Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 2 – A abordagem do ciclo vital Teorias da personalidade A abordagem do ciclo vital A abordagem do ciclo vital, representada por Erik Erikson, concentra-se no desenvolvimento da personalidade durante toda a vida A teoria do autor tenta explicar o comportamento e o crescimento humanos em oito etapas, do nascimento à morte. Ele acreditava que todos os aspectos da personalidade poderiam ser explicados em termos de momentos decisivos ou crises que temos de enfrentar e resolver em cada fase do desenvolvimento “Quando você continua a se desenvolver, seu comportamento vai ser afetado”. Erik Erikson Erikson era um freudiano leal – ampliou a teoria de Freud de três maneiras Aprimorou os estágios de desenvolvimento de Freud. Enquanto a psicanálise enfatizava a infância e propunha que a personalidade era moldada aproximadamente aos 5 anos, Erikson sugeria que a personalidade continuava a se desenvolver, numa sucessão de oito etapas, durante todo o ciclo vital. "A psicanálise é sempre o ponto de partida" Colocou maior ênfase no ego do que no id. Na sua opinião, o ego era uma parte independente da personalidade; ele não dependeria do id nem é submisso a ele. Reconheceu o impacto na personalidade das forças culturais e históricas. Para ele, não somos totalmente regidos por fatores biológicos inatos que operam na infância. Embora estes sejam importantes, não nos dão a explicação completa da personalidade. A vida de Erikson Crises de identidade pessoal: cresceu sem ter certeza do seu nome e da sua identidade psicológica Sofreu rejeição na escola alemã por ter pais judeus. Também foi rejeitado pelos amigos judeus por apresentar feições nórdicas. Demonstrou talento para as artes e tentou utilizar dessa habilidade para estabelecer sua identidade "Indubitavelmente, meus melhores amigos insistirão que eu precisava dar um nome a esta crise e vê-la em todo mundo para realmente ficar em paz comigo mesmo" Erikson estudou em duas escolas de arte e expôs o seu trabalho em uma galeria em Munique, mas sempre abandonava a educação formal para voltar a perambular e a buscar a sua identidade. O que ele viu e sentiu acontecendo consigo, tornou-se a "pesquisa" que possibilitou um fluxo de ideias, artigos, livros. Estágios psicossociais do desenvolvimento da personalidade Erikson dividiu o crescimento da personalidade em oito estágios psicossociais Os quatro primeiros são semelhantes aos estágios oral, anal, fálico e de latência propostos por Freud. A principal diferença entre as teorias é que Erikson enfatiza os correlatos psicossociais, enquanto Freud se concentrava nos fatores biológicos. Princípio epigenético da maturação As forças herdadas são as características determinantes dos estágios de evolução. O prefixo epi significa "sobre"; então, o desenvolvimento dependeria de fatores genéticos. As forças sociais e ambientais às quais somos expostos influenciam a forma pela qual as fases geneticamente predeterminadas se realizam. O desenvolvimento da personalidade é afetado por fatores biológicos e sociais ou por variáveis pessoais e situacionais. Crise Cada fase do desenvolvimento tem a sua crise ou momento decisivo particular, que precisa de alguma mudança no nosso comportamento e na nossa personalidade. Nós podemos responder à crise de maneira negativa ou positiva. Só quando resolvemos cada um dos conflitos é que a personalidade pode continuar sua sequência normal de desenvolvimento e adquirir força para enfrentar o conflito da próxima fase. O ego tem de incorporar as maneiras negativas e positivas de lidar com as crises. Forças básicas Erikson propôs que cada um dos oito estágios psicossociais propicia uma oportunidade para desenvolvermos as nossas forças básicas ou virtudes, que surgem quando uma crise é resolvida satisfatoriamente. Ele sugere que essas forças são interdependentes. Uma força básica não pode se desenvolver até que a força básica associada à fase anterior não seja confirmada Confiança x desconfiança Ocorre no estágio oral sensorial – até 1 ano de idade Nossa época de maior desamparo, pois a criança é totalmente dependente de cuidados básicos para sobreviver e ter segurança e afeto. O relacionamento entre a criança e o mundo não é puramente biológico, é social também. A interação com a mãe determina se a criança será confiante ou desconfiada nos relacionamentos futuros. Força básica: esperança A força básica de esperança é associada à resolução bem-sucedida da crise durante a fase oral sensorial. Erikson descreveu essa força básica como a crença de que os nossos desejos serão satisfeitos. A esperança envolve um sentimento persistente de confiança, sentimento que iremos manter, apesar dos reveses temporários. Autonomia x dúvida e vergonha Associadas à fase muscular-anal (1-3 anos) As crianças desenvolvem rapidamente uma série de habilidades físicas e mentais e fazem muitas coisas sozinhas. Durante essa etapa as crianças conseguem exercer algum grau de escolha, experimentar o poder da sua vontade autônoma. Quanto a sociedade (os pais) permitirá que as crianças se expressem e façam tudo o que são capazes? Força básica: Vontade A força básica que surge da autonomia é a vontade, que envolve a determinação de exercer a liberdade de escolha e autolimitação diante das demandas da sociedade. Iniciativa x culpa Ocorre no estágio locomotor genital (3-5 anos) A criança consegue fazer mais coisas por conta própria, expressando um forte desejo de tomar a iniciativa em várias atividades. A iniciativa pode se desenvolver na forma de fantasias, manifestadas pelo desejo de possuir o pai ou mãe. A reação dos pais a estas iniciativas vai resultar na promoção da culta ou da iniciativa na criança. A iniciativa deve ser canalizada para metas realistas e socialmente sancionadas na preparação para o desenvolvimento da responsabilidade e da moralidade adultas. Força básica: objetivo Surge da iniciativa. O objetivo envolve a coragem de conceber e buscar metas. Diligência x inferioridade Ocorre na fase de latência (6-11 anos) Tanto em casa, quanto na escola a criança aprende bons hábitos de trabalho e estudo basicamente como um meio de conseguir elogios e obter a satisfação extraída da execução bem-sucedida de uma tarefa. As atitudes e comportamentos dos pais e professores determinam em grande parte como as crianças acham que estão desenvolvendo e utilizando suas habilidades Força básica: competência A força básica que surge da diligência durante a etapa de latência é a competência. Ela envolve o exercício da habilidade e da inteligência na busca e conclusão de tarefas. Coesão da identidade x confusão de papeis Ocorre na fase da adolescência (12-18 anos) É a fase em que enfrentamos a crise de identidade básica do ego. Identidade do ego: é a autoimagem formada durante a adolescência, que integra nossas ideias quanto ao que somos e ao que queremos ser. Força básica: fidelidade Surge de uma identidade de ego coesa e engloba sinceridade, genuinidade e um senso de dever nos nossos relacionamentos com as outras pessoas. Intimidade x isolamento Ocorre na fase jovem adulta (18-35) Estabelecemos a nossa independência dos pais e das instituições e começamos a atuar de modo mais autônomo, como adultos maduros e responsáveis. A intimidade não se resume a relacionamentos sexuais, mas engloba carinho e compromisso. Aqueles que não conseguem estabelecer essas intimidades desenvolvem a sensação de isolamento Força básica: amor Erikson considerao amor a maior virtude humana Ele o descreve como uma devoção mútua numa identidade compartilhada, a fusão de uma pessoa com outra. Generatividade x estagnação Ocorre na fase adulta (35-55 anos) Nossas preocupações tornam-se mais amplas e de maior alcance, envolvendo as gerações futuras e o tipo de sociedade na qual elas viverão. Quando as pessoas de meia-idade não conseguem ou não procuram uma vazão para a preocupação com as próximas gerações, elas podem ser tomadas por sentimentos de "estagnação, tédio e empobrecimento interpessoal". Força básica: cuidado O cuidado surge da preocupação com as próximas gerações Erikson define essa força como uma preocupação ampla pelos outros e acreditava que se manifestava na necessidade de ensinar, não só para ajudar os outros, mas também para formar a própria identidade. Integridade do ego x desespero Ocorre na maturidade/velhice (55+ anos) A integridade do ego ou o desespero regem a forma como avaliamos a nossa vida como um todo. Se olharmos para trás com satisfação podemos dizer que há integridade do ego Mas se revisarmos a nossa vida com senso de frustração, então sentiremos desespero. Força básica: sabedoria Derivada da integridade do ego, é expressa na preocupação desprendida com o todo da vida. Ela é transmitida às próximas gerações numa integração de experiências que é mais bem descrita pela palavra herança.
Compartilhar