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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | PNEUMOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A TEV - Tromboembolismo Venoso O termo tromboembolismo venoso (TEV) inclui duas condições frequentes, que são a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP), sendo esta a causa de morte evitável mais comum no paciente hospitalizado. Existe a formação de um trombo, que se deslocam e após caírem na circulação sanguínea (em geral de panturrilha, coxa → VCI → AD → VD → pulmão) atingem algum vaso pulmonar, em que o tecido distal ao vaso entra em sofrimento isquêmico, mas devido à circulação dupla (aa. brônquicas) não existe a necrose do tecido. Decorre de condições que comprometem o retorno venoso, acarretando disfunção ou lesão endotelial ou provocando hipercoagulabilidade. A incidência da TEV aumenta exponencialmente a partir de 40 anos de idade, e tem quase 200 casos por dia no Brasil. Fatores de Risco para TEV → Síndromes Clínicas da TEP: Sindrome do Colapso Circulatório: associado a TEP maciço (trombo de grandes proporções) e ocorre em 10% dos pacientes. Evolui com choque, confusão mental e arritmia cardíaca. Síndrome do Infarto ou Hemorragia Pulmonar: associada à TEP submaciço, ocorre em 60% dos casos, apresentando dor torácica, dispneia com ou sem hemoptise Síndrome da Embolia Não Complicada: é associada a trombos pequenos (30% dos casos) e tem quadro clínico incaracterístico, sem dor, apenas com presença de dispneia. Diagnóstico: tríade → dispneia, taquipneia e dor torácica. O primeiro exame a ser pedido é o RX DE TÓRAX, que apresenta alterações em mais de 80% dos casos. Dentre os achados estão: elevação do diafragma, atelectasias laminares, derrame pleural e consolidações. - Sinal de Hampton (imagem 1): trata-se de área isquêmica na periferia do pulmão, gerando imagem em cunha no parênquima do pulmão, cuja a sua base está voltada para a parte periférica do mesmo, enquanto a sua ponta é localizada em direção ao centro do pulmão. Consolidação em cunha. - Sinal de Westermark (imagem 2): oligoemia focal: diminuição do volume de sangue para aquela determinada região do pulmão. Ocorre nos segmentos pulmonares, que estão mal perfundidos, devido à obstrução de alguns ramos segmentares ou lobares da artéria pulmonar. Se apresenta como uma hipertransparência. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | PNEUMOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Eletrocardiograma: pode sofrer alteração que indica sobrecarga aguda de ventrículo direito, mas isso ocorre em menos de 10% dos casos (onda S em D1, onda Q em d3, e onda T invertida em D3) Cintilografia Pulmonar V/Q: avalia a presença de alterações na passagem do ar ou na circulação de sangue aos pulmões, sendo feito em 2 etapas, chamadas de inalação, também conhecida como ventilação, ou perfusão. Para a realização do exame é necessária a utilização de um medicamento com capacidades radioativas, como Tecnécio 99m ou Gálio 67. É necessário que a Cintilografia seja feita precocemente. - TEP: não tem perfusão e tem ventilação - PNM (diag. dif): tem perfusão e não tem ventilação Dímero D: é um subproduto da fibrinólise e a elevação dos seus níveis sugere existência e lise recente de trombos. Está elevado em condições como TEP, TVP, IAM, AVC, CID...A sensibilidade (alta) e especificidade (baixa) dos testes de dímero D são variáveis; no entanto, a maioria é sensível e não específica. É instrumento de exclusão de TEP Arteriografia Pulmonar (ERA padrão ouro): exame de alto custo, que utiliza contraste diretamente no tronco da artéria pulmonar. É necessário realizar cateterismo e a presença com um hemodinamicista AngioTC (padrão ouro): é realizado com contraste em veia periférica, sem o uso de cateterismo. Vê-se derrames, defeitos de enchimento entre outros. Faz diagnóstico em artérias de calibres diversos. QUANDO INDICAR CINTILOGRAFIA NO LUGAR DA TC: risco de reação ao contraste, preocupação com a radiação em mulheres (ca. mama), insuficiência renal. Alterações Hemodinâmicas: um êmbolo entope um ramo na artéria → libera mediadores → aumenta a RVP → aumento da PA pulmonar → aumento da pós carga do VD → dilatação e disfunção sistólica do VD → regurgitação tricúspide e desvio do septo IV p/ esquerda. Os achados em vermelho podem ser encontrados no ECO. Após as alterações supracitadas ocorre uma disfunção no VD diminuindo a pré-carga e enchimento no VE → diminui o volume de ejeção do VE → diminui o débito cardíaco causando hipotensão sistêmica/choque. Algoritmo de manejo: pacientes hemodinamicamente estáveis FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | PNEUMOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Tratamento Anticoagulante: HFN e HBPM - A heparina interage com a antitrombina no sentido de inibir fatores de coagulação (2A e 10A). Esta interação aumenta em mais de 1000 vezes a atividade intrínseca da antitrombina. Pode-se reverter o efeito da heparina através da administração de um antídoto, chamado protamina. - Essa reação é determinada por um pentassacarídeo com alta afinidade de ligação com à AT3 contido em cerca de ⅓ das moléculas de heparina . Os ⅔ restantes têm mínima atividade anticoagulante nas concentrações terapêuticas usuais. - A inibição do 10A necessita apenas do pentassacaride e do 2A >18 sacárides Posologia heparina de baixo peso molecular para TEP - Enoxaparina (Clexane) → 1 mg/kg/dia 12-12 horas ou 1,5 mg/kg/dia de 24-24 horas subcutâneo - Dalteparina (Fragmin) → 200UI/kg/dia ou 100UI//kg/dia de 12-12 horas subcutâneo Anticoagulante oral Warfarina: age inibindo a síntese dos fatores da coagulação dependentes da vit. K (II, VII, IX e X). Seu efeito surge apenas após o desaparecimento da circulação dos fatores já previamente sintetizados, o que ocorre em até 72h. Portanto, a anticoagulação deve ter obrigatoriamente um periodo de superposição de heparina e anticoag. oral de 4 a 5 dias. O ACO deve ser iniciado já no primeiro dia de tratamento, o que permite uma obtenção mais rápida do nível de anticoagulação. A dose é ajustada pelo tempo de protrombina, cujo resultado é normatizado sob a forma de RNI (deve estar entre 2 e 3). A heparina só pode ser suspensa após 48h de RNI > 2. O controle do RNI deve ser semanal no primeiro mês e depois quinzenal ou mensal. Novos anticoagulantes orais - Eficácia não inferior ao tratamento anticoagulante convencional na prevenção das recorrências de TEV, porém com menor incidência de sangramento - Menos interação medicamentosa, alimentar, menos sangramento, não precisa ajustar dose, não precisa dosar TTPa https://pt.wikipedia.org/wiki/Antitrombina FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | PNEUMOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Tempo de tratamento: atenção se possuir fatores de risco transitórios ou não FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | PNEUMOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Etiologia: TVP nos membros inferiores, na maioria das vezes, resulta de - Retorno venoso prejudicado (p. ex., em pacientes imobilizados) - Lesão ou disfunção endotelial (p. ex., após fratura nas pernas) - Hipercoagulabilidade TVP nos membros superiores na maioria das vezes resulta de - Lesão endotelial decorrente de cateteres venosos centrais, marca-passos ou uso de drogas injetáveis - A TVP do membro superior ocasionalmente ocorre como parte da síndrome da VCS ou resulta de estado hipercoagulável ou compressão da veia subclávia no desfiladeiro torácico Quando presente, os sinais e sintomas: - dor vaga - sensibilidade ao longo da distribuição das veias - edema - eritema - veias superficiais colaterais dilatadas podem se tornar visíveis ou palpáveis - ocasionalmente, provoca-se desconforto na panturrilha com flexão dorsal do tornozelo (sinal de Homan), com o joelho estendido, na vigência de TVP da parte distal da perna, mas não é sensível e nem específico. - sensibilidade da perna, edema de toda a perna, diferença > 3 cm entre as circunferências das panturrilhas, edema depressívele veias superficiais colaterais podem ser mais preditivos, uma vez que há probabilidade de TVP com a combinação de ≥3 desses fatores e na ausência de outro diagnóstico provável - inespecíficos, a frequência e a gravidade são variáveis, sendo semelhantes em braços e pernas. As causas comuns de dor na panturrilha que mimetizam TVP aguda envolvem insuficiência venosa e síndrome pós-flebítica; celulite que provoca eritema doloroso da panturrilha; ruptura de cisto (pseudo-TVP) poplíteo (Baker), que acarreta edema e dor na panturrilha e, às vezes, contusão na região do maléolo médio; e ruptura parcial ou completa dos tendões ou músculos da panturrilha.