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DERMATOLOGIA NA ATENÇÃO BÁSICA RESUMO BASEADO NO CURSO UNA-SUS Pitiríase rósea + Líquen plano + Urticária + Angioedema + esquema para anafilaxia Pitiríase rósea: benigna e autolimitada; acontece apenas uma vez na vida Fisiopatologia: a maior hipótese é de que seja uma reativação do herpes vírus humano (HHV-7); não é contagiosa Quadro clínico: geralmente aparece como uma placa ovalada — "medalhão inicial" ou "placa-mãe" — maior do que as lesões subsequentes, que começam a surgir em grande número após uma ou duas semanas. A disseminação ocorre a partir do tronco, seguindo as linhas de clivagem da pele (distribuição "em árvore de Natal"); a erupção preserva a face, palmas e plantas e não produz sintomatologia expressiva. Dura algumas semanas e regride sem deixar sequelas. O prurido é discreto, tempo de evolução de 4-8 semanas, com regressão total. – as lesões podem piorar quando usa medicamentos tópicos como antifúngicos Diagnóstico: é essencialmente clínico, só solicita biópsia se a lesão for atípica; pede sorologia para sífilis para diferenciar, pois a lesão dermatológica da sífilis secundária se assemelha a pitiríase rósea Tratamento: primeiro exolicar para o paciente que é um quadro benigno e autolimitado; fazer orientações gerais como evitar banhos quentas e prolongados; banhos de sol podem ajudar na resolução das lesões – não é obrigatório tratar com fármacos, uma vez que o quadro tem resolução espontânea com 4-8 semanas Medicamentos tópicos: cremes antipruriginosos, corticoide tópico (hidrocortisona a 1%) nos casos eczematizados Medicamentos sistêmicos: apenas se for um quadro intenso uma corticoide sistêmico Quando encaminhar para o dermatologista?? Em geral não encaminha, pois o caso é autolimitado, só faz encaminhamento se o caso for arrastando com mais de 8 semanas Líquen plano: condição inflamatória crônica que afeta a pele e as mucosas Fisiopatologia: não é totalemte esclarecido o que causa, porém estima-se que seja decorrente de autoimunidade – pode ser desencadeado por estresse físico e emocional, lesão de pele prévia (Fenômeno de Koebner); infecções virais sistêmicas (Hepatite C por exemplo). Obs: Fenômeno de Koebner - caracterizado pelo aparecimento de lesões cutâneas típicas de uma dada dermatose inflamatória numa área onde a pele foi ferida por agentes mecânicos, químicos ou biológicos. Quadro clínico: pápula poligonal, achatada, de 0,5 a 2mm de diâmetro, de superfície lisa, brilhante e de cor vermelho-violácea. Na superfície da pápula geralmente há estrias ou pontuações, que são melhor visualizadas quando se umedece a lesão. As pápulas podem se dispor em linhas que muitas vezes surgem após escoriações ou traumatismos da pele (fenómeno de Koebner) – preferencia por superfícies flexoras do punho, no terço inferior das pernas, região sacral e abdome; curso crônico; é frequente casos de involução espontânea; em cerca de 10% dos casos ocorre comprometimento ungueal Diagóstico: clínico + biópsia quando necessário Tratamento: quando se trata de líquen plano cutâneo, se for uma lesão localizada usa corticoide tópico, se for generalizada usa corticoide sistêmico e anti-histaminicos (para alívio do prurido) Medicamentos tópicos: corticoide tópico potente – propionato de clobetasol (precisa usar cortioide potente pq as lesões hiperceratóticas dificultam a absorção de corticoides menos potentes) Medicamentos sistêmicos: corticoide (doses de 30 a 60mg/dia por 4 a 6 semanas) + anti histamínico (ratadina, dexclorfeniramina, prometazina) – só pode usar corticoide sistêmico em casos de lesões disseminadas OBS: em caso de líquen na mucosa oral indica-se cuidados rigorosas de higiene bucal e remoção de restaurações metálicas Quando encaminha ao dermatologista?? Necessidade de uso de imunobiológicos; Casos crônicos e redicivantes à terapia medicamentosa otimizada; Impossibilidade da realização de biópsia na unidade básica de saúde. Urticária: caracterizada por edema central de tamanho variado, circundado por eritema reflexo, associado a prurido e natureza efêmera, com a pele retornando ao aspecto normal geralmente em período que varia de 1 a 24 horas; São ditas urticárias agudas quando a manifestação ocorre por até 6 semanas. Passado 6 semanas, mesmo que a manifestação ocorra de forma intermitente, denomina-se crônica. É importante reconhecer se há algum fator provocador ou desencadeador - exercícios ou agentes físicos, ingestão de alimentos, uso de medicamentos, uso de hemoderivados e contrastes, ocorrência de infecções virais e doenças febris, picadas de inseto, estresse, etc. Há situações de em que a urticária pode ser desencadeada por condições associada a outras doenças - tireoidianas, autoimunes, neoplasias malignas, entre outras. O diagnóstico é clínico, sendo que nos casos de urticária crônica deve-se investigar a causa, nesse sentido, é importante pedir hemograma para avaliar a possibilidade de infecção e neoplasias hematológicas. O tratamento da urticária aguda é baseado em anti- histamínicos, sendo preferíveis os de segunda geração (pois esses não são sedativos) - Loratadina: Adultos: 10 mg uma vez ao dia; Crianças de 2 a 5 anos: 5 mg uma vez ao dia; Crianças acima de 6 anos: 10 mg uma vez ao dia; Gestantes e lactantes: 10 mg uma vez ao dia. No caso da uticária crônica o primeiro passo é identificar a etiologia central e agir sobre a ela, importante também explicar sobre a doença e reduzir o estresse emocional, sobreaquecimento do corpo e uso de bebidas alcoólicas; evitar analgésicos e anti- infamatórios não esteroidais (analgésicos agravam a urticária crônica em 30% das pessoas); faz controle sintomático com os anti-histaminicos. Angioedema: é definido por edema súbito e acentuado da derme profunda e do tecido subcutâneo, maior frequência do sintoma de dor em relação ao prurido; acomete frequente membranas mucosas e tem resolução em torno de 72 horas, de forma mais lenta em relação às urticárias. O diagnóstico é clínico, só pode biópsia em casos de urticária e angioedema atípicos. Se for um caso de urticária aguda com angioedema pode-se usar o anti-histamínico (conforme explicado no ultimo item) e tratamento adjuvante com corticoide sistêmico - Prednisona: Adultos: 20 a 60 mg uma vez ao dia por 3 a 10 dias, com redução gradual da dose/ Prednisolona: Crianças: 0,5 a 1 mg/kg/dia (máximo de 60 mg ao dia), por 3 a 7 dias, com redução gradual da dose. Obs: Pessoas com angioedema devem evitar também o uso de IECA. Mesmo já usando IECA há meses o angioedema pode se manifestar. Nesses casos, deve-se optar por outros esquemas anti-hipertensivos. Obs: Abordagem da anafilaxia Em caso de anafilaxia, que seria o angioedema associado a edema de laringe, edema de glote, broncoespasmo, náuseas, vômitos e hipotensão arterial - que é uma situação potencialmente fatal, medida específicas e rápidas devem ser adotadas. Esta pode ser classificada em leve, moderada e grave, sendo o quadro grave caracterizado por hipóxia, hipotensão, comprometimento do sistema nervoso central ( cianose, satO2 abaixo de 92%, pressão arterial sistêmica abaixo de 90mmHg, confusão colapso, perda de consciência e relaxamento de esfíncteres. São sinais de alerta para anafilaxia a existência de dispneia, náuseas e dor abdominal; O tratamento deve ser de prontidão e a unidade de saúde preparada para reconhecer e tratá-la. Quando notado o comprometimento de via aérea e o risco de anafilaxia, o fármaco de eleição é a adrenalina 1 mg/mL na dose de 0,3 a 0,5 mg, intramuscular, para adultos e, para crianças, 0,01 mg/kg (dose máxima igual a de adultos), de preferência no músculo vasto lateral da coxa. Sintetizamos o fluxo a seguir: Intervenção imediata o Acesso às vias aéreas. o Administrar epinefrina 1:1000(1 mg/ml), via subcutânea ou intramuscular preferencialmente 0,2 -0,5 mL no adulto e 0,01 mg/kg, máximo de 0,3 mg dose total nas crianças, a cada cinco minutos. o Acesso venoso e oxigenoterapiacom fluxo de 6 a 8 L/min. o Iniciar o uso de anti histamínicos. o B2 agonista (efeito broncodilatador) em nebulização se broncoespasmo refratária a epinefrina pode ser utilizado. o Corticoide sistêmico também pode ser considerado para apoiar a modulação da resposta. Após estabilizado o caso, considerar remoção. Quando encaminhar ao dermatologista?? Casos de urticária grave persistente, sem respostas às medidas terapêuticas anteriores; Pacientes com urticária de origem autoimune com indicação de terapia imunossupressora; Urticárias crônicas (lesões recorrentes por pelo menos 6 semanas) refratárias ao tratamento clínico otimizado, episódios recorrentes de angioedema sem lesões de urticária e cuja identificação etiológica não foi possível, ou a ocorrência de angioedema e/ou urticária associados a sinais de gravidade (obstrução de via aérea, broncoespasmo e hipotensão), após avaliação/estabilização em serviço de urgência/emergência.
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