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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/270508665 ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS - Animais em Crescimento X Mantença X Gestante X Idoso Technical Report · May 2009 DOI: 10.13140/2.1.2767.6487 CITATIONS 0 READS 10,451 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Bem Estar Animal View project Técnicas para Avaliação de Alimentos View project Flávia Maria de Oliveira Borges Saad Universidade Federal de Lavras (UFLA) 99 PUBLICATIONS 181 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Flávia Maria de Oliveira Borges Saad on 06 January 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/270508665_ASPECTOS_NUTRICIONAIS_DE_CAES_E_GATOS_EM_VARIAS_FASES_FISIOLOGICAS_-_Animais_em_Crescimento_X_Mantenca_X_Gestante_X_Idoso?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/270508665_ASPECTOS_NUTRICIONAIS_DE_CAES_E_GATOS_EM_VARIAS_FASES_FISIOLOGICAS_-_Animais_em_Crescimento_X_Mantenca_X_Gestante_X_Idoso?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Bem-Estar-Animal?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Tecnicas-para-Avaliacao-de-Alimentos?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_de_Lavras_UFLA?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Flavia_Saad?enrichId=rgreq-1ee68543c42a28f3f236a79c86c3556b-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI3MDUwODY2NTtBUzoxODI2NzI2MDUzMjczNjBAMTQyMDU2Mzk1MTczMA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP 01 a 03 maio 2009 ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS Animais em Crescimento X Mantença X Gestante X Idoso Flávia Maria de Oliveira Borges Médica Veterinária, MSc., Doutora em Nutrição Animal Pós-Doutorado em Nutrição de Animais de Estimação Professora Adjunta da UFLA – Departamento de Zootecnia e-mail: borgesvet@ufla.br 1. INTRODUÇÃO Atentar para as diferenciações nutricionais que ocorrem nas diversas fases da vida de um cão ou gato é uma importante ferramenta para garantir, entre outros pontos, a longevidade do animal em questão. De modo grosseiro, as variações nutricionais são muito mais gritantes entre etapas fisiológicas distintas que entre necessidades nutricionais entre espécies diferentes, em uma mesma etapa fisiológica. O crescimento é um dos Períodos mais críticos em termos nutricionais, sendo necessário cobrir todos os requisitos dos animais para um bom desempenho e, ao mesmo tempo, evitar um superconsumo. Um subconsumo leva a quadros genéricos de perda de peso, problemas dermatológicos, etc., enquanto que uma dieta desbalanceada pode levar a problemas específicos. Uma alimentação caseira cuja base seja a carne bovina poderá conduzir a uma deficiência de cálcio com um quadro de osteodistrofia, maus aprumos, menor crescimento e agravamento de displasia (em raças predispostas. Por outro lado, o superconsumo pode levar também a problemas graves, principalmente nas raças grandes ou gigantes. Já na fase adulta é importante observar os requisitos nutricionais adequando-se os mesmos de acordo com mudanças no grau de atividade, raça, de temperatura ambiente, entre outros fatores. Ao contrario dos países europeus onde grande parte das raças criada é de caça (atividade média a pesada) , no Brasil os cães normalmente são criados como animais de companhia (pouca atividade) ou guarda territorial (atividade leve a média). A nutrição adequada nesta fase, a mais longa de todas as etapas fisiológicas, será determinante em garantir saúde e longevidade ao animal. Na fase adulta o maior erro nutricional encontrado é o superconsumo de alimentos. Pesquisas sobre a população de cães e gatos levados às universidades ou clínicas veterinárias mostram que de 25 a 33% dos cães e 25% dos gatos são obesos e 40% dos cães adultos apresentam sobrepeso, condição definida pelo excesso de peso entre 10 a 20 % do peso ideal. Esta porcentagem pode chegar até 75% em cães idosos. A obesidade é o problema nutricional mais importante na clínica de pequenos animais e apresenta uma firme tendência a um aumento progressivo relacionado ao aumento da população de animais de estimação em todo o mundo. Os animais de estimação dos grandes centros urbanos estão cada vez mais concentrados em pequenos espaços (apartamentos) e com vida sedentária, e a conjunção de três fatores; castração, disponibilidade alta de alimentos e manejo inadequado do proprietário, aumenta, em muito, o aparecimento da enfermidade. I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 2 Nas fases de gestação e lactação as mudanças fisiológicas são imensas e rápidas, exigindo um manejo nutricional criterioso. Considerando a elevada produção de leite de uma cadela, em função do tamanho da ninhada, além do alto valor energético do leite, as necessidades energéticas durante o período de lactação são bastante altas. Quando a cadela alcança o máximo de produção leiteira (entre a terceira e quarta semana de lactação), as necessidades energéticas totais são da ordem de três a quatro vezes a necessidade de manutenção, dependendo do tamanho da ninhada. Já as gatas acumulam reservas corporais durante a gestação; sendo mobilizadas durante a posterior lactação, entretanto é necessário um manejo nutricional adequado para manutenção do crescimento adequado dos lactentes e para evitar demasia perda corporal da lactante. Na senilidade a alimentação deve tentar contornar ou dar suporte a sinais, tanto físicos como metabólico inerentes à idade, diminuir ou eliminar os sinais clínicos de enfermidades e manter um peso corporal adequado. Animais velhos apresentam tendências à obesidade, perdas gustativas e problemas dentários, insuficiência renal crônica, problemas hepáticos e cardíacos. Tomando-se como referência à vida média de um cão como 12 anos e a de um gato como 14 anos, a maioria dos cães e gatos é considerada geriátrica aos sete anos de idade, entretanto cães de raças gigantes podem ser considerados geriátricos aos cinco anos de idade, por apresentarem uma vida média mais curta (em torno de 9 a 10 anos). Entretanto,a idade pela qual o paciente e considerado geriátrico sofre influências de fatores ambientais, sanitários e nutricionais. O presente trabalho elucida alguns aspectos nutricionais relacionados às diferentes fases fisiológicas de cães e gatos. 2 - ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM CRESCIMENTO 2.1. Cães em crescimento Segundo o NRC (2006) filhotes neonatos precisam de cerca de 25 Kcal/100g de PV. Cães em crescimento necessitam cerca de duas vezes mais energia por unidade de peso corpóreo do que cães adultos da mesma raça. No entanto, uma diminuição para cerca de 1,6 vezes a energia de mantença é recomendada quando o animal atinge 50% do peso adulto e para 1,2% quando atinge 80%. Esta redução é compensada pelo declínio na energia necessária na idade adulta. Especialmente em cães de raças grandes e gigantes, o crescimento ótimo (e não o máximo) é um importante fator para garantir o bom desenvolvimento ósseo. Recomendações para o desenvolvimento de raças grandes e gigantes estão na tabela 1. Os filhotes de raças grandes e gigantes devem ser alimentados conforme essas recomendações. Modelos fatoriais são usados para calcular as exigências energéticas a partir de dados do crescimento de filhotes e da composição corporal nos diversos estágios de crescimento e diferentes pesos corpóreos quando adulto O NRC 2006 introduz as estimativas do peso em adultos e logaritmo neperiano (mais de acordo com os modelos não lineares de crescimento animal – Brody, Richard, Logístico etc.) ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 3 Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Crescimento de Filhotes de cães após o Desmame: EM (kcal) = manutenção x 3,2 [e (-0,87p) – 0,1] EM (kcal) = 130 x PV0,75 x 3,2 [e (-0,87p) – 0,1} Onde p = PVt/PVa PVt= Peso vivo no momento da avaliação PVa= Peso vivo esperado quando adulto e= base do logaritmo natural = 2,718 O jovem da maioria das espécies cresce rapidamente e, concomitantemente, tem um crescimento igualmente rápido de seu esqueleto. As doenças esqueléticas são assim mais freqüentes e manifestas no jovem e a maioria delas são osteodistrofias [dys=mal+trophe=nutrição], já que o rápido aumento da massa óssea requer a ingestão de quantidades adequadas de proteína, energia, cálcio e fósforo, além de vitaminas, como A e D, e elementos traço, como o cobre, para o crescimento e mineralização do osso (Baker & Brothwell, 1980). Tabela 1 - Recomendações para o crescimento de raças de cães grandes e gigantes Extraida de NRC,(2006 O aumento de peso diário está em função do tamanho e da precocidade da raça, enquanto que o aumento médio mensal expresso em porcentagem do peso atual parece ser semelhante para quase todas as raças. Idade (meses) PV (Kg) PV (Kg) PV (Kg) 1 1,8 2,5 3,6 2 4,4 7 8,4 3 7,4 12,3 15,6 4 10,4 16,8 22,8 6 14 22,8 36 12 19 30,8 48 % PV Adulto % PV Adulto % PV Adulto 9 22 37 52 70 95 7 20 35 48 65 88 6 14 26 38 60 80 (Peso Adulto 60 Kg)(Peso Adulto 35 Kg)(Peso Adulto 20 Kg) TABELA 5 Recomendações para o Crescimento de Raças de Cães Grandes e Gigantes Raças Médias Raças Grandes Raças Gigantes I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 4 Idade(meses) P e s o / k g 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 São Bernado Dog Alemão Rottweiler Pastor alemão Cocker Yorkshire FIGURA 1 - Curva de crescimento de algumas raças de cães. Idade(meses) G ra m a s / d ia 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 São Bernardo Dog Alemão Rottweiler Pastor alemão Cocker Yorkshire FIGURA 2 - Ganho médio diário de algumas raças de cães. Ao nascimento, o esqueleto apendicular do cão, i.e., o arcabouço esquelético da diáfise está quase totalmente modelado por tecido ósseo. Nas extremidades dos ossos longos, nas epífises, a cartilagem ainda recobre a face articular e a metáfise. ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 5 É importante ainda considerar que o crescimento - tanto em comprimento como em peso ser completamente diferente em cães - adultos que variam de 13cm de altura com 1Kg nas raças miniatura até cerca de 79 cm de altura e mais de 90 kg nas raças gigantes.(Stockard 1941; Kirk 1966, citados por Richard, 1996). O crescimento em comprimento (ou altura do cão) tem de ser bem diferenciado do crescimento em peso corporal . Em muitos casos ambos se misturam sem que se perceba, o que leva a uma certa confusão. A supernutrição (excesso de assimilação de energia) em cães em crescimento pode ocasionar um excesso de peso relativo. Isto irá demonstrar um aumento na taxa de crescimento quando o peso corporal for o parâmetro utilizado para avaliar o crescimento. Entretanto, se o crescimento longitudinal for considerado, não será notado aumento na velocidade de crescimento após a supernutrição. Por outro lado, a restrição de ingestão de alimento em 75% do nível fornecido ad libitum irá reduzir o crescimento em relação ao peso corporal, mas não afetará a velocidade de crescimento longitudinal ( altura). Além disto, os cães alimentados deste modo possuirão a mesma altura dos cães alimentados ad libitum. Para assegurar a saúde destes cães de raça gigante é uma boa medida manter certa restrição ( comparando-se com valores ad libitum) de modo a prevenir problemas de desenvolvimento ósseo. Muito embora as mais importantes doenças do sistema osteoarticular clinicamente abordadas pelos médicos veterinários atualmente sejam de origem hereditária, o perfil de como estas doenças evoluem podem ser modificadas de modo dramático. Uma maneira de influenciar a manifestação fenotípica é através da nutrição. A supernutrição resultando em excesso de peso resulta em sobrecarga da imatura e não completamente formada cartilagem da articulação coxofemoral e deste modo influencia o encaixe e a congruência desta articulação. A supernutrição e o excesso de peso deveriam, deste modo, ser evitados em cães de raças grandes ou gigantes em crescimento. Uma vez que as necessidades de energia estão relacionados com o peso metabólico e as necessidades de Ca estão relacionados com o peso real em quilogramas, ainda existe um aumento da relação destas necessidades durante o crescimento, Por esta razão é importante que os veterinários considerem não apenas a quantidade de Ca que está presente na dieta mas também correlacioná-la com a densidade energética. Isto ocorre se o rótulo de uma ração para cães em crescimento mostrar um nível de Ca menor daquele encontrado no alimento de cães adultos. Filhotes não conseguem recusar o Ca que é desnecessário e o Ca é um importante fator de risco na dieta relacionado a doenças do sistema osteo articular durante o desenvolvimento de cães das raças grandes ou gigantes. Os níveis de Ca devem ser e monitorados para não exceder a quantidade recomendada por unidade de energia. O NRC (2006)0 cita que a exigência de proteína bruta para crescimento de cães e gatos filhotes tem sido determinada primariamente usando ganho de peso e o balanço de nitrogênio como variável dependente. Fontes de proteínas mistas são utilizadas em dietas na prática e proteínas purificadas ou livres de aminoácidos são utilizadas em dietas purificadas. Muitos experimentos foram realizados antes que as exigências de aminoácidos essenciais estivessem determinadas para ambas as espécies. Não parece haver nenhum efeito mais grave de dietas um pouco abaixo das exigências de nitrogênio (exceto uma pequena diminuição da taxa de crescimento), mas que contenham todos os aminoácidos essenciais para desempenhar todas as funções como crescimento do tecido muscular e outras proteínas estruturais do organismo (por exemplo, arginina suficiente para o ótimo funcionamento do ciclo da uréia, histidinasuficiente para prevenir catarata). Sob estas condições, se a restrição energética ocorre junto à restrição protéica pode haver um aumento na longevidade em algumas raças de cães por auxiliar na prevenção de doenças crônicas (por exemplo, artrites e resistência à insulina) (Keally et al.,2002). TABELA 1 - Perfil de nutrientes em alimentos caninos 1 - recomendações da AFFCO. Nutriente Unidade (MS) Crescimento e reprodução (min.) Máximo I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 6 Proteína % 22,0 Arginina % 0,62 Histidina % 0,22 Isoleucina % 0,45 Leucina % 0,72 Lisina % 0,77 Metionina – cistina % 0,53 Fenilalanina – tirosina % 0,89 Treonina % 0,58 Triptofano % 0,20 Valina % 0,48 Gordura % 8,0 Acido Linoléico % 1,0 Minerais % Cálcio % 1,0 2,5 Fósforo % 0,8 1,6 Relação Ca:P 1:1 2:1 Potássio % 0,6 Sódio % 0,3 Cloro % 0,45 Magnésio % 0,04 0,3 Ferro Ppm 80 3000 Cobre Ppm 7,3 250 Manganês Ppm 5,0 Zinco Ppm 120 1000 Iodo Ppm 1,5 50 Selênio Ppm 0,11 2 Vitaminas A IU/kg 5000 50.000 D IU/kg 500 5.000 E IU/kg 50 1000 Tiamina Ppm 1,0 Riboflavina Ppm 2,0 Ácido Pantotênico Ppm 10 Niacina Ppm 11,4 Piridoxina Ppm 1,0 Ácido fólico Ppm 0,18 Cianocobalamina Ppm 0,022 Colina Ppm 1200 - Supondo a EM em 3500 kcal/kg. (AAFCO, 2007). 2.2. Gatos em crescimento Segundo o NRC (2006) as publicações disponíveis para ingestão energética de gatos em crescimento foram revisadas Além disso, um cálculo fatorial das exigências para crescimento foi ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 7 realizado utilizando os dados de Stratmann (1988). Para gatos recém nascidos, é estimada uma exigência de energia entre 20 e 25 Kcal por 100g de peso corpóreo. Para o cálculo de exigências após o desmame, os dados foram juntados e uma equação foi derivada para estimar a exigência de energia para o crescimento do peso corpóreo atual e expectativa de peso maduro. Os dados usados para os cálculos incluem um número de erros. Por exemplo, publicações mais antigas utilizaram o fator de Atwater e conseqüentemente superestimaram a ingestão de energia metabolizável. Quando a ingestão de leite pelos filhotes foi determinada pela pesagem antes e após a mamada ou quando as dietas fornecidas foram pouco palatáveis, houve uma subestimação. Um desvio sistemático na maioria dos dados para super ou subestimação é incomum. Por outro lado, a equação foi checada contra dados de crescimento e ingestão de energia (semana 10 a 19; Edtstadtler-Pietsch, 2003) e a concordância foi satisfatória. Os filhotes pesam 100-120 g ao nascimento e se desmamam com quase 2 meses de idade pesando cerca de 500 g. Após o desmame os filhotes seguem crescendo até alcançar o peso adulto aos 8-12 meses. Os filhotes têm necessidades específicas de crescimento até que alcançam o peso adulto e essas necessidades se estimam mediante o método fatorial (4,8 kcal EM e 0.40 g PB por g de ganho). O nível de energia requerido pelos gatinhos é de 3,0-4,0 vezes as necessidades de adulto (70 kcal/kg de peso) após o desmame, 1,75-2,0 aos 5 meses, e 1,25-1,5 aos 7-8 meses (em que atingem o 80% do peso adulto). A relação ótima proteína/energia durante o crescimento dos filhotes é de cerca 75 g PB por 1000 kcal EM. Segundo o NRC 2006 as necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Crescimento de Filhotes de gatos após o Desmame EM (Kcal) = quantidade para mantença x 6.7 x [e (-0,189 p) – 0.66] EM (Kcal) = 100 x PCa 0,67 x 6.7x [e (-0,189 p) - 0,66] Onde: p = PCa / PCm PCa = peso corporal atual na data da avaliação (Kg) PCm = peso corporal esperado na maturidade (Kg) e = log ≈ 2.718 Exemplo: Filhote de gato com 1Kg de PCa e 4Kg de PCm EM (Kcal) = 100 x 1 0,67 x 6.732 x [e (-0,189 x ¼) – 0,66] = 198Kcal TABELA 2 - Perfil de nutrientes em alimentos para gatos - recomendações da AFFCO. Nutriente Unidade (MS) Crescimento e reprodução (min.) Máximo Proteína % 30,0 Arginina % 1,25 Histidina % 0,31 Isoleucina % 0,52 Leucina % 1,25 Lisina % 1,20 Metionina – cistina % 1,10 Fenilalanina – tirosina % 0,88 Treonina % 0,42 Triptofano % 0,10 Valina % 0,20 I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 8 Gordura % 9,0 Acido Linoléico % 0,5 Ácido Araquidônico % 0,02 Minerais % Cálcio % 1,0 Fósforo % 0,8 Potássio % 0,6 Sódio % 0,2 Cloro % 0,3 Magnésio % 0,08 Ferro ppm 80 Cobre ppm 5 Manganês ppm 5,0 Zinco ppm 75 Iodo ppm 0,35 Selênio ppm 0,1 Vitaminas A IU/kg 9000 75.000 D IU/kg 750 10.000 E IU/kg 30 Tiamina ppm 5,0 Riboflavina ppm 4,0 Ácido Pantotênico ppm 5 Niacina ppm 60 Piridoxina ppm 4,0 Ácido fólico ppm 0,8 Cianocobalamina ppm 0,022 Colina ppm 2400 1 - Supondo a EM em 4200 kcal/kg. 3.1. CÃES ADULTOS EM MANUTENÇÃO A necessidade energética de mantença (NEM) é a energia necessária para suportar o equilíbrio energético (onde a energia metabolizável é igual à produção de calor), acima de um longo período de tempo (Blaxter, 1989, citado pelo NRC 2006). Dessa forma, a NEM pode variar com qualquer fator que afete a produção de calor. Isso inclui a energia exigida para termorregulação, atividade espontânea e exercício moderado. O termo NEM é, dessa forma, qualificado na discussão seguinte pelas discussões a que se refere. As considerações alométricas de peso metabólico são de primordial importância em cães, espécie em que animais maduros podem atingir de 1 a 90 kg ou mais. Do ponto de vista fisiológico, as necessidades energéticas de animais com amplas diferenças de pesos não estão relacionados diretamente ao peso corpóreo, mas estão mais intimamente relacionada ao peso corpóreo elevado a alguma potência, W b , onde W é igual ao peso em quilogramas e b é um expoente calculado a partir dados experimentais. Brody et al. (1934) encontraram que a produção de calor basal para a manutenção, em animais de sangue quente, varia de acordo com o tamanho como de ratos para elefantes, e poderia ser descrito pela expressão Y= 70,5 x W 0,73 , onde Y é igual a calorias para as 24 horas e W igual ao peso vivo em quilogramas. Antes de as calculadoras e os computadores estarem ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 9 disponíveis, Kleiber (1961) sugeriu a equação Y= 70,0 x W 0,75 , que não diferiria da de Brody, e seria muito mais simples de usar. Heusner (1982), citado pelo NRC (2006) demonstrou que o expoente de massa interespecífico na equação de Kleiber é um artefato estatístico. Ele sugeriu que o expoente teórico deveria ser 0,67 para predizer a relação intraespécie de energia para massa. Este expoente teórico descreve a relação entre massa e superfície corpórea em corpos que são geometricamente similares. No entanto, os cães têm diversas raças de diferentes tamanhos que não são geometricamente semelhantes. Assim, com o aumento do tamanho, os cães tornam-se relativamente mais altos na parte anterior nos ombros e mais estreitos no quadril. Os órgãos e várias vísceras incluindo o fígado e o TGI tornam-se menores com aumento do peso maturo, um fato que ocorre também entre espécies mesmo que não nas mesmas taxas. O volume sanguíneo e a massa do coração, mesmo a razão cardíaca, mudam com o tamanho do cão em taxas similares aquelas vistas na variedade das espécies. De acordo com o NRC (2006) todos esses achados sugerem que o expoente de massa interespecies da equação de Kleiber (0,75) pode ser mais adequado para descrever a relação massa e energia em cães do que o expoente de massa intraespécie proposto por Heusner (1982). Outros fatores que influenciam as exigências energéticas, tais como idade, pode não ser igualmente distribuídas entre os grupos de peso e então podem criar artefatos estatísticos para o expoentede massa ótimo. Rainbird e Kienzle (1990) ccitados pelo NRC (2006) consideraram somente cães de meia idade de raças sem conhecer a peculiaridades em exigências energéticas sob de manejo similares para calcular o expoente de massa e coloca-lo em uso com um valor que tem mais relação com expoente interespécies da equação de Brody. Dessa forma, a variação no expoente de massa não aumenta a acurácia da predição das exigências de energia para os cães. O objetivo deve ser identificar ou mais claramente descrever fatores que afetam as exigências individuais, tais como raça, idade, manejo e suas interações. Um ponto muito importante que pode não ser influenciado pelo peso vivo, no entanto, e é afetado pela alimentação, raça, idade e atividade, é a porcentagem de massa magra. O tecido adiposo é metabolicamente menos ativo que a massa magra. Dessa forma, os cães com menor porcentagem de massa magra (por exemplo, sobrepeso em cães) têm requerimentos energéticos abaixo da média em relação ao seu peso vivo (PV). Beagles com peso normal (25% de gordura em relação ao PV) tem um gasto energético mensurado pelo método da água duplamente marcada foi de 130 +/- 6 kcal/kg PV 0,75 . Os mesmos cães foram superalimentados por um período de tempo até que eles atingissem 38%, diminuindo seu gasto energético para 107± 7 kcal/ kg PV 0,75 . A exigência energética por unidade de peso de massa magra (157 kcal/ kg PV 0,75 ) não diferiu significativamente de acordo com a condição corporal. Muitos autores têm mensurado a TMB em cães utilizando calorímetros indiretos em cães (ver tabela 3). Os dados individuais de cães (Tabela 3) obtidos por vários autores dão uma TMB de 76±23 kcal/kg PV 0,75 . As aproximações interespécies de Kleiber estimam um mínimo de 70 kcal/kg PV 0,75 para o metabolismo basal mas os valores individuais variaram de 48 a 114 kcal/kg PV 0,75 . Segundo o NRC (2006) de um número relativamente pequeno de observações baseados parcialmente nos cálculos de Arnold e Elvehjem (1939) da equação de predição de Brody et al. (1934), o National Research Council (1974) sugeriu a equação de 132 x PV 0,75 para calcular as necessidades energéticas de cães em manutenção. No entanto, ela tem sido bastante questionada. Isto porque valores mais baixos foram relatados em estudos por calorimetria direta e indireta . No entanto, o no NRC (2006) é relatado que de um grande número de dados relativamente novos (Rainbird e Kienzle, 1990; Kienzle e Rainbird, 1991; Finke, 1991,1994; Ballevre et al., 1994; Tabela 4) demonstram que a equação 132 x PV 0,75 é válida para animais mais jovens alojados em canis. O ponto, no entanto, é que há uma considerável variação individual, mesmo para animais mantidos sob as mesmas condições. Noventa e cinco por cento de indivíduos dentro da população estão dentro da variação média da curva de distribuição normal. I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 10 TABELA 3 - Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cães Adultos em Mantença Tipo Kcal X Kg PC 0,75 Média para cães em canis experimentais ou em atividade a 130 Necessidades médias superiores Cães de laboratório adultos jovens ou adultos jovens ativos 140 Great Danes adultos de laboratório ou Great Danes ativos 200 Terriers adultos de laboratório ou terriers adultos ativos 180 Necessidades médias mínimas Cães inativos b 95 Cães de laboratório idosos ou cães idosos ativos ou Newfoundlands de laboratório 105 a Cães mantidos em um ambiente doméstico com forte estimulo e ampla oportunidade de exercício, tais como cães em casas de campo múltiplas ou em casas com grandes jardins. b Cães mantidos em um ambiente doméstico com poucos estímulos e oportunidade para exercício. Necessidades para cães idosos ou com sobrepeso podem estar sendo superestimadas. TABELA 4 - Exigências energéticas de manutenção de cães com relação à raça, idade, manejo e atividade. n Referência Patil e Bisby, 2001 28 Wichert et al., 1999 9 Burguer, 1994 6 Finke, 1991 14 Rainbird e Kienzle, 1990 48 Connor et al., 2000 26 Rainbird e Kienzle, 1990 11 Taylor et al., 1995 5 Finke, 1994 8 Finke, 1994 6 Finke, 1991 86 Rainbird e Kienzle, 1990 28 Burguer, 1994 12 Taylor et al., 1995 5 Finke, 1991 Patil e Bisby, 2001 Patil e Bisby, 2001 Patil e Bisby, 2001 69 Rainbird e Kienzle, 1990 6 Finke, 1994 10 Burguer, 1994 Patil e Bisby, 2001 7 Zentek e Meyer, 1992 7 Zentek e Meyer, 1992 a 95% da população estão dentro desta faixa Média ± 2 Dp a EM (Kcal EM/Kg PV 0,75 ) Labradores Idosos, Cães Experimentais (9) Labradores Idosos, Cães Experimentais (>7) Cães de Companhia Raça, Idade (anos), Manejo, Atividade Cachorros de Companhia, Raças Grandes Cachorros de Companhia Border Collies de Companhia , inativos Terra Nova de meia Idade, Cães experimentais (3 - 7) Cães experimentais Idosos de várias Raças (>8) Beagles Idosos, Cães experimentais (>10) Beagles de meia Idade, Cães Experimentais (3 - 10) Beagles de meia Idade, Cães Experimentais (4) Cães de meia Idade, Cães Experimentais (3 - 7) Border Collies de Companhia , moderadamente ativos Cães Jovens de várias Raças, Cães Experimentais (<6) Huskies Jovens à Meia Idade, Cães Experimentais (1 - 7) Beagles Experimentais Cães de Companhia de Médio Porte em diferentes locais Labradores Experimentais Cães Jovens Experimentais (1 - 2) Beagles Experimentais (1 - 2) Border Collies de Companhia altamente ativos Terriers Experimentais Dog Alemães, Canil, Verão Dog Alemães, Canil, Inverno TABELA 3 - 4 Exigências Energéticas de Manutenção para Cães em relação à Raça, Idade, Manejo e Atividade 94 ± 50 95 ± 40 97 ± 82 103 ± 22 104 ± 32 105 (60-200) 106 ± 26 107 ± 14 110 ± 26 114 ± 16 117 ± 18 124 ± 42 124 ± 88 129 ± 10 132 ± 20 132 ± 40 133 ± 52 138 ± 32 139 ± 42 ~250 144 ± 28 175 ± 170 183 ± 48 ~200 ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 11 TABELA 5 - Perfil de nutrientes em alimentos caninos 1 - recomendações da AFFCO. Nutriente Unidade (MS) Manutenção (min.) Máximo Proteína % 18,0 Arginina % 0,51 Histidina % 0,18 Isoleucina % 0,37 Leucina % 0,59 Lisina % 0,63 Metionina - cistina % 0,43 Fenilalanina - tirosina % 0,73 Treonina % 0,48 Triptofano % 0,16 Valina % 0,39 Gordura % 5,0 Acido Linoléico % 1,0 Minerais % Cálcio % 0,6 2,5 Fósforo % 0,5 1,6 Relação Ca:P 1:1 2:1 Potássio % 0,6 Sódio % 0,06 Cloro % 0,09 Magnésio % 0,04 0,3 Ferro ppm 80 3000 Cobre ppm 7,3 250 Manganês ppm 5,0 Zinco ppm 120 1000 Iodo ppm 1,5 50 Selênio ppm 0,11 2 Vitaminas A IU/kg 5000 50.000 D IU/kg 500 5.000 E IU/kg 50 1000 Tiamina ppm 1,0 Riboflavina ppm 2,0 Ácido Pantotênico ppm 10 Niacina ppm 11,4 Piridoxina ppm 1,0 Ácido fólico ppm 0,18 Cianocobalamina ppm 0,02 Colina ppm 1200 - Supondo a EM em 3500 kcal/kg I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 12 3.2. GATOS ADULTOS EM MANUTENÇÃO O peso de um gato doméstico adulto (Felis catus) varia de menos de 2 a mais que 7 Kg. Os expoentes de massa sugeridos para o cálculo do peso metabólico dos gatos domésticos variam de 0,4 a 1 sendo este último mais utilizado por razões práticas, já que os pesos dos gatos não diferem muito entre si. Desta forma, uma relação linear entre peso vivo e as exigências energéticas podem levar a uma insignificante superestimação das exigências nos gatos mais pesados. No entanto,Earle e Smith (1991) citados pelo NRC (2006) mostraram uma superestimação maior das exigências energéticas calculadas com base no peso vivo expoente 1 nos gatos mais pesados e sugeriram um expoente de massa de 0,404 baseados em 62 observações da ingestão de energia digestiva. Esta diferença não é um modelo espécie específica do gato, mas simplesmente devido aos gatos pesados serem mais gordos. A relação entre o gasto energético (monitoramento da perda gasosa) e peso corpóreo foi melhor descrito por um expoente de 0,65. O coeficiente alométrico para massa corpórea magra e gasto energético total foi 0,89. Estes resultados concordam com o expoente de massa proposto por Brody et al. (1934) para exigência energética interespécie e Heusner (1991) para intraespécie. Os resultados obtidos por Nguyen et al. (2001) e a relativa uniformidade da forma do corpo de diferentes tamanhos de gatos justificam a utilização de um coeficiente alométrico intraespécie de 0,67. (NRC, 2006) Para felídeos maiores tais como leões e tigres, não é claro se o expoente de massa intra ou interespecífico (0,67 ou 0,75) deve ser utilizado. McNab (1989) relatou uma taxa metabólica de 59 Kcal/Kg de PV 0,79 diária para sete espécies de gatos não domésticos variando em tamanho de 4 a 138 Kg, mas uma grande variabilidade foi observada entre as espécies. (NRC, 2006) Dados na literatura são em sua maioria baseados no peso vivo e não no peso metabólico. As quantidades sugeridas variam de 31 a 100 Kcal/Kg de PV (tabela 6). Pode haver várias explicações para esta grande variação. Um importante ponto é a avaliação energética usada nesses estudos. O uso dos fatores de Atwater para alimentos processados pode levar a uma superestimação na energia metabolizável. O aumento do conhecimento do bem estar animal tem melhorado as condições gerais de vida dos gatos de experimento e pode então ter reduzido o estresse. O entendimento das necessidades nutricionais dos gatos melhorou nos últimos 30 anos e dessa forma há poucas deficiências subclínicas em animais experimentais. No entanto a palatabilidade dos alimentos comerciais melhorou consideravelmente nas últimas décadas o que levou a um aumento de sobrepeso nesses animais. (NRC, 2006) No entanto, mesmo se somente os dados mais novos são comparados e ajustes são feitos para as possíveis diferenças entre os métodos empregados (tais como confinamento durante a mensuração das perdas gasosas), a variação na exigência energética estimada ainda é alta. As razões para isto são obscuras. Enquanto nos cães, fatores como nível de atividade, raça ou idade têm efeitos claros sobre as exigências esses efeitos são menos óbvios em gatos. No entanto, há uma tendência a exigências mais altas em machos adultos jovens em todos os gatos com pesos consideravelmente menores que 4 Kg assumindo-se que esses gatos tenham mais massa magra e que pelo menos alguns dos gatos mais pesados estão com sobrepeso. Isso sugere que a massa magra pode desempenhar um importante papel. Além disso, as exigências são expressas com base no peso vivo o que melhora o efeito do sobrepeso nas exigências energéticas. (NRC, 2006) O efeito da castração é controverso. Alguns autores observam diminuição das exigências, mas outros não (tabela 6). A castração pode diminuir a porcentagem de massa magra e este efeito indireto pode ser em parte responsável pelas mudanças no metabolismo de energia (Laeuger, 2001). Martin et al. (2001) demonstraram maior gasto energético em gatos castrados por Kg de peso vivo. No entanto o gasto por Kg de massa magra não diferiu em relação aos gatos inteiros. Dependendo da dieta, tempo após a castração, e atividade física o efeito sobre a massa magra e dessa forma indiretamente nas exigências energéticas podem ser mais ou menos marcantes. Por outro lado, Hoenig e Ferguson ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 13 (2002) observaram mudanças nas concentrações hormonais e exigências energéticas em gatos que foram alimentados para manter seus pesos após a castração. (NRC, 2006) Necessidades Diárias de Energia Metabolizável (NRC,2006) para Gatos Adultos em Mantença a: Gatos Domésticos, magros b 100Kcal x Kg PC 0,67 Gatos Domésticos, com sobrepeso c 130Kcal x Kg PC 0.4 Gatos Exóticos 55-260Kcal x Kg PC 0,75 a Necessidades individuais de gatos podem ser menores ou subestimadas em mais de 50% b Escore de condição corporal (tabela 3-7) ≤ 5 em uma escala de 9 c Escore de condição corporal (tabela 3-7) > 5 em uma escala de 9 TABELA 6 - Perfil de nutrientes em alimentos para gatos - recomendações da AFFCO. Nutriente Unidade (MS) Manutenção (min.) Máximo Proteína % 28,0 Arginina % 1,04 Histidina % 0,31 Isoleucina % 0,52 Leucina % 1,25 Lisina % 0,83 Metionina – cistina % 1,10 Fenilalanina – tirosina % 0,88 Treonina % 0,42 Triptofano % 0,10 Valina % 0,20 Gordura % 9,0 Acido Linoléico % 0,5 Ácido Araquidônico % 0,02 Minerais % Cálcio % 0,6 Fósforo % 0,5 Potássio % 0,6 Sódio % 0,2 Cloro % 0,3 Magnésio % 0,04 Ferro ppm 80 Cobre ppm 5 Manganês ppm 5,0 Zinco ppm 75 Iodo ppm 0,35 Selênio ppm 0,1 Vitaminas A IU/kg 5000 75.000 D IU/kg 500 10.000 E IU/kg 30 I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 14 Tiamina ppm 5,0 Riboflavina ppm 4,0 Ácido Pantotênico ppm 5 Niacina ppm 60 Piridoxina ppm 4,0 Ácido fólico ppm 0,8 Cianocobalamina ppm 0,02 Colina ppm 2400 1 - Supondo a EM em 4200 kcal/kg. 4. MANEJO ALIMENTAR NA GESTAÇÃO E LACTAÇÃO 4.1. Fêmeas em gestação Cadelas: De acordo com o NRC (2006) é recomendado que a alimentação extra energia para a gestação inicie-se quatro semanas antes da cobertura. Meyer et al. (1985) citados pelo NRC (2006) estimaram cálculos fatoriais do peso da ninhada e composição corporal dos filhotes; peso da placenta e composição e pela estimativa do tecido extrauterino das cadelas- que as exigências para a gestação (quatro semanas antes da cobertura até o parto) seriam 26 kcal/kg PV. Usando a média das exigências energéticas de um cão de canil (130 kcal/kg PV 0,75 ) como ponto de partida, as exigências energéticas de uma cadela gestante aumentam em 130% da manutenção em uma cadela de 5 kg e para 160% em uma cadela de 60 kg. Dessa forma, é recomendado que as exigências individuais de cadelas prenhes sejam calculadas partindo-se da necessidade individual de mantença por kg PV 0,75 e adicionando-se 26 kcal/kg PV a mais do que calcula-la como porcentagem da necessidade de manutenção. Necessidade Diária de Energia Metabolizável (NRC,2006) para Cadelas em Final de Gestação (4 semanas antes da parição) a EM (Kcal) = mantença + 26Kcal x Kg PC Necessidades médias para mantença 130Kcal x Kg PC 0,75 EM (Kcal) = 130Kcal x Kg PC 0,75 + 26Kcal x Kg PC Exemplo: Peso corporal da cadela: 22Kg Necessidade para mantença: 22 0,75 x 130Kcal = 10.16 x 130 = 1.320Kcal Necessidades para gestação: 22 x 26Kcal = 572Kcal Necessidades totais: 1.320Kcal + 572Kcal = 1.892Kcal ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 15 Gatas: Segundo o NRC (2006) o modelo de mudança de peso durante gestação e lactação parece diferir consideravelmente entre cadelas e gatas. As gatas tendem a perder peso durante a lactação independentemente da sua dieta (Scott, 1968; Loveridge, 1986; Loveridge e Rivers, 1989; Zottmann, 1997; Hendriks et al., 1997; Wanberg, 2000). Para um desempenho reprodutivo satisfatório, o ganho de peso corpóreo na prenhez deve incluir o ganho tecidual na preparação para lactação, incluindo fetal, placentárioe as renovações. Baseados nos resultados de Loveridge (1986), uma dieta para aumentar 40 a 50% do peso é recomendável. Recomendações para ingestão de energia durante a prenhez baseadas no fator de Atwater é de cerca de 140 Kcal/Kg de PV 0,67 . Já que o fator de Atwater superestima o conteúdo de energia metabolizável dos alimentos comerciais para gatos (NRC, 1986) é recomendável que as exigências para gatas prenhes baseadas nos experimentos mencionados acima incluam uma margem de segurança considerável. Gatas com exigências abaixo da média podem comer menos e não alcançar um ganho de peso satisfatório que a prepare para as perdas durante a lactação. 4.2 Fêmeas em lactação Cadelas: As cadelas amamentam seus filhotes em geral por até seis semanas. O oferecimento de alimento a eles pode começar com 2½ semanas de idade nos mais precoces mas o ideal é iniciar a partir da 4ª semana de lactação. A produção de leite e o conteúdo de energia no leite são importantes fatores na estimativa das exigências energéticas para a produção de leite. (NRC, 2006) A partir da composição de nutrientes do leite da cadela, o conteúdo de energia bruta é estimado em cerca de 1,45kcal/g em base úmida. Esse conteúdo apresenta pequena variação exceto para o período colostral . A produção de leite é de cerca de 8% o peso. Esses estudos concordam que o pico de lactação na cadela acontece na quarta semana. A curva de lactação durante as quatro semanas é baseada em uma quantidade considerável de dados; no entanto após esse período as informações são escassas. Após a quarta semana de lactação o comportamento das cadelas pode diferir consideravelmente, algumas tolerando a sucção dos filhotes por um período considerável de tempo e outras não. Dessa forma, com quatro semanas a produção de leite apresentará uma variação considerável. Até o momento, uma razoável estimativa só é possível para as quatro primeiras semanas de lactação. Expressa como porcentagem média diária de leite produzido durante as quatro semanas de lactação, a produção é a seguinte: 75% na primeira semana 95% na segunda, 110% na terceira e 120% na quarta. (NRC, 2006) A exigência energética para a produção de leite pode ser calculada fatorialmente. Como primeiro passo, a energia liberada com o leite pode ser calculada pela produção de leite e energia bruta dele: produção de leite (g/kg PV) x 1,45 kcal. O resultado representa a energia metabólica líquida necessária para a produção de leite. Assume-se que a utilização de EM para a produção de leite é calculada como se segue: EM= produção de leite (g/kg PV) x 1,45kcal/60x100= produção de leite (g/kg PV) x 2,42 kcal. A produção de leite diária pode ser estimada de acordo com o número de filhotes por ninhada. De 1-4 filhotes, é 1% do peso vivo da cadela por filhote (ou seja, a exigência de EM para a produção de leite por filhote é 10x2,42 kcal/kgPV da cadela= 24 kcal/kg PV da cadela por filhote). De cinco a oito filhotes, a exigência de energia metabolizável é somente 0,5% do peso da cadela Para calcular as exigências de Energia Metabolizável para a produção de leite por filhote usa-se 5 x 2,42 Kcal/Kg PV = 12 Kcal/Kg PV da cadela por filhote. Para calcular as exigências para a produção de leite o número de filhotes entre 1 e 4 é multiplicado por 24 Kcal/Kg de PV da cadela e número de filhotes entre 5 e 8 por 12 Kcal/Kg de PV e os resultados somados. (NRC, 2006) I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 16 A exigência de manutenção deve ser considerada separadamente. Uma cadela cuidando de uma ninhada pode ser considerada ativa. Meyer et al (1985b) calculou uma regressão linear entre a produção de leite das cadelas como uma variável independente e a ingestão energética (corrigida para as variações de PV) como variável dependente extrapolada de produção zero Kg. A intercepta da equação de regressão pode ser considerado como as exigências de mantença, 145 Kcal/Kg de PV 0,75 . (NRC, 2006) Para cadelas com grandes ninhadas a capacidade de consumo pode limitar a ingestão de energia. Isto é mais visível em cães de raças grandes e gigantes porque o tamanho relativo do trato gastrintestinal diminui com o aumento do tamanho do corpo. Raças pequenas e médias podem aumentar o consumo de matéria seca durante a lactação para cerca de 4,5% do seu peso corpóreo; alguns indivíduos podem alcançar até 9%. A exigência energética e a capacidade para o consumo de alimentos determinam a densidade energética mínima do alimento que deve ser utilizado. Em Dog Alemães – e possivelmente em outras raças gigantes – pode ser necessário dar um alimento adicional aos filhotes mesmo se dietas com alta energia são dadas à cadela. (NRC, 2006) ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 17 Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cadelas em Lactação Baseado no Numero de Filhotes e em Semanas de Lactação Necessidades para lactação: EM (Kcal) = mantença + PC x (24n + 12m) x L Necessidade de energia extrapolada para mantença durante a lactação: 145Kcal x PC 0,75 EM (Kcal) = 145Kcal x PC 0,75 + PC x (24n + 12m) x L Onde: PC: peso corporal da cadela (Kg) n = numero de filhotes entre 1 e 4 m = numero de filhotes entre 5 e 8 (<5 filhotes m = 0) L = fator de correção para o estágio de lactação: semana 1 = 0,75; semana 2 = 0,95; semana 3 = 1,1; semana 4 = 1.2 (ver texto) Exemplo: Cadelas de 22Kg; 6 filhotes; terceira semana de lactação Necessidade para mantença = 22 0,75 x 145Kcal = 10.16 x 145Kcal = 1.473Kcal Número de filhotes = 6; n = 4; m = 2 Estágio de lactação terceira semana: L = 1.1 Necessidade para lactação = 22 x (24 x 4 + 12 x 2) x 1.1Kcal = 2.904Kcal Necessidades totais = 1.473Kcal + 2.904Kcal = 4.377Kcal I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 18 Necessidades Diárias de Energia Metabolizável para Cadelas em Lactação Baseado no Numero de Filhotes e em Semanas de Lactação Necessidades para lactação: EM (Kcal) = mantença + PC x (24n + 12m) x L Necessidade de energia extrapolada para mantença durante a lactação: 145Kcal x PC 0,75 EM (Kcal) = 145Kcal x PC 0,75 + PC x (24n + 12m) x L Onde: PC: peso corporal da cadela (Kg) n = numero de filhotes entre 1 e 4 m = numero de filhotes entre 5 e 8 (<5 filhotes m = 0) L = fator de correção para o estágio de lactação: semana 1 = 0,75; semana 2 = 0,95; semana 3 = 1,1; semana 4 = 1.2 (ver texto) Exemplo: Cadelas de 22Kg; 6 filhotes; terceira semana de lactação Necessidade para mantença = 22 0,75 x 145Kcal = 10.16 x 145Kcal = 1.473Kcal Número de filhotes = 6; n = 4; m = 2 Estágio de lactação terceira semana: L = 1.1 Necessidade para lactação = 22 x (24 x 4 + 12 x 2) x 1.1Kcal = 2.904Kcal Necessidades totais = 1.473Kcal + 2.904Kcal = 4.377Kcal Para cadelas com grandes ninhadas a capacidade de consumo pode limitar a ingestão de energia. Isto é mais visível em cães de raças grandes e gigantes porque o tamanho relativo do trato gastrintestinal diminui com o aumento do tamanho do corpo. Raças pequenas e médias podem aumentar o consumo de matéria seca durante a lactação para cerca de 4,5% do seu peso corpóreo; alguns indivíduos podem alcançar até 9%. A exigência energética e a capacidade para o consumo de alimentosdeterminam a densidade energética mínima do alimento que deve ser utilizado. Em Dog Alemães – e possivelmente em outras raças gigantes – pode ser necessário dar um alimento adicional aos filhotes mesmo se dietas com alta energia são dadas à cadela. (NRC, 2006) TABELA 7 - Comparação do leite materno de várias espécies. Componentes Cadela Vaca Gata % MS %MN % MS %MN % MS %MN Matéria seca 100 21,0 100 12,6 100 20 Gordura 42,86 9,0 30,16 3,8 24 4,8 Lactose 14,29 3,0 38,09 4,8 24,5 4,9 Proteína 38,09 8,0 26,19 3,3 47,5 9,5 Minerais 4,46 1,0 5,14 0,7 4 0,8 Kcal EB. / kg 6666 1400 5950 750 5500 1100 5.4. GATAS EM LACTAÇÃO As gatas alcançam a puberdade aos 6 meses, e a primeira cobertura das fêmeas normalmente é por volta de um ano de idade. A duração da gestação é de 9 semanas e o número de filhotes paridos é de 3-5, com duração média da lactação de 7-8 semanas. As gatas amamentam os seus filhotes em geral por 7-9 semanas, dependendo do tamanho da ninhada. A adição de alimento aos gatos pode começar com 2½ e deve ser introduzido no máximo na ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 19 quarta semana de lactação quando o leite não é suficiente para o desenvolvimento normal (Hendriks e Wamberg, 2000). O conteúdo de energia do leite das gatas aumenta gradualmente durante a lactação de cerca de 1 para 1,3 kcal/g de leite (Keen et al, 1982; Zottmann, 1997). Conseqüentemente, as perdas de energia no leite aumentam mais rapidamente durante as 4 semanas e diminuem mais tarde. Para o cálculo fatorial da energia líquida para a produção de leite, as mudanças semanais do conteúdo energético e da produção, bem como os efeitos do tamanho da ninhada na produção foram levados em conta. As perdas foram calculadas separadamente para ninhadas pequenas (1-2 gatos), médias (3-4 gatos) e grandes (mais que 4 gatos) para cada semana de lactação. Então a média foi calculada e cada semana foi comparada com a média. Os fatores resultantes para cada estágio de lactação na equação para o cálculo das exigências dos gatos levaram em conta tanto a produção de leite quanto as mudanças no conteúdo energético. . (NRC, 2006) Para o cálculo fatorial das exigências energéticas para produção de leite a partir da energia liberada no leite (Kienzle, 1998), uma estimativa da utilização de energia metabolizável para produção é necessária. No entanto não há dados para gatos. Baseados na informação de outras espécies, a utilização pode estar entre 60 e 70%. O cão costuma ser o melhor modelo porque é o que tem dieta mais similar com a dos gatos. O trabalho de Scantlebury et al. (2000) demonstram uma menor variação da utilização de energia para produção de leite em cães. Dessa forma, a energia liberada no leite foi dividida por 60 e multiplicada por 100 para calcular as exigências energéticas para produção de leite em gatos. As exigências de manutenção são adicionadas as de produção de leite. Uma gata cuidando de uma ninhada pode ser considerada mais ativa e irá tornar-se mais magra com o progresso da lactação. Dessa forma, a equação para manutenção de gatas magras é 100Kcal/Kg de PV 0,67 . Para gatas com ninhadas com mais de 4 filhotes, 50 Kcal/Kg de PV foi subtraído dos cálculos fatoriais; para gatas com 3 a 4 somente 40 Kcal/Kg de PV foi subtraído e para gatas com menos que 3, subtrações menores foram feitas porque estas gatas tendem a perder menos peso durante a lactação Necessidades Diárias de Energia Metabolizável (NRC2006) para Gatas Lactantes Filhotes Necessidade de Energia <3 EM kcal = mantença + 18 x PC x L EM kcal = 100 x PC 0,67 + 18 x PC x L 3-4 EM kcal = mantença + 60 x PC x L EM kcal = 100 x PC 0,67 + 60 x PC x L >4 EM kcal = mantença + 70 x PC x L EM kcal = 100 x PC 0,67 + 70 x PC x L L = fator para o estágio de lactação da semana 1 até a semana 7: 0,9; 0,9; 1,2; 1,2; 1,1; 1,0; 0,8 EX: Gata com 3,5kg de PC, 4 filhotes, pico da lactação (3º semana). EM kcal = 100 x 3,5 0,67 + (60 x 3,5 x 1,2) = 231 + 252 = 483kcal I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 20 5. MANEJO ALIMENTAR DE CÃES E GATOS GERIÁTRICOS O envelhecimento pode ser definido como um processo biológico complexo, que resulta na redução progressiva da capacidade de manutenção da homeostasia sob estresses fisiológicos internos e ambientais externos (Goldston, 1999). Os mecanismos causadores do envelhecimento ainda não estão totalmente elucidados, mas as pesquisas sugerem uma etiologia multifatorial, envolvendo fatores metabólicos, genéticos, ambientais e nutricionais que induzem a alterações degenerativas, perda de reservas, das capacidades de regeneração e de adaptabilidade. A geriatria na veterinária é o ramo da medicina que trata dos problemas peculiares à idade avançada. A idade é definida como um processo biológico complexo, que resulta na redução progressiva da capacidade de um indivíduo manter a homeostasia sob estresses fisiológicos internos e ambientais externos, diminuindo assim a viabilidade do indivíduo e aumentando a sua vulnerabilidade a doenças e levando finalmente à morte. O envelhecimento não é uma doença por si só, e existem muitos fatores que podem influenciar a velocidade desse processo, mais notavelmente (Goldston, 1999): 5.1 ASPECTO GERAL NA NUTRIÇÃO DE CÃES E GATOS EM IDADE AVANÇADA O animal que envelhece necessita dos mesmos nutrientes que teve durante os estados anteriores. Entretanto, uma nova abordagem nutricional baseada em modificações quantitativas e qualitativas são necessárias devido às alterações físicas e metabólicas, celulares e orgânicas, particulares ao processo de envelhecimento. A quantidade de nutrientes requerida por unidade de peso corporal pode mudar, e a maneira de fornecer esses nutrientes ao animal pode precisar de modificações (Case et al., 1998). Assim, o manejo da alimentação depende da dieta normal do animal e do seu estado de saúde atual. Por isso é importante questionar o proprietário sobre a quantidade e a marca da ração oferecida, se é fornecido comida caseira ou algum tipo de suplementação. A história, exame físico e a avaliação laboratorial completa do animal devem permitir que o veterinário decida se a dieta atual é adequada e identifique a presença de qualquer doença crônica que possa exigir uma modificação dietética. Se o cão ou gato estiver saudável, o clínico deve então decidir se é necessária uma dieta especial para o animal idoso (Buffington, 1991). 5.1.1. Energia Os cães e gatos tornam-se menos ativos à medida que envelhecem, havendo também uma redução da taxa metabólica e resultando em uma necessidade por menos calorias para manter o peso corporal e a condições ideais. Os cães mais velhos variam muito quanto às suas necessidades energéticas, dependendo do seu temperamento individual, da presença de doenças degenerativas e da quantidade de exercício diário que realizam. Portanto, os proprietários devem monitorar a condição corporal do seu cão ou gato e ajustar o consumo alimentar de modo a evitar uma obesidade conforme as exigências energéticas diminuírem (Goldston, 1999). As necessidades em energia metabolizável (EM) para os cães e gatos variam com idade, condição corporal, cobertura (pelagem), condições ambientais, aclimatização e temperamento (NUTRIENTS, 1985 e 1986). As alterações queocorrem nos animais maduros produzem uma queda situada entre 12 a 40% nas necessidades energéticas diárias totais. As recomendações obtidas na literatura ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 21 normalmente concordam que a EM das dietas caninas para animais senescentes deve ser em torno de 20% inferior à energia das dietas de manutenção para cães adultos (Debraekeeler et al, 2000; Case et al, 1998; Harper, 1998 b ; Hoskins et al, 1999). Para felinos, são citadas várias recomendações, tão contraditórias quanto as informações sobre metabolismo e necessidades energéticas: manutenção dos níveis energéticos praticados na fase adulta e utilização de matérias- primas altamente digestíveis na confecção dos alimentos (Harper, 1998 b e 1998 c ); aumento na densidade energética (Paragon e Vaissaire, 2001 b ); ou ainda restrição energética inicial, em torno de 20 a 30% dos requisitos de gatos adultos, e em uma fase mais avançada manutenção ou aumento da densidade energética (Kirk et al, 2000). Essa última recomendação parece ser mais coerente com a fisiologia do envelhecimento felino e também canino, podendo ser empregada para as duas espécies. Os benefícios da restrição calórica (tabela 35) são interessantes em qualquer idade, mas são expandidos quando um programa precoce é realizado, como parte de uma medicina preventiva. Existem consideráveis variações relacionadas às necessidades energéticas individuais, que impedem uma especificação única. A melhor recomendação é que o médico veterinário ou nutricionista estabeleça um programa individual, contemplando um programa alimentar a ser seguido por toda a vida, de modo a garantir uma condição corporal ótima e prevenir um envelhecimento prematuro e os efeitos negativos do estresse oxidativo. TABELA 8 – Efeitos da restrição calórica para cães e gatos Efeito principal Efeitos secundários Condição corporal: prevenção da obesidade Prevenção e/ou melhora clínica de doenças associadas: imunodeficiência, osteoartrite, diabetes, hiperlipidemia, cardiomiopatias, hipertensão, dermatoses, etc. Aumento da qualidade de vida e sobrevida Imunocompetência: melhor resposta imune celular e humoral Redução da susceptibilidade às doenças Aumento da qualidade de vida e sobrevida Pressão arterial: prevenção da hipertensão Prevenção de cardiomiopatias e insuficiência renal Aumento da qualidade de vida e sobrevida Osteoartrite: redução da progressão e melhora da sintomatologia clínica Prevenção da claudicação Melhor movimentação Aumento da qualidade de vida Estresse oxidativo: redução da formação de radicais livres Prevenção do envelhecimento precoce Aumento da qualidade de vida e sobrevida I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 22 Metabolismo de carboidratos: maior sensibilidade à insulina e melhor utilização da glicose pelas células Prevenção hiperinsulinemia/ hiperglicemia Redução das reações de glicação não enzimática envolvendo proteínas e ácidos nucléicos Prevenção do envelhecimento precoce Aumento da qualidade de vida e sobrevida Para restringir o valor calórico, os alimentos devem apresentar suas matérias graxa e glicídica reduzidas, uma vez que os lipídeos e carboidratos representam as fonte energéticas mais concentrada e mais prontamente disponível das dietas, respectivamente. A inclusão de um maior percentual de calorias de origem protéica também é uma manipulação dietética interessante, pois esse princípio nutritivo possui maior incremento calórico que os demais, o que representa um gasto energético adicional para que a proteína ingerida seja digerida, metabolizada e convertida em energia (tabela 36). O maior aporte protéico também otimiza a função imunológica e previne a perda de massa corporal magra, comuns ao envelhecimento e às dietas para controle e perda de peso. Um pequeno incremento no teor de fibra dietética também é benéfico, pois além de não contribuir significativamente para o aporte energético, exerce papel de “diluidor” da EM, por sua natureza indigestível. Os gatos adultos normalmente consomem alimentos bastante incrementados em gorduras animais em relação aos cães, mas também exigem um menor percentual desse nutriente nos alimentos em sua maturidade, pois além de se beneficiarem com a restrição calórica, possuem reduzida capacidade de digestão lipídica como conseqüência do envelhecimento. Entretanto, os lipídeos alimentares, em especial os de origem animal, não podem ausentar-se ou sofrer reduções drásticas, pois são importantes por agregar palatabilidade e garantir o interesse do animal pelo alimento, por fornecer ácidos graxos e aumentar a absorção de vitaminas lipossolúveis. 5.1.2. Carboidratos Não existe uma exigência mínima de carboidratos ou glicídeos simples para cães e gatos, que possuem necessidade metabólica de glicose. Os gatos os digerem menos eficientemente que os cães, devido à ausência de amilase salivar e à pequena produção de amilase pancreática, sendo a glicemia mantida quase que exclusivamente por aminoácidos glicogênicos. Em alimentos geriátricos, tanto para a maturidade quanto para a senilidade propriamente dita, devem ser escolhidas matérias- primas de boa digestibilidade e de índice glicêmico reduzido, para evitar a glicemia pós prandial e sobrecargas às células -pancreáticas. Pesquisas recentes indicam que o sorgo garante uma taxa glicêmica mais constante que vários outros cereais. A cevada e o milho produzem uma glicemia pós- prandial inferior à produzida pelo arroz. A digestibilidade dos cereais é melhorada por processamentos tecnológicos, como os hidrotémicos (cocção, extrusão, expansão, micronização), que provocam o rompimento da parede celular, a destruição da estrutura cristalina dos grânulos e a gelatinização do amido. Fibras ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 23 Os carboidratos complexos da parede celular dos vegetais são indigeríveis por enzimas de animais superiores e possuem valor energético nulo, mas exercem efeitos sistêmicos desejáveis, relacionados à solubilidade e à fermentabilidade das fontes de fibra. As fibras altamente solúveis, como as gomas e mucilagens, dissolvem-se mais rapidamente no lúmen intestinal e exercem muito pouco estímulo físico sobre a mucosa. Entretanto, proporcionam maior fermentação de seus componentes por microorganismos residentes no intestino grosso e conseqüentemente maior produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Esses compostos voláteis são fontes energéticas para enterócitos e colonócitos, estimulam uma hipertrofia da mucosa e a otimização dos processos digestivos e absortivos dos nutrientes. O psyllium, uma fonte de fibra solúvel proveniente do trigo, produz um gel viscoso que retarda o esvaziamento gástrico e possui um bom efeito glucomodulador. Por outro lado, as fibras insolúveis, como a celulose, são também menos fermentáveis, e sua ação física sobre a mucos intestinal é mais pronunciada, levando a um aumento dos movimentos peristálticos e da taxa de passagem da digesta, com redução da capacidade absortiva e produção de maior resíduo fecal, mais hidratado e menos consistente. Esses efeitos são interessantes no controle e redução de peso corpóreo e prevenção da constipação e fecalomas em animais geriátricos. Normalmente utiliza-se para cães e gatos uma combinação equilibrada de fibras solúveis e insolúveis ou uma fonte moderadamente fermentável, como a polpa de beterraba, a polpa de maçã e o farelo de arroz, proporcionando boa absorção de nutrientes e formação de pequenas quantidades de fezes moderadamente secas. Nos alimentos geriátricos um incremento moderado no teor de fibras é interessante, contribuindo no manejo e prevenção de algumas patologias, incluindo diarréia, colite idiopática, diabetes, hiperlipidemia (Dimski & Buffington, 1991; Hansen et al, 1992; Biourge et al, 2003), Quando se adotamduas dietas para a fase geriátrica, um teor de fibra dietética em torno de 5% a 6% na maturidade e de 3 a 4% na senilidade são adequados. Essa estratégia proporciona os benefícios sobre os sistemas gastrintestinal e endócrino, principalmente, e ainda respeitam a fisiologia e as necessidades energéticas de cada sub-fase. Em qualquer situação a fibra bruta total não deve estar presente em quantidades excessivas, a fim de evitar o comprometimento da qualidade dos alimentos, principalmente da digestibilidade da matéria seca e dos princípios nutritivos. 5.1.3. Proteínas e aminoácidos Com relação às proteínas, há uma perda quanto as suas reservas. Esta reserva de proteínas é adequada ao organismo para uma reação ao estresse e à doenças. O estresse provoca adaptações nervosas, metabólicas e hormonais que permitem ao organismo adaptar-se a estímulos adversos. A mobilização de proteínas no organismo é uma resposta fisiológica característica do estresse. Os animais velhos estão sujeitos a uma elevada incidência de doenças e de estresse e, portanto, ficam especialmente vulneráveis se a sua capacidade de reação estiver comprometida. É importante que os animais recebam proteínas de alta qualidade em nível suficiente para fornecer os aminoácidos essenciais requeridos para as necessidades de manutenção do organismo e para minimizar as perdas do tecido fibroso (Case et al., 1998). As necessidades protéicas dietéticas do cão relacionam-se ao fornecimento de aminoácidos essenciais, que não podem ser sintetizados por seus tecidos, e de nitrogênio para produção de aminoácidos dieteticamente não essenciais, ambos em quantidades suficientes para garantir ótimas taxas de crescimento, metabolismo, reparo tecidual e função imunológica. Já os gatos, carnívoros restritos, possuem necessidade de ingestão de proteínas duas a três vezes maiores que os cães, pois dependem dos aminoácidos glicogênicos para obtenção metabólica de glicose. Atualmente, existe uma polêmica na comunidade científica em relação aos níveis de proteína adequados aos cães e gatos geriátricos. Alguns autores relacionam níveis elevados de proteína dietética ao acúmulo de resíduos nitrogenados e à ocorrência de lesões renais. Entretanto, alguns estudos demonstram que a função renal saudável não é afetada pelo teor da proteína da dieta e que a restrição protéica só I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 24 exerce um efeito significativo sobre os sinais clínicos da insuficiência renal crônica já instalada, com um certo nível de comprometimento de néfrons funcionais (Finco, 1994). Segundo Case et al. (1998), os animais que envelhecem devem ser alimentados com dietas que contenham uma percentagem menor de calorias obtidas das proteínas, em comparação com as dietas utilizadas para o crescimento, mas com uma percentagem mais alta do que o mínimo necessário para a manutenção na idade adulta. Além de possuir uma quantidade menor de reservas de proteínas, a queda total das necessidades energéticas do animal de idade avançada pode gerar a necessidade de aumentar discretamente a percentagem de calorias de origem protéica da dieta. Sem dúvida as marcas de alimentos para animais que contêm quantidades mínimas de proteínas de baixa qualidade não serão capazes de oferecer uma nutrição protéica adequada . As alterações que ocorrem na senilidade elevam ligeiramente as necessidades aminoacídicas dos cães e gatos, pois a redução das reservas protéicas pode comprometer as funções neurológicas, endócrinas, digestivas, metabólicas, imunológicas, entre outras essenciais à vida. A maioria dos alimentos comerciais para cães e gatos geriátricos contém níveis de proteína bruta superiores, em média 20 a 25%, aos níveis de manutenção praticados em alimentos para animais adultos. Quantidades excessivas de proteínas são metabolizados em energia e produtos nitrogenados, o que representa, no mínimo, um desperdício de matérias-primas de custo elevado. É coerente considerar as relações qualitativas juntamente com as quantitativas e utilizar fontes protéicas de alta digestibilidade e bom valor biológico, o que está relacionado ao equilíbrio e disponibilidade dos aminoácidos essenciais, contribuindo para a otimização do aproveitamento metabólico e menor necessidade de inclusão. Normalmente, as proteínas de origem animal possuem qualidade superior às proteínas vegetais , além de mais palatáveis para animais monogástricos. Em relação a alguns aminoácidos distintos, os gatos possuem requisitos dietéticos de taurina, por não sintetizá-la como fazem os demais mamíferos domésticos, e são extremamente sensíveis à deficiência de arginina, diferentemente dos cães (Borges, 2002). Essas particularidades não podem ser negligenciadas em nenhuma fase fisiológica, inclusive na senescência. 4.1.4. Lipídeos Quanto às gorduras, é postulado que o aumento da percentagem de gordura que aparece com a idade é, em parte, o resultado de um aumento da incapacidade do organismo para metabolizar os lipídios. Diminuir discretamente a quantidade de gorduras da dieta pode beneficiar os cães e gatos geriátricos. (Case et al., 1998). A gordura na dieta melhora a palatabilidade, proporciona ácidos graxos essenciais, potencializa a absorção de vitaminas lipossolúveis e constitui uma fonte concentrada de calorias, mas deve ser considerada com cuidado. Os animais acima do peso devem ser alimentados com dietas pobres em gorduras (menos de 20% de calorias decorrentes de gorduras) (Buffington, 1991). Os níveis de gordura maiores que 30% de calorias têm valor para cães ou gatos abaixo do peso (Goldston, 1999). Também se deve levar em conta que um consumo adequado de ácidos graxos insaturados para assegurar uma saúde cutânea apropriada e um pelame saudável (Goldston, 1999). 4.6.5. Vitaminas As vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, apesar de participarem em pequenas quantidades na dieta e no organismo, são essenciais em várias funções, mas atuando como principalmente como co- fatores em sistemas enzimáticos, catalisando processos metabólicos essenciais. Reforços de ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 25 vitamínicos em dietas geriátricas são necessários, pois as alterações imunitárias, digestivas, metabólicas e a susceptibilidade ao estresse observados na senilidade contribuem para um aumento nas necessidades dietéticas. As vitaminas do complexo B são necessárias para a produção e maturação de células sanguíneas, metabolismo intermediário, secreções endócrinas, integridade da pele e anexos, atividades neurológicas e locomotoras normais e para a manutenção do apetite. Cães e gatos geriátricos podem ser beneficiados por um incremento de vitaminas do complexo B em suas dietas, pois as alterações gerais do envelhecimento e o comprometimento digestivo contribuem para um aumento dos requisitos dietéticos. Os felinos, particularmente, possuem necessidades dietéticas de niacina e piridoxina quatro vezes superior aos cães. Esses animais são inaptos em converter o aminoácido triptofano em niacina, estando susceptíveis à alterações dermatológicas, gastrintestinais, neurológicas e morte, se essa vitamina estiver dieteticamente deficiente. A piridoxina está diretamente envolvida no metabolismo intermediário de proteínas, e sua deficiência pode causar vários distúrbios neurológicos, sensoriais (visuais, olfatórios, gustativos), hematopoéticos, digestivos, locomoteores, etc. O aumento dos teores de vitamina E e vitamina A nas dietas geriátricas são estratégias nutricionais interessantes. A vitamina E é um potente antioxidante e também modula a liberação de histamina, sendo que pode ser útil na prevenção das reações de hipersensibilidade. A vitamina A não é um potente antioxidante, mas seu precursor -caroteno sim. Isso não significa que a suplementação de vitamina A não seja importante em dietas geriátricas. Além de outros benefícios, a vitamina Atem relação direta com a integridade visual. Para cães, o -caroteno adicionado às dietas supre as necessidades fisiológicas de vitamina A, por conversão. Os felinos são inaptos em processar essa transformação, por deficiência enzimática, tendo necessidade dietética de vitamina A pré-formada. A vitamina C não é convencionalmente suplementada em dietas de manutenção para cães e gatos, por serem aptos à produção desse nutriente. Entretanto, essa produção é limitada e a inclusão (quanto?) em dietas geriátricas é interessante, pois contribui na prevenção de doenças respiratórias e da cavidade oral; melhora a capacidade restauradora das cartilagens por estimular a síntese de colágeno; e ainda garante o efeito antioxidante sinérgico à vitamina E. As vitaminas C e E agem conjuntamente também como imunoestimulantes. As carências nutricionais desencadeiam sintomas específicos e prejudicam o metabolismo intermediário. A longo prazo, podem causar patologias graves. A ocorrência de toxicidades por excesso de vitaminas são raras, pois requerem cerca de quinhentas a mil vezes os requisitos diários para desenvolverem-se. As hipervitaminose A e D são entretanto as mais prejudiciais, envolvendo efeitos negativos principalmente sobre os sistemas nervoso e músculo-esquelético. 4.6.6. Minerais Os elementos inorgânicos assemelham-se às vitaminas em suas exigências e funções metabólicas. Adicionalmente, estão diretamente envolvidos na ocorrência de patologias, como distúrbios metabólicos, urolitíases, nefropatias, cardiopatias, doenças músculo-esqueléticas, etc. Quantitativamente, o cálcio e o fósforo são os elementos inorgânicos principais, e são constituintes ósseos essenciais. O cálcio está também envolvido na coagulação sanguínea, contratilidade muscular e transmissão de impulsos nervosos, funções essenciais à sobrevivência. O fósforo também exerce funções importantíssimas como componente de vários sistemas enzimáticos e no armazenamento e transferência de energia nas células, como compostos de alta energia (ATP). Proporções ótimas de Ca:P, entre 1,2 a 4:1 e 0,9 a 1:1 para cães e gatos respectivamente, otimizam a absorção e utilização metabólica desses elementos. A capacidade renal e a eliminação de fosfatos estão reduzidas em cães e gatos senis, assim como a síntese da forma ativa de vitamina D3, o calcitriol, essencial à absorção intestinal de cálcio. Esses eventos conduzem à hiperfosfatemia e hipocalcemia, podendo levar ao hiperparatireoidismo, desmineralização óssea e lesões em néfrons funcionais, culminando com insuficiência renal. I Curso de Nutrição de Cães e Gatos FMVZ- USP01 a 03 maio 2009 26 Portanto, dietas geriátricas devem apresentar uma redução de 15 a 20% no teor de fósforo e um ligeiro aumento no teor de cálcio, sem contudo comprometer a relação Ca : P. Embora não se conheçam os efeitos das dietas ricas em fósforo sobre a função renal nos cães e gatos velhos sãos, é prudente evitar um excesso deste mineral na dieta (Case et al., 1998). Os demais macroelementos inorgânicos também são importantes, principalmente na manutenção das funções fisiológicas normais, principalmente do equilíbrio eletrolítico, das funções nervosas, cardíacas e metabólicas, como ocorrência de reações enzimáticas essenciais. O magnésio é particularmente importante na ativação de vários sistemas enzimáticos e na produção e ativação da acetilcolina. A deficiência desse mineral prejudica o metabolismo de proteínas, lipídeos e carboidratos, a contratilidade muscular, a estabilidade de membranas, a sobrevivência de eritrócitos, a imunidade, o metabolismo de tecidos ricos em colágeno, a fosforilação oxidativa, etc. Ocorrência de urolitíase por estruvita, principalmente nos gatos, está relacionada entre outros fatores, ao excesso de magnésio dietético. O teor de sódio dos alimentos de cães e gatos tem merecido atenção devido à preocupação que este componente gera na dieta humana. Alguns alimentos comerciais para animais contêm uma concentração de sódio de 2%, embora as necessidades reais de sódio para o cão e o gato sejam muito inferiores. Sem dúvida, a níveis de 2% ou mais, a ingestão de alimento se autolimita. Os animais não consomem dietas que contenham uma quantidade excessivamente elevada de sódio com valores abaixo de 2% de sódio não se constatou nenhuma desordem no cão são. Portanto, o teor de sódio da dieta dos animais velhos sãos não deve ser motivo de preocupação, sempre que o seu nível se mantenha em torno de 1% ou menos do peso total de matéria seca (Case et al., 1998). É importante salientar que uma dieta pobre em sódio torna-se necessária para o tratamento da insuficiência cardíaca congestiva (Goldston, 1999). Muitos elementos inorgânicos são exigidos em ínfimas quantidades, mas exercem papéis essenciais no metabolismo animal. Dentre esses microelementos, o ferro (Fe), o iodo (I), o zinco (Zn), o selênio (Se), o cromo (Cr), o cobre (Cu) e o manganês (Mn) são especialmente importantes, por melhorarem funções essenciais, comprometidas pelo processo de envelhecimento. O ferro encontra-se presente em várias enzimas (hemeenzimas) e moléculas (hemoglobina e mioglobina) importantes. Dessa forma está envolvido na hematopoiese e no transporte de oxigênio; na imunidade, no funcionamento do sistema cardiovascular e conseqüentemente de todos os outros sistemas dependentes. É um potente ativador do oxigênio e de elétrons e conseqüentemente de reações oxidativas, que têm seus contextos benéficos e maléficos já discutidos. O iodo é essencial na síntese de hormônios tireoideanos, que possuem várias funções reguladoras no organismo. A ocorrência de hipotireoidismo em cães e gatos pode estar relacionada à deficiência de iodo, causando distúrbios secundários., como lesões dermatológicas; distúrbios reprodutivos, ganho de peso excessivo e suas complicações. O zinco se destaca por sua essencialidade ao metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas; ao sistema imunitário; para a estrutura e metabolismo saudável da pele e pelagem; para a manutenção do apetite, por manter as funções olfativa e gustativa; e como co-fator de mais de 200 enzimas, inclusive do sistema antioxidante intrínseco. A necessidade de Zn para cães é de 120 mg/kg e para gatos, 75 mg/kg de ração. É importante lembrar que altos níveis de cálcio ou fitato dietéticos interferem com a disponibilidade e absorção de fósforo e zinco, levando à falta de apetite, emagrecimento, fraqueza, aumento da susceptibilidade à infecções e lesões de pele, alopécia, conjutivite, etc. O selênio também é de extrema importância metabólica, sendo que sua deficiência causa comprometimento dos sistemas antioxidantes, principalmente da enzima glutationa peroxidase, depressão, anorexia, degenerações dos tecidos musculares cardíaco e esquelético, fraqueza muscular, edema subcutâneo, dispnéia e eventualmente coma. A recomendação nutricional é de 150 a 300 g de selênio orgânico/ton. ração. ASPECTOS NUTRICIONAIS DE CÃES E GATOS EM VÁRIAS FASES FISIOLÒGICAS 27 O cromo potencializa a ação da insulina e a utilização da glicose sanguínea pelas células, pois compõe o fator de tolerância à glicose (FTG). O cobre é um importante co-fator de enzimas antioxidantes. Além de uma maior inclusão, é importante assegurar a disponibilidade e o equilíbrio dos minerais em dietas geriátricas, para compensar a pior eficiência digestiva e evitar as carências. O uso de minerais orgânicos pode melhorar a biodisponilidade. Os minerais em sua forma simples precisam ligar-se a aminoácidos livres, presentes na luz intestinal para serem absorvidos. Quando ingeridos sob as formas quelatadas, já ligados a pequenos peptídeos ou aminoácidos, os minerais escapam do antagonismo competitivo com outros minerais pelo mesmo aminoácido, tendo aumentadas suas taxas de absorção, deposição tecidual e utilização metabólica, garantindo menores taxas de excreção fecal e urinária. A maioria dos alimentos comerciais
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