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FPM III JULIANA 1 SEMIOLOGIA DO IDOSO EPIDEMIOLOGIA Envelhecimento populacional: um dos grandes desa- fios a ser enfrentado nas próximas décadas. Transição demográfica: redução da mortalidade; au- mento da expectativa de vida; diminuição das taxas de natalidade (pirâmide invertida). Transição epidemiológica: diminuição das doenças transmissíveis (infecciosas – antigamente, eram as res- ponsáveis por grande parte das mortes numa socie- dade); aumento das doenças não transmissíveis e cau- sas externas (mortes violentas, homicídio, entre ou- tros); aumento do risco de incapacidade. CONCEITOS Envelhecimento: processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquí- micas e psicológicas, as quais determinam perda da ca- pacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam em levá-lo a morte. Inicia-se com a concepção e termina com a morte. Fenótipo: resultado de fenômenos intrínsecos ao orga- nismo associados a fatores ambientais, estilo de vida, condições nutricionais e ocorrência de doenças. Idoso: de acordo com a OMS → a partir de 65 anos para países desenvolvidos e a partir de 60 anos para países em desenvolvimento, como o Brasil. Divididos em três grupos: 1. Idosos jovens: 65 a 74 anos. 2. Idosos velhos: 75 a 84 anos. 3. Muito idosos: 85 anos ou mais – 80 anos ou mais em países em desenvolvimento. Senescência ou senectude: envelhecimento normal. Senilidade: causada por doenças que podem acometer os idosos (envelhecimento patológico). FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO Modificações sistêmicas Composição corporal: percentual de gordura corporal tende a aumentar, enquanto o de massa magra tende a cair; quantia de massa óssea diminui, assim como a água intracelular (desidratação natural – o que intensi- fica a desidratação patológica nos idosos). Água extra- celular tende a se manter. Observação: muitos medicamentos são lipossolúveis (depositados na gordura corporal), logo, demoram mais a serem metabolizados em organismos com maior gordura corporal. Medicamentos hidrossolúveis tam- bém são melhores absorvidos em organismos jovens (relação com a farmacologia aplicada). Geral: 1. Tecido subcutâneo diminui nos membros e au- menta no tronco. 2. Aumento dos diâmetros da caixa torácica e do crâ- nio. 3. A partir dos 40 anos: estatura diminui 1cm por dé- cada; aumento das curvaturas da coluna vertebral, achatamento dos arcos dos pés e dos discos inter- vertebrais. 4. Albumina sérica diminui. 5. Taxa do metabolismo basal diminui 10 a 20%. 6. Modificações no sistema de regulação da tempera- tura corporal – febre geralmente não ocorre, maior risco de hipotermia e hipertermia. 7. Baixa imunidade celular – maior risco de infecções e neoplasias 8. Maior predisposição a formação de auto anticor- pos. Pele, subcutâneo e fâneros: envelhecimento x exposi- ção a raios solares. Fotoenvelhecimento: alterações do colágeno e fibras elásticas – baixa espessura e elasticidade da epiderme e derme; menor espessura do tecido subcutâneo; maior flacidez, formando grandes pregas nos braços, coxas e abdome; menor quantidade e atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas (pele mais rugosa e seca); diminuição de melanócitos – manchas hiper crô- micas, planas e lisas (face e dorso das mãos) – mela- nose senil. Fâneros: 1. Homens: diminuição de pelos no corpo – exceção: nariz, sobrancelhas e orelhas; 2. Mulheres: diminuição de pelos nas axilas, pernas e púbis; aumento no lábio superior e orelhas; FPM III JULIANA 2 3. Canície: medula dos cabelos se enche de ar e o cór- tex perde o pigmento (cabelo branco); 4. Calvície: diminuição da quantidade de bulbos capi- lares; 5. Unhas crescem mais lentamente e tornam-se es- pessas e curvas (onicogrifose). Sistema osteoarticular e muscular: Ossos: diminuição da massa óssea (homens a partir de 60 anos; mulheres pós menopausa); sinostose dos os- sos do crânio; desgaste de ossos maxilar e mandíbula; caixa torácica perde elasticidade e mobilidade; acen- tuam-se as curvas da coluna vertebral. Músculos: sarcopenia – perda de 1-2% da massa mus- cular ao ano a partir de 60 anos – aumenta risco de quedas, declínio funcional, redução da mobilidade, in- capacidade e dependência. Sistema nervoso: perda neuronal – peso e volume do cérebro diminuem; acúmulo de lipofuscina (pigmento), substância beta-amilóide na parede dos vasos e forma- ção de algumas placas senis em determinadas regiões, como hipocampo (excesso – Alzheimer); funções men- tais preservadas até o final da vida; memória para fatos recentes e capacidade de reter novas informações po- dem diminuir com a idade, mas sem causar perda fun- cional; neurotransmissores diminuem (acetilcolina e dopamina), mas sem causar disfunção; velocidade de condução nervosa diminui – diminuição dos reflexos tendinosos profundos, principalmente patelar e aqui- leu; sono – redução do tempo total do sono – diminui- ção da duração e frequência da fase 4 do sono não REM – aumentam os despertares noturnos. Sentidos especiais: Audição: pavilhão auricular aumentam com a idade, principalmente os lóbulos; articulações entre martelo, bigorna e estribo calcificam-se. Audição diminui com a idade, principalmente para sons agudos – presbiacusia – pode ser necessário prótese auditiva. Visão: hiperpigmentação edema de pálpebra inferior; ptose palpebral superior por perda muscular; opacifi- cação do cristalino – catarata; presbiopia; depósitos de lipofuscina na retina; diminuição do humor vítreo; de- generação macular senil. Olfato: diminuição dos receptores olfatórios e do ol- fato. Paladar: atrofia das papilas gustativas; diminuição do paladar, principalmente alimentos salgados. Sistema cardiovascular: artérias tornam-se enrijecidas e tortuosas – aumento do colágeno, diminuição de fi- bras elásticas e depósitos de cálcio; dilatação da porção proximal da aorta; miocárdio – depósito de lipofuscina e substância amilóide, acúmulo de gordura, fibrose e calcificação; pericárdio e endocárdio – espessamento; valvas – degeneração com espessamento, fibrose e cal- cificação – principalmente aórtica e mitral. Redução da quantidade de células do nó sinusal e atrioventricular – arritmias (doença do nó sinusal). Aumento da PA sistó- lica – aumento do risco de doença cerebrovascular. Sistema respiratório: enrijecimento e calcificações das cartilagens traqueais e brônquicas; diminuição da elas- ticidade dos bronquíolos e pulmões; dilatação de al- guns alvéolos com formação de cistos por ruptura de septos interalveolares; aumento do volume residual (VR); capacidade pulmonar total mantida (CPT); capa- cidade vital diminui. Pressão parcial de oxigênio arte- rial diminui (PO2). Pressão parcial de CO2 mantida. Me- canismos de limpeza brônquica – velocidade de bati- mento ciliar, produção de muco e eficácia da tosse – sofrem alterações – aumento do risco de infecções. Sistema digestório: perda de dentes – má higiene e do- ença periodontal; reabsorção óssea e deslocamento da Mandíbula; mucosa oral perde a elasticidade e resis- tência – mais vulnerabilidade a traumas e infecções; glossodínia é comum (sem causa aparente); diminuição das células secretoras das glândulas digestivas – saliva- res, mucosa gástrica, pâncreas, bile; atrofia da túnica muscular de todo o tubo digestivo – diminuição da mo- tilidade, formação de divertículos (hérnia fisiológica); parte distal do esôfago – substituição do epitélio esca- moso por epitélio colunar; atrofia das microvilosidades intestinais; depósitos de lipofuscina e diminuição dos hepatócitos. Sistema urinário: redução do tamanho e peso dos rins; a partir da quarta década de vida, o fluxo plasmático renal e a filtração glomerular diminuem 10% por dé- cada –diminuição da CICr 8 a 10 ml/min/1,73 m2. Al- terações tubulares renais somadas à diminuição da ca- pacidade de concentração e diluição da urina em con- dições de sobrecarga e restrição hídricas aumentam a chance de hipernatremia, hiponatremia e desidratação e diminuem a capacidade de excretar ácidos. Excreção de potássio diminui – diminuição da secreção de renina e redução da filtração glomerular. Complacência da be- xiga diminui – aumento do volume residual. Hipertrofia prostática comum. FPM III JULIANA 3 Sistema endócrino: atrofia da tireoide, hipófise, para- tireoides e suprarrenais sem diminuição da função. Tendência a formação de nódulos na tireoide. Atrofia acentuada do timo. Involução e calcificação da glân- dula pineal – diminuição da secreção de melatonina. Diminuição progressiva da produção de testosterona e interrupção da produção de estrogênio – aumento de FSH/LH. Resistência à insulina e diminuição da tolerân- cia a glicose – dificulta diagnóstico de diabetes. Redu- ção de 50% da secreção do hormônio de crescimento e resposta a estímulos. Redução do sulfato de desidroe- piandrosterona (DHEA) – consequências não compre- endidas e não indicado o uso, apenas como coadju- vante da insuficiência adrenal clínica e laboratorial- mente comprovadas. Sistema genital feminino: atrofia dos ovários. Mamas flácidas e pendentes, tecido glandular substituído por tecido fibroso. Vagina diminui em comprimento e lar- gura, mucosa atrofia e resseca. Útero perde peso e li- gamentos afrouxam-se, favorecendo a ptose. Sistema genital masculino: diminuição dos testículos, vesículas seminais e dimensões do pênis, que perde sua elasticidade. Volume prostático aumenta, mas suas glândulas diminuem. Capacidade reprodutiva diminui com a idade. SEMIOLOGIA DO IDOSO PRINCÍPIOS BÁSICOS • Idade cronológica com pouca ou nenhuma relação com as condições clínicas e prognóstico do paci- ente (grupo heterogêneo); • Quanto maior a idade, maior o risco de invalidez; • Preconceitos em relação à velhice – outras pessoas ou do próprio idoso; • Envelhecer não é tornar-se criança novamente; • Respeitar a opinião do paciente; • Na maioria das vezes, os sintomas não são explica- dos por uma única doença. ASPECTOS PRÓPRIOS DO PACIENTE IDOSO • Tendência a ter múltiplas doenças; • Tendência a ter doenças crônicas; • Os sintomas da doença atual podem ser alterados por doenças preexistentes; • As primeiras manifestações de uma doença podem aparecer somente em fases avançadas; • Tendência a ter doenças agudas mais graves e de recuperação mais lenta; • Tendência a ter doenças com apresentação clínica atípica; • Tendência a ter deficiências funcionais que com- prometem a capacidade de viver independente- mente; • Maior risco de sofrer iatrogenia. ANAMNESE Sobre a anamnese em idosos: pode parecer difícil; his- tória geralmente é longa e demanda vários encontros para ser completada; algumas vezes a entrevista por si só pode ser terapêutica; ideal – equipe multiprofissio- nal; assegurar-se da confiabilidade das informações; medicamentos usados atualmente e recentemente (perguntar insistentemente sobre automedicação). DIFICULDADES DA ANAMNESE 1. O paciente informa pouco sobre sua doença (por acreditar que é inevitável por conta da idade bioló- gica): a doença é aceita como inevitável e é consi- derada uma consequência natural do processo de envelhecimento; o paciente é intimidado por um médico apressado; o paciente nega que esteja do- ente; o paciente tem medo de fazer grandes gastos caso esteja doente; o paciente teme as consequên- cias de informar os sintomas (exames, medicamen- tos, cirurgias). 2. Doenças de apresentação atípica: limiar aumen- tado para dor faz parte do processo de envelheci- mento; o paciente restringe as atividades físicas, por isso, não apresenta sintomas. 3. Apresentações inespecíficas das doenças agudas: infecções, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio manifestando-se somente com confu- são mental (delírio = normalmente, possui uma causa orgânica), queda ou incontinência. 4. Barreiras de comunicação: desconforto, proble- mas de linguagem, deficiências sensoriais e defici- ências cognitivas. 5. História extensa e queixas mal caracterizadas: múltiplas doenças interagindo. QUEIXAS QUE MERECEM ATENÇÃO Queixas comuns: diminuição de memória (quem re- clama? – paciente ou familiares; saber o que está sendo esquecido diariamente; como essa falta de me- mória é percebida e como ela afeta o idoso – compro- metimento funcional); distúrbios de comportamento FPM III JULIANA 4 (agitação, agressividade, mudança de gostos e perso- nalidade) e deambulação excessiva; tonturas (detalhar – rotatória ou vertigem, sensação de desmaio, sensa- ção de queda, entre outros), alterações de marcha e quedas; perdas sensoriais; condições dos dentes e da boca; perda de peso (> 5% em um mês; 7% em três me- ses; >10% em seis meses); modificações do sono; fa- diga. Observação: detalhar todas as queixas. • Incontinência urinária e/ou fecal: mulheres – IUE (incontinência de urgência e esforço) por frouxidão da musculatura pélvica; homens – incontinência por transbordamento na HPB (hiperplasia prostá- tica benigna). • Incontinência fecal: menos prevalente, geralmente acompanha a urinária. SÍNDROMES GERIÁTRICAS 3 “Ds” da geriatria: delirium, demência e depressão. 5 “Is” da geriatria: iatrogenia; instabilidade postural; insuficiente cognitiva; imobilidade e incontinência uri- nária/fecal. Sexualidade: maneira como uma pessoa vivencia e ex- pressa seu sexo; ato sexual – tabu, mito da velhice as- sexuada; alterações por fatores orgânicos, emocionais, sociais e culturais; impasses orgânicos – problemas hormonais, doenças do aparelho geniturinário, doen- ças cardiovasculares, doenças cerebrais, diabetes, DPOC, depressão e medicamentos; fatores sociocultu- rais – viuvez, separação, doença do parceiro, desejo de renunciar à vida sexual; quatro fases de uma relação sexual: excitação (mais demorada), platô (melhor con- trolado), orgasmo (orgasmo seco) e resolução (prolon- gado – dias até semanas). Mais queixas comuns: 1. Ansiedade e/ou depressão – apresentação atípica. 2. Febre: idosos podem apresentar infecção sem fe- bre; mais frequente ser acompanhada de confusão mental, delírios e alucinações. 3. Dor: limiar de dor aumentado; quando tem dor, ní- vel de tolerância menor e reação mais acentuada; manifestações atípicas e mal localizadas. 4. Queixas relacionadas com as mudanças no ciclo de vida: menopausa, aposentadoria, doença ou morte do cônjuge e/ou filhos, diagnóstico de do- ença incapacitante ou terminal e o “ninho vazio”; período para o ajustamento; fases pós diagnósticas de doença avançada: negação, raiva, barganha e introspecção até a aceitação (algumas alterações emocionais não devem ser medicadas; tolerância de seis meses para o idoso “se recuperar” sem me- dicação). Antecedentes e hábitos de vida: estado de saúde dos descendentes; experiências, expectativas e atitudes do paciente em relação às doenças e à morte; hábitos ali- mentares; condições de trabalho; prática de atividade física; vícios; tipo de habitação, existência de escadas, localização dos banheiros; paciente reside sozinho ou com familiares; condições financeiras e quem adminis- tra as finanças; condições de saúde das pessoas que dão apoio ao idoso – estresse do cuidador. Observação: detalhar todas as informações. EXAME FÍSICO 1. Mudança de postura (aumento da cifose e diminuição da lordose) e marcha. 2. Fácies: algumas facies tipicas podem não ocorrer no idoso. 3. Peso: aumenta até os 60 anos e em seguida reduz lenta e gradualmente. 4. Altura: redução de 1cm por década a partir de 40 anos. 5. IMC: corte <22 para desnutrição. 6. Hidratação: medida embaixo da língua. 7. Pele:alterações decorrentes do envelhecimento, lesões sugestivas de maus tratos, úlceras por pressão, condições de higiene. 8. Pressão arterial: hipertensão sistólica isolada do idoso (diastólica normal – ainda assim, requer tratamento). 9. Hipotensão postural: PA em decúbito dorsal após dois a três minutos de repouso; PA com o paciente sentado e após ficar em pé, com intervalo de um a três minutos; contar a FC em todas as etapas (normal elevar 6 a 12 bpm na posição ereta. Sem alteração – dano SNA, aumento > 20 bpm – hipovolemia); pseudo-hipertensão – paciente piora quando a pressão melhora. Exame da cabeça e do pescoço: alterações do tamanho do crânio – Paget; condições dos dentes e das próteses (retirar para exame); pescoço – palpar tireóide, palpar e auscultar pulsos arteriais, palpar cadeias gangliona- res e parótida. Exame do tórax: cifose e aumento do diâmetro ante- roposterior; examinar mamas em mulheres; dados do exame pulmonar inalterados, no máximo diminuição do MV; palpação do ictus cordis cada vez mais difícil; bulhas cardíacas podem ser hipofonéticas; B4 pode FPM III JULIANA 5 surgir sem significado patológico (surge pelo enrijeci- mento da parede cardíaca); sopro ejetivo aórtico ou re- gurgitativo mitral podem surgir sem alteração funcio- nal; sopros diastólicos sempre patológicos. Exame do abdome: palpar e auscultar trajeto da aorta abdominal; palpação suprapúbica – bexigoma; toque retal – doenças prostáticas, fecalomas e neoplasias de reto. Exame das extremidades: deformidades, como arque- amento da perna por alteração da tíbia – Paget; nódu- los de Heberden e Bouchard; deformidades em pes- coço de cisne e casa de botão, desvio ulnar dos dedos, atrofia dos músculos interósseos; sinais de inflamação e isquemia; trofismo muscular; palpar todos os pulsos; pesquisar edemas e veias varicosas. Exame neurológico: deve ser sempre realizado, inde- pendente da queixa; avaliar função mental; examinar nervos cranianos, principalmente motricidade ocular (idosos apresentam maior dificuldade com o olhar ver- tical, principalmente para cima); 30-40% apresentam rigidez de nuca decorrente de osteoartrose da coluna cervical; reflexos profundos podem estar diminuídos; sinais de comprometimento piramidal e extrapiramidal devem ser pesquisados; avaliar sensibilidade tátil, do- lorosa, vibratória e proprioceptiva. AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA INTRODUÇÃO Definição: método multidimensional de avaliação do idoso; aborda os aspectos clínico, funcional, psicoló- gico. Objetivo: planejamento do cuidado; acompanha- mento a longo prazo. AGA x Exame Clínico Padrão: enfatizar a avaliação da capacidade funcional e da qualidade de vida; baseia-se em escalas e testes quantitativos. • OMS conceitua três domínios específicos que defi- nem o objetivo da AGA: deficiência – perda da es- trutura corpórea, aparência ou função de um ór- gão; incapacidade – restrição ou perda da habili- dade; desvantagem – restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais. BENEFICIOS E UTILIDADES DA AGA Nível individual: melhora a acurácia do exame clínico tradicional; estabelece o grau e a extensão da incapa- cidade; identifica idosos em risco de declínio funcional. Nível populacional: instrumento utilizado em estudos clínicos para a avaliação da capacidade funcional e da qualidade de vida; identifica populações de risco; deve ser utilizado para o planejamento de políticas públicas para o envelhecimento. AUTONOMIA X INDEPENDÊNCIA Autonomia: poder de decisão; distúrbios de humor e cognição (demências, atrasos mentais) atrapalham. Independência: capacidade de execução; capacidades analisadas – mobilidade e comunicação. • Ambos os conceitos podem existir sem o outro. DIMENSÕES E SUBDIMENSÕES DA AGA Estado Funcional: equilíbrio e mobilidade; atividades da Vida Diária (AVD); atividades instrumentais da Vida Diária (AIVD). Condições médicas: lista ou mapa de problemas; co- morbidades; gravidade das doenças; inventário de me- dicamentos; deficiências sensoriais; avaliação nutricio- nal. Saúde mental (cognição e humor): função cognitiva e rastreio para depressão. Funcionamento Social: disponibilidade e adequação de suporte familiar e social; condições ambientais. COMPONENTES BÁSICOS DA AGA Avaliação clínica: anam- nese; saúde física (visão, audição e incontinência. Avaliação social e ambi- ental (rede social, segu- rança ambiental e avali- ação do cuidador). Equilíbrio e marcha POMA (Tinetti). Saúde mental: cognição, humor e álcool. Avaliação nutricional. Capacidade funcional. AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA (AGA) Cognição: memória (capacidade de lembrar); função executiva (capacidade de agir, executar uma ação pla- nejada); linguagem (comunicação oral ou escrita); pra- xia (capacidade de coordenação); gnosia (capacidade de reconhecimento); função viso espacial. Humor: motivação (depressão, ansiedade, entre ou- tros). Mobilidade: postura/marcha; capacidade aeróbia. Comunicação: visão; audição e fala. PARÂMETROS AVALIADOS NA AGA • Equilíbrio e mobilidade; função cognitiva; capaci- dade de o indivíduo realizar as atividades básicas de vida diária; capacidade de o indivíduo realizar as atividades instrumentais de vida diária; condições emocionais; disponibilidade e adequação de FPM III JULIANA 6 suporte familiar e social; condições ambientais; es- tado e risco nutricionais. EQUILÍBRIO E MOBILIDADE Aparelho locomotor sofre importantes modificações (diminuição na amplitude do movimento e alterações de marcha) → passos curtos e bem mais lentos (arras- tar o pé); braços perdem a amplitude, ficam mais pró- ximos do corpo (balanço diminui); centro de gravidade se adianta e a base de sustentação se amplia. Avaliação: Get Up and Go (timed up and go); Tinetti; Poma. • Avaliação subjetiva: 1 – normalidade; 2 – anorma- lidade leve; 3 – anormalidade média; 4 – anormali- dade moderada; 5 – anormalidade grave. • 3 ou + significa um risco aumentado de quedas. • < 10 segundos – independente sem alterações de equilíbrio; < 20 segundos – independente em transferências básicas; > 30 segundos – depen- dente em muitas atividades de vida diária e na ha- bilidade da mobilidade. SAÚDE MENTAL Síndromes demenciais: causas importantes de dependencia e institucionalização; várias escalas são usadas para avaliar a cognição – exemplos: MEEM (mini exame do estado mental) → fácil/rápida aplicação que testa os principais aspectos da função cognitiva; rastreio → teste complementar – teste relógio/nomeação de animais, reconhecimento, entre outros. FPM III JULIANA 7 Escore do MEEM: 30 – 27 → em déficit cognitivo; 26 – 24 → déficit cognitivo moderado; corte para pacientes analfabetos: 19 pontos; com escolaridade > ou = 8 anos: 24 pontos. Depressão: maior (prevalencia, duração e recorrência) → GDS (escala de depressão geriátrica). A escala de depressão geriátrica em vesão reduzida de Yesavage (GDS-15) é amplamente utilizada como instrumento diagnóstico de depressão em pacientes idosos – teste para detecção de sintomas depressivos no idoso, com 15 perguntas negativas ou afirmativas em que o resultado de 5 ou + pontos diagnostica depressão, sendo que o escore = ou > 11 caracteriza depressão grave. CAPACIDADE FUNCIONAL • Adaptação para realizar determinada tarefa que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida in- dependente. Atividades básicas de vida diária (autocuidado): Katz (mais simples e mais usada) e Barthel. Atividades instrumentais de viária diária (tarefas com- plexas): Lawton (mais usada) e Pfeffer. Somatória: 6 – independência; 4 – dependência parcial; 2 – dependência importante. Atividades avançadas de vida diária: dirigir, praticar esporte, pintar, serviços voluntários, vontade, desejo, motivação (sem escalas; avaliado através da anam- nese).FPM III JULIANA 8 Avaliação comportamental: critérios de depressão se- gundo o DSM-IV, inventário neuropsiquiátrico (NPI – Cummings), entre outros. Avaliação nutricional: inúmeros motivos podem levar ao quadro de desnutrição: viver sozinho, restrições funcionais (ir comprar/ cozinhar); condições sociais ad- versas e sexo masculino são mais propensos. Mini Avaliação Nutricional: IMC diferente no idoso → 22-27 normal, 27-29,9 sobrepeso, > 30 obeso. Fatores socioambientais: difícil ser quantificado; di- mensão heterogênea → não é fácil intervir sobre essas condições; avaliar as necessidades especiais; adaptar o ambiente; considerar o estresse do cuidador. • Avaliar condições sociais; avaliar recursos disponí- veis de suporte (social, financeiro, familiar); qual tipo de ajuda?
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