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OSTEOSSARCOMA EM CÃES 1 (OSTEOSARCOMA IN DOGS) 2 1- SQUARÇADO, H. B. 2- PIOLA, N. X. 3 1- Discente do 7º semestre de Medicina Veterinária da Pontifícia Universitária 4 Católica (PUC - MINAS), Poços de Caldas/MG - Brasil. 5 2- Discente do 7° semestre de Medicina Veterinária da Pontifícia Universitária 6 Católica (PUC - MINAS), Poços de Caldas/MG - Brasil. 7 Endereço para contato: brahegaloisa@gmail.com/nataliaxavierpiola@hotmail.com 8 9 RESUMO 10 Osteossarcoma é um tumor ósseo primário de caráter maligno, invasivo e com 11 rápido desenvolvimento. Sendo o mais frequente dentre os sarcomas ósseos malignos em 12 cães. Acomete principalmente cães de grande/gigante porte de meia idade. Cujo a 13 localização na maioria das vezes tende a ser em ossos longos em regiões metafisárias. 14 Não apresenta uma etiologia totalmente conhecida. Os sinais clínicos em sua grande são 15 dor no membro, aumento de volume da região afetada, relutância ao andar, claudicação e 16 emagrecimento progressivo. O diagnóstico basicamente é por meio da história clínica, 17 radiografia e confirmação via biópsia e exame histopatológico. Tratamento geralmente é 18 cirúrgico com a amputação do membro afetado e terapia coadjuvantes como 19 quimioterapia e radioterapia. Já prognóstico irá depender do caso e se há metástase ou 20 não. 21 Palavras-chave: cães, osteossarcoma, tumor 22 23 ABSTRACT 24 Osteosarcoma is a primary bone tumor of malignant character, invasive and with 25 rapid development. It is the most frequent among malignant bone sarcomas in dogs. It 26 mainly affects large / giant dogs of middle age. The location of which most often tends 27 to be in long bones in metaphyseal regions. It doesn’t have a totally known etiology. The 28 main clinical signs are pain in the limb, swelling of the affected region, reluctance to 29 walk, lameness and progressive weight loss. The diagnosis is basically through clinical 30 history, radiography and via biopsy and histopathological examination. Treatment is 31 usually surgical with amputation of the affected limb and supporting therapies such as 32 mailto:brahegaloisa@gmail.com mailto:nataliaxavierpiola@hotmail.com chemotherapy and radiation therapy. The prognosis will depend on the case and whether 33 there is metastasis or not. 34 Keywords: dogs, osteosarcoma, tumor 35 36 1 INTRODUÇÃO 37 Dentre as comorbidades de cunho oncológicos na medicina veterinária, temos os 38 sarcomas ósseos que são classificados pela literatura como medulares ou centrais; e 39 periféricos ou periosteais. Tendo em vista dos medulares ou centrais, o mais recorrente é 40 o osteossarcoma (OSA) que dentre os mais frequentes sarcomas ósseos malignos em cães 41 é o mais representado com uma porcentagem de 80% e posteriormente vem fibrossarcoma 42 e hemangiossarcoma. Os periféricos ou periosteais são menos agressivos quando 43 comparados aos centrais ou também chamados de medulares, e são compostos 44 principalmente por osteossarcoma periosteal, condrossarcoma periosteal e fibrossarcoma 45 periosteal (Daleck et al. 2016). 46 O osteossarcoma é um tumor mesenquimal primário maligno em que as células 47 cancerígenas irão produzir uma matriz osteóide. (Kleiner e Silvia, 2003). Essa produção 48 de matriz óssea que é reativa ou também denominado metaplásica é por meio da 49 proliferação de células mesenquimais primitivas de caráter maligno que irá decorrer em 50 uma diferenciação osteoblástica, resultando na produção de um osso imaturo (Daleck et 51 al. 2016). Com esse contexto, poderá haver destruição dos componentes ósseos e 52 consequentemente predispondo o animal a fraturas patológicas por meio do 53 enfraquecimento ósseo e por conta de o tumor apresentar um crescimento rápido, invasivo 54 (Dobson, 2001) e altamente metastático acometendo em 90 % dos casos principalmente 55 os pulmões (Silveira, et al., 2005). 56 57 EPIDEMIOLOGIA 58 Na grande maioria dos casos, o OSA ocorre em ossos longos correspondendo em 59 75% deles, e que por acometer este tipo de osso recebe o nome de osteossarcoma 60 apendicular, e os outros 25% é composto por tumores ocasionados em região de esqueleto 61 axial e crânio. A região mais provável para o desenvolvimento do OSA é metáfise de 62 ossos longos, sendo que em rádio é mais comum e frequente em porção distal, e 63 posteriormente região proximal de úmero compondo 60 % dos casos. Mas alguns tumores 64 podem ser originados extra esqueléticos como por exemplos: fígado, tecido subcutâneo, 65 glândula mamária, baço, intestino, vagina, rins, testículos, olhos, ligamento gástrico e 66 glândula adrenal. Tumor esse, que corresponde apenas 1% dos casos, sendo considerado 67 raro (Kleiner e Silvia, 2003). Um fator predisponente para OSA é o peso do animal e que 68 como é membro torácico onde há maior sustentação de peso (60%), a incidência do tumor 69 sobre este membro em relação ao pélvico, será maior (Daleck et al. 2016). 70 Nota-se que animais de grande porte e gigantes são mais suscetíveis a 71 apresentarem OSA. A despeito de raças mais acometidas temos: Dorbermann, Pastor 72 Alemão, Golden Retriever, Fila Brasileiro, Boxer, Dinamarquês, Setter Irlandes, São 73 Bernardo, Rottweiler e Mastiff. Acredita-se que animais de porte pequeno apresentam 74 menor frequência em relação a esta comorbidade, devido as placas epifisárias fecharem 75 antecipadamente quando comparadas a cães de grande/gigante porte, diminuindo assim 76 traumas em tal região. Com relação a incidência entre fêmeas e machos, nota-se que é um 77 pouco maior em machos do que em fêmeas, apresentando exceção nas raças descritas 78 como São Bernardo, Rottweiler e Dinamarquês. No que respeita a idade, há variação, 79 porém, estudos ilustram que a idade média gira em torno do 7 anos e meio (Daleck et al. 80 2016). 81 82 ETIOLOGIA 83 A etiologia do OSA ainda não foi totalmente esclarecida, porém possuem 3 vertentes. 84 Uma presume-se que pode ser decorrente de origens virais, mas que ainda esses agentes, 85 não foram isolados. Já a segunda, parte do princípio que por meio da fisiopatogenia que 86 no caso, tem como um fator importante estruturas que suportam maiores cargas de peso 87 além de acometer regiões adjacentes a fises cujo tiveram um fechamento tardio. E por 88 fim, cães de grande porte serem mais predispostos a traumas nas regiões metafisárias, 89 cujo essas, possuem maior atividade celular podendo estimular sinais mitogênicos 90 (Daleck et al. 2016). 91 92 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 93 Os sinais clínicos comumente avaliados para o OSA podem ser agudos, crônicos 94 ou progressivos. No caso, de OSA em esqueleto apendicular teremos a relutância ao andar 95 do paciente, claudicação, inchaço local de membro (Fossum, 2015), presença de dor além 96 do emagrecimento progressivo (Daleck, et al, 2016). Devido a fragilidade óssea, pode 97 haver casos aonde o animal apresente uma fratura patológica também gerando uma 98 claudicação. Nos casos de esqueleto axial, haverá possibilidade de dor, relutância ao 99 passo e edema notável. Neoplasias localizadas no crânio irão resultar em dificuldade para 100 mastigar e haverá inchaço local visível (Fossum, 2015). O aumento de volume se deve 101 pela formação de uma massa tumoral cujo a consistência é firme (David, et al., 2003) o 102 crescimento como anteriormente dito o crescimento é rápido, invasivo (Dobson, 2001). 103 104 DIAGNÓSTICO DEFINITIVO 105 É possível chegar em um diagnóstico definitivo apenas baseando-se nos sintomas, 106 no histórico e nos sinais radiográficos, porém há outras técnicas que fazem um papel 107 importante no diagnóstico de tumores ósseos (Canola et al, 2016). Como a biopsia 108 definitiva que pode ser feita caso saiba a localização do tumor ou quando existir alto 109 potencial para resultado inconclusivo na citologia. Aquela é seguida de umexame 110 histopatológico, que juntos irão determinar a natureza da lesão e qual o tipo morfológico 111 das células que constituem o tumor. Faz-se necessário uma avaliação macroscópica da 112 amostra tecidual (Sanches, et al, 2015). 113 O OSA por ser um tumor de origem mesenquimal, sua citologia deve apresentar 114 células de citoplasma alongado ou fusiforme, de tamanho pequeno a médio, com núcleo 115 alongado ou ovalado, podendo estar sozinhas ou em grupamentos discretos, com bordos 116 celulares mal definidos (Sanches, et al, 2015). 117 O exame radiográfico geralmente revela lise cortical, apresentando bordas 118 irregulares. Outras técnicas também utilizadas são: cintilografia óssea, tomografia 119 computadorizada e ressonância magnética, que possibilitam a avaliação da extensão da 120 lesão dentro do osso e a invasão de partes moles (De Andrade, 2009). 121 122 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 123 Deve-se fazer um diagnóstico diferencial para outras patologias como cistos, 124 granulomas, abcessos, infecções focais, tumores primários e linfossarcomas, tumores 125 ósseos metastáticos, osteomielites bacterianas e micoses sistêmicas (Gardinalli; Martelli, 126 2015), já que esses podem causar lesões semelhantes. Também é feito diagnostico 127 diferencial para sobreposição de mamas, nódulos cutâneos e cortes tangenciais de vasos 128 pulmonares que podem mimetizar nódulos pulmonares (De Andrade, 2009). 129 Incluem no diferencial avulsões e fraturas, displasias, doenças metabólicas ósseas, 130 lesões em ligamentos e tendões, miopatias, lesões aos tecidos moles, corpo estranho, 131 periostite, artrites, osteopatia hipertrófica pulmonar, panosteíte eosinofílica e osteopatia 132 metafiseal, além de infartos ósseos e hipervitaminose (Daleck et al, 2016). 133 134 TRATAMENTO 135 A cirurgia de amputação apesar de ser um método agressivo, ainda é o principal 136 tratamento para a maioria dos tumores sólidos (Nishiya et al, 2015), já que seu objetivo 137 visa a melhoria no bem-estar e maior sobrevida ao animal (Daleck et al, 2016), além de 138 promover a ressecção do tumor primário e alivio da dor (De Andrade, 2009). Grande parte 139 dos animais suportam bem a amputação no membro torácico ou pélvico, porém essa deve 140 ser considerada como tratamento paliativo já que, depois da amputação, 70% a 90% dos 141 cães desenvolvem metástase pulmonar, o que pode levar a morte em até seis meses (De 142 Oliveira; Da Silveira, 2008). 143 A quimioterapia antineoplásica é considerada uma terapia adjuvante, sendo 144 necessária após o ato cirúrgico para diminuir ao máximo as células cancerígenas (a fim 145 de prevenir ou atrasar o início de metástases), prolongar o intervalo livre da doença e 146 aliviar os sintomas associados a neoplasia (Daleck et al, 2016). 147 A radioterapia também pode ser empregada como medida adjuvante, resultando 148 em uma diminuição da inflamação local e da progressão das lesões ósseas metastáticas, 149 alivio da dor e melhora na qualidade de vida (Daleck et al, 2016). Um tratamento 150 sistêmico utilizado são bifosfonatos, que inibem a reabsorção óssea pelos osteoclastos, 151 dificultando a implantação de células tumorais nos ossos, tendo uma ação profilática 152 (Gardinalli; Martelli, 2015). 153 154 PROGNÓSTICO 155 O prognostico para animais que apresentam OSA vai depender de vários fatores 156 como a presença de metástase, localização, diâmetro e volume do tumor; grau de 157 agressividade; diagnóstico precoce e idade, peso e raça do animal e necrose tumoral pós-158 quimioterapia. Porém a maioria dos cães mesmo após tratamento possuem uma sobre vida 159 de no máximo um ano, podendo ser menos caso seja detectado metástase, como relatado 160 antes cerca de 90% dos animais morrem de doença metastática pulmonar. Quando é feita 161 a dosagem de fosfatase alcalina e essa apresenta alta (maior que 110 UI/ℓ) após o 162 tratamento primário do tumor, pode indicar evidencia clinica ou radiográfica de 163 metástase, garantindo um pior prognostico. (Daleck et al, 2016) 164 165 CONCLUSÃO 166 Dado os fatos expostos, podemos concluir que o osteossarcoma é a neoplasia 167 óssea de maior recorrência nos cães, tendo maior incidência nos ossos longos e mais 168 evidencia em animais de raças grandes/gigantes. Apesar dos animais na maioria das vezes 169 possuírem um prognostico ruim é um tema que vem sendo cada vez mais discutido, já 170 que com a ajuda de diagnósticos de diversas maneiras e tratamentos cada vez mais 171 evoluídos os animais podem ter uma sobrevida de qualidade. 172 173 REFERÊNCIAS 174 CANOLA, J. C.; MEDEIROS, F. P.; CANOLA, P. A. Radiografia convencional, 175 ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética. In: DALECK, R. C.; DE NARDI, 176 A. B. Oncologia em cães e gatos. 2.ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. Cap.6, página 135-177 138. 178 DALECK, C. R.; FONSECA, C. S.; CANOLA, J. C. Osteossarcoma canino - revisão. Revista de 179 Educação Continuada CRMV/SP, v.5, n.3, p. 233-242, 2002. 180 DALECK, R. C.; REPETTI, C. S. 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Cirurgia de Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 195 2015. 5008p. 196 GARDINALLI, B. J.; MARTELLI, A. Aspectos clínicos e fisiopatológicos de 197 osteossarcoma em cães. Science And Animal Health, v. 3, n. 1, p. 13-30, 2015. 198 KLEINER, J. A.; SILVA, E. G. Tumores ósseos em pequenos animais. Medvep, v.1, n. 3, p. 193-199 200, 2003. 200 NISHIYA, Adriana Tomoko et al. Quimioterapia antineoplásica. In: JERICO, Marcio 201 Marques et al. Tratado de medicina interna de cães e gatos. Rio de Janeiro: Roca, 2015. 202 Cap. 58. p. 1630-1632. 203 SANCHES, D. S.; TORRES, L. N.; GUERRA, J. M. Diagnóstico histopatológico e citológico da 204 neoplasia de cães e gatos. In: JERICO, M.; ANDRADE NETO, J. P. de; KOGIKA, M. M. 205 Tratado de medicina interna de cães e gatos. Rio de Janeiro: Roca, 2015. Cap. 56. p. 1599-206 1612. 207 SILVEIRA, L. M. G.; CUNHA, F. M.; BIASI, C.; SILVA, P. T. D.; KOLBER, M.; FERRIGNO, 208 C. R. A. Osteossarcoma extra-esquelético no tecido subcutâneo de um cão: relato de caso. Revista 209 Clínica Veterinária, v. 64, p. 89-90, 2005. 210 http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/EroscTt9V3k5REV_2013-5-28-11-22-14.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/EroscTt9V3k5REV_2013-5-28-11-22-14.pdf
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