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FUNDAMENTOS DA VOZ

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1 
 
Disciplina: Fundamentos da voz 
Autores: M.e Ana Julia Sampaio Silva 
Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Designer Instrucional: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Ana Julia Sampaio Silva 
 
 
 
 
 
Fundamentos da voz 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Murillo Hochuli Castex 
 
Designer Instrucional 
Murillo Hochuli Castex 
 
Revisão Ortográfica 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
Desenvolvimento da Capa 
Carolyne Eliz de Lima 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
SILVA, Ana Julia Sampaio. 
Fundamentos da voz / Ana Julia Sampaio Silva. – Curitiba: Faculdade UNINA, 
2020. 
70 p. 
ISBN: 978-65-5944-000-9 
1.Fonação. 2. Fundamentos. 3. Voz. 
Material didático da disciplina de Fundamentos da voz – Faculdade UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 07 
Aula 1 – Anatomofisiologia da fonação ...................................................... 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 Fonação ........................................................................................ 08 
 1.2 Anatomia da laringe ...................................................................... 08 
 1.2.1 Cartilagens ................................................................................. 09 
 1.3 Músculos ....................................................................................... 14 
 1.4 Membranas, ligamentos e juntas laríngeas ................................... 16 
 1.5 Fisiologia da fonação .................................................................... 18 
 1.6 Aspectos neurológicos da produção vocal .................................... 20 
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 21 
Aula 2 – Avaliação da voz ........................................................................... 22 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 22 
 2.1 Qualidade vocal ............................................................................ 22 
 2.2 Ressonância ................................................................................. 22 
 2.3 Registro vocal ............................................................................... 23 
 2.4 Frequência e intensidade .............................................................. 24 
 2.5 Articulação e aspectos rítmicos ..................................................... 25 
 2.6 Respiração .................................................................................... 25 
 2.7 Tipos de voz .................................................................................. 26 
 2.8 Voz falada x voz cantada ............................................................... 28 
 2.9 Avaliação vocal ............................................................................. 30 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 36 
Aula 3 – Disfonias ...................................................................................... 37 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 37 
 3.1 Voz normal .................................................................................... 37 
 3.2 Eufonia x disfonia .......................................................................... 38 
 3.3 Disfonia funcional .......................................................................... 39 
 3.3.1 Disfonias funcionais primárias por uso inadequado da voz ........ 39 
 3.3.2 Disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais ........ 39 
 3.3.3 Disfonias funcionais por alterações psicogênicas ...................... 44 
 3.3.4 Disfonia organofuncional ............................................................ 46 
 3.3.5 Disfonia orgânica ....................................................................... 48 
 3.3.6 Tratamento ................................................................................. 49 
 
 
6 
 
 3.4 Métodos de terapia vocal ............................................................... 49 
 3.5 Reabilitação das disfonias funcionais ............................................. 52 
 3.6 Reabilitação das disfonias organofuncionais ................................. 53 
 3.7 Reabilitação das disfonias orgânicas ............................................. 53 
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 54 
Aula 4 – Voz e disfagia ............................................................................... 55 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 55 
 4.1 Correlação entre fonação e deglutição .......................................... 55 
 4.2 Funções da laringe ........................................................................ 56 
 4.3 Deglutição saudável ...................................................................... 56 
 4.4 Disfagia ......................................................................................... 57 
 4.5 Disfagia orofaríngea (DOF) ........................................................... 60 
 4.6 Disfagia esofágica ......................................................................... 60 
 4.7 Avaliação da disfagia ....................................................................61 
 4.8 Disfagia x disfonia ......................................................................... 62 
 4.9 Reabilitação da disfagia associada à disfonia ............................... 63 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 65 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 66 
Índice Remissivo ........................................................................................ 67 
Referências ............................................................................................... 70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
Esta disciplina tem como objetivo o aprofundamento dos fundamentos da 
voz, para isso, serão descritos a anatomofisiologia da fonação, assim como a 
produção vocal, as diferenças entre voz falada e voz cantada, os conceitos de 
eufonia e disfonia, os tipos de disfonias e suas avaliações e reabilitações, assim 
como a interface voz e a disfagia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Anatomofisiologia da fonação 
 
Apresentação da aula 1 
 
Para se pensar em fonação, é fundamental conhecer todas as estruturas 
e processos envolvidos nesta função, para isso, se faz necessário entender 
sobre sua anatomofisiologia e os demais sistemas vinculados a ele. 
 
1.1 Fonação 
 
Segundo Behlau (2001), fonação é uma função neurofisiológica inata, 
entretanto, a voz se forma ao longo da vida, a partir das características 
anatomofuncionais e aspectos emocionais da história pessoal de cada indivíduo. 
A voz resulta da integração de diversas partes do corpo que são vitais 
para o suporte da vida, portanto, é uma função secundária, resultado da 
colaboração dos sistemas respiratório, fonador, articulatório, ressonador, 
nervoso e sensorial. 
 
1.2 Anatomia da laringe 
 
A laringe é o principal órgão do aparelho fonador, localizada na parte 
anterior do pescoço, conecta-se à traqueia inferiormente e superiormente e abre-
se na faringe. É composta por cartilagens, músculos, membranas e mucosas. 
Ela é dividida em supraglote, glote e subglote. A rima glótica, ou glote, é o espaço 
entre as pregas vocais em que o som é produzido. A supraglote é formada pelas 
estruturas acima da glote e a subglote inicia-se logo abaixo da glote, tendo seu 
limite inferior o primeiro anel traqueal. 
 
 
 
9 
 
 
Anatomia da laringe 
Fonte: (LESPERANCE; FLINT; HAUGHEY 2017). 
 
1.2.1 Cartilagens 
 
São nove as cartilagens da laringe, sendo três ímpares (tireoide, crinoide 
e epiglote), uma par (aritenóides) principal e duas outras pares (corniculadas e 
cuneiformes). 
Todo o esqueleto laríngeo é sustentado pelo único osso do corpo humano 
que não se articula a nenhum outro osso, o osso hioide, que tem forma de 
ferradura, apoia os músculos da língua e fica situado na parte superior da laringe. 
 
 
 
10 
 
 
Cartilagens 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
 
Cartilagens 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
 
 
 
11 
 
➢ Cartilagem tireóidea 
 
A cartilagem tireóidea é a maior cartilagem da laringe e possui o formato 
de um escudo. Apresenta duas lâminas laterais de forma quadrangular que se 
juntam na linha média, e dois pares de cornos posteriores. 
A junção das lâminas forma um ângulo de união chamado de 
proeminência laríngea; este ângulo varia de acordo com o sexo, sendo em torno 
de 90º na população masculina e 120º na população feminina, o que faz com 
que seja mais visível em alguns homens. Além disso, essa variação gera, 
também, grande impacto na fisiologia vocal, já que define o tamanho das pregas 
vocais, contribuindo na frequência vocal emitida. 
 
 
Cartilagem tiróidea 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
➢ Cartilagem Cricóidea 
 
A cartilagem cricóidea também é uma cartilagem única, sendo a segunda 
maior do complexo laríngeo, envolvendo completamente a traqueia. Possui o 
formato de circular de um anel completo. 
Assim como a tireóidea, possui variação nos diâmetros ântero-posterior e 
lateral, de acordo com o sexo, nos homens possui formato mais oval, já nas 
mulheres, sua forma é mais circular. 
 
 
12 
 
 
Cartilagem Cricoidea 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
 
➢ Cartilagens Aritenóideas 
 
As aritenóideas são um par de cartilagens pequenas, móveis e em formato 
piramidal. Diferentemente da tireóidea e da cricóidea, possuem uma 
variabilidade pequena entre homens e mulheres. As aritenoideas possuem três 
ângulos em cada base, o mais anterior projeta-se para dentro da laringe e é 
chamado de processo vocal, sendo o ponto de fixação posterior da prega vocal. 
O ângulo póstero-lateral projeta-se para fora da laringe e, por ser local de fixação 
de vários músculos, recebe o nome de processo muscular. Já o ângulo 
póstero-mediano não recebe nenhum nome. 
Estas cartilagens têm grande importância nas funções respiratória e 
fonatória, já que nelas se fixam as pregas vocais, assim como os músculos 
responsáveis pela abdução (CAP) e adução (CAL) das pregas vocais. 
Sua movimentação ocorre em três direções: ântero-posterior, vertical e 
médio-posterior, semelhante a uma cadeira de balanço. Quando se movem 
anteriormente e inferiormente, as pregas vocais movem-se em direção da linha 
média, ou seja, adução (fechamento); ao se moverem posteriormente e 
superiormente, as pregas vocais e aritenóides movem-se lateralmente, em 
abdução (abertura). 
 
 
13 
 
 
Cartilagens Aritenóideas 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
 
 
Cartilagens Aritenóideas 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
➢ Cartilagem Epiglote 
 
A epiglote é uma cartilagem única, possui forma de folha e possui fixação 
nas cartilagens tireóidea e aritenóides. Sua principal função é proteger as vias 
aéreas inferiores, por meio de seu abaixamento e consequente fechamento do 
ádito laríngeo, auxilia no direcionamento do bolo alimentar para o esôfago na 
deglutição, entretanto, tem pouca função na produção vocal. 
 
 
14 
 
 
Cartilagem Epiglote 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
➢ Cartilagens Acessórias 
 
São quatro as cartilagens acessórias: corniculadas, cuneiformes, tritíceas 
e sesamóides, sendo as duas primeiras principais. 
As cartilagens cuneiformes ficam situadas nos ápices das cartilagens 
aritenóides e têm como função prolongá-las para cima e para trás. Já as 
cuneiformes situam-se nas pregas ariepiglóticas, tendo provável participação na 
constrição supraglótica ântero-posterior. 
 
1.3 Músculos 
 
A musculatura laríngea é dividida em dois grupos: intrínsecos e 
extrínsecos. O primeiro grupo é composto por músculos que possuem sua 
origem e inserção na laringe, com relação direta na função fonatória. 
Já os músculos extrínsecos são aqueles com uma inserção na laringe e 
outra fora, podendo ser mandíbula, tórax ou crânio. Estes não possuem ação 
direta na fonação, entretanto, atuam mantendo a posição da laringe no pescoço, 
elevando-a, abaixando-a e mudando a tensão e ângulos das cartilagens. Sendo, 
assim, essenciais na estabilidade laríngea para a musculatura intrínseca 
trabalhar corretamente. 
 
 
 
 
 
 
15 
 
➢ Musculatura intrínseca 
 
São sete os músculos considerados intrínsecos à laringe, são eles: 
tireoaritenóideo (TA), cricoaritenóideo posterior (CAP), cricoaritenóideo lateral 
(CAL), aritenóideo (A), cricotireóideo (CT), ariepiglótico (AE) e tireoepiglótico 
(TE). Sua nomenclatura se dá a partir das cartilagens às quais estão fixados. 
A musculatura intrínseca tem como principal função a abdução (abertura 
e afastamento das pregas vocais) e adução (fechamento e aproximação das 
pregas vocais), além disso, é responsável pela tensão das pregas vocais nas 
funções de fonação, respiração e deglutição. 
 
➢ Músculo tireoaritenóideo – TA: músculo par que compõe o corpo das 
pregas vocais, originam-se no ângulo da cartilagem tireóidea e se inseremno processo vocal da cartilagem aritenóidea, com extensões para o 
processo muscular. Aduz, abaixa, encurta e espessa a prega vocal, 
diminuindo a distância entre a tireóidea e as aritenóideas. Possui dois 
feixes principais: tireovocal (interno, responsável pela fonação e tensão) e 
tireomuscular (externo, responsável pela adução da prega vocal). Inervado 
pelo ramo anterior do nervo laríngeo inferior (X par). 
➢ Músculo cricoaritenóideo posterior – CAP: músculo par, também 
chamado de músculo da vida, por ser o único responsável pela abdução 
das pregas vocais, permitindo, assim, a respiração. Abduz, eleva, alonga e 
afila a prega vocal. Inervado pelo ramo posterior do nervo laríngeo inferior 
(X par). 
➢ Músculo cricoaritenóideo lateral – CAL: músculo par. Aduz, abaixa, 
alonga e afila a prega vocal. Auxilia na coaptação glótica necessária para 
a fonação. Inervado pelo ramo anterior do nervo laríngeo posterior (X par). 
➢ Músculo aritenóideo – A: músculo único, de ação adutora. Possui dois 
feixes: transverso (aproxima as bases das arintenóideas) e oblíquo 
(aproxima as pontas das aritenóideas). Inervado pelo ramo posterior do 
nervo laríngeo inferior (X par). 
 
 
16 
 
➢ Músculo cricotireóideo – CT: é o maior músculo intrínseco da laringe, 
músculo par com ação adutora das pregas vocais. Aduz na posição 
paramediana, abaixa, alonga e afila a prega vocal, tensor longitudinal. 
Inervado pelo ramo externo do nervo laríngeo inferior (X par). 
➢ Músculo ariepiglótico – AE: músculo par, pequeno, contínuo ao feixe 
oblíquo do aritenóideo. Quando contraído abaixa a epiglote, fechando a 
laringe. 
➢ Músculo tireopiglótico – TE: músculo par, pequeno, se estende da 
cartilagem tireóidea até a epiglote. Responsável pelo retorno da epiglote à 
posição original após a ação do AE. 
 
 
➢ Musculatura extrínseca 
 
A musculatura extrínseca é composta por músculos cuja inserção são 
cartilagens laríngeas, porém, são provenientes de estruturas não laríngeas. De 
acordo com a inserção no osso hioide, são divididos em dois grupos: supra-
hioideos e infra-hioideos. 
Os supra-hioideos são responsáveis pela elevação da laringe no pescoço 
e abaixamento da mandíbula, sendo eles: estilo-hioideo, digástrico, milo-hioideo, 
gênio-hioideo, genioglosso e hioglosso. Têm interferência na deglutição e no 
ajuste de frequência. 
Já os infra-hioideos abaixam a laringe e alongam o trato vocal, são eles: 
esterno-hioideo, esternotireoideo, tíreo-hioideo e homo-hioideo. Têm relação 
direta com o comprimento das pregas vocais, massa e tensão, também 
regulando a frequência, além disso possuem efeito sobre a ressonância vocal. 
 
1.4 Membranas, ligamentos e juntas laríngeas 
 
Além das cartilagens e músculos, a laringe também possui ligamentos 
intrínsecos e extrínsecos, membranas e tecidos com a função de interligação. 
 
 
17 
 
Os ligamentos intrínsecos são aqueles que conectam as cartilagens entre 
si, enquanto os ligamentos extrínsecos conectam o osso hióide com a cartilagem 
tireóidea e a epiglote e a cartilagem cricóidea com os anéis da traqueia. 
As pregas ariepiglóticas são formadas por músculo ariepiglótico (AE); 
tecido conectivo e mucosa ficam situadas nas pontas das aritenóideas até a 
epiglote, e se relacionam ao fechamento da laringe durante a deglutição, 
formando um forte esfíncter, protegendo as vias aéreas inferiores. 
As pregas vestibulares não possuem ação na fonação, estão atreladas a 
situações de esforço, como defecação e às ações de levantar e empurrar peso. 
Elas também são comumente chamadas de falsas pregas vocais, são 
constituídas por um tecido espesso e mole, além de ligamentos vestibulares e 
recobertas por mucosa, situam-se acima das pregas vocais. 
A prega vocal é formada no que se chama modelo corpo-cobertura. As 
pregas vocais são duas dobras de músculo e mucosa, as quais se estendem na 
laringe de forma horizontal, se fixando anteriormente na face interna da 
cartilagem tireóidea e posteriormente nas cartilagens aritenóideas. 
São formadas por uma estrutura multilaminada, na qual cada camada 
apresenta propriedades mecânicas diferentes, ou seja, formada de mucosa e 
músculo. A mucosa é dividida em epitélio e lâmina própria. O primeiro é 
responsável pela cobertura da prega vocal, mantendo sua forma, enquanto a 
segunda se subdivide em três categorias: lâmina própria superficial, 
intermediária e profunda, a partir de sua rigidez. 
O corpo da prega vocal é constituído basicamente pelo músculo vocal 
(TA), o qual se contrai como um feixe de elásticos muito rígidos. A seguir, é 
possível observar uma imagem ilustrando a mucosa: 
 
 
 
18 
 
 
Mucosa 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
1.5 Fisiologia da fonação 
 
A laringe possui diversas funções, sendo que as mais importantes são: 
respiração, deglutição e fonação. A função fonatória é considerada uma função 
neurofisiológica inata, entretanto, tem-se que a voz se forma ao longo da vida. 
Sendo assim, pode-se afirmar que a laringe produz a fonação, porém, é o trato 
vocal que produz a voz, sendo formado pela fonação mais a ressonância. 
Desse modo, pode-se dizer que a voz é o som produzido pela vibração e 
coaptação das pregas vocais e, quando modificadas pelas cavidades de 
ressonância, formam-se os sons consonantais e, assim, a fala. 
A fisiologia da fonação se dá de forma complexa, por meio do aparelho 
fonador, o qual não existe como unidade anatômica, mas funcional. Assim, faz-
se necessário detalhar alguns conceitos envolvidos no processo de fonação. 
Primeiramente, é preciso pensar em como a respiração está atrelada à 
fonação. O sistema respiratório fornece fluxo e pressão de ar necessários para 
a produção da voz e fala. É esse fluxo e pressão subglótica de ar que faz com 
que as pregas vocais sejam excitadas e vibrem, por meio do chamado Efeito de 
Bernoulli. 
Daniel Bernoulli foi um matemático que desenvolveu a lei que explica 
como as pregas vocais entram em vibração e se mantêm. De acordo com a lei, 
a velocidade do fluxo é alta em uma região de estreitamento, criando uma queda 
de pressão perpendicular à parede dessa região que “aspira” as pregas vocais. 
 
 
19 
 
Bernoulli explica que na laringe corre duas correntes de ar, sendo que a 
central não possui ponto anatômico obstrutivo, enquanto a lateral, além de 
percorrer um caminho maior, encontra as pregas vocais como obstáculo. Se as 
correntes percorrerem sem se interferirem, a lateral aumentará a velocidade, 
ocorrendo isso, a energia cinética também aumentará, diminuindo o potencial 
energético. 
A pressão superficial das vias aéreas e pregas vocais diminui, o que faz 
com que se aproximem e sejam sugadas, entrando em contato uma com a outra. 
Quando em contato, produzem uma obstrução do ar expirado, aumentando a 
pressão abaixo delas (subglótica) até ser suficiente para superar a resistência 
das pregas vocais, as distanciando. Durante a fala, esse processo ocorre 
sucessivamente, vibrando as pregas vocais e produzindo os sons. Dessa forma, 
tem-se, então, a teoria mioelástica-aerodinâmica da produção da voz, a qual 
conceitua que são necessárias à elasticidade da musculatura e a pressão do ar, 
para que uma voz seja produzida. 
 Desse modo, o mecanismo de vibração glótica, na qual se fala sobre a 
vibração da mucosa da prega vocal, se dá de forma muita acelerada, impossível 
de observar a olho nu. A frequência de vibração é medida por ciclos por segundo 
(Hz), sendo em torno de 100 Hz em homens e 200 Hz em mulheres. 
Cada um desses ciclos, chamados ciclos glóticos, ocorre em 4 fases: 
aberta, fechamento, fechada e abertura. São movimentos ondulatórios 
complexos e não exatamente iguais a cada ciclo. 
Outro conceito importante diz respeito ao controle da frequência, a qual 
tem uma grande variação nas vozes, tendo relação com idade e sexo, de modo 
que, quanto menor a prega vocal, mais aguda será sua frequência fundamental. 
Quanto ao controlede intensidade, sua relação se dá a partir da 
resistência glótica, ou seja, uma boa coaptação glótica gera uma boa pressão 
subglótica, a qual oferece resistência à passagem de ar, ocasionando aumento 
da velocidade e quantidade, aumentando sua intensidade. A variação da 
intensidade é ampla, podendo chegar ao máximo de 140 dBNA. 
Estes conceitos estão diretamente relacionados à produção da fonação, 
entretanto, outro conceito importante diz respeito ao controle de qualidade vocal, 
o qual, diferentemente dos anteriores, tem envolvimento com a produção vocal 
como um todo, ou seja, não depende apenas do mecanismo de produção 
 
 
20 
 
fonatória em nível laríngeo, mas sim das diferentes modificações do trato vocal, 
como, por exemplo, aspectos ressonantais. 
 
1.6 Aspectos neurológicos da produção vocal 
 
Ao falar sobre produção vocal, cartilagens, musculatura, membranas, 
ligamentos e juntas, não se pode esquecer do aspecto neurológico que coordena 
todo o movimento e, assim, a função da fonação. Desse modo, é preciso 
entender a importância do sistema nervoso central e periférico na organização e 
planejamento da função. Participam desse processo, principalmente: neurônio 
motor inferior, neurônio motor superior, córtex, sistema extrapiramidal, gânglios 
da base, nervos cranianos, entre outras áreas. 
Dentro do sistema nervoso periférico, encontram-se os nervos cranianos, 
dentre eles, associados à produção vocal estão os pares: V (trigêmeo), VII 
(facial), VIII (vestibulococlear), IX (glossofaríngeo), X (vago), XI (acessório) e XII 
(hipoglosso). 
O V par, trigêmeo, é um nervo misto, sua parte sensitiva inerva as 
estruturas de face, boca e mandíbula, seu ramo motor é responsável pela 
mastigação e palato mole, inervando também o músculo milo-hioideo e 
digástrico. 
O facial, VII par, também é um nervo misto, o qual é responsável 
principalmente pela mímica facial. 
O VIII par, vestibulococlear é um nervo sensitivo, o qual tem função 
importante na monitorização da fala. 
O glossofaríngeo, IX par, é um nervo misto, cuja principal função é ser 
responsável pelas sensações da parte posterior da cavidade oral, além disso, 
sua parte motora responde a alguns músculos da faringe e véu palatino. 
O X par, nervo vago, também é misto, é o mais importante na fonação, 
tem função sensitiva e motora em todo o trato faringolaringoesofágico. Seu ramo 
chamado de nervo laríngeo, é responsável por todas as atividades motoras da 
laringe envolvidas na fonação e deglutição. 
O acessório, XI par, é um nervo motor, responsável pela inervação dos 
músculos extrínsecos da laringe: trapézio e esternocleidomastoideo. 
 
 
21 
 
O XII par, hipoglosso, também é um nervo motor, responsável pela 
musculatura da língua (músculos intrínsecos e extrínsecos), além de percorrer 
alguns músculos do pescoço. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Com essa aula conclui-se, então, que a fonação é uma função complexa 
e que, para compreendê-la, o fonoaudiólogo precisa entender sua 
anatomofisiologia. 
Além de entender sobre os músculos e cartilagens envolvidas, necessita 
de um estudo constante sobre a função neuromotora e as demais funções 
correlacionadas com a produção vocal. 
É de suma importância saber e entender o funcionamento da laringe, suas 
funções (respiração, fonação e deglutição) para entender sobre a produção 
vocal, além disso, entender o mecanismo de respiração é de suma importância 
para entender a coaptação glótica e suas possíveis alterações. 
Nesta aula foram abordados os temas de anatomofisiologia da voz, assim 
como foram detalhadas as estruturas envolvidas no processo de fonação. 
Discorreu-se também sobre as cartilagens laríngeas, o osso hioideo, a 
musculatura intrínseca e extrínseca e seus conceitos. 
Observou-se, ainda, a fisiologia da voz, focando nas teorias de Bernoulli 
e miolástica-aerodinâmica, além disso, a função neuromotora da fonação, 
enfocando na atuação dos nervos cranianos importantes para a fonoaudiologia. 
Atividade de Aprendizagem 
Conhecendo as estruturas anatômicas da laringe, assim como 
a fisiologia da fonação, responda: por que um paciente 
traqueostomizado não consegue vocalizar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Aula 2 – Avaliação da voz 
 
Apresentação da aula 2 
 
Tendo o conhecimento sobre a anatomofisiologia da laringe e da fonação, 
suas cartilagens, músculos, membranas e mucosas, se faz necessário pensar 
sobre como avaliar o paciente que chega para a clínica fonoaudiológica com 
queixa de voz. 
Para isso, esta aula englobará conceitos importantes da qualidade vocal 
e todos os aspectos que influenciam tal característica, além disso, explicará os 
tipos de vozes e a avaliação vocal propriamente dita. 
 
2.1 Qualidade vocal 
 
A qualidade vocal é conceituada como um conjunto de características que 
identificam uma voz. Diz respeito à impressão total criada por uma voz, ou seja, 
é a avaliação perceptiva da fala e voz. 
Sendo assim, é um conceito subjetivo, pois depende da percepção 
apurada de um ouvinte e de um falante. Como apresentado acima, a análise da 
qualidade vocal é muito subjetiva, entretanto, existem alguns conceitos 
importantes que devem ser considerados ao analisar uma voz. 
Dentre eles, os aspectos ressonanatais, de registro, frequência e 
intensidade, articulação, aspectos rítmicos, de tipo e coordenação respiratória 
são observados e avaliados. Sendo assim, serão detalhados abaixo. 
 
2.2 Ressonância 
 
O sistema de ressonância vocal é o conjunto de elementos do aparelho 
fonador que garante a moldagem e a projeção do som no espaço. Consiste em 
uma série de estruturas e cavidades do aparelho fonador, sendo elas: os 
pulmões, laringe, faringe, cavidade oral, cavidade nasal e seios paranasais. 
Existem fatores ressonantais intrínsecos ao falante, como a 
anatomofisiologia do aparelho fonador e suas opções de uso selecionadas, 
 
 
23 
 
como fatores extrínsecos, os quais dependem do ambiente físico em que o 
falante está usando a voz. 
As caixas de ressonância principais são: laringe, faringe, boca e nariz. 
Sendo o uso equilibrado uma variação da concentração da energia por todas 
elas. 
É, portanto, chamada de ressonância equilibrada aquela que faz uso de 
uma variedade de harmônicos amplificados na voz, modificando seus ajustes. 
Além da ressonância equilibrada, os tipos mais encontrados são: hiponasal, 
hipernasal, laringofaringea, faríngea, posterior e oral. Estas ressonâncias são 
denominadas a partir do uso excessivo ou insuficiente de uma região 
ressonantal. 
 
➢ Hiponasal: uso insuficiente da cavidade nasal; 
➢ Hipernasal: uso excessivo da cavidade nasal; 
➢ Oral: concentração de energia maior na cavidade oral; 
➢ Faríngea: uso excessivo da faringe; 
➢ Laríngea: energia concentrada na região da laringe; 
➢ Laringofaringea: tensionamento concomitante da laringe e faringe; 
➢ Posterior: região posterior da laringe, língua abaixada e 
posteriorizada. 
 
2.3 Registro vocal 
 
O registro vocal diz respeito aos diversos modos de emitir os tons da 
tessitura, ou seja, a partir da frequência mais utilizada durante a emissão vocal. 
É classificado em: basal, modal e elevado. 
 
➢ Registro basal: maiores frequências de toda a tessitura, variando de 10 a 70 
Hz, é possível escutar os pulsos de vibração durante a emissão. Pode ter 
contração mediana das pregas vestibulares. No exame laringoscópio 
observa-se pregas vocais encurtadas e grossas. A pressão subglótica é 
muito elevado nesse tipo de registro. 
 
 
 
24 
 
➢ Registro modal: o registro mais utilizado durante a fala habitual. Tem grande 
extensão, sendo o maior de todos os registros variando de 80 a 560 Hz. Pode 
ser dividido em três categorias: peito (grave), misto (médio) e cabeça (agudo). 
No registro de peito, observam-se pregas laringe baixa, vocais espessas e 
com grande massa de vibração, superfície de mucosa extensa e grande 
amplitude de excursãolateral. Já o registro misto diz respeito a uma fase 
intermediária entre peito e cabeça. No registro de cabeça observa-se a 
laringe em posição alta, com pregas vocais estiradas e reduzida superfície 
de contato e vibrações em menor extensão e excursão lateral mais restrita. 
 
➢ Registro elevado: assim como o registro basal, quase nunca ocorre de 
forma habitual. São encontradas as frequências mais agudas, entre 160 a 
180 Hz. Subdivide-se em duas categorias: sub-registro de falsete e sub-
registro de flauta, sendo o primeiro mais comum. 
 
2.4 Frequência e intensidade 
 
Quando se fala em frequência e intensidade, se pensa logo na frequência 
fundamental medida em Hz e na intensidade, medida em dB, as quais 
necessitam de uma análise acústica computadorizada para se revelar. 
Entretanto, ao se falar em qualidade vocal, são levadas em consideração as 
sensações de frequência de intensidade, chamadas de pitch e loudness, 
respectivamente. 
Dessa forma, o pitch diz respeito à sensação psicofísica de frequência 
fundamental, levando em consideração a fonte e o filtro, ou seja, de forma 
subjetiva o ouvinte determina se o que está escutando é agudo, grave ou 
adequado. 
Com relação à intensidade, a sensação psicofísica relacionada leva o 
nome de loudness e é categorizada como forte, fraca ou adequada, levando em 
consideração a projeção do ambiente em questão. Ao se pensar nas questões 
orgânicas e dinâmicas na emissão de sons graves e agudos, é necessário 
pensar na movimentação das pregas vocais e excursão laríngea. 
Na emissão de sons agudos, há alongamento das pregas vocais, aumento 
da velocidade de vibração, redução de massa, elevação de tensão e elevação 
 
 
25 
 
laríngea. Já nos sons graves ocorre o contrário; tem-se um encurtamento das 
pregas vocais, as quais aumentam sua massa e diminuem a velocidade de 
vibração, associada a um abaixamento de laringe. 
 
2.5 Articulação e aspectos rítmicos 
 
A articulação diz respeito ao processo de ajustes motores dos órgãos 
fonoarticulatórios durante a produção e formação dos sons. Quando bem 
definida, transmite franqueza, clareza de ideias e desejo de ser compreendido, 
o que é só possível por meio de uma boa dinâmica fonoarticulatória. Podem ser 
classificadas como: bem definida, imprecisa, travada, exagerada. 
Quando os aspectos rítmicos estão em questão, se pensa em: ritmo, 
velocidade de fala e diadococinesia. Os dois primeiros são conectados à 
articulação e representam mecanismos de controle neural, as principais 
alterações são encontradas em disfonias neurológicas. 
Já a diadococinesia é a habilidade de realizar rápidas repetições de 
segmentos simples da fala, juntando as questões de ritmo, velocidade e 
articulação. 
 
2.6 Respiração 
 
A respiração tem parte atuante na fonação e a fonação é alterada pelo 
aporto respiratório insuficiente, sendo assim, é necessário avaliar, de forma 
qualitativa, o tipo e modo respiratório, assim como as medidas respiratórias e a 
coordenação pneumofonoarticulatória. 
Desse modo, é observado se a respiração ocorre de modo nasal, oral ou 
misto, se é do tipo superior, média, mista ou torácica, inferior ou abdominal ou 
costodiafragmática-abdominal. 
O tipo respiratório mais utilizado e mais adequado para o dia a dia é a 
respiração torácica, entretanto, em uso de voz profissional, a mais adequada é 
a respiração costodiafragmática-abdominal, em que há o aproveitamento de toda 
a área pulmonar. 
 
 
 
 
26 
 
2.7 Tipos de voz 
 
O padrão básico de emissão de um indivíduo define seu tipo de voz e está 
relacionado com a parte biológica de funcionamento de laringe e pregas vocais, 
além disso, com as dimensões psicológica e socioeducacional do indivíduo. 
Existem alguns tipos de vozes que aparecem com mais frequência na clínica 
fonoaudiológica, são elas: 
 
➢ Voz rouca: qualidade vocal ruidosa, irregularidade de vibração das pregas 
vocais, contém elementos de soprosidade e aspereza; 
➢ Voz áspera: característica rude, desagradável, ataques vocais bruscos, 
indica rigidez das pregas vocais e pouca mucosa de vibração; 
➢ Voz soprosa: voz acompanhada de ar não-sonorizado pelas pregas vocais, 
presença de fluxo contínuo de ar por meio da glote (ruído à fonação). 
Coaptação deficiente das pregas vocais (fendas); 
➢ Voz sussurrada: extremo da voz soprosa, não há modulação do ar pela 
glote, ou seja, sem sonorização do ar expirado. Mucosa rígida, sem vibração, 
comum em fendas paralelas; 
➢ Voz fluida: estágio de contração glótica intermediário entre as vozes neutra 
e soprosa, frequência fundamental grave, laringe baixa e amplo movimento 
de mucosa; 
➢ Voz gutural: emissão tensa, abafamento de harmônicos, predomínio de 
ressonância laringofaríngea. Aumento da tensão muscular e redução da 
amplitude do movimento das pregas vocais; 
➢ Voz comprimida: tensa, desagradável, contração exagerada, podendo 
envolver vestíbulo laríngeo ântero-posterior e medial, pouca vibração de 
mucosa, ataques vocais bruscos, grande força muscular e grande pressão 
subglótica; 
➢ Voz tensa-estrangulada: som comprimido e entrecortado, com flutuações 
da qualidade vocal, pouca quantidade de ar transglótico, quebra de 
 
 
27 
 
frequência e sonoridade, tensão excessiva de todo trato vocal. 
Incoordenação pneumofonoarticulatória comum; 
➢ Voz bitonal: dois diferentes sons, com frequência, intensidade e qualidade 
vocal diferentes, sensação de estar ouvindo duas vozes. Condição de 
desnivelamento das pregas vocais no plano horizontal ou, ainda, diferença 
de tensão, massa ou tamanho; 
➢ Voz diplofônica: dois diferentes sons, porém diferentemente da voz bitonal, 
não há desnivelamento de pregas vocais, mas sim duas estruturas diferentes 
produzindo o som, como, por exemplo, as pregas ariepiglóticas ou 
vestibulares; 
➢ Voz monótona: monoaltura, monointensidade, padrões de frequência e 
intensidade repetitivos, voz desinteressante, articulação imprecisa e 
hipernasalidade; 
➢ Voz trêmula: variações acentuadas, regulares ou irregulares, da frequência 
fundamental e instabilidade da emissão; 
➢ Voz pastosa: redução da ressonância orofaríngea e imprecisão articulatória; 
➢ Voz crepitante: voz bastante grave, registro basal, pequena intensidade, 
pregas vocais grossas e encurtadas, podendo ter vibração de pregas 
vestibulares; 
➢ Voz infantilizada: tom agudo, não condiz com a idade do falante; 
➢ Voz presbifônica: falta de sustentação de frequência, intensidade e 
qualidade vocal, quebras frequentes de sonoridade e pacientes idosos; 
➢ Voz hipernasal: uso excessivo da cavidade nasal, produção glótica normal 
com modificação nas cavidades de ressonância, comum em fissuras 
labiopalatinas; 
➢ Voz hiponasal: redução do componente nasal, podendo estar associada à 
obstrução nasal. 
 
 
 
 
28 
 
2.8 Voz falada x voz cantada 
 
Existem duas modalidades básicas de voz, a voz falada e a voz cantada. 
São duas realidades distintas, que fazem uso de diferentes arranjos vocais para 
expressar as mensagens desejadas. 
A voz falada é basicamente realizada de forma natural, inconsciente, para 
que sua mensagem seja expressada da forma desejada, é necessário o uso de 
ênfase, entonação, ressonância e frequências adequadas, a isso se denomina 
expressividade, a qual, em conjunto com a postura corporal e mímica facial, 
passa ao ouvinte as emoções encaixadas no contexto da comunicação. 
Enquanto a voz cantada exige treinamento prévio, com adaptações e 
ajustes previamente pensados e realizados de forma consciente, para que 
também passe a emoção e a mensagem desejada durante a música cantada. 
Os aspectos que diferem as duas modalidades dizem respeito à 
respiração, fonação, ressonância e projeção da voz, qualidade vocal, 
articulação, pausas, velocidade e ritmo, postura e expressividade. 
 
 
 Voz falada x voz cantada 
Fonte: https://www.learn2playmusic.com.au/wp-content/uploads/2018/01/singing2.jpgQuanto à respiração, na voz falada é natural, ocorrendo variação do ciclo 
respiratório conforme as emoções e a extensão das frases. A inspiração é 
relativamente lenta e nasal nas pausas longas e rápida e bucal durante a fala. 
https://www.learn2playmusic.com.au/wp-content/uploads/2018/01/singing2.jpg
 
 
29 
 
Já na voz cantada, a respiração é treinada e os ciclos respiratórios são pré-
programados de acordo com as frases musicais; a inspiração é muito rápida e 
bucal e o volume de ar inspirado é maior, havendo o controle do ar expirado. 
Com relação à fonação, na voz falada, o cociente de abertura das pregas 
vocais é levemente maior que o de fechamento, já na voz cantada, isso não pode 
ocorrer, a depender do gênero musical, o cociente de abertura e fechamento 
deve ser o mesmo ou, então, o tempo de fechamento maior que o de abertura. 
Já a ressonância na voz falada é média, sem uso particular de alguma 
cavidade e não há a necessidade de projeção vocal. Enquanto na voz cantada 
a ressonância geralmente é alta ou de cabeça, fazendo com que o foco de 
concentração de energia fique na parte superior do trato vocal, exige também 
que a projeção exige que seja amplificada. 
Quanto à qualidade vocal, tanto a voz falada quanto o canto popular 
permitem pequenos desvios, que muitas vezes podem ser considerados 
disfônicos, possuindo aceitação de público; já o canto lírico tem um modelo de 
perfeição vocal, em que os desvios de qualidade vocal não são aceitos. 
A articulação tem grande importância na voz falada, já que é fundamental 
para que a transmissão da mensagem seja passada, desse modo, deve ser 
precisa. Já no canto, a mensagem transmitida vai além das palavras e, por isso, 
é aceito que sejam realizadas algumas subarticulações, com movimentos 
reduzidos e a influência da melodia da música. 
Quanto às pausas, durante a voz falada elas são realizadas de forma 
individual, podendo ocorrer por hesitações, ênfase ou interrupções do discurso, 
já no canto, tais pausas são programadas e definidas por diversos fatores, como 
apelo emocional e interpretação. 
A velocidade e ritmo empregados na voz falada dependem de muitos 
fatores, como idioma, personalidade, entre outros. Enquanto no canto são 
influenciados a partir do tipo de música, harmonia ou melodia. 
A postura também faz grande diferença durante o canto e, por isso, se 
exige que seja ereta, entretanto, na voz falada é variável, com mudanças 
constantes. 
 
 
 
 
 
30 
 
2.9 Avaliação vocal 
 
A avaliação clínica do comportamento vocal tem como função identificar 
os candidatos a disfonia e oferecer um diagnóstico da função vocal. Se dá por 
meio de parâmetros vocais, por meio da identificação da qualidade vocal e todos 
os parâmetros envolvidos; a descrição dos ajustes do trato vocal e do corpo 
empregados na produção da voz, com a avaliação da postura global do corpo; e 
a identificação de comportamentos vocais negativos à saúde vocal. Além disso, 
é de suma importância a avaliação acústica computadorizada e a autoavaliação 
vocal, objetivando a visão do paciente frente à sua voz. 
 
➢ Avaliação perceptivo-auditiva 
A avaliação perceptivo-auditiva é a avaliação clássica da qualidade vocal. 
É uma avaliação subjetiva que leva em consideração a escuta atenta do ouvinte. 
Busca avaliar conceitos como: pitch, loudness, ressonância, articulação, 
estabilidade da emissão, ataque vocal (início da emissão), registro vocal, 
articulação, tempos máximos de fonação, dinâmica respiratória, resistência 
vocal, coordenação pneumofonoarticulatória e avaliação corporal (postura). 
Entre as diversas escalas oferecidas para a avaliação clínica vocal, a mais 
utilizada é a escala GRBAS, a qual se utiliza de um método simples de avaliação 
do grau global da disfonia (G) pela identificação de quatro fatores: rugosidade (R 
- roughness), soprosidade (B – breathiness), astenia (A - asteny) e tensão (S - 
strain), posteriormente adicionado o fator de instabilidade (I – instabilidade). 
É utilizada uma escala de quatro pontos para identificar o grau de desvio 
dos fatores, sendo eles: 0 – normal ou ausente, 1 – discreto, 2 – moderado e 3 
– severo. No exemplo explicitado abaixo, o paciente possui grau moderado de 
disfonia, com rugosidade moderada, soprosidade e astenia discretas e sem 
tensão e instabilidade. 
 
 G₂ R₂ B₁ A₁ S₀ I₀ 
 
Outro protocolo de avaliação bastante utilizado na avaliação clínica é o 
Consenso da Avaliação Perceptivo Auditiva da Voz (CAPE-V), criado pela 
 
 
31 
 
American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) no ano de 2003, avalia 
seis parâmetros: grau geral, rugosidade, soprosidade, tensão, pitch e loudness. 
O objetivo principal desse protocolo é descrever a severidade de atributos 
perceptivo-auditivos de uma alteração vocal, de uma forma comum aos clínicos; 
o segundo objetivo é buscar bases anatômicas e fisiológicas dos desvios vocais 
e avaliar a necessidade de testes complementares para a avaliação vocal. Para 
a sua marcação, utiliza-se uma escala analógica linear, com 10cm de extensão 
(de 0 a 100mm), em que deve ser registrada a avaliação específica de cada 
parâmetro, a qual posteriormente é medida com régua para encontrar o score. 
Faz-se necessário que o paciente inicialmente realize uma emissão de vogal 
sustentada com 3 a 5 segundos, após isso, produza seis frases pré-
estabelecidas e, por último, avalia-se a fala espontânea, por meio de questões 
como: "Fale-me sobre o seu problema de voz". 
 
 
Fonte: Consensus Auditory- Perceptual Evaluation of Voice (CAPE-V), ASHA 2003. 
 
 
32 
 
➢ Avaliação acústica da voz 
A avaliação acústica, diferentemente da avaliação perceptiva, mensura o 
sinal sonoro vocal, ou seja, realiza-se uma análise computadorizada, extraindo 
medidas de frequência fundamental e seus índices de perturbação. 
A frequência fundamental (f₀) é a velocidade de ciclos glóticos por 
segundo, ou seja, a velocidade na qual uma forma se repete por unidade de 
tempo. 
A f₀ é afetada basicamente pelo sexo e idade, tendo uma variabilidade de 
80 a 250 Hz, sendo nos homens de 80 a 150 Hz e nas mulheres de 150 a 250 
Hz. Crianças possuem valores acima de 250 Hz, bebês, em média, 400 Hz 
(extensão de 100 a 1.200 Hz). 
Os parâmetros de perturbação também são avaliados, são eles: jitter e 
shimmer. O jitter diz respeito às perturbações do período de pitch (sensação 
perceptual de frequência fundamental), ou seja, são flutuações da frequência 
fundamental, podendo ser perceptualmente identificadas. 
Já o shimmer são pequenas mudanças da amplitude e vibração das 
pregas vocais, associadas à ressonância do trato vocal, é relacionado ao 
conceito de loudness. 
 
 
Onda complexa da voz 
Fonte: BEHLAU, M (2004). 
 
➢ Autoavaliação vocal 
Atualmente, muito se fala sobre a qualidade de vida do paciente disfônico, 
desse modo, diversos protocolos surgiram para identificar possíveis 
desvantagens vocais frente às situações do dia a dia. 
 
 
33 
 
Além disso, muitas vezes se aplica também um protocolo de 
conhecimento de saúde vocal para entender o quanto o paciente que chega com 
queixas vocais entende sobre higiene vocal. Dentre estes protocolos estão: 
QSHV, QVV e IDV-10. 
 
Fonte: CEV – Protocolo Índice de Desvantagem Vocal (IDV) 
Fonte: acervo pessoal (2020). 
 
 
34 
 
 
UNIFESP - Questionário de Saúde e Higiene Vocal (QSHV). 
Fonte: acervo da autora (2020). 
 
 
 
35 
 
 
Protocolo de Qualidade de Vida em Voz (QVV) 
Fonte: acervo da autora (2020). 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
➢ Avaliação otorrinolaringológica 
A avaliação otorrinolaringológica tem como objetivo o diagnóstico médico 
de um distúrbio vocal. Atualmente, o procedimento mais aconselhado é a 
nasofibrolaringoscopia, a qual é realizada por meio de um endoscópio de fibra 
flexível, o qual é introduzido pelo nariz, para a observação da laringe. 
Através desse exame, pode-se observar as estruturasanatômicas de toda 
a laringe, assim como seu funcionamento durante a respiração, fonação e 
deglutição. 
 
 
Avaliação otorrinolaringológica 
Fonte: acervo da autora (2020). 
 
Outro exame bastante funcional para a clínica fonoaudiológica, porém 
com pouco uso, é a estroboscopia laríngea. Realizada por um médico 
otorrinolaringologista, ela avalia o padrão vibratório das pregas vocais a partir de 
uma imagem ilusória de câmera lenta, podendo observar os ciclos vibratórios de 
uma forma muito mais rica. 
A avaliação clínica fonoaudiológica é de suma importância na clínica de 
voz, e para que seja realizada de forma adequada é necessário que se conheça 
os conceitos básicos de qualidade vocal e de acústica da voz. 
Além disso, é preciso que se leve em consideração a utilização da voz 
dos indivíduos que chegam com a queixa de voz, para que se avalie e reabilite 
da forma correta. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nesta aula abordou-se o conceito de qualidade vocal, assim como os 
aspectos envolvidos na sua avaliação. Além disso, foram explicitadas as 
 
 
37 
 
diferenças básicas encontradas entre a voz falada e a voz cantada, discorrendo-
se sobre os tipos de avaliações de voz realizadas no paciente que chega ao 
consultório fonoaudiológico, exemplificando os protocolos mais comumente 
aplicados e os exames otorrinolaringológicos mais importantes para o estudo da 
voz. 
Atividade de Aprendizagem 
Por que se faz necessário entender a profissão do paciente e 
seu uso de voz? 
 
 
 
Aula 3 – Disfonias 
 
Apresentação da aula 3 
 
Ao conhecer a anatomofisiologia da fonação, a diferença de voz e a 
fonação, assim como sua acústica e ressonância, e a realização da avaliação, é 
preciso entender o que pode ocorrer caso seja encontrada alguma alteração na 
voz. Desse modo, faz-se necessário saber o que é considerado uma voz normal 
e, em consequência, o que é disfonia, assim como as principais causas de tal 
condição. Posto isso, esta aula trará alguns conhecimentos sobre a eufonia e 
disfonia, assim como detalhará os tipos de disfonia e suas reabilitações. 
 
3.1 Voz normal 
 
Para que haja fonação, faz-se necessária a integridade do aparelho 
fonador, além da atividade de todos os músculos que auxiliam na sua produção. 
Além disso, é preciso que haja um adequado desenvolvimento orgânico e 
psicológico do indivíduo. 
Não existe um consenso sobre a conceituação de voz normal, ou seja, 
atualmente, não há uma definição aceitável do que uma voz precisa ter para ser 
 
 
38 
 
considerada normal, ou seja, sua conceituação é subjetiva e influenciável por 
fatores culturais e interpretações ideológicas, recebendo juízos de valores. 
 
3.2 Eufonia x disfonia 
 
Para isso, se faz necessária uma qualidade vocal agradável, sem 
presença de ruídos, com frequência adequada ao sexo e idade do falante, 
intensidade apropriada e flexibilidade adequada, que possua uma variação de 
frequência e intensidade capazes de produzir ênfase, significado e sutilezas na 
expressão de sentimentos (prosódia). 
Entretanto, quando diante de uma voz com alterações nos parâmetros 
vocais, com atributos mínimos de harmonia e conforto desrespeitados, tem-se, 
então, uma disfonia. 
Segundo Behlau (2001), disfonia é um distúrbio da comunicação oral, no 
qual a voz não consegue cumprir seu papel básico de transmissão da mensagem 
verbal e emocional de um indivíduo. Representa, portanto, toda e qualquer 
dificuldade ou alteração na emissão vocal que impede a produção natural da 
voz. 
A disfonia pode ter diversas causas, por exemplo, uso inadequado na voz, 
problemas congênitos, alterações hormonais, lesões por traumas, tumores, 
doenças neurológicas, entre outras. E, a partir disso, é classificada em três 
categorias: funcional, orgânica e organofuncional. 
 
3.3 Disfonia funcional 
 
As disfonias funcionais são desordens do comportamento vocal 
subclassificadas pelo seu mecanismo causal, podendo ser: disfonias funcionais 
primárias por uso incorreto da voz, disfonias funcionais secundárias por 
inadaptações vocais e disfonias funcionais por alterações psicogênicas. 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
3.3.1 Disfonias funcionais primárias por uso inadequado da voz 
 
São disfonias comportamentais puras, ou seja, causadas pelo uso 
incorreto da voz, por motivos de falta de conhecimento ou modelo vocal 
deficiente. 
Este tipo de disfonia não apresenta alteração visível no exame 
laringológico, ocasionando apenas sinais e sintomas laríngeos e qualidade vocal 
alterada, porém com reabilitação rápida. 
Normalmente, as pessoas com esse tipo de disfonia não possuem noções 
básicas da produção vocal, desconhecendo as orientações de saúde e bem-
estar vocal. 
Sendo muito comum alteração no alinhamento postural, incoordenação 
pneumofonoarticulatória, tensão corporal ou no aparelho fonador durante a fala, 
uso de intensidade elevado ou reduzida, frequências muito agudas ou graves, 
ataques vocais bruscos, esforço vocal, articulação travada, compressão glótica 
excessiva ou insuficiente e um uso excessivo ou insuficiente das caixas de 
ressonância, uso constante de voz sussurrada, tensa, basal ou crepitante. Além 
disso, a falta de hidratação, práticas abusivas como tosse e pigarros constantes, 
não realização de aquecimento e desaquecimento vocais, entre outros. 
Ainda é possível que tenham um modelo vocal deficiente e, para isso, 
realizam ajustes laríngeos e supralaríngeos impróprios, a fim de se aproximar de 
modelo vocal que goste. 
 
3.3.2 Disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais 
 
As inadaptações vocais são pequenas variações anatômicas não 
congênitas muito variadas e comuns, que não alteram as funções vitais da 
laringe, porém, prejudicam o bom funcionamento vocal. Podem ser restritas a 
um único ponto de vista anatômico como funcional, como podem envolver várias 
regiões e estruturas. 
Podem ser causadas por inadaptações respiratória, fônica, ressonantal ou 
da integração de um ou mais sistemas, como, por exemplo, o desequilíbrio entre 
o tamanho da laringe e as caixas de ressonância. 
 
 
40 
 
Indivíduos com tratos vocais inadaptados geralmente apresentam uma 
menor resistência vocal e, com isso, têm como consequência mais comum a 
fadiga vocal, a qual se potencializa quando a voz é solicitada com maior 
intensidade ou ainda quando é utilizada profissionalmente. 
As disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais são 
classificadas em dois grupos: inadaptações anatômicas e inadaptações 
funcionais. 
 
Inadaptações Anatômicas Inadaptações Funcionais 
➢ Fusão laríngea posterior 
incompleta 
➢ Assimetria laríngeas 
➢ Desvios de proporções glóticas 
➢ Alterações Estruturais Mínimas da 
Cobertura das Pregas Vocais – 
(AEMC) 
➢ Por incoordenação 
➢ Por alterações miodinâmicas 
 
➢ Inadaptações anatômicas 
A fusão laríngea posterior é uma malformação congênita rara, causada 
pela falha na fusão da musculatura da região posterior da laringe, compromete 
outras funções básicas da laringe, como a deglutição e a respiração. 
As alterações estruturais mínimas (AEM) são desarranjos estruturais 
ocorridos na embriogênese, as quais podem se manifestar em qualquer idade, 
geralmente disparadas pelo uso intensivo e abusivo da voz. 
Dentro delas, estão as assimetrias laríngeas, os desvios de proporção 
glótica e as alterações da cobertura das pregas vocais (AEMC). 
Assimetrias laríngeas: podem ser de pregas vocais, pregas 
ariepiglóticas e de aritenóideas, sendo a última mais comum. Geralmente são 
indivíduos sem queixas vocais, sinais e sintomas, com voz grave e fluida. 
Normalmente possuem uma tessitura restrita, com dificuldades na 
emissão de agudos. O uso intensivo da voz pode gerar fadiga, alterações 
teciduais e constrições supraglóticas. 
 
 
 
41 
 
 
Assimetrias laríngeas 
Fonte: (BEHLAU, M, 2004). 
 
Desvios de proporção glótica: ocorrem na relação entrea parte anterior 
(fonatória) e posterior (respiratória) da glote, podendo ocasionar fendas glóticas. 
 AEMC – Alterações Estruturais Mínimas da Cobertura das Pregas 
Vocais: são desarranjos histológicos na mucosa das pregas vocais, que 
prejudicam o ciclo vibratório e mudam a configuração e estrutura da laringe. São 
prejudiciais apenas para a fonação, não prejudicando as funções laríngeas vitais. 
Aparecem normalmente devido ao uso abusivo e intenso da voz. As AEMCS são 
classificadas em: Sulco Vocal, Cisto Epidermóide, Ponte de Mucosa, 
Microdiafragma Laríngeo e Vasculodigenesia. 
 
➢ Sulco vocal: 
É uma depressão na prega vocal, paralela à borda livre, varia de 
assintomático, sintomático com pequena alteração vocal, sintomático com 
fadiga e disfonia severa. Produz redução da extensão vocal, causando pouca 
resistência. 
Pode se apresentar nas formas de: sulco oculto, sulco estria (maior e 
menor) e sulco bolsa, com relação ao grau de invaginação na mucosa. É 
geralmente relacionado à fenda fusiforme. Seu tratamento consiste em 
reabilitação vocal e cirurgia. 
 
➢ Cisto epidermóide: 
Trata-se de uma alteração mínima de prega vocal, relacionada a abuso 
vocal, causa disfonia. Geralmente encontrado na camada superficial da lâmina 
 
 
42 
 
própria, sem aderência ao epitélio e podendo ou não estar aderido ao ligamento 
vocal. 
Pode ser muito pequeno, chamado de microcisto, como pode ser grande, 
comprometendo toda a lâmina própria, se aderindo a camadas mais profundas, 
causando impacto negativo à voz. Encontrado uni ou bilateralmente, ou então 
unilateral com reação contralateral. Geralmente traz a qualidade vocal rouca e 
grave, seu tratamento consistente em reabilitação vocal e cirurgia. 
 
➢ Ponte de mucosa: 
É uma alteração rara, caracterizada por um arco de mucosa em forma de 
alça, podendo estar apoiada na superfície de prega vocal (intrínseca), 
participando da vibração da mucosa, com impacto vocal pequeno. Ou podendo 
ter inserção oposta no vestíbulo laríngeo (extrínseca), com impacto vocal leve. 
Ambas causando fadiga vocal. 
 
➢ Microdiafragma laríngeo: 
Trata-se de uma pequena membrana mucosa na comissura anterior das 
pregas vocais, podendo ter localização glótica ou subglótica, seu impacto vocal 
depende da sua rigidez, espessura e nível de inserção. Seu tratamento consiste 
em fonoterapia. 
 
➢ Vasculodigenesia: 
Alteração na rede vascular da laringe, causando dilatação nos capilares 
situados nas pregas vocais. Quase sempre relacionados a outras lesões (AEM). 
 
➢ Inadaptação Funcional 
As inadaptações funcionais podem ser divididas em dois grupos: por 
incoordenação e por alterações miodinâmicas. 
As inadaptações por incoordenação podem ser classificadas em 
pneumofônicas, em que há uma incoordenação dos movimentos respiratórios 
com a demanda fonatória, e incoordenação fonodeglutitória, em que não há 
 
 
43 
 
organização harmônica dos movimentos de deglutição durante as pausas de 
fala. 
Já as inadaptações por alterações miodinâmicas dizem respeito 
basicamente à movimentação e integração da laringe, pregas vocais e caixas de 
ressonância. São subdivididas em: alterações posturais de laringe, alterações 
posturais de pregas vocais e alterações cinéticas do vestíbulo laríngeo. 
As alterações posturais de laringe estão relacionadas com alterações na 
posição da laringe no pescoço, ou seja, demasiadamente elevada, abaixada ou 
fixa. 
As alterações posturais das pregas vocais dizem respeito às fendas 
glóticas, as quais são espaços entre as pregas vocais durante a coaptação 
glótica. As principais fendas são as: triangulares, fusiformes, ampulheta, 
paralelas, duplas e irregulares. 
 
FENDAS TRIANGULARES 
 
Posterior Médio-posterior Ântero-posterior 
 
FENDAS FUSIFORMES 
 
Anterior Ântero-posterior Posterior 
 
 
 
 
 
44 
 
OUTRAS FENDAS 
 
Ampulheta Paralela Dupla Irregular 
Fonte: elaborado pela autora (2020). 
 
Já as alterações cinéticas do vestíbulo laríngeo dizem respeito a 
alterações nos movimentos do vestíbulo laríngeo durante a fonação, podendo 
ser constrições ântero-posteriores, medianas e globais, como, por exemplo, 
aproximações das cartilagens aritenóideas à epiglote ou das pregas vestibulares 
em direção à linha média. 
 
3.3.3 Disfonias funcionais por alterações psicogênicas 
 
As emoções têm grande influência na voz, assim como fatores emocionais 
participam da produção de uma disfonia, desse modo, a disfonia psicogênica é 
considerada uma disfonia funcional, pois o processo que levou ao aparecimento 
e à instalação da voz disfônica tem relação direta com a função fonatória. 
São classificadas em: formas clínicas definidas, disfonias volitivas e 
disfonias relacionadas à muda vocal. 
 
➢ Formas clínicas definidas 
Possuem início brusco, ocasionando muitas vezes a perda repentina da 
voz. Geralmente é correlacionada a sintomas alérgicos como gripes, rinites, 
laringites e seus sintomas podem ser intermitentes, ou seja, com momentos de 
melhora e piora, seus tipos são: 
 
➢ Afonia de conversão: fala articulada, fonação sussurrada, voz ausente para 
a fala, mas mantida nas funções vegetativas, com duração de sintomas de 
dias ou anos, predominantemente em mulheres; 
 
 
45 
 
➢ Uso divergente de registro: emissão alternada de registro de forma 
descontextualizada (basal, modal e elevado); 
 
➢ Falsete de conversão: utilização do falsete para comunicação habitual, 
muito fluxo de ar, qualidade vocal rugosa ou soprosa, pitch agudo, loudness 
fraca e tempo máximo fonatório reduzido. Laringe elevada, hiperconstrição 
do músculo CT, fenda glótica constante; 
 
➢ Sonoridade intermitente: alternância entre sons surdos e sonoros de forma 
irregular, fenda posterior transitória ou momentos de afastamento total das 
pregas vocais durante a fonação; 
 
➢ Síndrome da tensão musculoesquelética: disfonia por tensão muscular, 
instalação lenta e progressiva, melhora com redução da pressão emocional 
ou estresse. Qualidade vocal tensa, estrangulada, rouca, ataques vocais 
bruscos, ressonância laringofaríngea; 
 
➢ Disfonia vestibular: voz de banda, com utilização das pregas vestibulares, 
fonação ventricular. Etiologia funcional ou orgânica; 
 
➢ Disfonia espasmódica de adução psicogênica: quebras fonatória de 
vogais ou consoantes de forma casual, dificuldade no início da emissão, 
acompanhadas de expressão faciais de tensão excessivas; 
 
➢ Disfonia por movimentos paradoxais das pregas vocais: movimentos das 
pregas vocais parecem invertidos, ação involuntária das pregas vocais 
durante a respiração, afeta função respiratória da laringe, qualidade vocal 
normal ou leve tensão e soprosidade. Pode estar relacionada a refluxo 
gastroesofágico, distonia laríngea respiratória, asma e acidente vascular 
encefálico (AVE). Presença de dificuldades de deglutição e microaspirações, 
queixa de fadiga generalizada. 
 
 
 
 
 
46 
 
➢ Disfonias volitivas 
O paciente produz desvios vocais conscientemente, são pouco comuns e 
semelhantes a disfonias psiquiátricas. Geralmente são utilizados para chamar a 
atenção, fingem sintomas físicos e emocionais. 
 
➢ Relacionadas à muda vocal 
O fenômeno de muda vocal é algo natural e orgânico, mais perceptível 
em homens, os quais passam por tal processo entre treze e quinze anos de 
idade. 
Entretanto, quando há alguma alteração nesse processo, pode acarretar 
disfonia. Suas etiologias podem ser funcionais ou orgânicas: desejo de manter a 
voz aguda, laringe pequena, atraso no desenvolvimento hormonal, anomalias 
congênitas da laringe e assimetria de pregas vocais, sulco vocal (AEM), paralisia 
unilateral, diafragma laríngeo, doença debilitadora durante puberdade ou doença 
neurológica, deficiência auditiva profunda, entre outras. 
É classificada em: mutação prolongada, mutação incompleta, mutação 
excessiva, mutação precoce, mutação retardada e falsete mutacional.3.3.4 Disfonia organofuncional 
 
As disfonias organofuncionais são alterações vocais que acompanham 
lesões secundárias benignas, decorrentes essencialmente de um 
comportamento vocal alterado e inadequado, ou seja, são uma etapa posterior 
das disfonias funcionais. 
Sendo assim, a maior parte das disfonias organofuncionais são disfonias 
funcionais diagnosticadas tardiamente, ou pelo atraso do paciente em procurar 
tratamento adequado. 
As lesões organofuncionais são chamadas também de tumores benignos 
da laringe, as principais lesões são: nódulo, pólipo, edema de Reinke, úlcera de 
contato, granuloma e leucoplasia. 
 
 
 
 
 
47 
 
➢ Nódulos vocais 
É um processo inflamatório na camada superficial da lâmina própria das 
pregas vocais. São lesões benignas esbranquiçadas ou avermelhadas, 
comumente confundidas com cistos. 
São bilaterais simétricos, caracterizadas por uma massa sólida na junção 
do 1/3 anterior e 1/3 médio das pregas vocais, podendo ser edematoso ou 
fibrótico, normalmente são causados por esforço (tensão excessiva), associado 
a abuso vocal, bastante comum em crianças do sexo masculino. 
 
➢ Pólipos 
São lesões unilaterais, podendo ser sésseis ou pediculados, de tamanho 
e coloração variadas, fixadas geralmente na região anterior da prega vocal, 
provocando alteração na qualidade vocal (rouquidão e soprosidade). 
Existem três tipos: gelatinoso, fibrótico e angiomático ou hemorrágico. 
Podem ser causados por pequenos traumatismos, de forma violenta e intensa 
(grito), locais ruidosos, produtos químicos ou instrumentistas de sopro. Mais 
comum no sexo masculino. 
 
➢ Edema de Reinke 
Lesão causada pela associação do comportamento vocal inadequado e 
tabagismo, mais comumente encontrado em mulheres. Trata-se de uma lesão 
difusa na camada superficial da lâmina própria da prega vocal, causando 
acúmulo de fluídos. 
Quanto à qualidade vocal, predominam a voz grave e com rouquidão. Em 
homens, tais aspectos são menos perceptíveis, tornando a voz mais fluida. 
 
➢ Úlcera de Contato 
Trata-se de escavações bilaterais, com maior prevalência no sexo 
masculino. Sua lesão não envolve a porção membranosa das pregas vocais, 
ocasionando pouca mudança na massa ou rigidez da cobertura. 
É causada pela associação de refluxo gastroesofágico (RGE) com tensão 
muscular fonatória. Seus aspectos vocais são: voz grave, ataques vocais 
bruscos, intensidade vocal elevada ou restrita. 
 
 
 
48 
 
➢ Granuloma 
Granuloma é um tecido de granulação, característico de um processo 
cicatricial, podendo ser uni ou bilateral; quando unilateral tem prevalência do lado 
esquerdo. 
Pode ter origem comportamental (pressão e atrito na região posterior da 
laringe), como também orgânica (trauma químico, trauma pós-intubação e 
cicatrização), podendo ainda ser uma progressão da úlcera de contato. 
 
➢ Leucoplasia 
Leucoplasias são placas esbranquiçadas na superfície mucosa da prega 
vocal (hiperplasias), consideradas possíveis condições pré-cancerosas. Podem 
ser uni ou bilaterais, pontos isolados, múltiplas localizações ou comprometendo 
toda a área fonatória. 
Sua prevalência é no sexo masculino, e tem como origem primária 
orgânica o tabagismo. Causa voz rouca-áspera, com bitonalidade e diplofonia. 
 
3.3.5 Disfonia orgânica 
 
As disfonias orgânicas, diferentemente das anteriores, independem do 
uso da voz, sua etiologia envolve uma série de processos, podendo ter origem 
por alterações nos órgãos da comunicação ou em outros órgãos e aparelhos. 
As disfonias orgânicas por alterações nos órgãos de comunicação podem 
ser congênitas (malformações laríngeas), traumáticas (arma branca ou arma de 
fogo), inflamatórias (não infecciosas e infecciosas), neoplásicas (tumores 
benignos e malignos) ou problemas auditivos. 
Já as causadas por alterações em outros órgãos e aparelhos do corpo 
podem estar relacionadas a fatores endocrinológicos (hipófise, tireoide, sexual), 
síndromes, desordens neurológicas (Parkinson, ELA), doenças renais e 
autoimunes (lúpus), doenças psiquiátricas (relacionadas a substâncias nocivas, 
transtornos de ansiedade, demência), refluxo gastroesofágico (RGE) e câncer 
de cabeça e pescoço. 
Normalmente, as disfonias orgânicas possuem um resultado melhor em 
tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos, sendo a fonoterapia pouco definitiva 
 
 
49 
 
na maior parte dos casos, com exceção do Parkinson, em que o paciente se 
beneficia com a reabilitação fonoaudiológica. 
Outra grande atuação fonoaudiológica são os casos de câncer de cabeça 
e pescoço, pós-cirúrgicos, nos quais muitos pacientes retiram partes importantes 
do trato vocal. 
 
3.3.6 Tratamento 
 
O tratamento das disfonias visa primeiramente oferecer uma voz melhor 
ao paciente, melhorando sua comunicação e desenvolvendo uma voz adaptada 
às suas demandas. Para um tratamento ideal, o paciente deve passar por um 
exame otorrinorinolaringológico anteriormente, uma avalição fonoaudiológica 
bem elaborada e ter um diagnóstico preciso. 
Dessa forma, a terapia fonoaudiológica se inicia, nela são testados vários 
procedimentos, os quais são modificados conforme a resposta do paciente no 
decorrer das sessões. Além disso, a terapia deve visar não somente a lesão em 
si, mas a avaliação auditiva de cada paciente, adequando os aspectos que 
influenciam a qualidade vocal. 
É preciso que o paciente esteja empenhado e tenha demanda para o 
tratamento, já que é imprescindível a frequência de exercícios correta, indicada 
pelo fonoaudiólogo para que se tenha um bom resultado. 
Existem métodos e abordagens diferentes para a reabilitação de 
disfonias, entretanto, visando o mesmo objetivo de reabilitação vocal. Outro fator 
importante para o sucesso da terapia diz respeito às orientações dadas ao 
paciente, principalmente nos casos em que se tem histórico de abuso vocal. 
Os métodos mais utilizados são: corporal, de órgãos fonoarticulatórios, 
auditivo, de fala, de sons facilitadores, de competência glótica e de ativação 
vocal. 
 
3.4 Métodos de terapia vocal 
 
1. Método corporal: baseado em técnicas que envolvem movimentos 
corporais, globais ou por meio de ações específicas sobre o esqueleto 
laríngeo, suas principais técnicas são: 
 
 
50 
 
➢ Técnica de movimento corporal com sons facilitadores; 
➢ Técnica de mudança de posição de cabeça com sonorização; 
➢ Técnica de massagem na cintura escapular; 
➢ Técnica de manipulação digital de laringe; 
➢ Técnica de massageador associado à sonorização glótica; 
➢ Técnica de movimentos cervicais; 
➢ Técnica de rotação de ombros. 
 
2. Método de órgãos fonoarticulatórios: realizado a partir de manipulação 
dos órgãos fonoarticulatórios participantes na produção vocal. Suas 
principais técnicas são: 
➢ Técnica de deslocamento lingual; 
➢ Técnica de rotação de língua no vestíbulo; 
➢ Técnica de estalo de língua associado a som nasal; 
➢ Técnica de bocejo-suspiro; 
➢ Técnica mastigatória; 
➢ Técnica de abertura de boca. 
 
3. Método auditivo: baseado na modificação da escuta da própria voz e seu 
consequente impacto da qualidade vocal. Suas principais técnicas são: 
➢ Técnica de repetição auditiva; 
➢ Técnica de amplificação sonora; 
➢ Técnica de mascaramento auditivo; 
➢ Técnica de monitoramento auditivo retardado; 
➢ Técnica de deslocamento de frequência; 
➢ Técnica de marca-passo vocal ou ritmo. 
 
4. Método de fala: baseado na modificação da produção da fala para facilitar a 
produção vocal, suas principais técnicas são: 
➢ Técnica de voz salmodiada; 
➢ Técnica de monitoramento por múltiplas vias; 
➢ Técnica de modulação de frequência e intensidade de fala; 
➢ Técnica de leitura somente de vogais; 
➢ Técnica de sobrearticulação; 
 
 
51 
 
➢ Técnica de fala mastigada. 
 
5. Métodos de sons facilitadores: realizado com o emprego de sons 
selecionados que propiciam uma produção vocal mais equilibrada, suas 
principais técnicas são: 
➢Técnica de sons nasais; 
➢ Técnica de sons fricativos; 
➢ Técnica de sons vibrantes; 
➢ Técnica de sons plosivos; 
➢ Técnica de som basal; 
➢ Técnica de som hiperagudo. 
 
6. Método de competência fonatória: baseado em diversos ajustes 
musculares laríngeos para favorecer uma coaptação glótica adequada e 
suficiente. Suas principais técnicas são: 
➢ Técnica de fonação inspiratória; 
➢ Técnica de sussurro; 
➢ Técnica de ataques vocais; 
➢ Técnica de emissão em tempo máximo fonatório; 
➢ Técnica de messa di voce; 
➢ Técnica de escalas musicais; 
➢ Técnica de esforço/empuxo; 
➢ Técnica de deglutição incompleta sonorizada; 
➢ Técnica de firmeza glótica; 
➢ Técnica do “b” prolongado; 
➢ Técnica do sniff; 
➢ Técnica de sopro e som agudo; 
➢ Sequência de constrição labial; 
➢ Sequência de arranchamento. 
 
7. Método de ativação vocal: baseado em técnicas variadas para eliciar a 
sonorização necessária para uma produção glótica ou vicariante, suas 
principais técnicas são: 
➢ Técnica de sons disparadores; 
 
 
52 
 
➢ Técnica de manobras musculares; 
➢ Sequências de aquisição de voz esofágica. 
 
 
Terapia vocal 
Fonte: https://gagueira.org.br/images/imagens-gagueira/disfonia-espasmodica.jpg 
 
3.5 Reabilitação das disfonias funcionais 
 
A reabilitação das disfonias funcionais visa, principalmente, a orientação 
dos pacientes quanto ao uso incorreto da voz, em conjunto com exercícios que 
tivessem melhora no funcionamento glótico e no quadro vocal. 
 
➢ Cisto epidermóide: objetivo principal é eliminar as compensações 
negativas, reduzir o edema associado, buscar o equilíbrio fonatório; 
➢ Sulco vocal: minimizar compensações negativas, produzir bom equilíbrio 
muscular, reduzir ou prevenir lesões secundárias. Nos casos pós cirúrgicos: 
flexibilizar mucosa, melhorar equilíbrio ressonantal, reduzir frequência 
fundamental, evitar compensações negativas; 
➢ Fendas: equilibrar fonação, reduzir tamanho da fenda aproximando pregas 
vocais; 
➢ Constrição mediana do vestíbulo laríngeo: desativar participação das 
pregas vestibulares; 
 
 
53 
 
 
➢ Psicogênica (Síndrome da tensão musculoesquelética): diminuir tensão, 
equilibrar a produção vocal, diminuir esforço; 
➢ Psicogênica (Disfonia Vestibular): ativar fonação glótica, afastar pregas 
vestibulares; 
 
➢ Psicogênica (Muda vocal): desativar ajuste infantil, adequar frequência. 
 
3.6 Reabilitação das disfonias organofuncionais 
 
Assim como os casos de disfonias funcionais, o objetivo visa adequar o 
uso da voz, orientado sobre saúde e higiene vocal, ajustando o funcionamento 
glótico e a fonação. 
 
➢ Nódulos: reabsorção da lesão, modificar ajustes laríngeos inadequados, 
diminuir esforço fonatório; 
➢ Pólipos: diminuir edema associado, raros casos absorvem com fonoterapia, 
tratamento cirúrgico; 
➢ Edema de Reinke: favorecer movimento muco-ondulatório da mucosa, 
recuperar campo vocal dinâmico; 
➢ Granuloma: terapia suavizadora para reduzir impacto da região posterior da 
laringe, eliminar lesão. Terapia agressiva para arrancamento da lesão. 
 
3.7 Reabilitação das disfonias orgânicas 
 
Normalmente, a reabilitação das disfagias orgânicas é limitada do ponto 
de vista fonoaudiológico. Basicamente, a conduta visa as lesões secundárias, 
muitas vezes causadas pelos diagnósticos primários ou, ainda, visa 
compensações pós-cirúrgicas. 
 
 
 
54 
 
➢ Paralisias unilaterais: promover sonorização adequada, reduzir fenda 
glótica, minimizar esforço compensatório; 
➢ Paralisias bilaterais: atuação restrita, nos quadros de paresia, visa 
coordenação pneumofônica e boa amplitude de vibração de mucosa; 
➢ Parkinsonismo: melhorar característica hipofônica da emissão, melhorar 
fechamento glótico, aumentar intensidade vocal, aumentar tempo máximo de 
fonação. Método Lee-Silvermann; 
➢ Cicatrizes na mucosa: liberar e flexibilizar a vibração da mucosa das pregas 
vocais; 
➢ Câncer de cabeça e pescoço: maximizar compensações favoráveis à 
fonação com as estruturas subjacentes. 
 
Conclusão da aula 3 
 
Como visto, a terapia de reabilitação da disfonia deve ser pensada a partir 
de uma boa avaliação tanto fonoaudiológica quanto otorrinolaringológica, já que 
os exercícios pensados devem levar em consideração a melhora do 
funcionamento glótico e, para isso, se faz necessário entender a lesão presente 
nas pregas vocais. 
Além disso, é de suma importância avaliar a qualidade vocal do paciente, 
trabalhando em cima dos aspectos alterados que influenciam a qualidade vocal. 
Nesta aula foram abordados os conceitos de eufonia e disfonia, assim 
como explicitadas os diferentes tipos de disfonia (funcional, organofuncional e 
orgânica), objetivando suas respectivas reabilitações. 
Foi abordado sobre as divisões da disfonia funcional entre primária e 
secundária e suas subdivisões, assim como as respectivas causas. E, por último, 
foram comentadas as disfonias orgânicas, as quais possuem um menor campo 
de atuação fonoaudiológica. 
 
 
 
 
 
55 
 
Atividade de Aprendizagem 
Como o fonoaudiólogo pode auxiliar no caso de uma disfonia 
orgânica de câncer de laringe, no qual foi retirado uma prega 
vocal de forma cirúrgica? 
 
 
 
Aula 4 – Voz e disfagia 
 
Apresentação da aula 4 
 
Grande parte dos pacientes que chegam à clínica fonoaudiológica com 
queixa de voz, muitas vezes possuem também demandas relacionadas a 
dificuldades de deglutição. 
Diversas alterações que causam disfonia são também disparadoras de 
mudanças no processo de deglutição e, portanto, a reabilitação deve levar em 
consideração todas as funções da laringe e suas possíveis dificuldades. 
Visto isso, essa aula propõe-se a explicitar a correlação entre disfagia e 
disfonia e a atuação fonoaudiológica na reabilitação das funções. 
 
4.1 Correlação entre fonação e deglutição 
 
A laringe possui diversas funções, sendo que as principais são: respiração, 
deglutição e fonação, as quais se associam não somente pelas estruturas 
envolvidas, mas também se correlacionam pelas funções. 
Com base nisso, é importante pensar sobre como ocorrem tais relações 
e qual o papel do fonoaudiólogo frente a casos de reabilitação de múltiplas 
funções. 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
4.2 Funções da laringe 
 
A função que ocupa a maior parte do tempo da laringe é a respiração, vital 
para a vida humana, ela só é possível por meio da abertura das pregas vocais, 
a qual possibilita a entrada e a saída do ar. 
A laringe é responsável também pela produção da fonação, enquanto o 
trato vocal pela produção da voz e, como visto anteriormente, só sendo possível 
por meio das forças aerodinâmicas e mioelásticas, portanto, sendo relacionada 
diretamente à respiração, mais precisamente com a fase expiratória. 
Quando se fala em deglutição, a laringe também tem papel importante. É 
por meio do seu fechamento que se possibilita uma deglutição saudável e a 
proteção das vias aéreas. 
Além disso, um conceito muito importante para a fonação tem grande 
importância na deglutição, a pressão subglótica auxilia diretamente na proteção 
das vias aéreas, tão importante para a deglutição saudável. 
 
4.3 Deglutição saudável 
 
Refere-se ao ato total da deglutição, da colocação do alimento na boca 
até a chegada ao estômago, passando pela faringe e esôfago. Nela estão 
envolvidas as estruturas da cavidade oral, faringe e laringe. 
A deglutição é separada em quatro fases (preparatória, oral, faríngea e 
esofágica), as quais ocorrem de forma rápida e interligadas/encadeadas, ou 
seja, é necessário que todas ocorram de forma adequada para que a deglutição 
possa ser considerada normal e segura. 
É durante a fase faríngea da deglutição que ocorre o fechamento máximo 
da laringe, selamento essencial para que não ocorra entrada de alimentos na via 
aérea. Esse processo se dá por meio da anteriorização, elevação e fechamento 
da laringe, este último ocorrendo pela aproximação

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