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PARACOCCIDIOIDOMICOSE PCM Discente: Rogério Alves Resende Docente: Otto Veras É a micose sistêmica mais prevalente do Brasil Não é uma doença de notificação compulsória Incidência, em zonas endêmicas, varia de 3 a 4 novos casos/milhão Endêmica no Brasil e mais prevalente na zona rural Entre as doenças infecciosas e parasitárias, é a 8° causa de mortalidade no Brasil. Mais comum em homens e adultos 20-40 anos Hormônios estrogênicos conferem proteção às mulheres INTRODUÇÃO Há estimativa de que cerca de 10 milhões de pessoas podem estar infectados com P. brasiliensis e que 2% destas podem vir a desenvolver a doença Fungos termo dimórficos Paracoccidiodes brasiliensis Paracoccidiodes lutzii. 37°C: leveduriforme 25°C: Forma filamentosa Roda de leme de navio Outros animais também se infectam pelo fungo O tatu-galinha é um reservatório ETIOLOGIA - Os fungos, no geral, são amplamente separados em 2 tipos: Leveduriformes e os filamentosos. - O paracoccidiodes tem a capacidade de se adaptar para leveduriformes ou filamentosos, de acordo com as condições de temperatura. Paracoccidiodes brasiliensis (5 agrupamentos geneticamente isolados: S1a, S1b, PS2, PS3 e PS4) Podem apresentar brotamentos únicos ou múltiplos que são os blastoconídios dispostos em torno da levedura mãe, à qual se unem por estreitas pontes celulares. Pode ter disseminação via hematogênica Formas raras: inoculação pela mucosa e na pele Pode desenvolver-se primariamente Pode ficar em latência Fatores que facilitam a infecção fúngica: Desnutrição, Alcoolismo, tabagismo, imunodepressão Grupo de risco: Profissões ou atividades relacionadas ao manejo do solo contaminado com o fungo. INFECÇÃO Inicia um foco pulmonar, multiplica-se e dissemina-se para os linfonodos regionais e, posteriormente, por via hematogênica, para os demais órgãos; Há relatos de inoculação pela mucosa orofaringea e diretamente na pele, mas são menos frequentes. Se o paciente desenvolve resposta TH1 eficaz, ela pode ser controlada Pacientes se tornam assintomáticos, mas com teste imunológico da paracoccidioidina positivo Inalação dos conídios Transformação em leveduras Nos alvéolos Formação de 1 granuloma Mediada por resposta celular T1 Forma filamentosa Produz conídios Assintomáticos com teste positivo PARACOCCIDIOIDOMICOSE INFECÇÃO PARACOCCIDIOIDOMICOSE DOENÇA Forma Aguda/subaguda (P. Juvenil) Forma crônica Forma Mista PARACOCCIDIOIDOMICOSE RESIDUAL/SEQUELAS FORMAS CLÍNICAS A infecção caracteriza-se pela presença de contato de indivíduos saudáveis com fungos do gênero Paracoccidioides spp, identificado pela presença de reação intradérmica positiva a antígeno específico e achados de fungos latentes em necropsia Forma mista: manifestações clínicas compatíveis com a forma aguda/subaguda associada a outras, em geral observadas na forma crônica, dificultando a classificação. Em geral, esses pacientes revelam doença muito generalizada, com intensa supressão da imunidade celular. Essa forma clínica foi denominada PCM forma mista Responsável por 5-25% dos casos No Brasil, é mais comum: MA, MG, PA, GO e SP. Crianças, adolescentes e adultos jovens, sem diferença de gênero Relacionada com resposta imune Evolução rápida, com ampla disseminação do fungo. Linfadenomegalia : Pode apresentar supuração e fistulização Hepatoesplenomegalia Manifestações digestivas, cutâneas, osteoarticular Eosinofilia periférica FORMA AGUDA/SUBAGUDA (JUVENIL) podendo ser mais frequente em algumas regiões endêmicas e quase nunca observada em outras Em geral, os pacientes são diagnosticados poucas semanas após o início dos sintomas. Linfadenomegalias intra-abdominais podem coalescer, produzindo massas tumorais que exercem compressão em vários órgãos, tais como colédoco e alças intestinais Relacionada com resposta imune que não está completamente formada ou que não conseguiu responder a tempo DIFERENÇAS DAS FORMAS MODERADA E GRAVE DA P. JUVENIL FORMA MODERADA FORMA GRAVE Adenomegalia localizada Adenomegalia difusa Sem comprometimento de vísceras Comprometimento de orgãos Ausência de desnutrição e caquexia Desnutrição presente e pode ter caquexia Sem acometimento osteoarticular Pode ter osteomielite disseminada Responsável pela maioria dos casos de PCM 74 a 96% Adultos com 30 a 60 anos Homem x Mulher 22:1. A doença instala-se de forma mais lenta, podendo ser silenciosa O comprometimento pulmonar está presente em 90% dos pacientes. Vias aero digestivas superiores Lesões de pele Gânglios, com tendência a supuração Adrenal SNC FORMA CRÔNICA (do adulto) - com duração da sintomatologia acima de quatro a seis meses e, por vezes, acima de um ano. - Em alguns casos, a instalação é silenciosa e a doença é flagrada por exame solicitado para fins trabalhistas ou check-up. Paciente assintomático e que reativa foco que estava primário FORMA CRÔNICA- GRAVIDADE 3 ou mais dos seguintes: perda ponderal maior que 10% Intenso comprometimento pulmonar; Acometimento de outros órgãos Adenomegalia difusa do >2,0cm de diâmetro, sem supuração, ou do tipo supurativo; Títulos de anticorpos elevados GRAVE LEVE Perda ponderal abaixo de 5% Envolvimento de um único órgão ou comprometimento restrito sem disfunção Casos graves são representados por pacientes com instabilidade clínica, devido a insuficiência respiratória, disfunção adrenal, síndrome neurológica ou abdome agudo FORMA CRÔNICA Lesão em amora (imagem da lateral) FORMA CRÔNICA- TOMOGRAFIA Tomografia de Tórax com corte longitudinal mostrando grandes áreas de cavitação, imagens em brotamento que lembram TB FORMA CRÔNICA- RX DE TÓRAX Imagem reticulonodular difusa é a apresentação mais comum da paracoco crônica FORMA CRÔNICA- SNC Lesões do SNC são infrequentes, mas podem ocorrer. A lesão apresenta-se com halo, o que faz diagnóstico diferencial com toxoplasmose em imunodeprimido e outras doenças infecciosas, como linfoma e cisticercose em adultos FORMA CRÔNICA- PELE E OSSOS Lesão disseminada na pele e ossos. Falanges metacárpicas com várias lesões à radiografia simples, mostrando disseminação em todos os metacarpos bilateralmente Alterações anatômicas e funcionais pelas cicatrizes As sequelas são com maior incidência em pulmões e pele Outros locais: Laringe, traqueia, adrenais, mucosa das vias aero digestivas superiores, sistema nervoso central e sistema linfático Pulmonar: Tosse, alteração na espirometria, distorção arquitetural Adrenal: doença de Addison, que exige frequente reposição hormonal, por toda a vida Laringe: Disfonia, cordas vocais fibróticas SNC: Déficit motor, epilepsia, hidrocefalia Pele: Alterações estéticas e da mucosa oral Linfático: Icterícia obstrutiva FORMA RESIDUAL Raio X de tórax ( PA + perfil) Hemograma completo Velocidade de hemossedimentação (VHS) Provas bioquímicas hepáticas (alanina aminotransferase, fosfatase alcalina) Avaliação da função renal e metabólica(creatinina sérica, Na e K) EXAMES COMPLEMENTARES CASO SUSPEITO: uma ou mais dessas manifestações, por 1 mês, excluída TB: Tosse com ou sem expectoração e dispneia; Sialorreia, odinofagia, rouquidão; Lesão (ulcerada) na mucosa nasal ou oral; Lesões cutâneas (úlceras, vegetações, nódulos, placas etc.); Adenomegalia cervical ou generalizada, com ou sem supuração e fistulização; Criança ou adulto jovem com hepatoesplenomegalia e/ou tumoração abdominal. CASO PROVÁVEL Clínica + títulos de anticorpos CASO CONFIRMADO Clínica compatível + exame micológico direto ou exame histopatológico positivo DEFINIÇÕES DE CASOS PROVAS SOROLÓGICAS Sensibilidade entre 85-90% Pode dar falso positivo quando há infecção por outros fungos, como Histoplasmose IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE ETIOLÓGICO Padrão ouro Hidróxido de potássio: pouco sensível para escarroColoração de PAS ou Grocott Cultura: DIAGNÓSTICO Pode coletar material de: secreção traqueal ou de qualquer tecido com suspeita de infecção LESÕES PULMONARES TB Micobacterioses atípicas Histoplasmose LESÕES MUCOSAS Leishmaniose Hanseníase AUMENTO DE GÂNGLIOS TB ganglionar TORSCH DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PCM AGUDA Endocardite Leucemias Massas tumorais abdominais Malária LESÃO EM ADRENAL TB Adrenal CMV em HIV + Doenças autoimunes ITRACONAZOL Adultos: 200 mg/d Crianças <30kg e maiores de 5 anos: 5 a 10 mg/kg/d Duração: 6 a 9 meses na forma leve e 12 a 18 meses na forma moderada SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIMA Sulfametoxazol: Adultos- 800 a 1200 mg, VO 12/12 hr / Crianças: 50mg/kg, VO 12/12 hr Trimetoprima: Adultos: 160 a 240 mg, VO 12/12 hr/ Crianças: 8 a 10 mg/kg, VO, 12/12 Duração: 12 meses na forma leve e 18 a 24 meses na forma moderada ANFOTERICINA B 1 mg/kg/d Usada apenas na fase grave TRATAMENTO Itraconazol: 1° opção em adultos Anfotericina B usada apenas na forma grave devido a toxicidade renal e demais efeitos colaterais Pacientes com formas disseminadas com uma das seguintes complicações: Alterações neurológicas, insuficiência respiratória, Anorexia ou caquexia, envolvimento TGI, icterícia, ascite, alterações hemodinâmicas. Pacientes com comorbidades : AIDS, tuberculose e/ou neoplasia Pacientes com sequelas e instabilidade clínica Exemplo: DPOC descompensada, Addison, estenose de laringe ou traqueia. INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO SEGUIMENTO CLÍNICA Desaparecimento dos sinais e sintomas RADIOLÓGICA Imagens cicatriciais se mantêm iguais, com diferença de 3 meses entre cada uma IMUNOLÓGICA Negativação dos títulos de imunodifução dupla OU Estabilização do título em valores baixos, menores ou iguais a 1:2 após tratamento CRITÉRIOS DE MELHORA Não existe vacina Cessar tabagismo Cessar etilismo Evitar a exposição à poeira originada de escavação do solo, de terraplanagem e de manipulação de vegetais Máscaras protetoras para trabalhadores de varrição de café e motoristas de trator Para laboratoristas que manipulam habitualmente Paracoccidioides spp, recomenda-se exame sorológico pré-exposição e anualmente. Se contato acidental, profilaxia com Itraconazol – 200 mg/dia, via oral, por 30 dias. RECOMENDAÇÕES OBRIGADO II Consenso Brasileiro em Paracoccidioidomicose – 2017 PARACOCCIDIOIDOMICOSE: REVISÃO Petroni, et al REFERÊNCIAS