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1 TÓPICOS ESPECIAIS EM HARMONIA 2 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FACUMINAS ............................................................................................................... 2 Introdução .................................................................................................................. 4 História da Harmonia ................................................................................................ 5 Harmonia tradicional X Harmonia funcional ........................................................... 6 O estudo da harmonia .............................................................................................. 7 Intervalos mais comuns para o estudo de harmonia ............................................. 9 História da Prática e Teoria Moderna .................................................................... 12 Harmonia Funcional ................................................................................................ 13 Campo Harmônico .................................................................................................. 14 Acompanhamento harmônico ................................................................................ 15 Áreas de estudo da harmonia musical .................................................................. 16 Harmonia funcional na prática ............................................................................... 17 Como usar harmonia funcional para tirar músicas de ouvido ............................ 20 Referencias .............................................................................................................. 22 4 Introdução Harmonia deriva do latim harmonĭa, embora tenha origens mais remotas relacionadas com um vocábulo grego que significa “combinação” ou “ajustamento”. O termo pode usar-se para se referir à combinação de sons simultâneos que, embora sejam diferentes, dão origem a acordes. O conceito também é usado em referência à variedade de sons, medidas e pausas bem concertada. Exemplos: “O que eu aprecio nesta orquestra é a harmonia que consegue nas suas composições”, “Este estilo de música não se caracteriza nada pela sua harmonia”. Pode-se dizer que a harmonia é o conjunto de regras relativas à homofonia (estilo de música em que uma parte melódica é acompanhada) e o contraponto é o conjunto de regras relativas à polifonia (sobreposição de várias melodias independentes). A harmonia é vista às vezes como sendo o oposto do contraponto, porém a maior parte da escrita contrapontística, principalmente a do período de 1600 a 1900, é governada pela progressão harmônica, ao passo que, da mesma maneira, a harmonia se preocupa com o movimento das vozes individuais. https://conceito.de/grego https://conceito.de/origem 5 História da Harmonia Desde os primórdios da música polifônica ocidental, no séc. IX até cerca de 1300, o contraponto era principal técnica de composição. A partir do séc. XIV, os compositores começam a ter uma consciência harmônica cada vez maior, chegando, no Renascimento do séc. XV, a substituir a combinação de duas notas por três, formadas por intervalos de 3ªs. A tríade, então, passou a ser a principal unidade de harmonia, porém, tratada de forma muito rígida. O período Barroco (cerca de 1600 a 1750), especialmente por Bach, trouxe grandes avanços para a harmonia: desenvolveu-se a ideia de melodia acompanhada por acordes baseados em uma linha de baixo; o sistema de modos (ver modos) usado até então, é substituído definitivamente pelo sistema tonal de escalas maiores e menores; grande uso de modulações. Muito da nossa música vêm do período Romântico (séc. XIX). A música deste período (carregada de muita emoção extrema, expressividade e fantasia), traz uma harmonia mais rica, cheia de dissonâncias de 7ª e 9ª até então impensáveis, com modulações ousadas e cromatismos. A música deste período já é essencialmente homofônica, com raros contrapontos. No séc. XX, a música experimenta um desenvolvimento muito acelerado buscando cada vez mais a ruptura com as regras do tonalismo. Esta revolução teve início com Debussy, Bartók e Wagner, com o uso da escala de tons inteiros (onde cada grau tem igual importância), uso de acordes alterados, quartais, clusters, paralelismos, cromatismos, politonalidade, etc., até o atonalismo extremo, com Stravisnky, Schenberg e seus discípulos. Todas essas idéias foram incorporadas ao jazz norte-americano por John Coltrane, Miles Davis, Bill Evans, Ornette Coleman, Chick Corea, entre outros, e disseminadas por toda a música ocidental. No Brasil, o grande precursor da nova música foi, sem dúvida, Villa-Lobos. Como representantes mais recentes, temos Hermeto Pascoal, Egberto Gismonte, entre outros. E ainda há a chamada “nova música” ou “música contemporânea”, de 6 extrema variedade e visando novas experiências, como: música eletrônica, concreta, pós-serial, espacial, minimalista, etc. Nenhum destes movimentos representa um estilo. São meras experiências, muitas vezes isoladas, restritas ao seu autor. Porém, tudo isso ainda é um processo muito novo, em desenvolvimento e com um grande obstáculo de aceitação: a nossa forte raiz na música tonal Romântica do séc. XIX, base da música comercial difundida em massa. Harmonia tradicional X Harmonia funcional Primeiramente, vamos tratar sobre música popular e erudita (erroneamente chamada de “clássica”). Esta distinção foi criada no final do século XIX e logo difundida para a Europa e para os paises latinos no início do século XX. O termo “música popular”, a princípio foi designado para toda música que não se enquadrasse em música de concerto. Porém, é extremamente genérico, abrangendo, entre diversas acepções, tanto a música folclórica quanto a música de consumo, dançante ou não. Alguns teóricos e musicólogos não reconhecem esta separação, alegando (com certa razão) que a música é uma só. Alguns compositores dão razão a este pensamento, como Villa-Lobos e George Gershwin, de difíceis enquadramentos em um dos dois conceitos. Esta mesma distinção foi feita na harmonia. A primeira corrente (mais antiga) é a “harmonia tradicional”, que tem como preocupação os fatores relativos a cada 7 acorde em sua estrutura e em regras de condução de vozes. Diz respeito aos acordes escritos na partitura, e sua base é a escrita coral do período barroco. Por isso é muitas vezes compreendida, erroneamente, como harmonia "erudita". A segunda corrente (mais recente) é a “harmonia funcional”, que se preocupa com a função que cada acorde tem no discurso harmônico (tônica,subdominante ou dominante (ver “áreas do campo harmônico maior”). Aqui, a estruturação do acorde é extremamente flexível, assim como as regras de condução de vozes que, por vezes, inexiste. Pela sua relativa independência de escrita em partitura, é muitas vezes chamada, erroneamente, de harmonia “popular”. A cifragem referente a cada harmonia também segue a mesma distinção: tradicional e funcional (e não “erudito” e “popular”, respectivamente). Porém, a harmonia funcional é apenas uma evolução recente da tradicional, já cultivada por séculos, e a preferência por uma ou outra depende de qual das duas escolas o músico foi formado. Este método é baseado principalmente na harmonia funcional. Será falado um pouco a respeito de harmonia tradicional aqui, porém apenas com o objetivo de contextualização histórica e comparações. Para maiores informações, consulte livros especializados como: “Harmonia” – Arnold Schoenberg; “Harmonia tradicional” – Paul Hindemith; “Harmonia” – Walter Piston; entre inúmeros outros. O estudo da harmonia A harmonia é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do músico em qualquer área de atuação. Pode ser estudada separadamente por questões de entendimento, porém, é imprescindível seu relacionamento com a melodia, pois tudo depende desta. O seu domínio, além de abrir um leque de possibilidades para harmonizações e rearmonizações diversas, é a base de qualquer linha de composição, arranjo e improvisação. 8 É de grande ajuda nas transcrições, execuções, e possibilita ainda, analisar e entender a música dos seus grandes mestres para aplicação deste conhecimento adquirido em proveito próprio. Porém, o conhecimento de harmonia também pode catastrófico para o músico. Este precisa ter em mente que a música é, antes de tudo, uma arte, e não uma ciência exata (há inúmeras músicas de extremo refinamento compostas por músicos sem nenhum (ou quase nenhum) conhecimento harmônico). Deve saber usar seus conhecimentos como uma ferramenta de auxílio à sua criatividade, é não como o único princípio de tudo. É bom lembrar que nem sempre as harmonias mais complexas são as mais apropriadas. Ás vezes, o simples soa muito melhor. É fundamental ter bom gosto e bom senso. Porém, ao optar por uma harmonia simples ou complexa, siga na linha de sua escolha. Geralmente é de extremo mau gosto a mistura das duas. No Brasil, o ensino da harmonia funcional ainda é muito falho. As poucas escolas e faculdades especializadas estão concentradas nas regiões mais desenvolvidas e em muitas, falta metodologia. Nas escolas tradicionais há pouca ou nenhuma abertura para este tipo de harmonia, que ainda é recente e seu estudo é cheio de contradições e imprecisões, com muita variação de país para país. Assim, o aluno faz seu conhecimento muitas vezes de forma picada, adquirindo informações superficiais, isoladamente e na prática do dia-a-dia. Aproveito para falar sobre a dificuldade de se escrever um método de harmonia funcional. Em outras áreas, já mais antigas e mais desenvolvidas, apesar de algumas variações nos métodos de ensino de determinadas matérias específicas, são mais “exatas”. Em teoria musical, uma 4ªJ será sempre uma 4ªJ. Em contraponto, 5ªs paralelas serão sempre evitadas. Na harmonia tradicional, 4 6 é sempre uma cifragem de acorde na segunda inversão, e assim por diante. Na harmonia funcional, as matérias “exatas” são muito poucas e a infinidade de variações, divergências e imprecisões, já mencionadas, dificultam muito o seu ensino e seu entendimento. 9 Certamente você verá, no seu estudo diário, muitas discordâncias com o que está sendo apresentado aqui. Absurdos a parte, em muitos casos não há como dizer o que está certo ou errado. São linhas de pensamento nas quais o profissional da área escolhe uma ou mais a ser seguida. Intervalos mais comuns para o estudo de harmonia Abaixo estão estes intervalos, baseados na nota “dó” como fundamental. Veremos posteriormente que alguns destes são usados somente como intervalos simples, outros, como intervalos compostos, e há, ainda, os que podem aparecer das duas formas. ACORDES E CAMPO HARMONICO MAIOR Acorde é a combinação de três ou mais notas simultâneas e diferentes. A combinação de duas notas é chamada apenas de intervalo. O acorde é formado pela sobreposição de intervalos fixos a partir de uma nota base, chamada fundamental, que dá nome ao acorde. De acordo com este intervalo, o acorde é chamado de: Acorde cluster: construído por diferentes combinações sobrepostas de dois ou mais intervalos de 2ª. Ex.: Acorde triádico: construído por diferentes combinações sobrepostas de dois ou mais intervalos de 3ª. É a concepção clássica do acorde. No estudo de harmonia, esta é a formação mais comum e, por isso, é com esta que desenvolveremos nosso estudo. Não confundir acorde triádico com acorde tríade. Ex.: Acorde quartal: construído por 10 diferentes combinações sobrepostas de dois ou mais intervalos de 4ª. Existe um estudo da harmonia especificamente para esta formação, chamado harmonia quartal. Ex.: Acorde misto: Construído por diferentes combinações sobrepostas de intervalos de 2ª, 3ª e/ou 4ª: Existe acordes construídos por intervalos sobrepostos de 5ª, 6ª e 7ª, porém são de pouco uso prático. Será falado a respeito das demais formações não- triádicas posteriormente durante o curso. São designados pelo intervalo existente entre as notas extremas: Acorde de 3 sons - Acorde de quinta ou acorde tríade 5ª Acorde de 4 sons - Acorde de sétima ou acorde tétrade 7ª Acorde de 5 sons - Acorde de nona ou acorde tétrade 9ª acrescido de nona Acorde de 6 sons - Acorde de décima primeira ou 11ª acorde tétrade acrescido de nona e décima primeira Acorde de 7 sons - Acorde de décima terceira ou 13ª acorde tétrade acrescido de nona, décima primeira e décima terceira Observe que já foram usadas as sete notas diatônicas da escala. Obs.1: podem ser dobradas uma ou mais notas. Porém o acorde continua com sua classificação original. Ex.: Acorde de 3 sons Obs.2: podem ser executados não só de forma simultânea como também arpejada. Ex: Obs.3: as demais notas do acorde recebem o nome do intervalo que formam com a fundamental. Ex.: Obs.4: como os acordes são formados a partir da nota mais grave, a leitura das mesmas é feita de cima para baixo. O conceito de Harmonia surge indubitavelmente com os gregos, especificamente em Pitágoras, mas também em Heráclito, Nicômaco e Platão, dentre outros.Resgatar essa origem é importante porque é o conceito grego antigo que permeia a noção de Harmonia tal como ela foi compreendida pela tradição musical europeia, em sua práxis e teoria. Para os gregos a "arkhé" (princípio invisível da unidade) e a "phýsis" (princípio visível da unidade) - o Uno, se torna o "kosmos" - o Múltiplo, se articulando através de duas dimensões - ordem e caos. Esse jogo dos opostos é a fonte da Harmonia Cósmica, dado que ela, a Harmonia, representa a qualidade de relação, ordenação e organização dessas dimensões inerentes ao "kosmos". 11 A partir da descoberta tradicionalmente creditada a Pitágoras da relação matemática dos intervalos musicais, a harmonia (e a música como sua principal manifestação) passou a ser considerada como o princípio que organizava a transição do número absoluto, a Unidade, para os números diversos, a Multiplicidade, através da concordância entre os princípios opostos de ordem e caos. É dai que surge o conceito de Harmonia das Esferas, tão característico dos pitagóricos. E este pensamento pode ser rastreado claramente nas práticas composicionais e teóricas da Harmonia europeia. Quando Riemann, na definição citada acima, diz "leis" e "logicamente racional", ele reflete claramente essa cosmovisão grega, ainda que possa estar desprovida de seu caráter metafísico mais evidente. Harmonia,na visão grega, seria a qualidade cósmica que daria ordem e sentido ao jogo entre o caos - as dissonâncias, e a ordem - as consonâncias, vencendo sempre e afirmando-se necessariamente, a ordem ou consonância. Quando começamos a entender a harmonia na sua dimensão técnica e "artesanal", tal como na teoria de Riemann, não podemos esquecer-nos que toda a sua construção reflete esse modo antigo de pensamento, que dá um caráter natural e necessário às construções e normas harmônicas. Arnold Schoenberg foi o primeiro a contestar essa visão de "legal" e "logicamente racional", para ver a Harmonia (enquanto teoria) mais como um compêndio das práticas dos compositores históricos. Mas mesmo ele acaba cedendo ao caráter cósmico da ordem harmônica quando postula a conquista dos materiais da série harmônica pela estruturação histórica dos acordes. A diferença nesse caso é sua contestação do princípio cósmico da dualidade e sua resolução ao princípio do Um (phýsis)ou série harmônica como repositório de todas as possibilidades harmônicas. Desse modo haveria para Schoenberg apenas "phýsis", sendo que o ordem e caos eram apenas definíveis historicamente e não ontologicamente. https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_das_esferas 12 História da Prática e Teoria Moderna No Séc. XVI, com a transição das Formas Polifônicas para as Formas Homofônicas, o termo Harmonia, em música, passa a ter o significado moderno que lhe atribuímos. Em Bach tem-se o ponto de intersecção das duas diferentes formas composicionais. Em seus Corais, por exemplo, temos a perfeita integração das dimensões horizontais (polifônicas) e verticais (harmônicas). Cada uma das quatro vozes é uma voz melódica completa, ao estilo polifônico e, simultaneamente, participam da estrutura dos acordes em seus encadeamentos e cadências. Polifonia e Harmonia simultaneamente. Em 1722 o francês Jean-Philippe Rameau publica o seu Traité de l’harmonie réduite à sés príncipes naturels (Tratado de Harmonia Reduzida aos seus Princípios Naturais). Não se trata da primeira obra teórica sobre harmonia. Contudo, ao espírito de seu tempo, busca fundar uma ciência harmônica, uma Teoria Natural da Harmonia. No Tratado Rameau introduz teoricamente a ideia de Tonalidade e os termos Tônica, Subdominante e Dominante. Porém estes não têm, para Rameau, a acepção moderna das Funções Harmônicas, tais como veremos posteriormente em Hugo Riemann e em Arnold Schoenberg. Para Rameau, tônica era o acorde perfeito (ou "natural"), resultado de duas terças sobrepostas; subdominante seria o acorde perfeito com uma sexta adicionada e dominante o acorde perfeito com a sétima adicionada. Rameau e Bach são as duas vertentes, teórica e prática, que consolidam e dão forma a todo o desenvolvimento posterior da Harmonia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Sebastian_Bach https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Philippe_Rameau https://pt.wikipedia.org/wiki/Tonalidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_Riemann https://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_Riemann https://pt.wikipedia.org/wiki/Arnold_Schoenberg 13 A partir da Teoria de Rameau, surgem duas vertentes que compõem a base da Teoria Harmônica moderna: a Teoria dos Graus e a Teoria Funcional. A primeira foi originada por Gottfried Weber e bastante popularizada no século XX através do trabalho de Heinrich Schenker, que faz uso da teoria dos graus em sua obra, de cunho mais analítico. A segunda tem suas raízes esboçadas por Moritz Hauptmann, compositor e teórico alemão, mas só ganha real status de teoria com Hugo Riemann. Posteriormente, Schoenberg faz uma síntese desse material e, como compositor e teórico do ocaso das práticas composicionais do tonalismo, tem uma visão privilegiada do Sistema tonal. Em seu Tratado de Harmonia[3] de 1911, e em seu livro "Funções Estruturais da Harmonia", expõe didática e exaustivamente a Teoria Harmônica tal como se compreende atualmente. Nessa obra vemos ainda uma herança de Rameau, tendo em vista que Schoenberg busca dar um fundamento natural às questões harmônicas, entendendo-as como um desdobramento dos materiais acústicos da Série harmônica. Harmonia Funcional Foi introduzida por Hugo Riemann, no Brasil teve como principal precursor e expoente o compositor, professor e musicólogo alemão, naturalizado brasileiro, Hans- Joachim Koellreutter. De acordo com essa teoria, no sistema tonal a função principal é a tônica, que origina o nome do sistema. Na escala natural ela é representada pelo acorde de Dó maior (C). As funções harmônicas são de: repouso (baseada na tônica), aproximação (baseada na dominante) e afastamento (baseada na subdominante), que permitem ao discurso tonal configurar uma relação temporal de perspectiva, ou seja, o ouvinte é https://web.archive.org/web/20100601230633/http:/www.turicollura.com/sito/download/portogues/harmonia%20funcional_parte1.pdf.pdf https://pt.wikipedia.org/wiki/Fun%C3%A7%C3%A3o_(m%C3%BAsica) https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Gottfried_Weber&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Schenker https://web.archive.org/web/20100601230633/http:/www.turicollura.com/sito/download/portogues/harmonia%20funcional_parte1.pdf.pdf https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Moritz_Hauptmann&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_Riemann https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_tonal https://pt.wikipedia.org/wiki/Harmonia_(m%C3%BAsica)#cite_note-3 https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rie_harm%C3%B4nica https://pt.wikipedia.org/wiki/Hugo_Riemann https://pt.wikipedia.org/wiki/Compositor https://pt.wikipedia.org/wiki/Musicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Alem%C3%A3o_(idioma) https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans-Joachim_Koellreutter https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans-Joachim_Koellreutter https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B4nica https://pt.wikipedia.org/wiki/Dominante https://pt.wikipedia.org/wiki/Subdominante 14 levado a perceber o movimento musical em uma direção. Por exemplo, era bastante comum que o final das peças de música clássica (música de concerto) europeia sempre termina sem finalizar o movimento (encadeamento) com dominante-tônica esperado por todos os ouvintes. Por comparação, esse discurso é diferente do habitualmente praticado nas músicas modais, que é estruturado de modo circular, ou seja, de modo não direcional sem a necessidade de que haja apenas um único centro; e ao das músicas pós-tonais, nas quais o conceito de direção também não existe, passando a obedecer a diversas outras formas de organização. Campo Harmônico O conjunto de notas que uma tonalidade gera, através do princípio da sobreposição de terças, é denominado campo harmônico da tonalidade o conjunto de acordes. Assim, por exemplo, em dó maior temos um campo harmônico com sete acordes gerados pelo esquema de sobreposição de terças na composição dos acordes. Cada acorde desse é um grau da tonalidade. Esses sete acordes são a totalidade de possibilidades harmônicas da tonalidade em questão. Cada acorde, individualmente ou em grupo, pertence a uma das funções especificadas acima. Assim, na tonalidade de dó maior, o acorde de dó maior representa a função de repouso, e sol maior e fá maior as funções de movimento, respectivamente, de aproximação e afastamento. Temos, então, da junção das Teorias Funcional e da Teoria do Graus, um campo harmônico com sete possibilidades de acordes no modo maior e treze no modo https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_cl%C3%A1ssica https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_de_concerto https://pt.wikipedia.org/wiki/Cad%C3%AAncia 15 menor, porém com apenas três funções. Assim, cada função será representada por um acorde principal ou por acordes secundários (ou substitutos). Quando falamos em harmonia, vinculando-a ao sistema tonal, não significa que não haja harmonia nas formas modais e pós-tonais — mesmoporque nessas formas musicais existem acordes, e eles se organizam com base em estruturas e relações específicas — mas, apenas que o que é descrito como harmonia, dentro da teoria musical tradicional — e que compreende as noções de acordes como sobreposição de intervalos de terça, de campo harmônico e de funções harmônicas — faz parte apenas do sistema tonal e das práticas composicionais através das quais esse sistema se desenvolveu entre os séculos XVI e XIX. Acompanhamento harmônico Quando dois ou mais sons são reproduzidos simultaneamente, produzindo um acorde, são chamados de harmonia. Existem duas maneiras de se referir a harmonia: para nos referirmos à seleção de notas que compõem determinado acorde (formação), e em sentido amplo, para descrevermos o desenrolar ou a progressão dos acordes durante toda uma composição. É uma sobreposição de notas que servem de base para a melodia. Por exemplo, uma pessoa tocando violão e cantando está fazendo harmonia com os acordes no violão e melodia com a voz. Cada acorde é uma sobreposição de várias notas, como veremos adiante em outros tópicos. Por isso que os acordes fazem parte da harmonia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Acorde_substituto https://www.descomplicandoamusica.com/notas-musicais/ 16 Vale a pena destacar que a melodia não necessariamente é composta por uma única voz; é possível também que ela tenha duas ou mais vozes, apesar de ser menos frequente essa situação. Para diferenciar melodia de harmonia nesse caso, podemos fazer uma comparação com um navio no oceano. O navio representa a harmonia e as pessoas dentro do navio representam a melodia. Tanto o navio quanto as pessoas estão se mexendo, e as pessoas se mexem dentro do navio enquanto ele trafega pelo oceano. Repare que o navio serve de base, suporte, para as pessoas. Elas têm liberdade para se movimentar apenas dentro do navio. Se uma pessoa pular para fora do navio, será desastroso. Com melodia e harmonia, é a mesma coisa. Áreas de estudo da harmonia musical As principais áreas de estudo de harmonia são: Formação de acordes: ir além dos desenhos decorados dos acordes, conhecendo a teoria por trás de cada estrutura. Campos harmônicos: entender como conjuntos de acordes dão origem a tonalidades. Funções harmônicas: descobrir as sensações harmônicas que os acordes provocam em diferentes circunstâncias. Esse tópico também é chamado de “harmonia funcional”. Cadências harmônicas: aprender padrões de sequências de acordes que provocam funções harmônicas características. 17 Rearmonização: utilizar diferentes abordagens modificando a estrutura original de uma música. Harmonia funcional é o estudo das sensações (emoções) que determinados acordes transmitem para o ouvinte. Esse conceito ficará mais claro quando mostrarmos os exemplos. Primeiramente, saiba que as três principais funções harmônicas são as seguintes: 1. Função tônica: transmite uma sensação de repouso, estabilidade e finalização. Promove a ideia de conclusão. 2. Função dominante: transmite uma sensação de instabilidade e tensão. Promove a ideia de preparação para a tônica. 3. Função subdominante: é o meio termo entre as duas funções anteriores. Pode- se dizer que gera uma sensação de preparação, mas com menor intensidade, podendo migrar tanto para a função dominante (intensificando a tensão) quanto para a tônica (repousando). Harmonia funcional na prática Para entender melhor o que estamos falando, experimente tocar repetidamente os seguintes acordes, na ordem em que eles aparecem: | G7M | C7M | D7 | Ao tocar lentamente essa sequência, note como o acorde D7 transmite uma sensação de “preparação” para retornar ao G7M. Esse som de instabilidade é característico da função dominante. 18 Ao retornar para o acorde G7M, há uma sensação de “alívio”, “resolução” e estabilidade. Isso é característico da função tônica. Já o acorde C7M nesse contexto representou um meio termo (sem aquela angústia toda do D7, mas também sem a estabilidade do G7M). Isso caracteriza a função subdominante. O contexto que utilizamos nesse exemplo foi o campo harmônico de sol maior, onde G7M é o 1º grau, C7M é o 4º grau e D7 é o 5º grau. Podemos generalizar esse experimento dizendo que, num campo harmônico maior qualquer: o 1º grau caracteriza a função tônica, o 4º grau caracteriza a função subdominante e o 5º grau caracteriza a função dominante. Como foi dito lá em cima que cada acorde representa uma harmonia funcional na música, vamos resumir abaixo as funções de cada grau do campo harmônico maior: Obs: o III grau também pode atuar como dominante, pois é o acorde relativo da função dominante, apesar de não ter o trítono. Muito bem, então as ideias que mostramos de “conclusão” e “preparação” podem existir não somente com os graus I, IV e V, mas também com os demais graus, conforme essa tabela. Isso é muito importante! Vamos passar a utilizar esse conceito de funções harmônicas para tudo a partir de agora nos próximos tópicos e módulos. https://www.descomplicandoamusica.com/graus-musicais/ https://www.descomplicandoamusica.com/campo-harmonico/ https://www.descomplicandoamusica.com/campo-harmonico/ https://www.descomplicandoamusica.com/acorde-relativo-e-antirrelativo/ 19 Portanto, é fundamental que você decore bem a função de cada grau do campo harmônico maior, identificando logo quem é dominante, subdominante ou tônico. Cada um desses graus também é classificado pela sua “qualidade funcional”. Essa qualidade funcional é o que representa a força de cada grau em relação à sua função harmônica, ou seja, informa quais graus resolvem ou preparam com mais ou menos força. Os acordes de função principal (I, IV e V) são os denominados fortes; os acordes II e VII (que são substitutos do IV e V, respectivamente) são denominados meio-fortes; e os acordes restantes de função tônica (III e VI) são denominados fracos. Quando falamos de graus substitutos, estamos dizendo que podemos trocar entre si acordes que possuem uma mesma função harmônica. Isso significa que podemos pegar os acordes de uma música e trocá-los por outros que possuam a mesma função harmônica sem alterar a sensação da música! Observe abaixo, como exemplo, as funções do campo harmônico de Dó maior: 20 Obs: alguns autores defendem que não existe função meio-forte, apenas forte e fraca (aquilo que não é forte é fraco). Você pode brincar com uma música que esteja na tonalidade de Dó maior trocando de lugar os acordes que estão na mesma linha dessa tabela. Por exemplo, no lugar do acorde de Fá que aparecer na música você pode colocar o acorde Ré menor, e o mesmo ocorre para as demais funções. Para testar esses conceitos, pegue músicas que você conhece e analise-as do ponto de vista de harmonia funcional. Identifique cada acorde da música com o seu respectivo grau e sua função, conforme listamos aqui. Tente identificar também a sensação da música naquele momento. Esse vai ser o seu “tema de casa”. Você também pode experimentar substituir os acordes de mesma função harmônica; esse tópico é somente uma introdução. Como usar harmonia funcional para tirar músicas de ouvido 21 Você vai gostar de saber que as funções harmônicas são o grande segredo dos músicos que possuem um ótimo ouvido. Além dessa aplicação, a harmonia funcional serve para manipularmos as emoções das pessoas. Quem não fica angustiado com aquelas músicas características de filmes de suspense? Pois bem, elas nada mais são do que um abuso de acordes dominantes, que ficam martelando sem nunca resolverem na tônica. Por outro lado, propagandas de televisão procuram enfatizar sensações suaves e agradáveis (função tônica) para que o cliente se sinta confortável e associe esse bem estar ao seu produto.Artistas como Djavan, por exemplo, procuram manipular as funções harmônicas de acordo com a letra da música. Se a letra está falando algo ruim ou preocupante, a sensação é de acorde dominante. Quando o tema da letra se resolve e a música fica mais “feliz”, a harmonia acompanha essa evolução com a função tônica. Dessa forma, a mensagem é duplamente experimentada pelo ouvinte, pois o sentido da letra e a sensação da música se somam. Bons compositores, arranjadores e produtores costumam ser peritos nesse assunto. Qualquer estudo sobre harmonia, improvisação ou composição vai abordar intrinsecamente o tema harmonia funcional, por isso é necessário dominar desde já esse assunto. No ramo da improvisação, é fácil compreender que, se a música está transmitindo tensão, o solo precisa destacar tensão. Se a música está transmitindo tranquilidade, o solo também precisa destacar tranquilidade. Um solista que segue bem o que a música impõe cria melodias muito agradáveis ao nosso ouvido, pois existe um casamento perfeito entre melodia e harmonia. https://www.descomplicandoamusica.com/improvisacao-musical/ https://www.descomplicandoamusica.com/o-que-e-musica/ https://www.descomplicandoamusica.com/o-que-e-musica/ 22 Podemos comparar isso com um jogo de futebol, onde o lateral direito (harmonia) cruza a bola para a área e o atacante (melodia) entra correndo e cabeceia a bola para o gol. Se o lateral recuasse a bola, o atacante deveria correr para área e cabecear o vento? Da mesma forma, se o lateral cruzasse para a área o atacante não poderia voltar para o meio de campo. Referencias RAMEAU, Jean-Philippe (1722). Traité de l’harmonie réduite à sés príncipes naturels. Slatkin, 2000. RIEMANN, Hugo. L'harmonie simplifiée ou théorie des fonctions tonales des accords. 1884, pp. 1. 23 SCHOENBERG, Arnold (1911). Harmonia. UNESP, 2002.
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