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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ª VARA DO TRABALHO DE PINDAMONHANGABA/SP. NORBERTO PAULO, (nacionalidade), (estado civil), filho de (nome da mãe), portador da Cédula de Identidade RG nº (...), devidamente inscrito no CPF/MF sob nº (...), residente e domiciliado em (endereço), vem, por seu advogado e bastante procurador (doc.xx – procuração anexa), apresentar RECLAMAÇÃO TRABALHISTA PELO RITO ORDINÁRIO, o que faz com fulcro no artigo 840, §1º c/c o artigo 319 do Código de Processo Civil, em face de GADO BOM LTDA, pessoa jurídica de Direito Privado, devidamente inscrita no CNPJ/MF sob nº (...), com sede nesta comarca, à (endereço), pelos fatos e razões de Direito a seguir expostos. PRELIMINARMENTE, DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA: Requer, desde já, o reclamante, os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, o que faz com fundamento no artigo 1.072, III, do CPC/15, c/c o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal da República. 1. DOS FATOS: O reclamante foi contratado em 16/07/2014 para preencher cargo de açougueiro da reclamada, tendo percebido como última remuneração o valor de R$ 1.900,00 (um mil e novecentos reais), já incluído, neste valor, o devido adicional de insalubridade. Laborava em escala 6x1, onde possuía as seguintes escalas: • Segunda-feira a sexta-feira: Das 08h00 às 19h00; • Sábados: Das 08h00 às 15h00; • Domingos e Feriados: Não laborava; Possuía, ainda, durante a jornada de trabalho, intervalo para alimentação e descanso de uma hora, sendo que nunca foi alterada a escala de intervalos, nem seu período. Informa, ainda, que apesar da reclamada possuir mais de 10 (dez) funcionários e existir previsão expressa em lei determinando, a mesma não fornecia cartão de ponto para que o reclamante registrasse seus horários, motivo pelo qual deixa de apresentar espelhos de ponto. Tendo sido desligado da empresa por decisão unilateral do empregador em 18/07/2017, até o presente momento, não recebeu qualquer numerário a título de verbas rescisórias, não recebeu as guias para soerguimento dos valores referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), bem como, por meios próprios, descobriu que a reclamada não procedeu ao depósito dos valores referentes a tal fundo, nem mesmo a multa devida. Nestes termos, socorre-se do órgão competente, tendo em vista a inércia da reclamada. 2. DO DIREITO: 2.1. DO DIREITO DE REPOUSO EM SERVIÇOS FRIGORÍFICOS (ART. 253 DA CLT): O autor recebia adicional referente a insalubridade de laborar em que o trabalho é realizado em câmaras frigoríficas. No entanto, não gozava do intervalo de 20 (vinte) minutos previsto no artigo 253 da CLT, senão vejamos: Art. 253 - Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo. Ainda, em seu parágrafo único, o artigo em questão nos traz quais são os ambientes declarados frios, nos termos da lei: Parágrafo único - Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo, o que for inferior, nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, Industria e Comercio, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º (dez graus). Nestes termos, de rigor a concessão do repouso inerente ao exercício da jornada de trabalho em câmaras frias, devendo o mesmo incidir nas seguintes verbas horas extras, aviso prévio indenizado, 13º salário, férias e FGTS. 2.2. DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO: Quando da demissão do reclamante, não foi concedido o direito a aviso prévio, que consistiria em montante de 01 (um) salário vigente, ou, em valores monetários, R$ 1.900,00 (mil e novecentos reais). O direito ao aviso prévio indenizado encontra seu fundamento basilar na Constituição Federal, no artigo 7º, XXI, in verbis: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Mantendo a linha de pensamento, a própria CLT prevê o direito ao aviso prévio em seu artigo 487, enunciando que: “Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra de sua resolução com a antecedência mínima de: II – trinta dias aos que perceberem por quinzena ou por mês, ou que tenham mais de 12 (doze) meses de serviço na empresa.” Ressalta-se, ainda, que o §1º do mesmo artigo assegura que a falta de aviso prévio pelo empregador garante ao empregado o direito de receber os salários correspondentes, bem como de integrar o prazo no seu tempo de serviço. Ademais, o adicional deve ser concedido com o acréscimo de três dias, já que o reclamante laborou para a reclamada por período superior a um ano, conforme a previsão da Lei nº 12.506/2011, em seu artigo 1º, in verbis: Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto- Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. Nestes termos, pugna desde já pelo pagamento dos salários referentes ao aviso prévio, em relação ao período de 33 (trinta e três) dias com a incorporação destes valores ao tempo de serviço do trabalhador para os fins de direito. 2.3. DA MULTA REFERENTE AO DEPÓSITO DO FUNDO DE GARANTIA: Ainda, laborou o requerente para a reclamada por um período de 03 (três) anos e 02 (dois) dias, tendo o contrato de trabalho encerrado por decisão unilateral da mesma, o que preenche os requisitos da demissão sem justa causa. Nestes termos, de direito seria o pagamento dos valores a título de verbas rescisórias, dentre eles, a multa de 40% dos valores pagos a título de Fundo de Garantia no decorrer do contrato de trabalho, conforme a previsão da Lei nº 8.036/1990, abaixo transcrita: Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#tituloIVcapvi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#tituloIVcapvi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#tituloIVcapvi ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. Ressalta-se que, mesmo com a previsão legal acima descrita, a reclamada quedou inerte quanto ao pagamento desta e das demais verbas rescisórias. Pugna, com fundamento no exposto, o pagamento da multa de 40% sobre todo o saldo referente ao FGTS que, em tese, teria que ter sido depositado na conta vinculada do empregado. 2.4. DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, §8º DA CLT: O reclamante foi desligado sem justa causa, sendo que o pagamento das verbas rescisórias não foi realizado até o momento, sujeitando a reclamada a multa prevista no artigo 477, §8º da CLT, in verbis: Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho ePrevidência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. § 6º - A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. § 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. (Grifos nossos) Assim sendo, requer a aplicação e consequente pagamento da multa, em valor equiparado ao salário do reclamante, devidamente corrigido pelo índice determinado em lei. 2.5. DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO 467 DA CLT: Buscando sempre causar o cumprimento das normativas legais, necessário se faz, quando do comparecimento em audiência, o pagamento das verbas incontroversas, tendo em vista o disposto no artigo 467 da CLT, o qual traz a seguinte redação: Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa destas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de 50%. Nestes termos, busca-se o pagamento da parte incontroversa das verbas rescisórias, sob pena de pagamento com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em caso de inércia até o momento previsto em lei. 3. DOS PEDIDOS: Ante o exposto, pugnando desde já pela total PROCEDÊNCIA do pleito, requer: a. A concessão das benesses da Assistência Judiciária Gratuita, tendo em vista a falta de condição de arcar com eventuais custas e honorários previstos no artigo 794-A da CLT; b. A citação da reclamada no endereço acima descrito para que, caso assim deseje, apresente sua contestação quanto aos fatos aqui discutidos, sob as penas de revelia e confissão quanto a matéria de fato ora discutida; c. A condenação da reclamada ao pagamento das seguintes verbas rescisórias: • Aviso prévio, no importe de R$ ... • Repouso em razão do trabalho em funções frigoríficas e sua incidência nas verbas rescisórias; • A incidência das multas previstas nos artigos 477, §8º e 467 da CLT, com valores de R$ ... e R$ ... (sendo estes as verbas incontroversas dos presentes autos, já acrescidas de 50%) d. O fornecimento de guias para o soerguimento do seguro-desemprego, sob as penas de aplicação das indenizações previstas na Súmula 389 do TST; e. O pagamento dos valores devidos a título de Fundo de Garantia sob as verbas já discutidas nesta exordial, no importe de R$ ...; f. A condenação da reclamada ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, nos termos do artigo 794-A da CLT; Protesta, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidos, em especial pelo depoimento pessoal do preposto da reclamada. Por fim, requer sejam feitas todas as publicações decorrentes dos presentes autos em nome de seu patrono constituído nestes autos, Dr (NOME DO ADVOGADO), advogado devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de (UF) sob nº (...), sob pena de nulidade. Dá-se a causa, nos termos do artigo 272 do CPC, o valor de R$ (...). Termos nos quais, Pede Deferimento. Pindamonhangaba, data. ADVOGADO OAB/UF nº ...
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