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MÓDULO 4 – DIREITO APLICADO A GESTÃO Conteúdo Programático Esta unidade está dividida em: • Aula 1 - Tributos • Aula 2 - Contribuintes • Aula 3 - Hipótese de incidência e formas de lançamento do crédito tributário Tributos Nesta aula, iremos compreender a natureza e a classificação dos tributos, identificando as respectivas modalidades, hipóteses de incidência e formas de lançamento. A organização do Estado e o seu estabelecimento como único e exclusivo detentor da soberania e do poder de estruturação social impuseram a necessidade da criação de estruturas responsáveis, em planos concretos, por suas ações. Essas estruturas, componentes dos Estados, sempre existiram de forma mais ou menos organizada na medida em que os vários Estados formados ao longo da história adotaram e passaram a implementar as atividades das suas respectivas esferas organizacionais. Assim, para a prática de suas atribuições, como, por exemplo, a administração da justiça, da segurança, da saúde, o funcionamento de seus Poderes e instâncias, o executivo, o legislativo e o judiciário, o Estado necessita de recursos econômicos, denominadas receitas. Tais recursos, com os quais o Estado mantém as instituições responsáveis pela realização de suas finalidades e demais projetos, vêm, principalmente, dos tributos e compõem a sua atividade financeira. O próprio funcionamento do Estado conduz, necessariamente, à existência de uma atividade financeira consistente na obtenção de recursos, sua gestão e sua aplicação. É uma atividade fundamental, já que, em termos práticos, garante a existência de todas as demais que toquem ao Estado. São diversos os fins colimados pelo Estado, tais como: • Manutenção da ordem pública. • Garantia da defesa contra eventual inimigo externo. • Distribuição da justiça. • Realização e feitura das leis. • Prestação de serviços públicos. • Fiscalização das atividades particulares. • Atuar nos campos social e econômico por meio de projetos de várias naturezas. A implementação e realização dessas tarefas envolve, necessariamente, custos que não podem ser cobertos ou garantidos simplesmente com o patrimônio do próprio Estado. Ele necessita de outros recursos, que deverão ser obtidos em volume tal que importe na execução de métodos que lhe são exclusivos. A atividade financeira do Estado é toda aquela marcada pela realização de uma receita ou pela administração do produto arrecadado ou, ainda, pela realização de um dispêndio ou investimento, e se manifesta, sobretudo, na atividade de obtenção de ingressos de recursos e na realização de gastos. O Direito Tributário é, assim, um conjunto de normas e princípios que têm por objeto a atuação econômica do Estado por meio da atividade tributária, caracterizada por ser aquela de que a Administração Pública se vale para a obtenção de recursos com os quais custeia as suas despesas, quando não puderem ser atendidas com o próprio patrimônio. Todavia, essa característica não esgota, absolutamente, as dimensões da atividade tributária do Estado, vez que também se caracteriza como um meio de interferência na economia, garantindo, por meio da administração dos tributos, a realização de objetivos econômicos e sociais. Outra característica da atividade tributária consiste em ser o tributo exclusivo do Poder Público, privativo do Estado. Apenas o Estado poderá instituir e arrecadar tributos, por meio dos processos e procedimentos adequados. Finalmente, a atividade tributária deverá estar atrelada aos encargos do orçamento público. Diz um ditado que “O poder de tributar é o poder de destruir”, o que pode ser confirmado por eventos como a Festa do Chá de Boston, nos EUA, ou a Inconfidência Mineira, no Brasil, que simbolizam o inconformismo com a imposição de vultosa carga tributária dissociada de direitos à participação política. Festa do Chá de Boston, litografia de 1846. A atividade tributária, privativa do Estado, atende a determinados princípios, que lhe são próprios e se encontram no texto da Constituição Federal de 1988. São eles: a. O Princípio da Estrita Legalidade. b. O Princípio da Anterioridade. c. O Princípio da Irretroatividade. d. O Princípio da Isonomia. e. O Princípio da Não-cumulatividade. f. O Princípio da Uniformidade Geográfica. Vejamos, brevemente, o que determina cada um deles: Princípio da Estrita Legalidade O Princípio da Anterioridade O Princípio da Irretroatividade : https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-2 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-3 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-3 Determina que ninguém poderá ser obrigado a adimplir tributo que não tenha sido anteriormente previsto por lei. Remonta historicamente à conquista dos súditos de que as contribuições pagas à Coroa, ou ao Poder Público, apenas poderiam ser cobradas coercitivamente depois de aprovadas pelos representantes do povo, ou seja, pelo Parlamento. Daí dizermos atualmente que o estabelecimento de qualquer tributo depende de lei anterior que defina a sua criação, a sua hipótese de incidência, os seus sujeitos passivos e a forma de seu lançamento. Representa um dos princípios essenciais do Estado moderno, o Princípio da Legalidade na tributação, contido na universalidade do Princípio da Reserva Legal, ou da Reserva da Lei, empregado, ainda, em outros ramos do Direito Público como, por exemplo, no Direito Penal (em que não há crime sem lei anterior que o defina e não há pena sem lei anterior que a estabeleça). O Princípio da Isonomia O Princípio da Não-cumulatividade O Princípio da Uniformidade Geográfica : Em sede tributária, o Princípio da Isonomia determina que todos os contribuintes que se encontrem em determinada situação devem ser tratados da mesma maneira, ou seja, estarão sujeitos ao pagamento da mesma alíquota tributária, aos mesmos processos e procedimentos de lançamento do crédito tributário ou de cobrança do valor eventualmente devido. Não se admite que o Estado ignore a dívida de uns e cobre as dívidas de outros quando todos sejam sujeitos passivos da mesma relação obrigacional. O tratamento desigual, que é naturalmente uma fonte de abusos, é vedado pelo nosso ordenamento jurídico, pelo qual, evidentemente, a eventual isenção ou parcelamento que favorecer a um contribuinte terá de ser estendida a todos os demais que se encontrem na mesma situação. Tributo, portanto, em breve síntese, pode ser considerado como a prestação pecuniária que o Estado, em razão de sua soberania territorial, exige dos sujeitos econômicos que lhe são sujeitos, ou seja, dos contribuintes, os cidadãos subordinados à autoridade do Estado. Nosso Código Tributário Nacional define tributo em seu artigo 3º: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Os tributos exigíveis em nosso sistema de Direito são os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria, como determina o artigo 5º do Código Tributário Nacional, que dispõe: Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-4 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-5 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-6 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#link-6 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-2 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-3https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-3 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-4 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-5 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-5 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-6 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-7 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-8 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-1.htm#popup-9 Atividade É impossível a manutenção da estrutura do Estado apenas com o resultado de seu próprio patrimônio. Os tributos são instituídos para prover essas despesas com a administração pública, mas também para realizar políticas públicas. Dito isto, é correto afirmar que: a) A criação de qualquer tributo depende do interesse atual do Poder Executivo, a quem toca a gestão da Administração Pública. b) A criação de qualquer tributo está vinculada à efetiva e real comprovação de seu gasto por parte da Administração Pública. c) A criação de qualquer tributo dependerá de consulta popular realizada pelo Poder Executivo antes de sua imposição. d) A criação de qualquer tributo dependerá da formulação de uma política compensatória pela Administração Pública. e) A criação de qualquer tributo, pela Administração Pública, dependerá de anterior previsão em lei específica. Alternativa correta: letra (e). é correta em razão da obediência ao princípio da legalidade, que determina a instituição dos tributos por lei específica, e ao princípio da anterioridade, que determina sua criação em exercício anterior à sua efetiva cobrança. A letra (a) está errada porque nenhum tributo será instituído senão por lei, de forma que a vontade do Executivo não será suficiente para a sua criação. A letra (b) está errada porque não há obrigatoriedade de qualquer contraprestação, de parte do Poder Público, para a instituição de qualquer tributo. A letra (c) está errada porque a criação de tributos independe de consulta popular e, finalmente, a letra (d) está errada porque a criação de qualquer tributo independe de política compensatória. AULA 2 Contribuintes Nesta aula, iremos identificar e definir o sujeito passivo da relação tributária, o vínculo de sujeição patrimonial, bem como os responsáveis tributários. Assim, como no direito das obrigações, a obrigação tributária consiste em um vínculo que une o direito de crédito do sujeito ativo ao dever de pagamento do sujeito passivo. Há, pois, em toda obrigação, um direito de crédito, que pode referir-se a uma ação ou omissão a que se subordina o patrimônio do sujeito passivo, do devedor, no campo tributário denominado contribuinte. O objeto da obrigação consiste em dar, fazer ou deixar de fazer algo economicamente apreciável em favor de alguém. Na obrigação tributária, teremos sempre uma obrigação de dar, revestida de caráter patrimonial. As obrigações tributárias serão principais ou acessórias: • Obrigação principal • Obrigação acessória https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-2.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-2.htm São obrigações tributárias aquelas que os contribuintes são obrigados a fazer em nome do fisco e para o fisco, tais como a escrituração dos seus livros, a manutenção de seus documentos, a emissão de notas fiscais. Na verdade, são obrigações cujo objeto remete a tarefas administrativas que, apenas pela natureza da matéria objeto da obrigação principal (que é a obrigação de dar revestida de caráter patrimonial), se tornam obrigações tributárias acessórias, assim consideradas pelo Código Tributário Nacional. Também a obrigação tributária terá duas partes: o credor, ou sujeito ativo, e o devedor, ou sujeito passivo, sobre cujo patrimônio incide a obrigação patrimonial. Todavia, dada a sua especialidade, os sujeitos da relação tributária estão definidos em lei, não podendo ser determinados pela manifestação da vontade das partes, como é regra no direito obrigacional, em que o esperado é a liberdade de contratar – na orbe tributária, a obrigação nasce da lei, é impositiva, e essa mesma lei, como vimos, determina o sujeito ativo, o sujeito passivo, o objeto da obrigação e a forma de seu cumprimento. O Código Tributário Nacional determina serem sujeitos ativos da obrigação tributária: Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento. Portanto, em apertada síntese, podemos dizer que sujeitos ativos da relação tributária serão as pessoas jurídicas de natureza pública (ou de natureza privada, restritivamente, quando atuem por delegação – o que é uma modalidade excepcional) que, por força de lei, poderão tomar as medidas necessárias para o recebimento do crédito tributário. Sujeito passivo da relação tributária será aquele a quem incumbe adimpli-la; é, portanto, aquele a quem toca o pagamento do débito, na hipótese da obrigação principal e, em caso de obrigação acessória, será aquele a quem tocar o seu atendimento. É o que dispõem os artigos 121 e 122 do Código Tributário Nacional: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: i. contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; ii. responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Essa distinção se verifica pois, em muitas hipóteses, não há conveniência do fisco em fazer coincidir na pessoa que realiza o ato que faz incidir a hipótese de incidência, a condição de sujeito passivo, embora essa seja a hipótese mais comum. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-2.htm#popup-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-2.htm#popup-2 Caso a hipótese de incidência recaia sobre o ato de importar mercadoria, por exemplo, o sujeito passivo será, logicamente, aquele que realiza a importação. Isso não impede que a cobrança do tributo diretamente do contribuinte seja, de fato, onerosa para o Estado – e por isso o Código Tributário Nacional admite que a lei determine outro responsável pelo adimplemento, ou seja, determine que uma pessoa alheia à relação tributária se torne responsável pelo pagamento do tributo. Contribuinte é o cidadão que paga o Imposto de Renda em sua declaração, mas o Banco em que ele tenha depositado seus recursos e/ou a fonte pagadora de seus salários, quando recolhem em nome do contribuinte aquilo que ele deve reter na fonte, tornam- se responsáveis tributários, já que têm de fazer o recolhimento e sobre elas o fisco exercerá o seu controle. O contribuinte continua a ser o cidadão de quem essas instituições retiveram o imposto, mas são as responsáveis diretas perante o Estado, o que as torna responsáveis pelo crédito tributário, respondendo pelo eventual inadimplemento. A definição legal do sujeito passivo não poderá ser estabelecida por ato entre particulares, não podendo ser constituída pela sua simples manifestação de vontade, senão nas hipóteses em que a lei expressamente o permita. A solidariedade na obrigação tributária apenas se poderá verificar, evidentemente, mediante expressa determinação legal e sobre os sujeitos passivos, sobre os contribuintes, assim determinando o Código Tributário Nacional: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I. as pessoas que tenham interesse comum na situaçãoque constitua o fato gerador da obrigação principal; II. as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Também os seus efeitos estão determinados no Código Tributário Nacional, que dispõe: Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I. o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; II. a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; III. a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais. Ainda que os efeitos da solidariedade na obrigação tributária sejam idênticos aos efeitos da solidariedade nas obrigações em geral, mesmo aquelas em que esse vínculo se estabelece pela disposição da vontade das partes, é importante destacar que, https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-2.htm#popup-3 diferentemente daquela, apenas pode surgir de expressa disposição legal (em obediência ao Princípio da Reserva Legal) e apenas pode incidir sobre o polo passivo, ou seja, o contribuinte. Outro elemento fundamental das obrigações dessa natureza é a capacidade tributária, que é a faculdade ostentada pelo indivíduo de tornar-se sujeito passivo da relação tributária, e a possibilidade de instalação, em um dos polos dessa relação, de um elemento que torne alguém capaz sob o aspecto tributário. A capacidade tributária não se confunde com a capacidade civil, simplesmente porque diz respeito às condições patrimoniais ou à realização de alguma atividade econômica que tornem o seu agente apto a fazer incidir a hipótese de incidência da obrigação tributária, revelando-se, portanto, de natureza diversa da capacidade civil, na medida em que demanda a existência de relações de conteúdo economicamente apreciável. Terá capacidade tributária quem, independentemente da capacidade civil ou da capacidade empresarial, praticar atividade que a lei admita como hipótese de incidência da obrigação tributária – por exemplo, aquele que perceba determinada quantia como remuneração pode tornar-se, em planos legais, contribuinte do Imposto sobre a Renda, independentemente de se perquirir de sua capacidade para os atos da vida civil e mesmo que não seja empresário e que, portanto, não tenha capacidade tributária. Da mesma forma, aquele que adquire um imóvel se torna obrigado ao adimplemento do Imposto de Transmissão sobre Bens Imóveis (ITBI) e, posteriormente, do Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU), independentemente de ser ou não civilmente capaz (pode mesmo não o ser, e ter adquirido o bem por seu representante legal) e de ser ou não empresário (não é necessário o registro empresarial para a aquisição de imóvel). O indivíduo que se torna proprietário faz-se contribuinte na medida em que cria condições de perfectibilizarão da hipótese de incidência tributária, qual seja, no momento em que transfere, para si, a propriedade sobre um bem imóvel (no caso do ITBI) e na medida em que se mantém seu proprietário (no caso do IPTU). Diz o artigo 126 do Código Tributário Nacional: Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I. da capacidade civil das pessoas naturais; II. de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III. de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional. Quanto ao domicílio tributário, determina o Código Tributário Nacional: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I. quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II. quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III. quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior. Como nas relações civis, nas obrigações tributárias a regra é a eleição do domicílio pelo contribuinte; na falta dessa opção, determinar-se-á o domicílio tributário na forma prevista no artigo 127 do Código Tributário Nacional. O mundo virtual já está presente na relação tributária. A Receita Federal criou o Domicílio Tributário Eletrônico. Confira. Atividade Os sujeitos passivos de uma relação tributária são o contribuinte e o responsável. O primeiro possuindo a capacidade tributária e o segundo, por disposição de lei, embora este não esteja adimplindo o imposto, não se confundindo, portanto, com o contribuinte. Portanto, podemos dizer que: a) Na hipótese de Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI –, sendo o contribuinte menor de idade, será responsável o seu representante legal. b) Na hipótese de Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana – IPTU –, sendo o contribuinte absolutamente incapaz será responsável seu curador. c) Na hipótese de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – IPTR –, sendo contribuinte o proprietário do bem, será responsável seu preposto. d) Na hipótese de Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer Natureza, Pessoa Física – IRPF – será responsável a fonte pagadora que faz o recolhimento. e) Na hipótese de Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer Natureza, Pessoa Jurídica – IRPJ –, será responsável o preposto a quem couber lançar o recolhimento. Alternativa correta: letra (d), já que o contribuinte, na hipótese, será o empregado, aquele que percebe o rendimento ou provento, porém a fonte pagadora será responsável tributária pelo seu recolhimento. A letra (a) é errada porque a capacidade civil independe da tributária e inexiste qualquer relação entre esta e a http://www.receita.fazenda.gov.br/Novidades/Informa/DTE.htm representação. A letra (b) é errada porque, da mesma forma, inexiste qualquer relação entre a curatela e a obrigação tributária, não se configurando responsabilidade tributária em razão do exercício da curatela. A letra (c) é errada porque não existe previsão para a responsabilização do preposto do proprietário do imóvel rural. A letra (e) é errada porque o preposto a quem toca lançar o recolhimento não se encontra no rol daqueles que a lei considera responsáveis pela obrigação tributária. AULA 3 Hipótese de incidência e formas de lançamento do crédito tributário Nesta aula, iremos analisar os elementos componentes da hipótese de incidência da obrigação tributária e as formas de lançamento do crédito tributário. A hipótese de incidência da obrigação tributária – denominada por alguns autores como fato gerador – é a descrição feita, pela norma jurídica, de um ato ou fato cuja ocorrência importará na criação da obrigação tributária, fará incidir a norma hipoteticamente prevista no campo concreto da atividade econômica humana, estabelecendo a relação entre Estado e indivíduo. Existe em planos ideais: AbstratoConcreto Como norma legal, por exemplo, existe em abstrato quando a lei determina que possuir determinado bem gera a incidência de determinado imposto, ou seja, em hipótese, todo proprietário de bens daquela natureza será, idealmente, sujeito passivo da relação tributária. É evidente que a perfectibilização da hipótese de incidência da obrigação tributária apenas se dá quando se verifica a prática da conduta descrita na norma. Vale dizer: apenas quando, de fato, o cidadão recebe uma remuneração acima de determinado valor é que se torna contribuinte de Imposto sobre a Renda, inobstante a existência prévia de disposição legal que constituía a hipótese de incidência em abstrato. O próprio Código Tributário Nacional conceitua a hipótese de incidência da obrigação tributária a partir desse elemento objetivo, ou seja, da prática, efetiva e concreta, de determinado ato pelo sujeito, que, por isso – e não antecipadamente – tornar-se-á contribuinte. O crédito tributário é o direito subjetivo de que será titular o sujeito ativo da relação tributária, de exigir do sujeito passivo, ou do contribuinte, o seu objeto, ou o adimplemento do tributo. Esse crédito operacionaliza-se pelo lançamento, que será o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência da hipótese de incidência da obrigação https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#link-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#link-2 tributária, determinar a sua matéria, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, eventualmente, propor a aplicação da penalidade cabível. O lançamento reveste-se de extrema relevância, já que a partir da data de sua notificação ao contribuinte é que se conta o prazo para cumprimento da obrigação tributária; inobstante a notificação possa ser usualmente confundida com o próprio lançamento do crédito tributário, por conterem os mesmos elementos, são atos de natureza diversa. O Código Tributário Nacional prevê três modalidades de lançamento do crédito tributário, a saber: • Lançamento de ofício • Lançamento misto • Lançamento por homologação A obrigação de adimplir o tributo nasce com a verificação da hipótese de incidência da obrigação tributária, ou com a ocorrência do fato gerador, fazendo-se, todavia, imprescindível um ato que a formalize, que é o lançamento; a partir daí, torna- se exigível o crédito tributário. A solução, natural e definitiva, do crédito tributário é o adimplemento, que leva à sua extinção. Todavia, o Código Tributário Nacional prevê hipóteses em que a cobrança restará suspensa, que estão expostas no artigo 151, transcrito a seguir: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I. moratória; II. o depósito do seu montante integral; III. as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV. a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V. a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI. o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. A extinção é a solução da obrigação tributária e põe fim ao crédito tributário que constitui; opera-se, segundo o Código Tributário Nacional, por meio do pagamento (ou pelo pagamento antecipado com a devida homologação do lançamento, ou da compensação, da transação ou da remissão, da consignação, ou da dação em pagamento de bens imóveis), da prescrição e da decadência, da conversão do depósito em renda, em virtude de decisão administrativa irreformável ou, finalmente, de sentença judicial transitada em julgado. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-1 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-2 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-3 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-4 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-5 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-6 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-7 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-8 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-8 Finalmente, além de suspenso e extinto, o crédito tributário pode ser excluído, nas hipóteses de isenção e de anistia. Para saber mais, leia a Lei da Anistia – Lei nº 6.683/79. Atividade Para a verificação concreta da hipótese de incidência tributária, se faz necessária a prática de determinada conduta ou o implemento de certa obrigação, pelo sujeito passivo, tornando-o contribuinte. Sobre o crédito tributário, é certo afirmar: a) É o direito do sujeito ativo de receber, do contribuinte, uma prestação determinada pela lei e que se operacionaliza pelo lançamento. b) É o direito do sujeito ativo de receber, do contribuinte, uma prestação consistente em uma obrigação de abstinência legal. c) É o direito da Administração Pública de constranger patrimonialmente o contribuinte até a prestação pecuniária prevista em lei. d) É a obrigação imposta à Administração Pública de arrecadar os tributos no valor e nos limites determinados pela lei. e) É a determinação legal dos limites de execução impostos à Administração Pública pela norma criadora dos tributos em planos legais. Alternativa correta: letra (a) é a resposta correta, porque é a única que apresenta uma definição correta do crédito tributário. A letra (b) é errada porque o crédito tributário não poderá consistir em uma obrigação de abstinência legal. A letra (c) é errada porque o crédito tributário não se confunde com a possibilidade de sua execução forçada. A letra (d) é errada porque o crédito tributário não se caracteriza pela imposição da obrigatoriedade na arrecadação. A letra (e) é errada porque o crédito tributário não se confunde com a determinação dos limites da execução forçada, que serão previstos na legislação processual. O que são tributos e como se classificam ? Tributos são os mecanismos de arrecadação operados com exclusividade pelo Estado que se destinam à obtenção de receita, com a finalidade de permitir o funcionamento da administração pública em todos os seus planos e esferas ou de interferir na economia, permitindo a prática de políticas públicas, e se divide em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Quem são os contribuintes ? Contribuinte será o sujeito passivo da relação tributária, aquele de quem a Administração Pública pode exigir, até mesmo coercitivamente, o adimplemento da obrigação tributária. Quais são as hipóteses de incidência e modalidades de lançamento dos créditos tributários ? Hipótese de incidência da obrigação tributária, ou fato gerador, é o momento da verificação dos requisitos de oponibilidade, ao contribuinte, do crédito tributário, que se torna oponível pela notificação do lançamento, que pode ser de ofício, misto ou por homologação. https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-9 https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u4/aula-3.htm#popup-10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm
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