Buscar

ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/270508665
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS -
Animais em Crescimento X Mantença X Gestante X Idoso
Technical Report · May 2009
DOI: 10.13140/2.1.2767.6487
CITATIONS
0
READS
10,451
1 author:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Bem Estar Animal View project
Técnicas para Avaliação de Alimentos View project
Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
99 PUBLICATIONS   181 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Flávia Maria de Oliveira Borges Saad on 06 January 2015.
The user has requested enhancement of the downloaded file.
https://www.researchgate.net/publication/270508665_ASPECTOS_NUTRICIONAIS_DE_CAES_E_GATOS_EM_VARIAS_FASES_FISIOLOGICAS_-_Animais_em_Crescimento_X_Mantenca_X_Gestante_X_Idoso?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/publication/270508665_ASPECTOS_NUTRICIONAIS_DE_CAES_E_GATOS_EM_VARIAS_FASES_FISIOLOGICAS_-_Animais_em_Crescimento_X_Mantenca_X_Gestante_X_Idoso?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Bem-Estar-Animal?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Tecnicas-para-Avaliacao-de-Alimentos?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_de_Lavras_UFLA?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP 
01 a 03 maio 2009 
 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 Animais em Crescimento X Mantença X Gestante X Idoso 
 
Flávia Maria de Oliveira Borges 
Médica Veterinária, MSc., Doutora em Nutrição Animal 
Pós-Doutorado em Nutrição de Animais de Estimação 
Professora Adjunta da UFLA – Departamento de Zootecnia 
e-mail: borgesvet@ufla.br 
 
1. INTRODUÇÃO 
Atentar para as diferenciações nutricionais que ocorrem nas diversas fases da vida de um cão ou 
gato é uma importante ferramenta para garantir, entre outros pontos, a longevidade do animal em 
questão. 
De modo grosseiro, as variações nutricionais são muito mais gritantes entre etapas fisiológicas 
distintas que entre necessidades nutricionais entre espécies diferentes, em uma mesma etapa 
fisiológica. 
O crescimento é um dos Períodos mais críticos em termos nutricionais, sendo necessário cobrir todos 
os requisitos dos animais para um bom desempenho e, ao mesmo tempo, evitar um superconsumo. 
Um subconsumo leva a quadros genéricos de perda de peso, problemas dermatológicos, etc., 
enquanto que uma dieta desbalanceada pode levar a problemas específicos. Uma alimentação 
caseira cuja base seja a carne bovina poderá conduzir a uma deficiência de cálcio com um quadro 
de osteodistrofia, maus aprumos, menor crescimento e agravamento de displasia (em raças 
predispostas. Por outro lado, o superconsumo pode levar também a problemas graves, 
principalmente nas raças grandes ou gigantes. 
Já na fase adulta é importante observar os requisitos nutricionais adequando-se os mesmos de 
acordo com mudanças no grau de atividade, raça, de temperatura ambiente, entre outros fatores. Ao 
contrario dos países europeus onde grande parte das raças criada é de caça (atividade média a 
pesada) , no Brasil os cães normalmente são criados como animais de companhia (pouca atividade) 
ou guarda territorial (atividade leve a média). A nutrição adequada nesta fase, a mais longa de todas 
as etapas fisiológicas, será determinante em garantir saúde e longevidade ao animal. 
Na fase adulta o maior erro nutricional encontrado é o superconsumo de alimentos. Pesquisas sobre 
a população de cães e gatos levados às universidades ou clínicas veterinárias mostram que de 25 a 
33% dos cães e 25% dos gatos são obesos e 40% dos cães adultos apresentam sobrepeso, 
condição definida pelo excesso de peso entre 10 a 20 % do peso ideal. Esta porcentagem pode 
chegar até 75% em cães idosos. 
A obesidade é o problema nutricional mais importante na clínica de pequenos animais e apresenta 
uma firme tendência a um aumento progressivo relacionado ao aumento da população de animais de 
estimação em todo o mundo. Os animais de estimação dos grandes centros urbanos estão cada vez 
mais concentrados em pequenos espaços (apartamentos) e com vida sedentária, e a conjunção de 
três fatores; castração, disponibilidade alta de alimentos e manejo inadequado do proprietário, 
aumenta, em muito, o aparecimento da enfermidade. 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
2 
Nas fases de gestação e lactação as mudanças fisiológicas são imensas e rápidas, exigindo um 
manejo nutricional criterioso. Considerando a elevada produção de leite de uma cadela, em função do 
tamanho da ninhada, além do alto valor energético do leite, as necessidades energéticas durante o 
período de lactação são bastante altas. Quando a cadela alcança o máximo de produção leiteira 
(entre a terceira e quarta semana de lactação), as necessidades energéticas totais são da ordem de 
três a quatro vezes a necessidade de manutenção, dependendo do tamanho da ninhada. Já as gatas 
acumulam reservas corporais durante a gestação; sendo mobilizadas durante a posterior lactação, 
entretanto é necessário um manejo nutricional adequado para manutenção do crescimento adequado 
dos lactentes e para evitar demasia perda corporal da lactante. 
Na senilidade a alimentação deve tentar contornar ou dar suporte a sinais, tanto físicos como 
metabólico inerentes à idade, diminuir ou eliminar os sinais clínicos de enfermidades e manter um 
peso corporal adequado. 
Animais velhos apresentam tendências à obesidade, perdas gustativas e problemas dentários, 
insuficiência renal crônica, problemas hepáticos e cardíacos. Tomando-se como referência à vida 
média de um cão como 12 anos e a de um gato como 14 anos, a maioria dos cães e gatos é 
considerada geriátrica aos sete anos de idade, entretanto cães de raças gigantes podem ser 
considerados geriátricos aos cinco anos de idade, por apresentarem uma vida média mais curta (em 
torno de 9 a 10 anos). Entretanto,a idade pela qual o paciente e considerado geriátrico sofre 
influências de fatores ambientais, sanitários e nutricionais. 
O presente trabalho elucida alguns aspectos nutricionais relacionados às diferentes fases fisiológicas 
de cães e gatos. 
 
2 - ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM CRESCIMENTO 
 
2.1. Cães em crescimento 
 
Segundo o NRC (2006) filhotes neonatos precisam de cerca de 25 Kcal/100g de PV. Cães em 
crescimento necessitam cerca de duas vezes mais energia por unidade de peso corpóreo do que 
cães adultos da mesma raça. No entanto, uma diminuição para cerca de 1,6 vezes a energia de 
mantença é recomendada quando o animal atinge 50% do peso adulto e para 1,2% quando atinge 
80%. 
Esta redução é compensada pelo declínio na energia necessária na idade adulta. Especialmente em 
cães de raças grandes e gigantes, o crescimento ótimo (e não o máximo) é um importante fator para 
garantir o bom desenvolvimento ósseo. Recomendações para o desenvolvimento de raças grandes e 
gigantes estão na tabela 1. Os filhotes de raças grandes e gigantes devem ser alimentados conforme 
essas recomendações. 
Modelos fatoriais são usados para calcular as exigências energéticas a partir de dados do 
crescimento de filhotes e da composição corporal nos diversos estágios de crescimento e diferentes 
pesos corpóreos quando adulto O NRC 2006 introduz as estimativas do peso em adultos e logaritmo 
neperiano (mais de acordo com os modelos não lineares de crescimento animal – Brody, Richard, 
Logístico etc.) 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
3 
Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Crescimento de Filhotes de cães após o 
Desmame: 
 
EM (kcal) = manutenção x 3,2 [e
(-0,87p) 
– 0,1] 
EM (kcal) = 130 x PV0,75 x 3,2 [e
(-0,87p)
 – 0,1} 
 
Onde p = PVt/PVa 
 
PVt= Peso vivo no momento da avaliação 
PVa= Peso vivo esperado quando adulto 
e= base do logaritmo natural = 2,718 
 
 
O jovem da maioria das espécies cresce rapidamente e, concomitantemente, tem um crescimento 
igualmente rápido de seu esqueleto. As doenças esqueléticas são assim mais freqüentes e 
manifestas no jovem e a maioria delas são osteodistrofias [dys=mal+trophe=nutrição], já que o rápido 
aumento da massa óssea requer a ingestão de quantidades adequadas de proteína, energia, cálcio e 
fósforo, além de vitaminas, como A e D, e elementos traço, como o cobre, para o crescimento e 
mineralização do osso (Baker & Brothwell, 1980). 
 
 
 
Tabela 1 - Recomendações para o crescimento de raças de cães grandes e gigantes 
Extraida de NRC,(2006 
 
O aumento de peso diário está em função do tamanho e da precocidade da raça, enquanto que o 
aumento médio mensal expresso em porcentagem do peso atual parece ser semelhante para quase 
todas as raças. 
Idade (meses) PV (Kg) PV (Kg) PV (Kg)
1 1,8 2,5 3,6
2 4,4 7 8,4
3 7,4 12,3 15,6
4 10,4 16,8 22,8
6 14 22,8 36
12 19 30,8 48
% PV Adulto % PV Adulto % PV Adulto
9
22
37
52
70
95
7
20
35
48
65
88
6
14
26
38
60
80
(Peso Adulto 60 Kg)(Peso Adulto 35 Kg)(Peso Adulto 20 Kg)
TABELA 5 Recomendações para o Crescimento de Raças de Cães Grandes e Gigantes
Raças Médias Raças Grandes Raças Gigantes
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
4 
Idade(meses)
P
e
s
o
 /
 k
g
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
São Bernado
Dog Alemão
Rottweiler
Pastor alemão
Cocker
Yorkshire
 
FIGURA 1 - Curva de crescimento de algumas raças de cães. 
 
Idade(meses)
G
ra
m
a
s
 /
 d
ia
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
São Bernardo
Dog Alemão
Rottweiler
Pastor alemão
Cocker
Yorkshire
 
FIGURA 2 - Ganho médio diário de algumas raças de cães. 
Ao nascimento, o esqueleto apendicular do cão, i.e., o arcabouço esquelético da diáfise está quase 
totalmente modelado por tecido ósseo. Nas extremidades dos ossos longos, nas epífises, a 
cartilagem ainda recobre a face articular e a metáfise. 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
5 
É importante ainda considerar que o crescimento - tanto em comprimento como em peso ser 
completamente diferente em cães - adultos que variam de 13cm de altura com 1Kg nas raças 
miniatura até cerca de 79 cm de altura e mais de 90 kg nas raças gigantes.(Stockard 1941; Kirk 1966, 
citados por Richard, 1996). 
O crescimento em comprimento (ou altura do cão) tem de ser bem diferenciado do crescimento em 
peso corporal . Em muitos casos ambos se misturam sem que se perceba, o que leva a uma certa 
confusão. A supernutrição (excesso de assimilação de energia) em cães em crescimento pode 
ocasionar um excesso de peso relativo. Isto irá demonstrar um aumento na taxa de crescimento 
quando o peso corporal for o parâmetro utilizado para avaliar o crescimento. Entretanto, se o 
crescimento longitudinal for considerado, não será notado aumento na velocidade de crescimento 
após a supernutrição. Por outro lado, a restrição de ingestão de alimento em 75% do nível fornecido 
ad libitum irá reduzir o crescimento em relação ao peso corporal, mas não afetará a velocidade de 
crescimento longitudinal ( altura). Além disto, os cães alimentados deste modo possuirão a mesma 
altura dos cães alimentados ad libitum. Para assegurar a saúde destes cães de raça gigante é uma 
boa medida manter certa restrição ( comparando-se com valores ad libitum) de modo a prevenir 
problemas de desenvolvimento ósseo. 
Muito embora as mais importantes doenças do sistema osteoarticular clinicamente abordadas pelos 
médicos veterinários atualmente sejam de origem hereditária, o perfil de como estas doenças 
evoluem podem ser modificadas de modo dramático. Uma maneira de influenciar a manifestação 
fenotípica é através da nutrição. A supernutrição resultando em excesso de peso resulta em 
sobrecarga da imatura e não completamente formada cartilagem da articulação coxofemoral e deste 
modo influencia o encaixe e a congruência desta articulação. A supernutrição e o excesso de peso 
deveriam, deste modo, ser evitados em cães de raças grandes ou gigantes em crescimento. 
Uma vez que as necessidades de energia estão relacionados com o peso metabólico e as 
necessidades de Ca estão relacionados com o peso real em quilogramas, ainda existe um aumento 
da relação destas necessidades durante o crescimento, Por esta razão é importante que os 
veterinários considerem não apenas a quantidade de Ca que está presente na dieta mas também 
correlacioná-la com a densidade energética. Isto ocorre se o rótulo de uma ração para cães em 
crescimento mostrar um nível de Ca menor daquele encontrado no alimento de cães adultos. Filhotes 
não conseguem recusar o Ca que é desnecessário e o Ca é um importante fator de risco na dieta 
relacionado a doenças do sistema osteo articular durante o desenvolvimento de cães das raças 
grandes ou gigantes. Os níveis de Ca devem ser e monitorados para não exceder a quantidade 
recomendada por unidade de energia. 
 
O NRC (2006)0 cita que a exigência de proteína bruta para crescimento de cães e gatos filhotes tem 
sido determinada primariamente usando ganho de peso e o balanço de nitrogênio como variável 
dependente. Fontes de proteínas mistas são utilizadas em dietas na prática e proteínas purificadas ou 
livres de aminoácidos são utilizadas em dietas purificadas. Muitos experimentos foram realizados 
antes que as exigências de aminoácidos essenciais estivessem determinadas para ambas as 
espécies. Não parece haver nenhum efeito mais grave de dietas um pouco abaixo das exigências de 
nitrogênio (exceto uma pequena diminuição da taxa de crescimento), mas que contenham todos os 
aminoácidos essenciais para desempenhar todas as funções como crescimento do tecido muscular e 
outras proteínas estruturais do organismo (por exemplo, arginina suficiente para o ótimo 
funcionamento do ciclo da uréia, histidinasuficiente para prevenir catarata). Sob estas condições, se 
a restrição energética ocorre junto à restrição protéica pode haver um aumento na longevidade em 
algumas raças de cães por auxiliar na prevenção de doenças crônicas (por exemplo, artrites e 
resistência à insulina) (Keally et al.,2002). 
 
TABELA 1 - Perfil de nutrientes em alimentos caninos
1
 - recomendações da AFFCO. 
Nutriente Unidade 
(MS) 
Crescimento e reprodução 
(min.) 
Máximo 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
6 
Proteína % 22,0 
Arginina % 0,62 
Histidina % 0,22 
Isoleucina % 0,45 
Leucina % 0,72 
Lisina % 0,77 
Metionina – cistina % 0,53 
Fenilalanina – tirosina % 0,89 
Treonina % 0,58 
Triptofano % 0,20 
Valina % 0,48 
 
Gordura % 8,0 
Acido Linoléico % 1,0 
 
Minerais % 
Cálcio % 1,0 2,5 
Fósforo % 0,8 1,6 
Relação Ca:P 1:1 2:1 
Potássio % 0,6 
Sódio % 0,3 
Cloro % 0,45 
Magnésio % 0,04 0,3 
Ferro Ppm 80 3000 
Cobre Ppm 7,3 250 
Manganês Ppm 5,0 
Zinco Ppm 120 1000 
Iodo Ppm 1,5 50 
Selênio Ppm 0,11 2 
Vitaminas 
A IU/kg 5000 50.000 
D IU/kg 500 5.000 
E IU/kg 50 1000 
Tiamina Ppm 1,0 
Riboflavina Ppm 2,0 
Ácido Pantotênico Ppm 10 
Niacina Ppm 11,4 
Piridoxina Ppm 1,0 
Ácido fólico Ppm 0,18 
Cianocobalamina Ppm 0,022 
Colina Ppm 1200 
 - Supondo a EM em 3500 kcal/kg. (AAFCO, 2007). 
 
2.2. Gatos em crescimento 
 
Segundo o NRC (2006) as publicações disponíveis para ingestão energética de gatos em 
crescimento foram revisadas Além disso, um cálculo fatorial das exigências para crescimento foi 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
7 
realizado utilizando os dados de Stratmann (1988). Para gatos recém nascidos, é estimada uma 
exigência de energia entre 20 e 25 Kcal por 100g de peso corpóreo. Para o cálculo de exigências 
após o desmame, os dados foram juntados e uma equação foi derivada para estimar a exigência de 
energia para o crescimento do peso corpóreo atual e expectativa de peso maduro. Os dados usados 
para os cálculos incluem um número de erros. Por exemplo, publicações mais antigas utilizaram o 
fator de Atwater e conseqüentemente superestimaram a ingestão de energia metabolizável. Quando 
a ingestão de leite pelos filhotes foi determinada pela pesagem antes e após a mamada ou quando as 
dietas fornecidas foram pouco palatáveis, houve uma subestimação. Um desvio sistemático na 
maioria dos dados para super ou subestimação é incomum. Por outro lado, a equação foi checada 
contra dados de crescimento e ingestão de energia (semana 10 a 19; Edtstadtler-Pietsch, 2003) e a 
concordância foi satisfatória. 
Os filhotes pesam 100-120 g ao nascimento e se desmamam com quase 2 meses de idade 
pesando cerca de 500 g. Após o desmame os filhotes seguem crescendo até alcançar o peso adulto 
aos 8-12 meses. 
Os filhotes têm necessidades específicas de crescimento até que alcançam o peso adulto e 
essas necessidades se estimam mediante o método fatorial (4,8 kcal EM e 0.40 g PB por g de 
ganho). O nível de energia requerido pelos gatinhos é de 3,0-4,0 vezes as necessidades de adulto 
(70 kcal/kg de peso) após o desmame, 1,75-2,0 aos 5 meses, e 1,25-1,5 aos 7-8 meses (em que 
atingem o 80% do peso adulto). A relação ótima proteína/energia durante o crescimento dos filhotes é 
de cerca 75 g PB por 1000 kcal EM. 
 
Segundo o NRC 2006 as necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Crescimento de 
Filhotes de gatos após o Desmame 
 
EM (Kcal) = quantidade para mantença x 6.7 x [e
 (-0,189 p)
 – 0.66] 
EM (Kcal) = 100 x PCa
0,67 
x 6.7x [e
 (-0,189 p) 
- 0,66] 
 
 Onde: 
 
p = PCa / PCm 
PCa = peso corporal atual na data da avaliação (Kg) 
PCm = peso corporal esperado na maturidade (Kg) 
e = log ≈ 2.718 
 
Exemplo: Filhote de gato com 1Kg de PCa e 4Kg de PCm 
EM (Kcal) = 100 x 1
0,67
 x 6.732 x [e
(-0,189 x ¼) 
– 0,66] = 198Kcal 
 
TABELA 2 - Perfil de nutrientes em alimentos para gatos - recomendações da AFFCO. 
Nutriente Unidade (MS) Crescimento e reprodução (min.) Máximo 
Proteína % 30,0 
Arginina % 1,25 
Histidina % 0,31 
Isoleucina % 0,52 
Leucina % 1,25 
Lisina % 1,20 
Metionina – cistina % 1,10 
Fenilalanina – tirosina % 0,88 
Treonina % 0,42 
Triptofano % 0,10 
Valina % 0,20 
 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
8 
Gordura % 9,0 
Acido Linoléico % 0,5 
Ácido Araquidônico % 0,02 
 
Minerais % 
Cálcio % 1,0 
Fósforo % 0,8 
Potássio % 0,6 
Sódio % 0,2 
Cloro % 0,3 
Magnésio % 0,08 
Ferro ppm 80 
Cobre ppm 5 
Manganês ppm 5,0 
Zinco ppm 75 
Iodo ppm 0,35 
Selênio ppm 0,1 
Vitaminas 
A IU/kg 9000 75.000 
D IU/kg 750 10.000 
E IU/kg 30 
Tiamina ppm 5,0 
Riboflavina ppm 4,0 
Ácido Pantotênico ppm 5 
Niacina ppm 60 
Piridoxina ppm 4,0 
Ácido fólico ppm 0,8 
Cianocobalamina ppm 0,022 
Colina ppm 2400 
1 - Supondo a EM em 4200 kcal/kg. 
 
3.1. CÃES ADULTOS EM MANUTENÇÃO 
 
A necessidade energética de mantença (NEM) é a energia necessária para suportar o equilíbrio 
energético (onde a energia metabolizável é igual à produção de calor), acima de um longo período de 
tempo (Blaxter, 1989, citado pelo NRC 2006). Dessa forma, a NEM pode variar com qualquer fator 
que afete a produção de calor. Isso inclui a energia exigida para termorregulação, atividade 
espontânea e exercício moderado. O termo NEM é, dessa forma, qualificado na discussão seguinte 
pelas discussões a que se refere. 
As considerações alométricas de peso metabólico são de primordial importância em cães, espécie 
em que animais maduros podem atingir de 1 a 90 kg ou mais. Do ponto de vista fisiológico, as 
necessidades energéticas de animais com amplas diferenças de pesos não estão relacionados 
diretamente ao peso corpóreo, mas estão mais intimamente relacionada ao peso corpóreo elevado a 
alguma potência, W
b
, onde W é igual ao peso em quilogramas e b é um expoente calculado a partir 
dados experimentais. Brody et al. (1934) encontraram que a produção de calor basal para a 
manutenção, em animais de sangue quente, varia de acordo com o tamanho como de ratos para 
elefantes, e poderia ser descrito pela expressão Y= 70,5 x W 
0,73
, onde Y é igual a calorias para as 24 
horas e W igual ao peso vivo em quilogramas. Antes de as calculadoras e os computadores estarem 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
9 
disponíveis, Kleiber (1961) sugeriu a equação Y= 70,0 x W 
0,75
, que não diferiria da de Brody, e seria 
muito mais simples de usar. 
Heusner (1982), citado pelo NRC (2006) demonstrou que o expoente de massa interespecífico na 
equação de Kleiber é um artefato estatístico. Ele sugeriu que o expoente teórico deveria ser 0,67 
para predizer a relação intraespécie de energia para massa. Este expoente teórico descreve a 
relação entre massa e superfície corpórea em corpos que são geometricamente similares. No 
entanto, os cães têm diversas raças de diferentes tamanhos que não são geometricamente 
semelhantes. Assim, com o aumento do tamanho, os cães tornam-se relativamente mais altos na 
parte anterior nos ombros e mais estreitos no quadril. Os órgãos e várias vísceras incluindo o fígado e 
o TGI tornam-se menores com aumento do peso maturo, um fato que ocorre também entre espécies 
mesmo que não nas mesmas taxas. O volume sanguíneo e a massa do coração, mesmo a razão 
cardíaca, mudam com o tamanho do cão em taxas similares aquelas vistas na variedade das 
espécies. 
De acordo com o NRC (2006) todos esses achados sugerem que o expoente de massa interespecies 
da equação de Kleiber (0,75) pode ser mais adequado para descrever a relação massa e energia em 
cães do que o expoente de massa intraespécie proposto por Heusner (1982). 
Outros fatores que influenciam as exigências energéticas, tais como idade, pode não ser igualmente 
distribuídas entre os grupos de peso e então podem criar artefatos estatísticos para o expoentede 
massa ótimo. Rainbird e Kienzle (1990) ccitados pelo NRC (2006) consideraram somente cães de 
meia idade de raças sem conhecer a peculiaridades em exigências energéticas sob de manejo 
similares para calcular o expoente de massa e coloca-lo em uso com um valor que tem mais relação 
com expoente interespécies da equação de Brody. Dessa forma, a variação no expoente de massa 
não aumenta a acurácia da predição das exigências de energia para os cães. O objetivo deve ser 
identificar ou mais claramente descrever fatores que afetam as exigências individuais, tais como raça, 
idade, manejo e suas interações. 
Um ponto muito importante que pode não ser influenciado pelo peso vivo, no entanto, e é afetado 
pela alimentação, raça, idade e atividade, é a porcentagem de massa magra. O tecido adiposo é 
metabolicamente menos ativo que a massa magra. Dessa forma, os cães com menor porcentagem 
de massa magra (por exemplo, sobrepeso em cães) têm requerimentos energéticos abaixo da média 
em relação ao seu peso vivo (PV). Beagles com peso normal (25% de gordura em relação ao PV) 
tem um gasto energético mensurado pelo método da água duplamente marcada foi de 130 +/- 6 
kcal/kg PV 
0,75
. Os mesmos cães foram superalimentados por um período de tempo até que eles 
atingissem 38%, diminuindo seu gasto energético para 107± 7 kcal/ kg PV 
0,75
. A exigência 
energética por unidade de peso de massa magra (157 kcal/ kg PV 
0,75
) não diferiu significativamente 
de acordo com a condição corporal. 
Muitos autores têm mensurado a TMB em cães utilizando calorímetros indiretos em cães (ver tabela 
3). Os dados individuais de cães (Tabela 3) obtidos por vários autores dão uma TMB de 76±23 
kcal/kg PV
0,75
. As aproximações interespécies de Kleiber estimam um mínimo de 70 kcal/kg PV
0,75
 
para o metabolismo basal mas os valores individuais variaram de 48 a 114 kcal/kg PV
0,75
. 
Segundo o NRC (2006) de um número relativamente pequeno de observações baseados 
parcialmente nos cálculos de Arnold e Elvehjem (1939) da equação de predição de Brody et al. 
(1934), o National Research Council (1974) sugeriu a equação de 132 x PV 
0,75
 para calcular as 
necessidades energéticas de cães em manutenção. No entanto, ela tem sido bastante questionada. 
Isto porque valores mais baixos foram relatados em estudos por calorimetria direta e indireta . No 
entanto, o no NRC (2006) é relatado que de um grande número de dados relativamente novos 
(Rainbird e Kienzle, 1990; Kienzle e Rainbird, 1991; Finke, 1991,1994; Ballevre et al., 1994; Tabela 4) 
demonstram que a equação 132 x PV 
0,75
 é válida para animais mais jovens alojados em canis. O 
ponto, no entanto, é que há uma considerável variação individual, mesmo para animais mantidos sob 
as mesmas condições. Noventa e cinco por cento de indivíduos dentro da população estão dentro da 
variação média da curva de distribuição normal. 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
10 
 
TABELA 3 - Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cães Adultos em Mantença 
 
 Tipo Kcal X Kg PC
0,75 
 
Média para cães em canis experimentais ou em atividade 
a
 130 
 
Necessidades médias superiores 
 
Cães de laboratório adultos jovens ou adultos jovens ativos 140 
Great Danes adultos de laboratório ou Great Danes ativos 200 
Terriers adultos de laboratório ou terriers adultos ativos 180 
 
Necessidades médias mínimas 
Cães inativos 
b 
 95 
Cães de laboratório idosos ou cães idosos ativos ou Newfoundlands de laboratório 105 
a 
Cães mantidos em um ambiente doméstico com forte estimulo e ampla oportunidade de exercício, 
tais como cães em casas de campo múltiplas ou em casas com grandes jardins. 
b 
Cães mantidos em um ambiente doméstico com poucos estímulos e oportunidade para exercício. 
Necessidades para cães idosos ou com sobrepeso podem estar sendo superestimadas.
 
 
TABELA 4 - Exigências energéticas de manutenção de cães com relação à raça, idade, manejo 
e atividade. 
 
 
 
n Referência
Patil e Bisby, 2001
28 Wichert et al., 1999
9 Burguer, 1994
6 Finke, 1991
14 Rainbird e Kienzle, 1990
48 Connor et al., 2000
26 Rainbird e Kienzle, 1990
11 Taylor et al., 1995
5 Finke, 1994
8 Finke, 1994
6 Finke, 1991
86 Rainbird e Kienzle, 1990
28 Burguer, 1994
12 Taylor et al., 1995
5 Finke, 1991
Patil e Bisby, 2001
Patil e Bisby, 2001
Patil e Bisby, 2001
69 Rainbird e Kienzle, 1990
6 Finke, 1994
10 Burguer, 1994
Patil e Bisby, 2001
7 Zentek e Meyer, 1992
7 Zentek e Meyer, 1992
a
95% da população estão dentro desta faixa
Média ± 2 Dp
a
EM (Kcal EM/Kg PV
0,75
)
Labradores Idosos, Cães Experimentais (9)
Labradores Idosos, Cães Experimentais (>7)
Cães de Companhia
Raça, Idade (anos), Manejo, Atividade
Cachorros de Companhia, Raças Grandes
Cachorros de Companhia
Border Collies de Companhia , inativos
Terra Nova de meia Idade, Cães experimentais (3 - 7)
Cães experimentais Idosos de várias Raças (>8)
Beagles Idosos, Cães experimentais (>10)
Beagles de meia Idade, Cães Experimentais (3 - 10)
Beagles de meia Idade, Cães Experimentais (4)
Cães de meia Idade, Cães Experimentais (3 - 7)
Border Collies de Companhia , moderadamente ativos
Cães Jovens de várias Raças, Cães Experimentais (<6)
Huskies Jovens à Meia Idade, Cães Experimentais (1 - 7)
Beagles Experimentais
Cães de Companhia de Médio Porte em diferentes locais
Labradores Experimentais
Cães Jovens Experimentais (1 - 2)
Beagles Experimentais (1 - 2)
Border Collies de Companhia altamente ativos
Terriers Experimentais
Dog Alemães, Canil, Verão
Dog Alemães, Canil, Inverno
TABELA 3 - 4 Exigências Energéticas de Manutenção para Cães em relação à Raça, Idade, Manejo e Atividade
94 ± 50
95 ± 40
97 ± 82
103 ± 22
104 ± 32
105 (60-200)
106 ± 26
107 ± 14
110 ± 26
114 ± 16
117 ± 18
124 ± 42
124 ± 88
129 ± 10
132 ± 20
132 ± 40
133 ± 52
138 ± 32
139 ± 42
 ~250
144 ± 28
175 ± 170
183 ± 48
 ~200
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
11 
TABELA 5 - Perfil de nutrientes em alimentos caninos
1
 - recomendações da AFFCO. 
 
Nutriente Unidade 
(MS) 
Manutenção (min.) Máximo 
Proteína % 18,0 
Arginina % 0,51 
Histidina % 0,18 
Isoleucina % 0,37 
Leucina % 0,59 
Lisina % 0,63 
Metionina - cistina % 0,43 
Fenilalanina - tirosina % 0,73 
Treonina % 0,48 
Triptofano % 0,16 
Valina % 0,39 
 
Gordura % 5,0 
Acido Linoléico % 1,0 
 
Minerais % 
Cálcio % 0,6 2,5 
Fósforo % 0,5 1,6 
Relação Ca:P 1:1 2:1 
Potássio % 0,6 
Sódio % 0,06 
Cloro % 0,09 
Magnésio % 0,04 0,3 
Ferro ppm 80 3000 
Cobre ppm 7,3 250 
Manganês ppm 5,0 
Zinco ppm 120 1000 
Iodo ppm 1,5 50 
Selênio ppm 0,11 2 
Vitaminas 
A IU/kg 5000 50.000 
D IU/kg 500 5.000 
E IU/kg 50 1000 
Tiamina ppm 1,0 
Riboflavina ppm 2,0 
Ácido Pantotênico ppm 10 
Niacina ppm 11,4 
Piridoxina ppm 1,0 
Ácido fólico ppm 0,18 
Cianocobalamina ppm 0,02 
Colina ppm 1200 
- Supondo a EM em 3500 kcal/kg 
 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
12 
 
3.2. GATOS ADULTOS EM MANUTENÇÃO 
O peso de um gato doméstico adulto (Felis catus) varia de menos de 2 a mais que 7 Kg. Os 
expoentes de massa sugeridos para o cálculo do peso metabólico dos gatos domésticos variam de 
0,4 a 1 sendo este último mais utilizado por razões práticas, já que os pesos dos gatos não diferem 
muito entre si. Desta forma, uma relação linear entre peso vivo e as exigências energéticas podem 
levar a uma insignificante superestimação das exigências nos gatos mais pesados. No entanto,Earle 
e Smith (1991) citados pelo NRC (2006) mostraram uma superestimação maior das exigências 
energéticas calculadas com base no peso vivo expoente 1 nos gatos mais pesados e sugeriram um 
expoente de massa de 0,404 baseados em 62 observações da ingestão de energia digestiva. Esta 
diferença não é um modelo espécie específica do gato, mas simplesmente devido aos gatos pesados 
serem mais gordos. 
A relação entre o gasto energético (monitoramento da perda gasosa) e peso corpóreo foi melhor 
descrito por um expoente de 0,65. O coeficiente alométrico para massa corpórea magra e gasto 
energético total foi 0,89. Estes resultados concordam com o expoente de massa proposto por Brody 
et al. (1934) para exigência energética interespécie e Heusner (1991) para intraespécie. Os 
resultados obtidos por Nguyen et al. (2001) e a relativa uniformidade da forma do corpo de diferentes 
tamanhos de gatos justificam a utilização de um coeficiente alométrico intraespécie de 0,67. (NRC, 
2006) 
Para felídeos maiores tais como leões e tigres, não é claro se o expoente de massa intra ou 
interespecífico (0,67 ou 0,75) deve ser utilizado. McNab (1989) relatou uma taxa metabólica de 59 
Kcal/Kg de PV
0,79
 diária para sete espécies de gatos não domésticos variando em tamanho de 4 a 
138 Kg, mas uma grande variabilidade foi observada entre as espécies. (NRC, 2006) 
Dados na literatura são em sua maioria baseados no peso vivo e não no peso metabólico. As 
quantidades sugeridas variam de 31 a 100 Kcal/Kg de PV (tabela 6). Pode haver várias explicações 
para esta grande variação. Um importante ponto é a avaliação energética usada nesses estudos. O 
uso dos fatores de Atwater para alimentos processados pode levar a uma superestimação na energia 
metabolizável. O aumento do conhecimento do bem estar animal tem melhorado as condições gerais 
de vida dos gatos de experimento e pode então ter reduzido o estresse. O entendimento das 
necessidades nutricionais dos gatos melhorou nos últimos 30 anos e dessa forma há poucas 
deficiências subclínicas em animais experimentais. No entanto a palatabilidade dos alimentos 
comerciais melhorou consideravelmente nas últimas décadas o que levou a um aumento de 
sobrepeso nesses animais. (NRC, 2006) 
No entanto, mesmo se somente os dados mais novos são comparados e ajustes são feitos para as 
possíveis diferenças entre os métodos empregados (tais como confinamento durante a mensuração 
das perdas gasosas), a variação na exigência energética estimada ainda é alta. As razões para isto 
são obscuras. Enquanto nos cães, fatores como nível de atividade, raça ou idade têm efeitos claros 
sobre as exigências esses efeitos são menos óbvios em gatos. No entanto, há uma tendência a 
exigências mais altas em machos adultos jovens em todos os gatos com pesos consideravelmente 
menores que 4 Kg assumindo-se que esses gatos tenham mais massa magra e que pelo menos 
alguns dos gatos mais pesados estão com sobrepeso. Isso sugere que a massa magra pode 
desempenhar um importante papel. Além disso, as exigências são expressas com base no peso vivo 
o que melhora o efeito do sobrepeso nas exigências energéticas. (NRC, 2006) 
O efeito da castração é controverso. Alguns autores observam diminuição das exigências, mas outros 
não (tabela 6). A castração pode diminuir a porcentagem de massa magra e este efeito indireto pode 
ser em parte responsável pelas mudanças no metabolismo de energia (Laeuger, 2001). Martin et al. 
(2001) demonstraram maior gasto energético em gatos castrados por Kg de peso vivo. No entanto o 
gasto por Kg de massa magra não diferiu em relação aos gatos inteiros. Dependendo da dieta, tempo 
após a castração, e atividade física o efeito sobre a massa magra e dessa forma indiretamente nas 
exigências energéticas podem ser mais ou menos marcantes. Por outro lado, Hoenig e Ferguson 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
13 
(2002) observaram mudanças nas concentrações hormonais e exigências energéticas em gatos que 
foram alimentados para manter seus pesos após a castração. (NRC, 2006) 
 
Necessidades Diárias de Energia Metabolizável (NRC,2006) para Gatos Adultos em Mantença
a: 
 
Gatos Domésticos, magros 
b
 100Kcal x Kg PC
0,67 
Gatos Domésticos, com sobrepeso 
c 
 130Kcal x Kg PC
0.4 
Gatos Exóticos 55-260Kcal x Kg PC
0,75
 
 
a
 Necessidades individuais de gatos podem ser menores ou subestimadas em mais de 50% 
b
 Escore de condição corporal (tabela 3-7) ≤ 5 em uma escala de 9 
c
 Escore de condição corporal (tabela 3-7) > 5 em uma escala de 9 
 
TABELA 6 - Perfil de nutrientes em alimentos para gatos - recomendações da AFFCO. 
Nutriente Unidade 
(MS) 
Manutenção (min.) Máximo 
Proteína % 28,0 
Arginina % 1,04 
Histidina % 0,31 
Isoleucina % 0,52 
Leucina % 1,25 
Lisina % 0,83 
Metionina – cistina % 1,10 
Fenilalanina – tirosina % 0,88 
Treonina % 0,42 
Triptofano % 0,10 
Valina % 0,20 
 
Gordura % 9,0 
Acido Linoléico % 0,5 
Ácido Araquidônico % 0,02 
 
Minerais % 
Cálcio % 0,6 
Fósforo % 0,5 
Potássio % 0,6 
Sódio % 0,2 
Cloro % 0,3 
Magnésio % 0,04 
Ferro ppm 80 
Cobre ppm 5 
Manganês ppm 5,0 
Zinco ppm 75 
Iodo ppm 0,35 
Selênio ppm 0,1 
Vitaminas 
A IU/kg 5000 75.000 
D IU/kg 500 10.000 
E IU/kg 30 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
14 
Tiamina ppm 5,0 
Riboflavina ppm 4,0 
Ácido Pantotênico ppm 5 
Niacina ppm 60 
Piridoxina ppm 4,0 
Ácido fólico ppm 0,8 
Cianocobalamina ppm 0,02 
Colina ppm 2400 
1 - Supondo a EM em 4200 kcal/kg. 
 
 
4. MANEJO ALIMENTAR NA GESTAÇÃO E LACTAÇÃO 
 
4.1. Fêmeas em gestação 
 
Cadelas: 
De acordo com o NRC (2006) é recomendado que a alimentação extra energia para a gestação 
inicie-se quatro semanas antes da cobertura. Meyer et al. (1985) citados pelo NRC (2006) estimaram 
cálculos fatoriais do peso da ninhada e composição corporal dos filhotes; peso da placenta e 
composição e pela estimativa do tecido extrauterino das cadelas- que as exigências para a gestação 
(quatro semanas antes da cobertura até o parto) seriam 26 kcal/kg PV. Usando a média das 
exigências energéticas de um cão de canil (130 kcal/kg PV
0,75
) como ponto de partida, as exigências 
energéticas de uma cadela gestante aumentam em 130% da manutenção em uma cadela de 5 kg e 
para 160% em uma cadela de 60 kg. Dessa forma, é recomendado que as exigências individuais de 
cadelas prenhes sejam calculadas partindo-se da necessidade individual de mantença por kg PV 
0,75
 
e adicionando-se 26 kcal/kg PV a mais do que calcula-la como porcentagem da necessidade de 
manutenção. 
 
 Necessidade Diária de Energia Metabolizável (NRC,2006) para Cadelas em Final de Gestação (4 
semanas antes da parição)
a 
 
EM (Kcal) = mantença + 26Kcal x Kg PC 
Necessidades médias para mantença 130Kcal x Kg PC
0,75 
EM (Kcal) = 130Kcal x Kg PC
0,75
 + 26Kcal x Kg PC 
 
 Exemplo: 
 Peso corporal da cadela: 22Kg 
 Necessidade para mantença: 22
0,75
 x 130Kcal = 10.16 x 130 = 1.320Kcal 
 Necessidades para gestação: 22 x 26Kcal = 572Kcal 
 Necessidades totais: 1.320Kcal + 572Kcal = 1.892Kcal 
 
 
 
 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
15 
 
Gatas: 
Segundo o NRC (2006) o modelo de mudança de peso durante gestação e lactação parece diferir 
consideravelmente entre cadelas e gatas. As gatas tendem a perder peso durante a lactação 
independentemente da sua dieta (Scott, 1968; Loveridge, 1986; Loveridge e Rivers, 1989; Zottmann, 
1997; Hendriks et al., 1997; Wanberg, 2000). Para um desempenho reprodutivo satisfatório, o ganho 
de peso corpóreo na prenhez deve incluir o ganho tecidual na preparação para lactação, incluindo 
fetal, placentárioe as renovações. Baseados nos resultados de Loveridge (1986), uma dieta para 
aumentar 40 a 50% do peso é recomendável. Recomendações para ingestão de energia durante a 
prenhez baseadas no fator de Atwater é de cerca de 140 Kcal/Kg de PV
0,67
. Já que o fator de Atwater 
superestima o conteúdo de energia metabolizável dos alimentos comerciais para gatos (NRC, 1986) é 
recomendável que as exigências para gatas prenhes baseadas nos experimentos mencionados 
acima incluam uma margem de segurança considerável. Gatas com exigências abaixo da média 
podem comer menos e não alcançar um ganho de peso satisfatório que a prepare para as perdas 
durante a lactação. 
 
4.2 Fêmeas em lactação 
Cadelas: 
As cadelas amamentam seus filhotes em geral por até seis semanas. O oferecimento de alimento a 
eles pode começar com 2½ semanas de idade nos mais precoces mas o ideal é iniciar a partir da 4ª 
semana de lactação. A produção de leite e o conteúdo de energia no leite são importantes fatores na 
estimativa das exigências energéticas para a produção de leite. (NRC, 2006) 
A partir da composição de nutrientes do leite da cadela, o conteúdo de energia bruta é estimado em 
cerca de 1,45kcal/g em base úmida. Esse conteúdo apresenta pequena variação exceto para o 
período colostral . A produção de leite é de cerca de 8% o peso. Esses estudos concordam que o 
pico de lactação na cadela acontece na quarta semana. A curva de lactação durante as quatro 
semanas é baseada em uma quantidade considerável de dados; no entanto após esse período as 
informações são escassas. Após a quarta semana de lactação o comportamento das cadelas pode 
diferir consideravelmente, algumas tolerando a sucção dos filhotes por um período considerável de 
tempo e outras não. Dessa forma, com quatro semanas a produção de leite apresentará uma 
variação considerável. Até o momento, uma razoável estimativa só é possível para as quatro 
primeiras semanas de lactação. Expressa como porcentagem média diária de leite produzido durante 
as quatro semanas de lactação, a produção é a seguinte: 75% na primeira semana 95% na segunda, 
110% na terceira e 120% na quarta. (NRC, 2006) 
A exigência energética para a produção de leite pode ser calculada fatorialmente. Como primeiro 
passo, a energia liberada com o leite pode ser calculada pela produção de leite e energia bruta dele: 
produção de leite (g/kg PV) x 1,45 kcal. O resultado representa a energia metabólica líquida 
necessária para a produção de leite. Assume-se que a utilização de EM para a produção de leite é 
calculada como se segue: EM= produção de leite (g/kg PV) x 1,45kcal/60x100= produção de leite 
(g/kg PV) x 2,42 kcal. 
A produção de leite diária pode ser estimada de acordo com o número de filhotes por ninhada. De 1-4 
filhotes, é 1% do peso vivo da cadela por filhote (ou seja, a exigência de EM para a produção de leite 
por filhote é 10x2,42 kcal/kgPV da cadela= 24 kcal/kg PV da cadela por filhote). De cinco a oito 
filhotes, a exigência de energia metabolizável é somente 0,5% do peso da cadela Para calcular as 
exigências de Energia Metabolizável para a produção de leite por filhote usa-se 5 x 2,42 Kcal/Kg PV 
= 12 Kcal/Kg PV da cadela por filhote. Para calcular as exigências para a produção de leite o número 
de filhotes entre 1 e 4 é multiplicado por 24 Kcal/Kg de PV da cadela e número de filhotes entre 5 e 8 
por 12 Kcal/Kg de PV e os resultados somados. (NRC, 2006) 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
16 
A exigência de manutenção deve ser considerada separadamente. Uma cadela cuidando de uma 
ninhada pode ser considerada ativa. Meyer et al (1985b) calculou uma regressão linear entre a 
produção de leite das cadelas como uma variável independente e a ingestão energética (corrigida 
para as variações de PV) como variável dependente extrapolada de produção zero Kg. A intercepta 
da equação de regressão pode ser considerado como as exigências de mantença, 145 Kcal/Kg de 
PV
0,75
 . (NRC, 2006) 
Para cadelas com grandes ninhadas a capacidade de consumo pode limitar a ingestão de energia. 
Isto é mais visível em cães de raças grandes e gigantes porque o tamanho relativo do trato 
gastrintestinal diminui com o aumento do tamanho do corpo. Raças pequenas e médias podem 
aumentar o consumo de matéria seca durante a lactação para cerca de 4,5% do seu peso corpóreo; 
alguns indivíduos podem alcançar até 9%. A exigência energética e a capacidade para o consumo de 
alimentos determinam a densidade energética mínima do alimento que deve ser utilizado. Em Dog 
Alemães – e possivelmente em outras raças gigantes – pode ser necessário dar um alimento 
adicional aos filhotes mesmo se dietas com alta energia são dadas à cadela. (NRC, 2006) 
 
 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
17 
Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cadelas em Lactação Baseado no Numero 
de Filhotes e em Semanas de Lactação 
 
Necessidades para lactação: 
EM (Kcal) = mantença + PC x (24n + 12m) x L 
Necessidade de energia extrapolada para mantença durante a lactação: 145Kcal x PC
0,75
 
EM (Kcal) = 145Kcal x PC
0,75
 + PC x (24n + 12m) x L 
 
 Onde: 
 PC: peso corporal da cadela (Kg) 
 n = numero de filhotes entre 1 e 4 
 m = numero de filhotes entre 5 e 8 (<5 filhotes m = 0) 
 L = fator de correção para o estágio de lactação: semana 1 = 0,75; semana 2 = 
0,95; semana 3 = 1,1; semana 4 = 1.2 (ver texto) 
 
 Exemplo: 
 Cadelas de 22Kg; 6 filhotes; terceira semana de lactação 
 Necessidade para mantença = 22
0,75
 x 145Kcal = 10.16 x 145Kcal = 1.473Kcal 
 Número de filhotes = 6; n = 4; m = 2 
 Estágio de lactação terceira semana: L = 1.1 
 Necessidade para lactação = 22 x (24 x 4 + 12 x 2) x 1.1Kcal = 2.904Kcal 
 Necessidades totais = 1.473Kcal + 2.904Kcal = 4.377Kcal 
 
 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
18 
Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cadelas em Lactação Baseado no Numero 
de Filhotes e em Semanas de Lactação 
 
Necessidades para lactação: 
EM (Kcal) = mantença + PC x (24n + 12m) x L 
Necessidade de energia extrapolada para mantença durante a lactação: 145Kcal x PC
0,75
 
EM (Kcal) = 145Kcal x PC
0,75
 + PC x (24n + 12m) x L 
 
 Onde: 
 PC: peso corporal da cadela (Kg) 
 n = numero de filhotes entre 1 e 4 
 m = numero de filhotes entre 5 e 8 (<5 filhotes m = 0) 
 L = fator de correção para o estágio de lactação: semana 1 = 0,75; semana 2 = 
0,95; semana 3 = 1,1; semana 4 = 1.2 (ver texto) 
 
 Exemplo: 
 Cadelas de 22Kg; 6 filhotes; terceira semana de lactação 
 Necessidade para mantença = 22
0,75
 x 145Kcal = 10.16 x 145Kcal = 1.473Kcal 
 Número de filhotes = 6; n = 4; m = 2 
 Estágio de lactação terceira semana: L = 1.1 
 Necessidade para lactação = 22 x (24 x 4 + 12 x 2) x 1.1Kcal = 2.904Kcal 
 Necessidades totais = 1.473Kcal + 2.904Kcal = 4.377Kcal 
 
Para cadelas com grandes ninhadas a capacidade de consumo pode limitar a ingestão de energia. 
Isto é mais visível em cães de raças grandes e gigantes porque o tamanho relativo do trato 
gastrintestinal diminui com o aumento do tamanho do corpo. Raças pequenas e médias podem 
aumentar o consumo de matéria seca durante a lactação para cerca de 4,5% do seu peso corpóreo; 
alguns indivíduos podem alcançar até 9%. A exigência energética e a capacidade para o consumo de 
alimentosdeterminam a densidade energética mínima do alimento que deve ser utilizado. Em Dog 
Alemães – e possivelmente em outras raças gigantes – pode ser necessário dar um alimento 
adicional aos filhotes mesmo se dietas com alta energia são dadas à cadela. (NRC, 2006) 
 
TABELA 7 - Comparação do leite materno de várias espécies. 
Componentes Cadela Vaca Gata 
 % MS %MN % MS %MN % MS %MN 
Matéria seca 100 21,0 100 12,6 100 20 
Gordura 42,86 9,0 30,16 3,8 24 4,8 
Lactose 14,29 3,0 38,09 4,8 24,5 4,9 
Proteína 38,09 8,0 26,19 3,3 47,5 9,5 
Minerais 4,46 1,0 5,14 0,7 4 0,8 
Kcal EB. / kg 6666 1400 5950 750 5500 1100 
 
5.4. GATAS EM LACTAÇÃO 
As gatas alcançam a puberdade aos 6 meses, e a primeira cobertura das fêmeas normalmente é por 
volta de um ano de idade. A duração da gestação é de 9 semanas e o número de filhotes paridos é 
de 3-5, com duração média da lactação de 7-8 semanas. 
As gatas amamentam os seus filhotes em geral por 7-9 semanas, dependendo do tamanho da 
ninhada. A adição de alimento aos gatos pode começar com 2½ e deve ser introduzido no máximo na 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
19 
quarta semana de lactação quando o leite não é suficiente para o desenvolvimento normal (Hendriks 
e Wamberg, 2000). 
O conteúdo de energia do leite das gatas aumenta gradualmente durante a lactação de cerca de 1 
para 1,3 kcal/g de leite (Keen et al, 1982; Zottmann, 1997). Conseqüentemente, as perdas de energia 
no leite aumentam mais rapidamente durante as 4 semanas e diminuem mais tarde. Para o cálculo 
fatorial da energia líquida para a produção de leite, as mudanças semanais do conteúdo energético e 
da produção, bem como os efeitos do tamanho da ninhada na produção foram levados em conta. As 
perdas foram calculadas separadamente para ninhadas pequenas (1-2 gatos), médias (3-4 gatos) e 
grandes (mais que 4 gatos) para cada semana de lactação. Então a média foi calculada e cada 
semana foi comparada com a média. Os fatores resultantes para cada estágio de lactação na 
equação para o cálculo das exigências dos gatos levaram em conta tanto a produção de leite quanto 
as mudanças no conteúdo energético. . (NRC, 2006) 
Para o cálculo fatorial das exigências energéticas para produção de leite a partir da energia liberada 
no leite (Kienzle, 1998), uma estimativa da utilização de energia metabolizável para produção é 
necessária. No entanto não há dados para gatos. Baseados na informação de outras espécies, a 
utilização pode estar entre 60 e 70%. O cão costuma ser o melhor modelo porque é o que tem dieta 
mais similar com a dos gatos. O trabalho de Scantlebury et al. (2000) demonstram uma menor 
variação da utilização de energia para produção de leite em cães. Dessa forma, a energia liberada no 
leite foi dividida por 60 e multiplicada por 100 para calcular as exigências energéticas para produção 
de leite em gatos. 
As exigências de manutenção são adicionadas as de produção de leite. Uma gata cuidando de uma 
ninhada pode ser considerada mais ativa e irá tornar-se mais magra com o progresso da lactação. 
Dessa forma, a equação para manutenção de gatas magras é 100Kcal/Kg de PV
0,67
. 
Para gatas com ninhadas com mais de 4 filhotes, 50 Kcal/Kg de PV foi subtraído dos cálculos 
fatoriais; para gatas com 3 a 4 somente 40 Kcal/Kg de PV foi subtraído e para gatas com menos que 
3, subtrações menores foram feitas porque estas gatas tendem a perder menos peso durante a 
lactação 
 
 
 
 
 
Necessidades Diárias de Energia Metabolizável (NRC2006) para Gatas Lactantes
 
 
 Filhotes Necessidade de Energia 
 
<3 EM kcal = mantença + 18 x PC x L 
 EM kcal = 100 x PC 
0,67
 + 18 x PC x L
 
 
 3-4 EM kcal = mantença + 60 x PC x L 
 EM kcal = 100 x PC 
0,67
 + 60 x PC x L 
 
 >4 EM kcal = mantença + 70 x PC x L 
 EM kcal = 100 x PC 
0,67
 + 70 x PC x L 
 
L = fator para o estágio de lactação da semana 1 até a semana 7: 0,9; 0,9; 1,2; 1,2; 1,1; 1,0; 0,8 
 
EX: Gata com 3,5kg de PC, 4 filhotes, pico da lactação (3º semana). 
EM kcal = 100 x 3,5
0,67
 + (60 x 3,5 x 1,2) = 231 + 252 = 483kcal 
 
 
 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
20 
5. MANEJO ALIMENTAR DE CÃES E GATOS GERIÁTRICOS 
 
O envelhecimento pode ser definido como um processo biológico complexo, que resulta na redução 
progressiva da capacidade de manutenção da homeostasia sob estresses fisiológicos internos e 
ambientais externos (Goldston, 1999). Os mecanismos causadores do envelhecimento ainda não 
estão totalmente elucidados, mas as pesquisas sugerem uma etiologia multifatorial, envolvendo 
fatores metabólicos, genéticos, ambientais e nutricionais que induzem a alterações degenerativas, 
perda de reservas, das capacidades de regeneração e de adaptabilidade. 
A geriatria na veterinária é o ramo da medicina que trata dos problemas peculiares à idade avançada. 
A idade é definida como um processo biológico complexo, que resulta na redução progressiva da 
capacidade de um indivíduo manter a homeostasia sob estresses fisiológicos internos e ambientais 
externos, diminuindo assim a viabilidade do indivíduo e aumentando a sua vulnerabilidade a doenças 
e levando finalmente à morte. O envelhecimento não é uma doença por si só, e existem muitos 
fatores que podem influenciar a velocidade desse processo, mais notavelmente (Goldston, 1999): 
 
5.1 ASPECTO GERAL NA NUTRIÇÃO DE CÃES E GATOS EM IDADE AVANÇADA 
 
O animal que envelhece necessita dos mesmos nutrientes que teve durante os estados anteriores. 
Entretanto, uma nova abordagem nutricional baseada em modificações quantitativas e qualitativas 
são necessárias devido às alterações físicas e metabólicas, celulares e orgânicas, particulares ao 
processo de envelhecimento. A quantidade de nutrientes requerida por unidade de peso corporal 
pode mudar, e a maneira de fornecer esses nutrientes ao animal pode precisar de modificações 
(Case et al., 1998). Assim, o manejo da alimentação depende da dieta normal do animal e do seu 
estado de saúde atual. Por isso é importante questionar o proprietário sobre a quantidade e a marca 
da ração oferecida, se é fornecido comida caseira ou algum tipo de suplementação. 
A história, exame físico e a avaliação laboratorial completa do animal devem permitir que o veterinário 
decida se a dieta atual é adequada e identifique a presença de qualquer doença crônica que possa 
exigir uma modificação dietética. Se o cão ou gato estiver saudável, o clínico deve então decidir se é 
necessária uma dieta especial para o animal idoso (Buffington, 1991). 
 
 
5.1.1. Energia 
 
Os cães e gatos tornam-se menos ativos à medida que envelhecem, havendo também uma redução 
da taxa metabólica e resultando em uma necessidade por menos calorias para manter o peso 
corporal e a condições ideais. Os cães mais velhos variam muito quanto às suas necessidades 
energéticas, dependendo do seu temperamento individual, da presença de doenças degenerativas e 
da quantidade de exercício diário que realizam. Portanto, os proprietários devem monitorar a 
condição corporal do seu cão ou gato e ajustar o consumo alimentar de modo a evitar uma obesidade 
conforme as exigências energéticas diminuírem (Goldston, 1999). 
As necessidades em energia metabolizável (EM) para os cães e gatos variam com idade, condição 
corporal, cobertura (pelagem), condições ambientais, aclimatização e temperamento (NUTRIENTS, 
1985 e 1986). As alterações queocorrem nos animais maduros produzem uma queda situada entre 
12 a 40% nas necessidades energéticas diárias totais. As recomendações obtidas na literatura 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
21 
normalmente concordam que a EM das dietas caninas para animais senescentes deve ser em torno 
de 20% inferior à energia das dietas de manutenção para cães adultos (Debraekeeler et al, 2000; 
Case et al, 1998; Harper, 1998
 b
 ; Hoskins et al, 1999). Para felinos, são citadas várias 
recomendações, tão contraditórias quanto as informações sobre metabolismo e necessidades 
energéticas: manutenção dos níveis energéticos praticados na fase adulta e utilização de matérias-
primas altamente digestíveis na confecção dos alimentos (Harper, 1998
b 
e 1998
c
); aumento na 
densidade energética (Paragon e Vaissaire, 2001
b
); ou ainda restrição energética inicial, em torno de 
20 a 30% dos requisitos de gatos adultos, e em uma fase mais avançada manutenção ou aumento da 
densidade energética (Kirk et al, 2000). Essa última recomendação parece ser mais coerente com a 
fisiologia do envelhecimento felino e também canino, podendo ser empregada para as duas espécies. 
Os benefícios da restrição calórica (tabela 35) são interessantes em qualquer idade, mas são 
expandidos quando um programa precoce é realizado, como parte de uma medicina preventiva. 
Existem consideráveis variações relacionadas às necessidades energéticas individuais, que impedem 
uma especificação única. A melhor recomendação é que o médico veterinário ou nutricionista 
estabeleça um programa individual, contemplando um programa alimentar a ser seguido por toda a 
vida, de modo a garantir uma condição corporal ótima e prevenir um envelhecimento prematuro e os 
efeitos negativos do estresse oxidativo. 
 
TABELA 8 – Efeitos da restrição calórica para cães e gatos 
Efeito principal Efeitos secundários 
Condição corporal: prevenção da obesidade Prevenção e/ou melhora clínica de doenças 
associadas: imunodeficiência, osteoartrite, diabetes, 
hiperlipidemia, cardiomiopatias, hipertensão, 
dermatoses, etc. 
Aumento da qualidade de vida e sobrevida 
Imunocompetência: melhor resposta imune 
celular e humoral 
Redução da susceptibilidade às doenças 
Aumento da qualidade de vida e sobrevida 
Pressão arterial: prevenção da hipertensão Prevenção de cardiomiopatias e insuficiência renal 
Aumento da qualidade de vida e sobrevida 
Osteoartrite: redução da progressão e 
melhora da sintomatologia clínica 
Prevenção da claudicação 
Melhor movimentação 
Aumento da qualidade de vida 
Estresse oxidativo: redução da formação de 
radicais livres 
Prevenção do envelhecimento precoce 
Aumento da qualidade de vida e sobrevida 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
22 
Metabolismo de carboidratos: maior 
sensibilidade à insulina 
e melhor utilização da glicose pelas células 
Prevenção hiperinsulinemia/ hiperglicemia 
Redução das reações de glicação não enzimática 
envolvendo proteínas e ácidos nucléicos 
Prevenção do envelhecimento precoce 
Aumento da qualidade de vida e sobrevida 
 
Para restringir o valor calórico, os alimentos devem apresentar suas matérias graxa e glicídica 
reduzidas, uma vez que os lipídeos e carboidratos representam as fonte energéticas mais 
concentrada e mais prontamente disponível das dietas, respectivamente. A inclusão de um maior 
percentual de calorias de origem protéica também é uma manipulação dietética interessante, pois 
esse princípio nutritivo possui maior incremento calórico que os demais, o que representa um gasto 
energético adicional para que a proteína ingerida seja digerida, metabolizada e convertida em energia 
(tabela 36). O maior aporte protéico também otimiza a função imunológica e previne a perda de 
massa corporal magra, comuns ao envelhecimento e às dietas para controle e perda de peso. Um 
pequeno incremento no teor de fibra dietética também é benéfico, pois além de não contribuir 
significativamente para o aporte energético, exerce papel de “diluidor” da EM, por sua natureza 
indigestível. 
Os gatos adultos normalmente consomem alimentos bastante incrementados em gorduras animais 
em relação aos cães, mas também exigem um menor percentual desse nutriente nos alimentos em 
sua maturidade, pois além de se beneficiarem com a restrição calórica, possuem reduzida 
capacidade de digestão lipídica como conseqüência do envelhecimento. Entretanto, os lipídeos 
alimentares, em especial os de origem animal, não podem ausentar-se ou sofrer reduções drásticas, 
pois são importantes por agregar palatabilidade e garantir o interesse do animal pelo alimento, por 
fornecer ácidos graxos e aumentar a absorção de vitaminas lipossolúveis. 
 
5.1.2. Carboidratos 
 
Não existe uma exigência mínima de carboidratos ou glicídeos simples para cães e gatos, que 
possuem necessidade metabólica de glicose. Os gatos os digerem menos eficientemente que os 
cães, devido à ausência de amilase salivar e à pequena produção de amilase pancreática, sendo a 
glicemia mantida quase que exclusivamente por aminoácidos glicogênicos. Em alimentos geriátricos, 
tanto para a maturidade quanto para a senilidade propriamente dita, devem ser escolhidas matérias-
primas de boa digestibilidade e de índice glicêmico reduzido, para evitar a glicemia pós prandial e 
sobrecargas às células -pancreáticas. Pesquisas recentes indicam que o sorgo garante uma taxa 
glicêmica mais constante que vários outros cereais. A cevada e o milho produzem uma glicemia pós-
prandial inferior à produzida pelo arroz. A digestibilidade dos cereais é melhorada por 
processamentos tecnológicos, como os hidrotémicos (cocção, extrusão, expansão, micronização), 
que provocam o rompimento da parede celular, a destruição da estrutura cristalina dos grânulos e a 
gelatinização do amido. 
 
Fibras 
 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
23 
Os carboidratos complexos da parede celular dos vegetais são indigeríveis por enzimas de animais 
superiores e possuem valor energético nulo, mas exercem efeitos sistêmicos desejáveis, 
relacionados à solubilidade e à fermentabilidade das fontes de fibra. As fibras altamente solúveis, 
como as gomas e mucilagens, dissolvem-se mais rapidamente no lúmen intestinal e exercem muito 
pouco estímulo físico sobre a mucosa. Entretanto, proporcionam maior fermentação de seus 
componentes por microorganismos residentes no intestino grosso e conseqüentemente maior 
produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). 
Esses compostos voláteis são fontes energéticas para enterócitos e colonócitos, estimulam uma 
hipertrofia da mucosa e a otimização dos processos digestivos e absortivos dos nutrientes. O 
psyllium, uma fonte de fibra solúvel proveniente do trigo, produz um gel viscoso que retarda o 
esvaziamento gástrico e possui um bom efeito glucomodulador. Por outro lado, as fibras insolúveis, 
como a celulose, são também menos fermentáveis, e sua ação física sobre a mucos intestinal é mais 
pronunciada, levando a um aumento dos movimentos peristálticos e da taxa de passagem da digesta, 
com redução da capacidade absortiva e produção de maior resíduo fecal, mais hidratado e menos 
consistente. Esses efeitos são interessantes no controle e redução de peso corpóreo e prevenção da 
constipação e fecalomas em animais geriátricos. 
Normalmente utiliza-se para cães e gatos uma combinação equilibrada de fibras solúveis e insolúveis 
ou uma fonte moderadamente fermentável, como a polpa de beterraba, a polpa de maçã e o farelo de 
arroz, proporcionando boa absorção de nutrientes e formação de pequenas quantidades de fezes 
moderadamente secas. Nos alimentos geriátricos um incremento moderado no teor de fibras é 
interessante, contribuindo no manejo e prevenção de algumas patologias, incluindo diarréia, colite 
idiopática, diabetes, hiperlipidemia (Dimski & Buffington, 1991; Hansen et al, 1992; Biourge et al, 
2003), Quando se adotamduas dietas para a fase geriátrica, um teor de fibra dietética em torno de 
5% a 6% na maturidade e de 3 a 4% na senilidade são adequados. Essa estratégia proporciona os 
benefícios sobre os sistemas gastrintestinal e endócrino, principalmente, e ainda respeitam a 
fisiologia e as necessidades energéticas de cada sub-fase. Em qualquer situação a fibra bruta total 
não deve estar presente em quantidades excessivas, a fim de evitar o comprometimento da qualidade 
dos alimentos, principalmente da digestibilidade da matéria seca e dos princípios nutritivos. 
 
5.1.3. Proteínas e aminoácidos 
 
Com relação às proteínas, há uma perda quanto as suas reservas. Esta reserva de proteínas é 
adequada ao organismo para uma reação ao estresse e à doenças. O estresse provoca adaptações 
nervosas, metabólicas e hormonais que permitem ao organismo adaptar-se a estímulos adversos. A 
mobilização de proteínas no organismo é uma resposta fisiológica característica do estresse. Os 
animais velhos estão sujeitos a uma elevada incidência de doenças e de estresse e, portanto, ficam 
especialmente vulneráveis se a sua capacidade de reação estiver comprometida. É importante que os 
animais recebam proteínas de alta qualidade em nível suficiente para fornecer os aminoácidos 
essenciais requeridos para as necessidades de manutenção do organismo e para minimizar as 
perdas do tecido fibroso (Case et al., 1998). 
As necessidades protéicas dietéticas do cão relacionam-se ao fornecimento de aminoácidos 
essenciais, que não podem ser sintetizados por seus tecidos, e de nitrogênio para produção de 
aminoácidos dieteticamente não essenciais, ambos em quantidades suficientes para garantir ótimas 
taxas de crescimento, metabolismo, reparo tecidual e função imunológica. Já os gatos, carnívoros 
restritos, possuem necessidade de ingestão de proteínas duas a três vezes maiores que os cães, 
pois dependem dos aminoácidos glicogênicos para obtenção metabólica de glicose. Atualmente, 
existe uma polêmica na comunidade científica em relação aos níveis de proteína adequados aos cães 
e gatos geriátricos. Alguns autores relacionam níveis elevados de proteína dietética ao acúmulo de 
resíduos nitrogenados e à ocorrência de lesões renais. Entretanto, alguns estudos demonstram que a 
função renal saudável não é afetada pelo teor da proteína da dieta e que a restrição protéica só 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
24 
exerce um efeito significativo sobre os sinais clínicos da insuficiência renal crônica já instalada, com 
um certo nível de comprometimento de néfrons funcionais (Finco, 1994). 
Segundo Case et al. (1998), os animais que envelhecem devem ser alimentados com dietas que 
contenham uma percentagem menor de calorias obtidas das proteínas, em comparação com as 
dietas utilizadas para o crescimento, mas com uma percentagem mais alta do que o mínimo 
necessário para a manutenção na idade adulta. Além de possuir uma quantidade menor de reservas 
de proteínas, a queda total das necessidades energéticas do animal de idade avançada pode gerar a 
necessidade de aumentar discretamente a percentagem de calorias de origem protéica da dieta. Sem 
dúvida as marcas de alimentos para animais que contêm quantidades mínimas de proteínas de baixa 
qualidade não serão capazes de oferecer uma nutrição protéica adequada . 
As alterações que ocorrem na senilidade elevam ligeiramente as necessidades aminoacídicas dos 
cães e gatos, pois a redução das reservas protéicas pode comprometer as funções neurológicas, 
endócrinas, digestivas, metabólicas, imunológicas, entre outras essenciais à vida. A maioria dos 
alimentos comerciais para cães e gatos geriátricos contém níveis de proteína bruta superiores, em 
média 20 a 25%, aos níveis de manutenção praticados em alimentos para animais adultos. 
Quantidades excessivas de proteínas são metabolizados em energia e produtos nitrogenados, o que 
representa, no mínimo, um desperdício de matérias-primas de custo elevado. É coerente considerar 
as relações qualitativas juntamente com as quantitativas e utilizar fontes protéicas de alta 
digestibilidade e bom valor biológico, o que está relacionado ao equilíbrio e disponibilidade dos 
aminoácidos essenciais, contribuindo para a otimização do aproveitamento metabólico e menor 
necessidade de inclusão. Normalmente, as proteínas de origem animal possuem qualidade superior 
às proteínas vegetais , além de mais palatáveis para animais monogástricos. 
Em relação a alguns aminoácidos distintos, os gatos possuem requisitos dietéticos de taurina, por 
não sintetizá-la como fazem os demais mamíferos domésticos, e são extremamente sensíveis à 
deficiência de arginina, diferentemente dos cães (Borges, 2002). Essas particularidades não podem 
ser negligenciadas em nenhuma fase fisiológica, inclusive na senescência. 
4.1.4. Lipídeos 
 
Quanto às gorduras, é postulado que o aumento da percentagem de gordura que aparece com a 
idade é, em parte, o resultado de um aumento da incapacidade do organismo para metabolizar os 
lipídios. Diminuir discretamente a quantidade de gorduras da dieta pode beneficiar os cães e gatos 
geriátricos. (Case et al., 1998). 
A gordura na dieta melhora a palatabilidade, proporciona ácidos graxos essenciais, potencializa a 
absorção de vitaminas lipossolúveis e constitui uma fonte concentrada de calorias, mas deve ser 
considerada com cuidado. Os animais acima do peso devem ser alimentados com dietas pobres em 
gorduras (menos de 20% de calorias decorrentes de gorduras) (Buffington, 1991). Os níveis de 
gordura maiores que 30% de calorias têm valor para cães ou gatos abaixo do peso (Goldston, 1999). 
Também se deve levar em conta que um consumo adequado de ácidos graxos insaturados para 
assegurar uma saúde cutânea apropriada e um pelame saudável (Goldston, 1999). 
 
4.6.5. Vitaminas 
 
As vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, apesar de participarem em pequenas quantidades na 
dieta e no organismo, são essenciais em várias funções, mas atuando como principalmente como co-
fatores em sistemas enzimáticos, catalisando processos metabólicos essenciais. Reforços de 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
25 
vitamínicos em dietas geriátricas são necessários, pois as alterações imunitárias, digestivas, 
metabólicas e a susceptibilidade ao estresse observados na senilidade contribuem para um aumento 
nas necessidades dietéticas. 
As vitaminas do complexo B são necessárias para a produção e maturação de células sanguíneas, 
metabolismo intermediário, secreções endócrinas, integridade da pele e anexos, atividades 
neurológicas e locomotoras normais e para a manutenção do apetite. Cães e gatos geriátricos podem 
ser beneficiados por um incremento de vitaminas do complexo B em suas dietas, pois as alterações 
gerais do envelhecimento e o comprometimento digestivo contribuem para um aumento dos 
requisitos dietéticos. Os felinos, particularmente, possuem necessidades dietéticas de niacina e 
piridoxina quatro vezes superior aos cães. Esses animais são inaptos em converter o aminoácido 
triptofano em niacina, estando susceptíveis à alterações dermatológicas, gastrintestinais, 
neurológicas e morte, se essa vitamina estiver dieteticamente deficiente. A piridoxina está 
diretamente envolvida no metabolismo intermediário de proteínas, e sua deficiência pode causar 
vários distúrbios neurológicos, sensoriais (visuais, olfatórios, gustativos), hematopoéticos, digestivos, 
locomoteores, etc. 
O aumento dos teores de vitamina E e vitamina A nas dietas geriátricas são estratégias nutricionais 
interessantes. A vitamina E é um potente antioxidante e também modula a liberação de histamina, 
sendo que pode ser útil na prevenção das reações de hipersensibilidade. A vitamina A não é um 
potente antioxidante, mas seu precursor -caroteno sim. Isso não significa que a suplementação de 
vitamina A não seja importante em dietas geriátricas. Além de outros benefícios, a vitamina Atem 
relação direta com a integridade visual. Para cães, o -caroteno adicionado às dietas supre as 
necessidades fisiológicas de vitamina A, por conversão. Os felinos são inaptos em processar essa 
transformação, por deficiência enzimática, tendo necessidade dietética de vitamina A pré-formada. 
A vitamina C não é convencionalmente suplementada em dietas de manutenção para cães e gatos, 
por serem aptos à produção desse nutriente. Entretanto, essa produção é limitada e a inclusão 
(quanto?) em dietas geriátricas é interessante, pois contribui na prevenção de doenças respiratórias e 
da cavidade oral; melhora a capacidade restauradora das cartilagens por estimular a síntese de 
colágeno; e ainda garante o efeito antioxidante sinérgico à vitamina E. As vitaminas C e E agem 
conjuntamente também como imunoestimulantes. 
As carências nutricionais desencadeiam sintomas específicos e prejudicam o metabolismo 
intermediário. A longo prazo, podem causar patologias graves. A ocorrência de toxicidades por 
excesso de vitaminas são raras, pois requerem cerca de quinhentas a mil vezes os requisitos diários 
para desenvolverem-se. As hipervitaminose A e D são entretanto as mais prejudiciais, envolvendo 
efeitos negativos principalmente sobre os sistemas nervoso e músculo-esquelético. 
4.6.6. Minerais 
Os elementos inorgânicos assemelham-se às vitaminas em suas exigências e funções metabólicas. 
Adicionalmente, estão diretamente envolvidos na ocorrência de patologias, como distúrbios 
metabólicos, urolitíases, nefropatias, cardiopatias, doenças músculo-esqueléticas, etc. 
Quantitativamente, o cálcio e o fósforo são os elementos inorgânicos principais, e são constituintes 
ósseos essenciais. O cálcio está também envolvido na coagulação sanguínea, contratilidade 
muscular e transmissão de impulsos nervosos, funções essenciais à sobrevivência. O fósforo também 
exerce funções importantíssimas como componente de vários sistemas enzimáticos e no 
armazenamento e transferência de energia nas células, como compostos de alta energia (ATP). 
Proporções ótimas de Ca:P, entre 1,2 a 4:1 e 0,9 a 1:1 para cães e gatos respectivamente, otimizam 
a absorção e utilização metabólica desses elementos. 
A capacidade renal e a eliminação de fosfatos estão reduzidas em cães e gatos senis, assim como a 
síntese da forma ativa de vitamina D3, o calcitriol, essencial à absorção intestinal de cálcio. Esses 
eventos conduzem à hiperfosfatemia e hipocalcemia, podendo levar ao hiperparatireoidismo, 
desmineralização óssea e lesões em néfrons funcionais, culminando com insuficiência renal. 
I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 
26 
Portanto, dietas geriátricas devem apresentar uma redução de 15 a 20% no teor de fósforo e um 
ligeiro aumento no teor de cálcio, sem contudo comprometer a relação Ca : P. 
Embora não se conheçam os efeitos das dietas ricas em fósforo sobre a função renal nos cães e 
gatos velhos sãos, é prudente evitar um excesso deste mineral na dieta (Case et al., 1998). 
Os demais macroelementos inorgânicos também são importantes, principalmente na manutenção das 
funções fisiológicas normais, principalmente do equilíbrio eletrolítico, das funções nervosas, cardíacas 
e metabólicas, como ocorrência de reações enzimáticas essenciais. O magnésio é particularmente 
importante na ativação de vários sistemas enzimáticos e na produção e ativação da acetilcolina. A 
deficiência desse mineral prejudica o metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos, a 
contratilidade muscular, a estabilidade de membranas, a sobrevivência de eritrócitos, a imunidade, o 
metabolismo de tecidos ricos em colágeno, a fosforilação oxidativa, etc. Ocorrência de urolitíase por 
estruvita, principalmente nos gatos, está relacionada entre outros fatores, ao excesso de magnésio 
dietético. 
O teor de sódio dos alimentos de cães e gatos tem merecido atenção devido à preocupação que este 
componente gera na dieta humana. Alguns alimentos comerciais para animais contêm uma 
concentração de sódio de 2%, embora as necessidades reais de sódio para o cão e o gato sejam 
muito inferiores. Sem dúvida, a níveis de 2% ou mais, a ingestão de alimento se autolimita. Os 
animais não consomem dietas que contenham uma quantidade excessivamente elevada de sódio 
com valores abaixo de 2% de sódio não se constatou nenhuma desordem no cão são. Portanto, o 
teor de sódio da dieta dos animais velhos sãos não deve ser motivo de preocupação, sempre que o 
seu nível se mantenha em torno de 1% ou menos do peso total de matéria seca (Case et al., 1998). É 
importante salientar que uma dieta pobre em sódio torna-se necessária para o tratamento da 
insuficiência cardíaca congestiva (Goldston, 1999). 
Muitos elementos inorgânicos são exigidos em ínfimas quantidades, mas exercem papéis essenciais 
no metabolismo animal. Dentre esses microelementos, o ferro (Fe), o iodo (I), o zinco (Zn), o selênio 
(Se), o cromo (Cr), o cobre (Cu) e o manganês (Mn) são especialmente importantes, por melhorarem 
funções essenciais, comprometidas pelo processo de envelhecimento. 
O ferro encontra-se presente em várias enzimas (hemeenzimas) e moléculas (hemoglobina e 
mioglobina) importantes. Dessa forma está envolvido na hematopoiese e no transporte de oxigênio; 
na imunidade, no funcionamento do sistema cardiovascular e conseqüentemente de todos os outros 
sistemas dependentes. É um potente ativador do oxigênio e de elétrons e conseqüentemente de 
reações oxidativas, que têm seus contextos benéficos e maléficos já discutidos. 
O iodo é essencial na síntese de hormônios tireoideanos, que possuem várias funções reguladoras 
no organismo. A ocorrência de hipotireoidismo em cães e gatos pode estar relacionada à deficiência 
de iodo, causando distúrbios secundários., como lesões dermatológicas; distúrbios reprodutivos, 
ganho de peso excessivo e suas complicações. 
O zinco se destaca por sua essencialidade ao metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas; ao 
sistema imunitário; para a estrutura e metabolismo saudável da pele e pelagem; para a manutenção 
do apetite, por manter as funções olfativa e gustativa; e como co-fator de mais de 200 enzimas, 
inclusive do sistema antioxidante intrínseco. A necessidade de Zn para cães é de 120 mg/kg e para 
gatos, 75 mg/kg de ração. É importante lembrar que altos níveis de cálcio ou fitato dietéticos 
interferem com a disponibilidade e absorção de fósforo e zinco, levando à falta de apetite, 
emagrecimento, fraqueza, aumento da susceptibilidade à infecções e lesões de pele, alopécia, 
conjutivite, etc. 
O selênio também é de extrema importância metabólica, sendo que sua deficiência causa 
comprometimento dos sistemas antioxidantes, principalmente da enzima glutationa peroxidase, 
depressão, anorexia, degenerações dos tecidos musculares cardíaco e esquelético, fraqueza 
muscular, edema subcutâneo, dispnéia e eventualmente coma. A recomendação nutricional é de 150 
a 300 g de selênio orgânico/ton. ração. 
ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 
 
27 
O cromo potencializa a ação da insulina e a utilização da glicose sanguínea pelas células, pois 
compõe o fator de tolerância à glicose (FTG). O cobre é um importante co-fator de enzimas 
antioxidantes. 
Além de uma maior inclusão, é importante assegurar a disponibilidade e o equilíbrio dos minerais em 
dietas geriátricas, para compensar a pior eficiência digestiva e evitar as carências. O uso de minerais 
orgânicos pode melhorar a biodisponilidade. Os minerais em sua forma simples precisam ligar-se a 
aminoácidos livres, presentes na luz intestinal para serem absorvidos. Quando ingeridos sob as 
formas quelatadas, já ligados a pequenos peptídeos ou aminoácidos, os minerais escapam do 
antagonismo competitivo com outros minerais pelo mesmo aminoácido, tendo aumentadas suas 
taxas de absorção, deposição tecidual e utilização metabólica, garantindo menores taxas de excreção 
fecal e urinária. 
A maioria dos alimentos comerciais

Continue navegando