Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Soniely melo QUEIMADURAS COMO É FEITO O ATENDIMENTO NA CENA? – AMBULÂNCIA AVANÇADA- • Remover o paciente do local • Interromper o processo lesivo: remover as vestimentas do paciente, diluir agente química com água, manta térmica. • Ofertar O2 sob máscara • Suspeita de lesão inalatória: tem que fazer via aérea definitiva = IOT + VM • Focar no ABC do ATLS: garantir via aérea pérvia, ventilação, controle de choque. • Iniciar reposição volêmica; • Colar cervical + Prancha rígida = todo paciente grande queimado é politraumatizado! • Aquecer o paciente • Remover anéis, relógios, joias, cintos e metais diversos. QUAIS AS DROGAS ADEQUADAS PARA IOT NESSA SITUAÇÃO? Inicialmente, a via aérea definitiva sem sedação; mas se o paciente está em Glasgow >9, fazer sedação. O ideal é usar drogas que sejam cardiodepressores: ETOMIDATO ou QUETAMINA; Especialmente para os grandes queimados, não se deve usar bloqueadores neuromusculares (succinilcolina – faz compressão muscular vigorosa para depois fazer o bloqueio; naquele momento, libera muito potássio na circulação, e como a queimadura causou muita lesão na pele, o que já libera muito potássio na circulação, aumenta o risco de hipercalemia grave em um paciente que já está instável, risco de problemas cardíacos). 2 Soniely melo COMO REALIZAR O ATENDIMENTO INICIAL NO PRONTO-SOCORRO? ATLS É um paciente com suspeita de lesão inalatória. Garantir via aérea definitiva antes que o edema obstrua a passagem do ar. TODO PACIENTE QUE TEM QUEIMADURA DE FACE, TEM QUE FAZER IOT? Suspeitou de lesão inalatória, é obrigatório fazer via aérea definitiva. Existem outras indicações para via aérea definitiva: TCE, trauma abdominal ou torácico, rebaixamento do nível de consciência. 3 Soniely melo QUAL A CONDUTA? ➢ Escarotomia do tórax. ➢ ➢ Controle da hemorragia* + Controle do choque com reposição volêmica (Cristaloide) 4 Soniely melo A fórmula de Parkland super estima o volume total que precisa ser infundido no paciente. A fórmula de Brooke modificada é um valor mais próxima do real, mas corre o risco de faltar volume para o paciente. É mais deletério faltar volume do que dar volume demais. COMO CALCULAR A % SCQ? As queimaduras de 1º grau não são contabilizadas. Só queimaduras de 2° e 3° graus são contabilizados. Regra de Wallace (Regra dos 9): palma da mão: 1% REGRA DA PALMA DA MÃO: a palma da mão do paciente corresponde a 1% da área da superfície corporal do paciente. Mede a palma da mão do paciente. DIAGRAMA DE LUND & BROWDER: leva em consideração as diferenças de porcentagem da cabeça, coxa e perna para cada faixa etária. Para crianças com menos de 10 anos utiliza-se a Regra dos 11, de acordo com a tabela: Tabela 2: Regras dos Onze, para crianças Cabeça e face 11% Membros superiores 11% Membros inferiores 11% Tronco, em cada lado 11% 5 Soniely melo SUPERFÍCIE QUEIMADA DO PACIENTE DO CASO: • Face e pescoço= 4,5% • Tronco=18% • MMSS= 9+9=18% • Genitália=1% • Total: 41,5% 50% nas primeiras 8h e 50% nas 16h restantes. O Ringer lactato ajuda no tratamento da acidose metabólica e sua osmolaridade é mais próxima da osmolaridade do sangue (mais isosmolar). https://multisaude.com.br/wp-content/uploads/2015/11/regra-dos-onze-para-criancas.png 6 Soniely melo COMO SABER SE O VOLUME INFUNDIDO ESTÁ ADEQUADO? Avaliar perfusão tecidual: débito urinário no adulto (deve ser acima de 0,5ml/kg/h), sinais vitais (PA, FC, FR, temperatura), extremidades, etc. Se infundir muito volume: edema agudo de pulmão, piora de edema de terceiro espaço, síndrome compartimental. Se infundir pouco volume: paciente continua em choque e em acidose metabólica. Não tem o que fazer em relação ao D. 7 Soniely melo + A queimadura de 3° grau causa uma compressão das estruturas, por isso faz a escarotomia, para melhorar a perfusão dos tecidos. Inicialmente tem uma compressão venosa que evolui para trombose venosa, evoluindo para trombose arterial. Por isso, os primeiros sintomas da síndrome compartimental são neurológicos, edema com dor e parestesia da extremidade. Sinal tardio é a alteração arterial: cianose, diminuição do tempo de enchimento capilar, palidez. Se o paciente continuar com edema, e houver comprometimento muscular, tem indicação de fasciotomia. MEDIDAS AUXILIARES 1. Sondagem vesical de demora: >0,5ml/kg/h 2. Sondagem nasogástrica 3. Radiografias do trauma: RX cervical + de tórax + pélvico 4. Jejum 5. Analgesia escalonada: opioide forte + analgésico comum (dipirona): AINE só em 1° grau, por causa do elevado risco de sangramento digestivo e lesão renal; opioide só por via IV. 6. Não fazer antibiótico sistêmico 7. Protetor de mucosa gástrica (IBP) 8. Balneoterapia (lavagem das feridas, seguida do desbridamento das lesões) + Curativo (antibiótico tópico – sulfadiazina de prata, nitrato de prato, sulfadiazina de prata com nitrato de cério/ dermacério) 9. Reposição de vitamina C, selênio, etc. OBS: não se usa permanganato. 8 Soniely melo E AS QUEIMADURAS? O QUE FAZER? COMO FAZER O CURATIVO? Balneoterapia. Curativo de 4 camadas: 1. Sulfadiazina de prata a 1%/ acetato de mafenida a 5%/ nitrato de prata a 0,5%/ Sulfadiazina de prata a 1% e o nitrato de cério a 0,4% 2. Superfície não aderente: atadura de tecido sintético (rayon) 3. Gazes: algodão hidrofílico, feridas muito exsudativas então as gazes absorvem; 4. Protetora: faixas, telas. *Sulfadiazina de prata a 1% é indolor à aplicação, reação adversa: neutropenia, geralmente reversível; é inativa contra várias cepas de Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus spp; geralmente, a medicação é associada ao nitrato de cério a 0,4% nos primeiros 3 dias e depois empregada de forma isolada. *Nitrato de prata é indolor à aplicação, mas não consegue boa penetração na queimadura, leva a perda de sódio, potássio e cloretos, ocasionando distúrbios hidroeletrolíticos. O curativo deve ser trocado no mínimo uma vez por dia. NÃO faz antibiótico sistêmico profilático por promover seleção de flora bacteriana. Antibioticoprofilaxia deve ser prescrita em casos de desbridamento e enxertia, no período perioperatório, não devendo ser utilizada por mais de 24 horas. QUANDO TRANSFERIR O PACIENTE PARA CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS (CTQ)? Critérios para internação em centro de tratamento de queimados: • Espessura parcial >10% SCQ • Face, mãos, pés, genitália, períneo ou articulações • Qualquer queimadura de espessura total 9 Soniely melo • Queimaduras elétricas • Queimaduras químicas • Lesão inalatória • Paciente com comorbidades • Trauma concomitante • Crianças • Intervenção social e reabilitação de longo prazo QUEIMADURAS TÉRMICAS Lesões provocadas pela temperatura; gravidade variável; Efeito inicial e local; Causa desnaturação de proteínas; Pele: principal órgão afetado – maior órgão, proteção contra infecções; Avaliação de gravidade: ▪ Profundidade da lesão ▪ Porcentagem afetada ▪ Local ▪ Complicações associadas ▪ Idade/ comorbidades Profundidade: 1º Grau: 10 Soniely melo ▪ Acometem apenas a epiderme ▪ Dor e vermelhidão (que fica pálida à compressão digital) ▪ Recuperação rápida: 3 a 6 dias ▪ Não deixa cicatriz; ▪ Reepitelização 2ª Grau: ▪ Epiderme e derme ▪ Inchaço, dor e BOLHAS; ▪ Recuperação em cerca de 3 semanas; ▪ Pode deixar cicatriz; ▪ Superficial (fica pálida com a compressão, cicatrização pela reepitelização) X Profunda (não fica pálida com a compressão, cicatriz pela restauração) ▪ Superficial recupera em torno de 3 semanas; profunda vai de 3-9 semanas para se recuperar- tem risco de cicatrização hipertrófica; ▪ Restauração 3ª Grau: ▪ Epiderme, derme e hipoderme; até tecidos subcutâneos, lesionando terminações nervosas, vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas; ▪ Pele em couro,indolor, sem bolhas; ▪ Não tem bolhas! ▪ Queimadura de espessura total; ▪ Cicatrização 4º Grau: ▪ Até musculo e ossos; ▪ Aspecto carbonizado; ▪ Perda funcional; ▪ Comum em queimaduras elétricas; As lesões podem se aprofundar, principalmente se presença de celulite, hipoperfusão tecidual ou mal cuidado da lesão. ATLS só considera até o 3° grau. Extensão: ➢ REGRA DOS NOVE *considerar a partir de 2º grau; ➢ SUPERFÍCIE PALMAR *palma=1% de superfície *para qualquer idade Em queimaduras >40%SCQ o sistema imune é incapaz de delimitar a infecção, que, sistematizando-se, torna rara a sobrevida do indivíduo. A resposta sistêmica ocorre em duas fases distintas: • Fase hipovolêmica: 11 Soniely melo • Fase diurética: Local da queimadura: GRAVES: face, pescoço, mãos, pés e genitália. Queimaduras circunferenciais: principalmente em membros (síndrome compartimental), pescoço (asfixia), tórax (menor expansibilidade torácica); Associadas à comorbidades/ idade da vítima: Distúrbios cardíacos e diabetes -> + grave 12 Soniely melo Idade: <5 anos e > 55 anos (pele extremamente fina; relação desproporcional fluido/ área corporal, menor imunidade imunológica; ZONAS DA QUEIMADURA Zona central: necrose Zona de estase: intensa vasoconstrição, resultando em isquemia local; pode ser recuperada com a reperfusão; Zona de hiperemia: vasodilatação e inflamação; não sofre risco de necrose; a partir dela que se inicia o processo de recuperação; queimadura de 1° grau em volta de uma queimadura de 2°,3° ou 4° grau. 13 Soniely melo Leve: tratamento ambulatorial Moderado: ambulatorial diariamente Grave: CTQ Tratamento inicial: ➢ 1º grau: lavar com água corrente; ➢ A partir do segundo grau: 1° afastar vítima da fonte 2° Retire todas as roupas e utensílios da vítima que não estiverem aderidos a pele. OBS: a manobra de rolar na tentativa de apagar o fogo, pode causar infecção. 3° Avaliar ABCD e sinais vitais; SINAIS DE ALERTA Queimadura extensa em face Rouquidão Dificuldade de respirar Expirar fuligem Queimadura de mucosa Queimadura de vibrissas Edema laríngeo 4° interromper o processo de queimadura: água fria corrente; NÃO deve romper a bolha (porque é uma barreira de proteção contra infecções secundárias). Curativo estéril e seco; NÃO utiliza: manteiga, creme dental, pó de café, pomada; 14 Soniely melo QUEIMADURA QUÍMICA Tratar agressivamente todos os casos!!! Porque é difícil de avaliar a profundidade e a gravidade! Sempre acionar o serviço de emergência!!! 1° Escove a pele + lavar a pele com fluxo de água de moderada intensidade; no mínimo por 20 minutos; 2° remova a roupa, sapatos, acessórios... 3° Se possível após a lavagem utilizar enxágue com sabão; 4° Olho: Fluxo contínuo > 20 minutos; 5° Curativo estéril e seco; 6° Acionar o serviço de emergência médica (anote o nome da substância); QUEIMADURA ELÉTRICA Certifique-se da segurança da cena!!!! Avaliar os fios no chão e no carro!!! Orientar as vítimas a não tocarem no carro; Sinais e sintomas: ▪ Confusão ou torpor ▪ Queimaduras graves (4° grau) ▪ Parada cardiorrespiratória ▪ Dispneia ▪ Fraturas em membros Manejo inicial: 1. Faça o ABCD e monitorize sinais vitais; inicie SBV imediatamente se necessário 2. Se estiver caído ao solo, proceda com imobilização; 3. Realize curativo nas lesões de entrada e saída; 4. Acione o serviço de emergência; Mecanismo de lesão inalatória: Térmica: laringe funciona como válvula de calor, inflamação, edema; distorção da anatomia local; Inalação do gás hipóxico: confusão mental, após 48h; evolui para insuficiência respiratória; Toxinas locais: componentes da fumaça, acroleina, CO, etc; inflamação aguda; sintomas em 24h após exposição; provoca síndrome do desconforto respiratório agudo. Tratamento: broncodilatadores, solução salina hipertônica para induzir a tosse; Corticoides: não se utiliza por seu efeito imunossupressor; 15 Soniely melo
Compartilhar