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AV 2 DE DIREITO PENAL 1 COM MAYANA - QUESTÕES E RESPOSTA

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1 
Brenda Neiva Bagano - FBDG 
 
2 
Brenda Neiva Bagano - FBDG 
QUESTÕES: 2ª AVALIAÇÃO 
1. (3,5) De acordo com o art. 2º, VI, da Lei nº 1.521/1951 é ser crime contra a 
economia popular transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias. Em 
determinada situação concreta, em virtude de problemas nas plantações de trigo e 
objetivando controlar acentuada inflação, seja editada tabela pela qual o quilo do pão de 
sal (francês) não possa ser vendido por valor superior a 4 reais enquanto não for 
normalizada a situação. Nessa ocasião, determinado comerciante sonhando com lucro, 
acaba vendendo pães a 6 reais o quilo, sendo descoberto posteriormente, processado e 
condenado. Pouco tempo depois, a situação é normalizada, deixando de existir o preço 
tabelado, deixando os comerciantes livres para a fixação dos valores. Neste caso, a 
modificação realizada (retirada do tabelamento de preço) refletirá na condenação do 
réu? Fundamente a sua resposta. 
 2. (3,5) Sidney, brasileiro, natural de Salvador, no dia 10.11.2020, compareceu a 
embaixada americana localizada em Brasília, para conversar com um amigo americano, 
que trabalhava como funcionário administrativo da missão. Após alguns minutos de 
conversa, sem um motivo aparente, Sidney e o funcionário passaram a agredir um rapaz 
chamado Jão que acabara de entrar na embaixada para pedir uma informação. Jão foi 
socorrido de imediato por pessoas que estavam no local, mas acabou sofrendo lesões de 
natureza grave. Neste caso, será possível aplicar a lei brasileira em relação a Sidney e ao 
seu amigo americano? Fundamente a sua resposta. 
 3. (3,0) Monalisa, primária e de bons antecedentes, cometeu o crime de furto no 
ano de 2012, quando estava em vigor a lei nº 12346/2008, que cominava uma pena de 
01 a 4 anos de reclusão para este crime. Contudo, Monalisa somente foi julgada no ano 
de 2016, quando já estava em vigor a lei nº 54321/2015, que cominava uma pena em 
abstrato, para o crime de furto, de 02 a 04 anos. Ocorre que, aadvogada de Monalisa 
percebeu que a lei posterior (54321/2015) era prejudicial para seu cliente em relação a 
quantidade de pena mínima, mas, ao mesmo tempo, era benéfica pois previa uma nova 
causa de diminuição de pena, que poderia beneficiá-la. Diante dessa constatação, o 
advogado requereu, em sede de alegações finais, que fosse aplicada a lei 12346/2008 
em relação a pena mínima e que fosse reconhecida a causa de diminuição de pena 
prevista na nova lei. Com base em seus estudos sobre aplicação da lei penal no tempo, 
responda de forma fundamentada se o pedido do advogado deve ser atendido. Por que? 
3 
Brenda Neiva Bagano - FBDG 
 
 
Resposta da primeira questão: 
Primordialmente, é mister frisar que, no âmbito do direito penal, o conceito de 
extra-atividade da lei penal diz respeito à aptidão que a lei tem de transcorrer no tempo 
e engloba duas circunstâncias: retroatividade e ultra atividade. Mormente, o conceito 
que merece enfoque nesse contexto é o da retroatividade, o qual remete a possibilidade 
de a lei regressar no tempo com o fito de alcançar um fato ocorrido quando esta nem 
existia. Todavia, embora esse conceito possibilite que a lei retroaja, é tácito ressaltar 
que, isso só será possível caso a lei anterior seja revogada, surgindo, dessa forma, uma 
nova com as devidas alterações. 
Nesse enfoque, há uma discursão em relação à norma penal em branco 
heterogênea, quando o complemento deixa de existir ou se modifica, deixando de prever 
determinadas circunstancias que influenciam no crime. Desse modo, quando estamos 
diante de uma norma penal em branco homogênea, se a lei deixa de prever determinado 
complemento que muda o tipo penal, haverá uma retroatividade. Porém, a questão é: 
quando temos uma modificação do complemento em uma norma penal heterogênea, há 
quem entenda que não retroagem nunca, outros que retroagem sempre, mas o 
posicionamento majoritário é que se deve analisar se há uma situação de normalidade 
ou de anormalidade nessa mudança desse complemento. 
Frente a isso, se estamos diante de uma situação de normalidade, e for uma 
mudança de complemento benéfica, vai haver a retroatividade benéfica. Conquanto, a 
Jurisprudência e a doutrina irão dizer que não vai haver essa retroatividade, se houver 
uma situação de anormalidade, por exemplo, se estivermos diante de uma lei 
excepcional ou temporária e que o complemento dessa lei acaba sendo excluído. Assim, 
como essa lei foi editada numa situação de anormalidade, não teremos a retroatividade 
benéfica, e mesmo se esse complemento posteriormente for alterado, isso não vai fazer 
com que haja essa retroatividade. 
No que concerne o fato exposto no enunciado e após uma análise dos conceitos 
mencionados acima, depreende-se que, inicialmente, era crime transgredir tabelas 
oficiais de gêneros e mercadorias, o que corroborou para que o comerciante fosse preso 
4 
Brenda Neiva Bagano - FBDG 
e condenado, visto que, o mesmo não agiu em consonância com a lei. Todavia, embora 
a situação tenha sido normalizada posteriormente, isso não anula o fato da Lei nº 
1.521/1951 prever como crime o descumprimento desta, ou seja, a alteração do 
complemento não promove mudanças no tipo penal. Isso se dá, sobretudo, frente ao fato 
de que, esta lei não fora revogada, o que não reflete na possibilidade de retroação, pois, 
independente da normalização da circunstancia, o crime continua sendo previsto, 
implicando na condenação do réu. 
Resposta da segunda questão: 
Em primeiro plano, o caso em abordagem remete a dois importantes conceitos: 
imunidade formal e imunidade diplomática. Nessa ótica, o primeiro diz respeito uma 
imunidade processual, ou seja, quando em razão da função há uma imunidade formal, 
sendo que o crime e a violação da lei existem, mas, o sujeito não poderá ser preso ou 
processado pela prática daquela conduta. Nesse prisma, um exemplo de imunidade 
formal é a imunidade diplomática, que objetiva o livre exercício da função diplomática 
para que possíveis desavenças ocorridas entre países não venham intervir na função 
desempenhada por esse agente diplomático, ou seja, para que o Brasil, não faça nenhum 
tipo de coação para com agentes diplomáticos italianos, por exemplo. 
Ademais, o objetivo primordial dessa imunidade, é possibilitar o exercício da 
função desse indivíduo sem qualquer tipo de pressão, ou represália, para que, dessa 
forma, os elos entre os países não venha interferir na atividade desempenhada pelos seus 
agentes diplomáticos. Outrossim, é mister pontuar também, o princípio da reciprocidade 
o qual se encontra dentro da conceituação de imunidade diplomática. Nessa perspectiva, 
por esse princípio, da mesma forma que o agente diplomático estrangeiro tem 
imunidade no Brasil, o agente diplomático brasileiro tem imunidade nos outros países. 
Dessa forma, com base nos fatos supracitados e levando em consideração que Sidney é 
um brasileiro natural de Salvador, aplica-se a este, a lei penal brasileira. 
 Conquanto, diferentemente de Sidney, o seu amigo e participante do fato, é 
americano e estava trabalhando na embaixada americana localizada em Brasília como 
funcionário administrativo. Diante dessa vertente, depreende-se que, embora o crime 
exista, esse sujeito detém de uma imunidade em solos brasileiro pautado na imunidade 
diplomática, inviabilizando, portanto, a aplicação da lei brasileira no seu caso. 
Entretanto, é tácito ressaltar que, isso não significa que o amigo de Sidney irá ficar 
5 
Brenda Neiva Bagano - FBDG 
impune, mas sim, que o mesmo terá a possibilidade de ser processado no seu país de 
origem. 
 
Resposta da terceira questão: 
No que tange a combinação de leis penais, esta trata da possibilidade de conciliar 
a parte benéfica de uma lei com a parte benéfica de outra lei. Desse modo, temos como 
exemplo a Lei de drogas de 1976 que previa para o tráfico uma pena de 03 a 15 anos. 
Por conseguinte,a Lei de drogas de 2006 revogou toda a lei de 1976, passando a prever 
para o crime de tráfico uma pena de 05 a 15 anos. Diante dessa vertente, se sujeito tenha 
praticado em 2005 o crime de tráfico, e seja julgado em 2009, aplica-se a lei de 1976, 
por ser a lei do tempo dos fatos e por ser mais benéfica. 
Entretanto, a lei de 2006 apesar de prevê uma pena mínima, prevê também uma 
causa de diminuição de pena que não existia na lei de 76, aplicável àquele traficante 
primário ou iniciante, ou seja, se o sujeito cometia o crime depois de 2006, era à lei de 
2006 que seria aplicada. Sob tal ótica, o fato de a lei nova ter uma parte benéfica fez 
com que os advogados quisessem fazer com que os que cometeram tráfico antes de 
2006 combinassem a lei de 76 com a de 2006. Assim, o intuito era que se pegassem as 
partes mais benéficas dessas leis. 
Hodiernamente, o entendimento é que não cabem combinações de leis penais, 
devendo-se aplicar ou a lei de 76 ou a lei de 2006. É válido ressaltar que, isso é 
sumulado: SÚMULA 501 DO TJ, a qual veda a combinação de leis penais. Frente aos 
fatos supracitados, o argumento que é utilizado para vedar essa combinação de leis 
penais é que, se o judiciário permite ou realiza essa combinação de leis penais, o que se 
está fazendo na verdade é a criação de uma lei híbrida, com partes de uma e de outra lei. 
Partindo da premissa que, o advogado de Monalisa requereu que fosse aplicada a 
lei 12346/2008 relacionada à pena mínima ao mesmo tempo em que fosse reconhecida a 
causa de diminuição da pena prevista na nova lei, este pedido não poderá ser atendido. 
Por esse ângulo, o judiciário estaria criando uma nova terceira lei e mesclando pontos 
da lei A com a lei B – uma lei híbrida -. Em suma, se essa solicitação fosse acatada, o 
judiciário estaria invadindo a esfera do poder legislativo porque ele estaria aplicando 
disposições que não existem conjuntamente. 
NOTA: 9,8

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