos ao 
processo, pois eles não possuem vícios, sendo assim, poderão 
mostrar resultados mais próximos da realidade. 
 Por fim, deve-se sempre voltar ao objetivos e metas do processo 
e reavaliá-los a fim de ter visão de como está o desenvolvimento 
do projeto. 
Seguindo essas orientações, é possível que o processo de 
gerenciamento seja mais efetivo e tenha a real participação de todos os 
envolvidos nele. Quando as pessoas sentem que fazem parte do processo, 
esforçam-se e buscam o máximo de resultados positivos. 
 
TEMA 2 – ANÁLISE SWOT 
Atualmente existem várias técnicas utilizadas para os processos de 
gestão envolvendo pessoas, capital, mercadorias, recursos naturais, dentre 
muitos outros. Pensando no processo de análise e gestão de riscos, temos 
também várias técnicas para a realização de análises que podem ajudar na 
identificação do perfil de determinada empresa, setor, ramo de atividade. 
Dentre essas formas de análise, daremos destaque para a Análise SWOT 
(Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) ou FOFA em português 
 
 
6 
(Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). Essa análise é uma forte 
aliada no processo de conhecimento profundo do processo, na qual serão 
levantados vários aspectos do ambiente por meio dos quais pretendemos 
realizar o processo de gerenciamento de riscos. 
A Análise SWOT, também denominada em algumas literaturas como 
Matriz SWOT, foi criada na década de 1960 por Albert Humphrey, cujo objetivo 
era realizar a caracterização rápida de diversas empresas. Por meio desse tipo 
de análise, ele conseguiu rapidez no processo de comparação e caracterização 
e ainda robustez nos resultados obtidos, de modo que rapidamente a análise 
se difundiu em diferentes mercados e atualmente é utilizada de forma ampla 
devido a sua facilidade de aplicação. Devemos lembrar que hoje ainda 
contamos com mais tecnologia no processo de gerenciamento de muitos dados 
com a utilização de programas de computadores que podem gerenciar o 
processo de análise da grande quantidade de informações com que temos de 
trabalhar ao mesmo tempo. Essa análise é muito utilizada para traçar o plano 
estratégico de desenvolvimento das empresas. 
Quando falamos da Análise SWOT, tratamos de uma forma de análise 
simples, confiável e que auxilia os gestores a entender a situação real de seu 
empreendimento e a entender qual a posição estratégica de sua empresa no 
mundo dos negócios em seu ramo de atuação. Além do mais, essa forma de 
análise pode ser extrapolada para realizar a análise de qualquer tipo de cenário 
ou ambiente no interior da empresa, e nesse momento podemos pensar em 
aplicá-la no processo de gerenciamento de riscos. 
A Análise SWOT está em amplo processo de expansão sendo utilizada 
para análise tanto de ambientes internos quanto externos à empresa. Essa 
análise tem o potencial de caracterizar os pontos fortes e fracos e também de 
auxiliar na verificação de possíveis ameaças que ela possa sofrer. 
A Análise SWOT tem como principais objetivos: 
a. Analisar e sintetizar informações internas e externas da empresa ou 
atividade em questão. 
b. Identificar os pontos que podem ajudar nos diversos processos de 
gestão. 
c. Realizar um levantamento dos riscos e problemas que deverão ser 
resolvidos de forma prioritária. 
d. Listar os pontos fortes, fracos, e aqueles que devem ser fortalecidos. 
 
 
7 
e. Mostrar o espaço que a atividade em questão tem no mercado. 
f. Identificar internamente as forças e fraquezas e indicar forma eficazes 
de trabalhá-las positivamente no ambiente interno, junto com os colaboradores. 
g. Listar as ameaças e oportunidades externas e lançar um plano de 
gestão que permita utilizar essas informações em favor do desenvolvimento da 
empresa. 
Quando nos referimos ao ambiente interno de uma empresa, estamos 
pensando em todos os aspectos que a constituem internamente como: os 
recursos financeiros, humanos, físicos. Quando os gestores têm real 
conhecimento da composição verdadeira de seu ambiente interno de trabalho, 
fica menos complexo o processo de gestão desse ambiente e é possível 
exercer maior controle sobre as variáveis que nele se apresentem. Sendo 
assim, os gestores facilmente podem realizar a identificação de pontos fortes 
no ambiente interno, os quais poderão ser altamente competitivos frente à 
concorrência, como conhecer mais as aptidões de seus colaboradores. Por 
muitas vezes existem grandes talentos dentro de empresas que não são 
valorizados e, por consequência, acabam sendo perdidos para a concorrência. 
Por fim, também será possível realizar uma análise mais confiável dos pontos 
fracos no ambiente interno e realizar as devidas comparações com a 
concorrência. 
Já quando tratamos do ambiente externo temos variáveis presentes com 
o controle mais complexo e que exercem sua influência nas atividades 
realizadas em uma empresa. Quando o assunto é ambiente externo, estamos 
tratando de um ambiente que pode ser monitorado, mas pouco controlado 
pelos gestores, mesmo que tenham grande conhecimento das variáveis 
presentes. 
O processo de análise do ambiente externo pode ser dividido em 
variáveis macroambientais, as quais envolvem a política, a economia e a 
cultura, e variáveis microambientais, que envolvem fornecedores, 
consumidores, dentre outros. O monitoramento constante desses dois tipos de 
variáveis externas pode ajudar os gestores de forma eficaz no processo de 
identificação de possíveis ameaças e também na identificação de grandes 
oportunidades, portanto realizar essa forma de levantamento é de primordial 
interesse para as empresas que pretendem ter vida longa dentro do mercado 
que hoje é bastante efêmero. 
 
 
8 
Por fim, podemos concluir que a empresa que estiver sempre 
preocupada com esse processo de identificação das variáveis externas, 
pensando que essas variáveis na maioria das vezes são as mesmas para 
todas as empresas incluídas no processo, poderá ter vantagem no processo de 
identificação de riscos e oportunidades, tendo maiores chances de se manter 
com sucesso no mercado em que está inserida. Um processo adequado de 
identificação de variáveis internas e externas é de grande importância para o 
processo de gerenciamento de riscos, pois, quanto maior o conhecimento dos 
processos envolvidos, maiores as chances de sucesso em qualquer tipo de 
trabalho que envolva gestão. 
Na Figura 1, temos uma matriz Swot que serve como importante 
ferramenta para utilização nos mais variados aspectos que envolvem as 
questões de gerenciamento. 
Figura 1. Exemplo de Matriz Swot. 
 
 
Fonte: <http://www.agendor.com.br/blog/matriz-swot-como-fazer/> 
 
O conhecimento técnico competente e a boa gestão estratégica da 
atividade em questão ajudarão, de forma substancial, na redução de riscos nos 
diversos ramos de atividades e poderão consequentemente prevenir danos à 
saúde humana e ao ambiente no qual a atividade está inserida. 
 
TEMA 3 – FMEA – ANÁLISE DO TIPO DE EFEITO E FALHA 
Quando escrevemos um projeto, nossa intenção é que ele seja colocado 
em desenvolvimento e que durante esse processo de implantação demonstre 
 
 
9 
que tem grande potencial para continuar existindo e até possa ser usado como 
modelopor outras pessoas ou instituições. Portanto, sempre que formos 
trabalhar na criação e também no processo de implantação de qualquer que 
seja o projeto, devemos nos preocupar na verificação criteriosa de possíveis 
falhas que ele possa apresentar. Não é incomum verificar a aplicação de 
projetos de engenharia que foram desenvolvidos para uma região e foram 
copiados e aplicados em outra, sem levar em consideração a adequação para 
aquela realidade, tendo como consequência, por exemplo, conjuntos 
residenciais populares inteiros sendo interditados por graves falhas que não 
foram consideradas na fase de elaboração, levando a grandes prejuízos tanto 
para a empresa quanto para as pessoas que necessitam de um lar. Nesse 
contexto, fica clara a ausência de uma estratégia de verificação de falhas, o 
que acarretou em grande impacto negativo na sociedade e, por fim, acabou 
prejudicando a imagem da empresa no mercado. 
A fim de realizar o processo de levantamento de gestão de possíveis 
falhas, podemos lançar mão de algumas ferramentas de fácil utilização que 
poderão ser muito úteis na realização dessa tarefa, sendo um exemplo que 
pode ser citado a metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha, conhecida 
como FMEA (do inglês Failure Mode and Effect Analysis), por meio da qual 
ocorre a busca por falhas já na fase de projeto, as quais, quando identificadas, 
são rapidamente eliminadas, buscando no processo de desenvolvimento do 
projeto um produto ou serviço sempre com maior confiabilidade, ou seja, com 
riscos de falhas cada vez mais reduzidos. Um exemplo muito recente que 
podemos dar são as falhas associadas ao novo telefone celular da Samsung, 
uma empresa que tem grande confiabilidade, porém, no último lançamento de 
um aparelho celular, o aparelho apresentou falhas graves na bateria que levam 
ao risco de explosão, tanto que a presença do aparelho a bordo de aviões está 
proibida. Esse é um exemplo de uma grande falha que não foi identificada e 
que chegou ao seu plano final, o consumidor; certamente a empresa teve 
grande prejuízo, assim como os consumidores, e a concorrência se privilegiou 
do fato. No mercado não podemos correr esse risco, portanto o gerenciamento 
de possíveis falhas deve ser realizado de forma rápida e consciente, por 
profissionais comprometidos. 
Quando falamos de um produto ou serviço oferecido, sabemos que a 
questão da confiabilidade tem grande destaque, pois muitas vezes as pessoas 
 
 
10 
preferem inclusive pagar um pouco mais caro por um mesmo produto ou 
serviço pelo fato de conhecerem a marca, ou esta ter sido indicada por uma 
pessoa de seu convívio, sendo assim as empresas devem em todos os 
momentos priorizar a construção de produtos e serviços que denotem 
confiança no mercado, fato que com toda certeza dará longevidade para o 
negócio. Quando foi criada a análise FMEA, ela tinha como objetivo ser 
utilizada no desenvolvimento de novos produtos, porém, devido a sua fácil 
aplicação e resultados de qualidade, vem sendo amplamente utilizada na 
produção e na pós-produção de produtos e serviços, trazendo ótimos 
resultados e aumentando a confiabilidade frente ao mercado e aos 
consumidores. 
A FMEA trata de uma metodologia extremamente adequada com 
objetivo de avaliar e reduzir os riscos que podem ocorrer em um produto ou 
serviço, e isso é possível por meio da análise de possíveis falhas que possam 
estar associadas ao projeto e também auxilia no processo de implantação de 
ações que ajudem no processo de aumento da confiabilidade. A FMEA pode 
ser utilizada tanto no projeto quanto em todo o processo envolvido para o 
desenvolvimento do projeto. Atualmente a análise FMEA é dividida em três 
grandes categorias: do produto, do processo e dos procedimentos 
administrativos, portanto está presente em todo o processo de produção desde 
o momento da idealização dele. 
Diante do exposto, podemos identificar que a FMEA pode ser 
amplamente utilizada para a redução da ocorrência de falhas em projetos 
novos bem como de produtos e processos que já estejam em processo de 
execução, eliminando as falhas potenciais. Ainda há grande capacidade de 
aumentar a confiabilidade do produto frente ao mercado consumidor, por meio 
da redução de riscos, pois produtos que passam pelo crivo da FMEA têm maior 
aceitação e os empresários devem estar sempre preocupados com essa 
questão, já que, a partir do momento que um produto ou serviço passa a ser 
rejeitado ou ter sua confiança colocada em dúvida, possivelmente o fracasso 
dele ocorrerá em breve. 
Por meio do registro de possíveis falhas, a FMEA auxilia de forma direta 
no processo de gerenciamento de riscos em todas as etapas de elaboração do 
produto ou serviço. 
 
 
11 
Para facilitar o processo de registro, alimentação de dados e análise, 
existem formulários que podem ser utilizados, os quais servirão de registro 
histórico para o processo de gerenciamento de riscos. O formulário da FMEA 
deve ser constantemente revisto, pois deve passar por processo de 
reavaliação, a fim de atingir o seu objetivo principal, que seria nenhuma falha 
durante o processo de desenvolvimento de um produto ou serviço ofertado. 
 
TEMA 4 – FALHAS NO GERENCIAMENTO DE RISCOS 
Quando tratamos do processo de gerenciamento ou gestão de riscos, 
estamos falando sobre como identificar os riscos, evitá-los, caso seja possível, 
ou mitigá-los, caso tenham sido efetivados. Para isso, é necessário que os 
envolvidos nesse processo tenham consciência da importância de adotar as 
melhores práticas desde as questões referentes à infraestrutura até as que 
envolvem as políticas e metodologias, fato que pode permitir uma melhor 
gestão dos limites de riscos aceitáveis. 
Porém em muitos momentos os envolvidos nos processos esquecem a 
importância em priorizar o gerenciamento de riscos e não pouco comum são 
noticiados eventos que custam a vida de pessoas envolvidas com a atividade e 
também de pessoas que não estão envolvidas com ela, sem mencionar as 
consequências para o meio ambiente, como a contaminação por radiatividade, 
poluição do lençol freático, extinção de espécies, intensificação do efeito 
estufa, entre outros. 
Podemos listar algumas falhas que os gestores podem realizar frente ao 
processo de gerenciamento de riscos, as quais geram severas consequências, 
que poderiam ter sido evitadas, como: 
a. Não dar a devida atenção ao processo de gerenciamento de 
riscos 
Quando os gestores agem não dando a devida importância para o processo de 
gerenciamento de riscos, é muito provável que a probabilidade de efetivação dos riscos 
aumente drasticamente, fato que pode levar a prejuízos materiais, para a saúde dos 
colaboradores e consumidores e para o meio ambiente. Sendo assim, os gestores devem 
ter maturidade e conhecimento para entender a importância em traçar planos de gestão 
de riscos bem concatenados e também pensar em planos de ação de medidas 
mitigadoras caso o risco se torne realidade. Devemos todos entender que esse processo 
de gestão de riscos permite a redução de problemas graves e nos ajuda a prever a 
 
 
12 
ocorrência destes, podendo evitar grandes catástrofes ambientais, como podemos citar 
no caso do rompimento da barragem de dejetos da cidade de Mariana (MG). 
b. Utilização de um método não apropriado para o tipo de processo 
Se um método inadequado for escolhido para um determinado tipo de projeto, 
corremos o grave risco de não conseguirmos identificar todos os riscos envolvidos 
naquele projeto, teremos poucas informações ou informações pouco confiáveis ou ainda 
não teremos a real situação de todas as variáveis envolvidas nesse processo, fatos que 
com certeza levarão aoaumento das probabilidades de efetivação de riscos para todos os 
envolvidos direta ou indiretamente. 
c. Efetuar registro de riscos de forma excessiva 
Os gestores do processo de gerenciamento de riscos devem ter conhecimento 
dos riscos presentes no processo em questão e realizar a listagem deles, de forma 
adequada e dentro de todas as conformidades preconizadas, por outro lado o excesso de 
registro de riscos pode levar a dificuldades no processo de gerenciamento deles. Assim, 
deve-se sempre buscar equilíbrio e registrar aqueles que de fato podem estar presentes e 
se efetivarem. Não se devem realizar registros de fatores estocásticos, como uma grande 
catástrofe ambiental, pois o gerenciamento desse tipo de risco não tem protocolo. 
d. Mitigar riscos em excesso 
Trata-se de outra falha que pode comprometer seriamente o processo de 
gerenciamento de riscos, pois em um primeiro momento parece algo positivo tentar 
reduzir todos os riscos, mas, quando isso é feito em excesso, pode prejudicar o 
gerenciamento deles, pois alguns riscos, que têm maior probabilidade de ocorrência e 
poderiam ser trabalhados no processo de mitigação, podem ser menos trabalhados 
devido ao excesso de registro de riscos que têm probabilidade nenhuma de efetivação. 
Dessa forma, o risco pode aumentar pelo fato de o gestor não tratar de forma direta os 
riscos reais e mais imediatos. 
e. Priorização dos riscos somente no processo de planejamento 
Quando tratamos do processo de gerenciamento de riscos, devemos ter em 
mente que os riscos podem ser analisados e gerenciados desde a fase de projeto e 
planejamento até a fase de execução, e principalmente nessa fase, na qual de fato os 
riscos poderão sofrer a real efetivação. Sendo assim, pensar na gestão de riscos somente 
na fase de planejamento de um projeto é uma grave falha, pois gerenciar riscos envolve a 
análise sistemática dos riscos em todos os momentos que constituem um projeto. 
f. O gerenciamento de riscos é exclusivo dos gerentes de projetos 
 
 
13 
O processo de gerenciamento de riscos deve ter a participação de todos os 
envolvidos no projeto, e deixar essa responsabilidade somente nas mãos dos gestores é 
uma grave falha que pode comprometer todo o processo, desse modo, todos os 
envolvidos devem ter participação e possibilidade de opinar. 
g. Conhecer o passado é garantia de entender o futuro 
Muitas vezes, gestores experientes de processos de gerenciamento de riscos 
acabam cometendo esse tipo de falha, pois acreditam que, como possuem amplo 
conhecimento de eventos anteriores, podem prever o que acontecerá em um projeto que 
ainda será executado. Evidentemente que não devemos ignorar esse conhecimento 
anterior, mas acreditar que as variáveis irão se comportar da mesma forma que no 
passado pode levar a falhas, aumentando a probabilidade de efetivação dos riscos. 
h. Focar em riscos relacionados com restrições menos relevantes 
Devemos entender que todos os projetos apresentam restrições e é diante da 
análise destas que o gestor do processo de gerenciamento de riscos irá priorizar o risco 
que deverá ser tratado com maior interesse. Por exemplo, se estamos com um projeto 
que tem a questão orçamentária bastante confortável e um cronograma bem adiantado, 
podemos relaxar com relação ao risco de falta de caixa para a finalização dele e, nesse 
momento, focar para outros riscos que apresentam maior probabilidade. 
Diante dessas falhas que podem ocorrer no gerenciamento de riscos, 
ficam claras algumas questões, como a necessidade de o gestor do projeto 
conhecer a sua equipe, de ter a capacidade de sensibilizar os envolvidos na 
atividade sobre a importância de entender a presença iminente dos riscos em 
qualquer uma das etapas de um projeto ou processo e ainda de nunca relaxar 
ou ter a ideia de que uma maior experiência no processo de gestão de riscos 
pode nos blindar da ocorrência deles. 
 
TEMA 5 – ISOS 9001 E 31000 
Provavelmente você já ouvir falar na sigla ISO e talvez tenha dúvidas 
sobre o que realmente representa e quais são as vantagens de se ter uma 
certificação nesse formato. As certificações normalmente são muito almejadas 
pelas empresas e setores de serviços, pois são certificações bastante 
difundidas mundialmente e apresentam grande confiabilidade, podendo ajudar 
no processo de agregação de valor ao produto e ainda na confiabilidade, 
permitindo maior longevidade no mercado. 
 
 
14 
Quando tratamos da sigla ISO (International Organization for 
Standartization), estamos nos referindo a um sistema de padronização 
internacional para serviços e produtos, portanto, quando uma empresa ou 
produto tem esse tipo de certificação, o qual é extremamente rigoroso, 
sabemos que ele segue um conjunto de padrões que devem estar presentes 
naquele produto ou serviço e estão devidamente preconizados na norma 
internacional. Esse tipo de certificação tem grande importância para o produto 
ou serviço e também auxilia os consumidores em suas escolhas, dando maior 
segurança e confiabilidade. Essa forma de padronização e normatização foi 
criada em Genebra (Suíça) no ano de 1947, e a partir daí se manteve no 
mercado e vem evoluindo a fim de considerar aspectos da atualidade, como o 
aquecimento global. 
No Brasil contamos com as normas preconizadas pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a qual representa a ISO. 
Por meio da ISO, ocorre o processo de padronização de produtos e 
serviços, com a finalidade principal de garantir a qualidade do que é oferecido 
ao consumidor, preconizando sua saúde e qualidade de vida e aspectos de 
conservação dos recursos naturais. Como exemplo, podemos citar produtos de 
origem duvidosa, como algumas falsificações que encontramos no mercado, 
porém com preços mais baixos e atraentes. Esses produtos com certeza não 
apresentam certificação alguma e o consumidor pode correr sérios riscos para 
a sua saúde; além disso, em uma escala maior, o produto “pirata” pode ter sido 
produzido utilizando mão de obra escrava, ou produtos altamente poluentes 
para o meio ambiente. Assim, analisando de forma mais criteriosa, o produto 
“pirata” é mais barato de forma imediata, mas, quando pensamos na sua 
cadeia de produção, verificamos que os riscos envolvidos em seu consumo não 
compensam o valor mais baixo tanto em escala macro quanto micro, e ainda 
devemos ressaltar que tais produtos não apresentam garantias por parte dos 
fabricantes, enfim são um grande risco e ainda competem de forma desleal 
com os produtos que possuem certificação. 
Dentre as ISOs mais conhecidas pela população de um modo geral, 
estão a ISO 9000, ISO 9001, 14000 e ISO 14064. Para que o processo de 
certificação seja efetivado em uma empresa, um longo processo bastante 
criterioso é realizado. 
 
 
 
15 
ISO 9001 
As normas de padronização presentes na ISO 9001 estão relacionadas 
a todos os processos que envolvem a gestão de uma empresa, ou seja, 
envolve todo o seu funcionamento, como: normas de segurança, saúde 
ocupacional, proteção ambiental, dentro outros. Para que a empresa seja 
certificada dentro dessa normatização, deve seguir várias exigências, caso 
contrário, a certificação não é obtida. Nessa norma de certificação, ocorre 
priorização para o sistema de gestão e qualidade dos serviços e produtos 
produzidos e/ou oferecidos. 
Toda empresa de confiança presente no mercado busca esse tipo de 
certificação no mundo todo, devido aos valores imediatos que podem ser 
agregados aos produtos e serviços oferecidos. 
Essa forma de certificação em uma determinada organização com toda 
certeza irá melhorar a prestação de serviços e auxiliará no processo de busca 
da melhoria de satisfaçãodos clientes, levando a melhorias de todos os 
processos de gestão da empresa, tanto no âmbito interno quanto externo. 
ISO 31000 – Gestão de Risco 
Atualmente podemos contar com normas de padronização para o 
processo de gerenciamento de riscos. Como já foi comentado, essas normas 
são internacionais, e as empresas que contam com esse tipo de certificação 
certamente contam com maior confiabilidade no mercado de trabalho. 
Se uma empresa conta com um bom processo de gerenciamento de 
riscos, ela tem maior capacidade de agregar valor aos produtos que oferece, 
como a maior preocupação dos consumidores com produtos que tenham 
preocupações relativas às questões ambientais. Tais produtos, diante do 
mercado crescente de consumidores cada vez mais conscientes, têm maiores 
chances de aumentar a sua confiabilidade frentes àqueles que não apresentam 
qualquer certificação relativa a essas questões. 
A ISO 31000 é a norma internacional que trata dos processos de gestão 
de risco. Sabemos que todas as empresas devem ter um processo criterioso de 
gerenciamento de riscos, mas ter uma certificação internacional garantindo que 
esse processo é realmente eficaz, com toda certeza, é algo bastante positivo 
para a empresa certificada frente às demais que não possuem certificação. Na 
comparação, provavelmente o consumidor consciente escolha a empresa que 
possui a referida certificação. Ter certificações internacionais leva à melhoria 
 
 
16 
de todos os processos inerentes a uma empresa de qualquer setor, levando a 
atitudes mais proativas, tornando os processos de governança mais eficazes e 
maximizando os processos envolvidos com a melhoria da qualidade de vida 
dos trabalhadores, principalmente no ambiente laboral. 
Sendo assim, as atividades que possuem as referidas certificações 
estão menos propensas à efetivação de riscos protegendo as diversas pessoas 
direta e indiretamente envolvidas e também o meio ambiente de tragédias 
como vazamentos de produtos tóxicos, pois primam pela qualidade no 
processo de produção e pelo gerenciamento adequado dos riscos envolvidos. 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula tratamos de uma forma geral sobre como podemos realizar 
uma gestão de risco de forma prática, sem criar obstáculos desnecessários e 
agir de forma direta, prerrogativa exigida quando o assunto a tratar são os 
riscos envolvidos em uma atividade e a manutenção da qualidade de vidas das 
pessoas envolvidas e a preservação do meio ambiente. 
Tratamos de algumas ferramentas úteis para maximizar o processo de 
gestão de riscos com a SWOT e FMEA, comentamos sobre algumas falhas 
que podem ocorrer no processo de gerenciamento de riscos e, por fim, 
trouxemos um melhor entendimento sobre os processos de certificação ISO, 
dando destaque para as ISOS 9001 e 31000, importantes para a manutenção 
da qualidade e um adequado processo de gestão dos riscos envolvidos. 
Agora vamos voltar a nossa situação-problema colocada no início desta 
aula? Que atitude você tomaria? Entraria em contato com antigos gestores 
sobre a possibilidade de perda das certificações tão bravamente conquistadas? 
Entraria em contato com seus gestores diretos, a fim de mostrar a insatisfação 
dos colaboradores ou não tomaria atitude alguma, pois está quase se 
aposentando e isso não tem influência direta sobre você? 
 
REFERÊNCIAS 
ASSI, M. Gestão de riscos com controles internos. São Paulo: Saint Paul,. 
2012. 
 
 
 
17 
CAIXETA, M. Gestão de riscos. Método ágil para gestão de riscos em 
projetos de TI. Curitiba: Prismas, 2015. 
 
CARPINETTI, l. C. R.; MIGUEL, P. A. C.; GEROLAMO, M. C. Gestão da 
qualidade ISO 9001:2008 – princípios e requisitos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 
2011. 
 
GALANTTE, E. Princípios de gestão de riscos. Curitiba: Appris, 2015. 
 
SEIFERT, M. E. B. Sistemas de gestão ambiental. (SGA – ISO 14001) 
Melhoria contínua e produção mais limpa na prática e experiência de 24 
empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2011.