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RESUMO DE INFLAMAÇÃO CRÔNICA

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1 
 
 
 
 
 
RESUMO DE INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
A inflamação crônica é considerada um tipo de inflamação prolongada (semanas ou meses depois da instalação 
da inflamação aguda) na qual a destruição tissular e a tentativa de reparar os danos ocorrem simultaneamente. 
Para se entender a instalação da 
chamada fase crônica da inflamação, 
devemos descrever os possíveis destinos 
do processo inflamatório agudo: 
✓ Resolução completa; 
✓ Cicatrização pela substituição do 
tecido conjuntivo; 
✓ Formação de abscesso (coleção 
localizada de secreção purulenta, 
constituída de tecido destruído, 
células inflamatórias e bactérias 
piogênicas); 
✓ Progressão tecidual a inflamação 
crônica. Isso pode se seguir à 
inflamação aguda, ou a reposta 
pode ser crônica praticamente 
desde o início. A transição de aguda 
para crônica ocorre quando não há 
uma resolução da resposta 
inflamatória aguda devido à 
persistência do agente nocivo ou a 
alguma interferência com o 
processo normal de cicatrização. 
 
Apesar de poder ser a continuação de uma inflamação aguda, como descrito anteriormente, a inflamação crônica 
frequentemente começa de maneira insidiosa como uma reação pouco intensa, geralmente assintomática. Este último tipo 
de inflamação crônica é a causa de dano tecidual em algumas das doenças humanas mais comuns e debilitantes, como 
a artrite reumatoide, aterosclerose, tuberculose e as doenças pulmonares crônicas. 
 
CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO INFLAMATÓRIO CRÔNICO 
Enquanto que o processo inflamatório agudo se caracteriza por eventos vasculares, formação de edema e 
presença marcante de neutrófilos no foco inflamatório, o processo inflamatório crônico apresenta particularidades que 
divergem da inflamação aguda: 
✓ É desencadeado por um processo inflamatório agudo prévio não eficiente, de modo que o agente agressor ainda 
persista, desencadeando os mediadores que promovem a instalação da inflamação crônica; 
✓ Os focos inflamatórios são caracterizados por infiltrados celulares mononucleares: linfócitos, macrófagos (chegam 
com cerca de 24 – 48h depois de instalado o processo inflamatório) e plasmócitos. Os eosinófilos, mastócitos e 
neutrófilos só surgem caso o agente agressor persista no processo lesivo. As concentrações de neutrófilos são 
muito menores quando comparadas às da inflamação aguda; 
✓ Proliferação de fibroblastos e vasos sanguíneos (angiogênese); 
✓ Aumento do tecido conjuntivo com deposição de colágeno e tecido fibrosado; 
✓ Destruição tissular: o processo inflamatório, ao tentar debelar o agente agressor, passa a destruir por meio de 
suas enzimas o tecido da região onde o processo se instalou. 
✓ É um processo específico (diferentemente da inflamação aguda que, mais primitiva filogeneticamente, é 
inespecífica) e mais sofisticado (envolvendo apresentações antigênicas e mais outras reações características da 
resposta imune adaptativa). 
 
CAUSAS DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
A inflamação crônica surge nas seguintes situações: 
✓ Nas infecções persistentes por determinados micro-organismos, como o bacilo da tuberculose, o Treponema 
pallidum (causador da sífilis) e determinados vírus, fungos e parasitas. 
✓ A exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos e nocivos, sejam eles endógenos ou exógenos. Um 
exemplo de agente exógeno é a sílica, material não-degradável que, quando inalado por longos períodos, 
causa 
2 
 
 
uma doença pulmonar inflamatória conhecida como silicose. A aterosclerose é considerada uma doença 
inflamatória crônica da parede arterial induzida por componentes endógenos (lipídios tóxicos do plasma). 
✓ Autoimunidade (como é o caso das doenças autoimunes). Nessas doenças, os auto-anticorpos desencadeiam 
uma reação imunológica que se autoperpetua, causando lesão tecidual e inflamação crônicas. Como exemplo: 
artrite reumatoide e o lúpus eritematoso. 
 
INFILTRADO CELULAR MONONUCLEAR 
O macrófago é a célula dominante na inflamação crônica (enquanto que na inflamação aguda, é o 
polimorfonuclear neutrófilo), sendo acompanhado, logo então, por linfócitos e plasmócitos. 
 
MACRÓFAGOS 
Os macrófagos são um dos componentes do sistema fagocitário mononuclear. Este consiste de células 
intimamente relacionadas que se originam na medula óssea, incluindo monócitos sanguíneos e macrófagos tissulares. De 
uma forma geral, os monócitos e os macrófagos são a mesma célula, porém os monócitos estão localizados no sangue, 
ao passo em que os macrófagos, nos tecidos: os macrófagos são derivados dos monócitos do sangue periférico que foram 
induzidos a migrar através do endotélio por agentes químicos (C5a, fibrinopeptídios, citocinas, FCDP – fator de 
crescimento derivado de plaquetas, etc.). 
Eles estão difusamente espalhados no tecido conjuntivo ou localizados em órgãos como o fígado (células de 
Kupffer), baço, linfonodos, sistema nervoso central (micróglia), alvéolos pulmonares e ossos (osteoclastos). A meia vida 
dos monócitos sanguíneos é de cerca de 1 dia, enquanto um macrófago tissular sobrevive por vários meses ou anos. 
Como discutido anteriormente, os monócitos começam a migrar para os tecidos extravasculares logo no início da 
inflamação aguda e, em 48 horas, podem constituir o tipo celular predominante. O extravasamento dos monócitos também 
é governado por moléculas de adesão e mediadores químicos quimiotáticos e de ativação. Quando o monócito chega ao 
tecido extravascular, transforma-se em uma célula fagocitária maior, o macrófago. 
Os macrófagos podem ser ativados por uma variedade de estímulos, incluindo as citocinas (INF-γ, por exemplo) 
secretadas pelos linfócitos T ativados e pelas células NK. Os macrófagos ativados secretam uma variedade de produtos 
biologicamente ativos que, se não controlados, resultam na lesão tecidual e fibrose características da inflamação crônica. 
Estes produtos agentes nocivos como os micro-organismos e iniciam o processo de reparação, além de serem 
responsáveis por boa parte da lesão tecidual na inflamação crônica (uma vez que a destruição tecidual é uma das principais 
características da inflamação crônica). 
 
OBS1: A presença de neutrófilos no foco inflamatório significa que o agente agressor que desencadeou a inflamação aguda 
ainda persiste no processo nocivo. 
 
LINFÓCITOS 
Os linfócitos são mobilizados tanto nas 
reações imunológicas humorais quanto celulares, e 
até mesmo nas reações inflamatórias não- 
imunológica. Em algumas reações inflamatórias 
crônicas intensas, o acúmulo de linfócitos, 
plasmócitos e células apresentadoras de antígenos 
pode assumir as características morfológicas dos 
órgãos linfoides, especialmente dos linfonodos, até 
mesmo com centros germinativos bem 
desenvolvidos. Esse padrão de organogênese 
linfoide é geralmente vista na sinóvia de paciente com 
atrite reumatoide de longa duração. 
Os linfócitos e macrófagos interagem de maneira bidirecional e essas reações desempenham um papel importante 
na inflamação crônica. Os macrófagos apresentam os antígenos via MHC aos linfócitos T e produzem citocinas (como a 
IL-12) que estimulam a resposta que será desencadeada por estas células T. Os linfócitos ativados produzem citocinas e 
uma delas, o IFN-γ, é o principal ativador dos macrófagos. 
 
OBS²: A interação macrófago/linfócito é de extrema importância não só para os processos de resposta imunológica 
(celular). Mas também para o processo de patogênese dos granulomas. Os linfócitos ativados secretam linfocinas: fator 
quimiotático monocitário; fator inibidor da migração de macrófagos; fator ativador de macrófagos (IFN-γ e IL-4). Os 
macrófagos ativados secretam monocinas: IL-1 e TNF; fatores de crescimento de vasos, fibroblastos e fibrose; espécies 
reativas do oxigênio. 
 
PLASMÓCITOS 
Os plasmócitos são células originadas da diferenciação dos linfócitos B. Naquela forma, a célula é capaz de 
secretar anticorpos que agem como opsoninas para auxiliar o reconhecimento e fagocitose do micro-organismo que 
persiste no estímulo nocivo. 
3O plasmócito representa uma das principais células da inflamação crônica. Seu núcleo é excêntrico (chamado 
pelos citologistas como em roda de carroça), com citoplasma basófilo e um complexo de Golgi bastante desenvolvido que 
aparece nos cortes histológicos como um halo claro próximo ao núcleo. É muito comum na osteomielite cronificada. 
 
EOSINÓFILOS 
Os eosinófilos são abundantes nas reações imunológicas mediadas pela IgE e nas infecções parasitárias. Eles 
possuem grânulos que contêm proteína básica principal, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para os parasitas 
mas também causa lise das células epiteliais dos mamíferos. 
 
MASTÓCITOS 
Os mastócitos estão amplamente distribuídos no tecido conjuntivo e participam tanto da reação inflamatória aguda 
quanto da crônica. Elas expressam na superfície o receptor que liga a porção Fc da IgE (FcεRI). Nas reações agudas, a 
IgE ligada aos receptores Fc das células reconhece os antígenos de maneira específica e as células sofrem degranulação 
e liberam mediadores, como a histamina e os produtos da oxidação do ácido araquidônico. Esse tipo de resposta ocorre 
durante as reações anafiláticas a alimentos, picada de insetos ou drogas. 
 
OBS3: Cortes histológicos mostrando a inflamação crônica pulmonar apresentam diferenças claras entre cortes mostrando 
a inflamação aguda pulmonar. Na primeira, demonstra-se algumas características histológicas: (1) coleção de células 
crônicas; (2) destruição do parênquima (os alvéolos normais são substituídos por espaços revestidos de epitélio cuboide); 
(3) substituição por tecido conjuntivo; (4) o interstício torna-se mais espesso, com proliferação de fibroblastos que liberam 
colágeno (ganhando características histológicas de órgãos linfoides). Já na segunda, ou seja, na inflamação aguda 
(broncopneumonia aguda), vê-se que os neutrófilos enchem os espaços alveolares e os vasos sanguíneos estão 
congestionados. 
OBS4: A pneumonia intersticial pelo vírus Influenza e a sinovite crônica da artrite reumatoide são exemplo de processos 
inflamatórios que já se iniciam com aspecto crônico, sem ser necessário a instalação prévia de inflamação aguda. 
OBS5: Imunidade humoral x Imunidade celular: 
• Imunidade humoral: tipo de resposta imune adquirida cujos anticorpos produzidos estão localizados livres no 
plasma. A função deste tipo de resposta é a mesma desempenhada pelos anticorpos: neutralização do antígenos 
(ligação íntima do anticorpo com o antígeno fazendo com que este perca sua constituição espacial elementar, 
eliminando a sua antiga afinidade por um receptor alvo), opsonização (facilitação da fagocitose), citotoxicidade 
dependente de anticorpo e ativação do sistema complemento (responsável por realizar a lise de micro-organismos, 
fagocitose de micro-organismos opsonizados com fragmentos do complemento e inflamação), sendo este ativado 
mediante o anticorpo ou não. 
• Imunidade celular: A imunidade mediada por células (IMC) é a função efetora dos linfócitos T e atua como um 
mecanismo de defesa contra os micro-organismos que sobrevivem dentro dos macrófagos ou que infectam células 
não-fagocíticas. Assim como a resposta humoral, a resposta celular é um tipo de imunidade específica (imunidade 
adquirida ou adaptativa). 
 
Imunidade humoral Imunidade celular 
✓ A fase efetora se caracteriza pela 
neutralização dos antígenos 
extracelulares (localizados no 
plasma) por meio do complexo Ag- Ig 
(produzidos pelos linfócitos B); 
✓ Há uma transferência de anticorpos 
no intuito de realizar a neutralização 
ou a opsonização. 
✓ A fase efetora se caracteriza pela destruição de 
antígenos intracelulares (como vírus e bactérias 
com ciclo intracelular) por meio do complexo 
APCMHC – LTTCR. 
✓ Há uma transferência de células T para 
desencadear a resposta celular. 
✓ Os linfócitos T ativam o macrófago (por meio do 
IFN-γ), deixando-o capaz de debelar o antígeno 
Por si só. 
 
 
MOTIVOS DA PERSISTÊNCIA DO AGENTE AGRESSOR 
Veremos agora que alguns agentes agressores podem persistir independentemente da potência do processo 
inflamatório que o acometeu. Esta capacidade de persistência pode estar ligada à sua natureza: 
✓ Materiais insolúveis, inertes e não-antigênicos: corpos estranhos, estacas, vidros, silicone, substâncias oleosas); 
✓ Micro-organismos intracelulares: bactérias (hanseníase, tuberculose, sífilis), fungos (Paracoccidioidomicose, 
cromomicose, esporotricose); parasitas (doenças de Chagas); sarcoidose; infecções virais. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
A inflamação crônica pode ser dividida em: inflamação crônica inespecífica e em inflamação crônica 
específica (ou granulomatosa). Esta é subdividida ainda em imunitária e não-imunitária. 
4 
 
 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA 
É o tipo de inflamação crônica em que o exsudato inflamatório crônico e a proliferação de vasos se dispõem de 
uma maneira irregular, de forma que não se tem indícios do agente etiológico, não podendo chegar a um diagnóstico 
concreto. 
Por não formar um granuloma organizado, não haverá uma referencia ou um modelo de destruição tecidual. Por 
este motivo, o diagnóstico etiológico é quase que impossível. 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA GRANULOMATOSA 
O exsudato inflamatório crônico se dispõe na forma de pequenos nódulos (nódulos granulomatosos). 
Dependendo da sua constituição, é possível evidenciar com clareza o agente etiológico. Este tipo de inflamação crônica 
pode ser subdividida em imunitária e não-imunitária. 
• Imunitária (granulomas imunes): há a presença de macrófagos e linfócitos T. 
• Não-imunitária (granuloma de corpos estranhos): linfócitos T não estão presentes (característica de infecções 
por corpos estranhos). 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA GRANULOMATOSA 
A inflamação granulomatosa é um padrão distinto de reação inflamatória crônica caracterizada pelo acúmulo 
focal de macrófagos ativados, que geralmente desenvolvem uma aparência epitelioide (semelhante ao epitélio). Sua 
gênese está intimamente relacionada com as reações imunológicas. 
A tuberculose é o protótipo da doença granulomatosa, mas a sarcoidose, a doença da arranhadura do gato, o 
linfogranuloma inguinal, a hanseníase, brucelose, sífilis, algumas infecções micóticas, a beriliose e as reações a lipídios 
irritantes também estão inclusas. 
Um granuloma é um foco de inflamação crônica consistindo de agregados microscópicos de macrófagos 
transformados em células semelhantes a células epiteliais cercadas por um colar de leucócitos mononucleares, 
especialmente linfócitos e, ocasionalmente, plasmócitos. 
Existem dois tipos de granulomas, que diferem quanto a sua patogenia. (1) Granulomas de corpos estranhos 
que são provocados por corpos estranhos relativamente inertes. Tipicamente, os granulomas por corpos estranhos se 
formam quando materiais como o talco, suturas ou outras fibras são grandes o suficiente para impedir a fagocitose por 
um único macrófago e não provocam uma resposta inflamatória. As células epitelioides e as células gigantes se formam 
e aderem à superfície do corpo estranho, envolvendo-o. (2) Granulomas imunes são causados por partículas insolúveis, 
tipicamente micro-organismos, que são capazes de induzir uma resposta imunológica celular. Nessas, os macrófagos 
engolfam o material estranho, processam-no e apresentam parte dele aos linfócitos T apropriados, ativando- os. As células 
T que reagem produzem citocinas, como a IL-2, que ativam outras células T, perpetuando a resposta, e o IFN-γ, que é 
importante na ativação dos macrófagos e na sua transformação em células epitelioides. 
 
PATOGÊNESE DOS GRANULOMAS 
A reação primordial para a patogênese dos granulomas é a interação macrófagos/linfócitos (ver OBS²). O monócito 
circulante no sangue deixa este compartimento para alcançar os tecidos, já na forma de macrófagos. Após fagocitar e 
processar o antígeno, o macrófago apresenta um epítopo (sequência de aminoácidos patogênicos derivados do agente 
invasor) ao linfócito T. Após esta apresentaçãoantigênica, o LT ativado libera IFN-γ que ativa o macrófago, tornando-o 
mais reativo e agressivo do ponto de vista imunológico por meio do aumento da produção das enzimas lisossomais e de 
radicais reativos do oxigênio. O macrófago ativado (também conhecido como célula epitelioide) também libera proteases, 
metabólitos do ácido araquidônico e fatores de crescimento angiogênicos (que estimula a proliferação de vasos), 
englobando a região lesada, formando o granuloma complexo (imune). 
 
O esquema acima demonstra o processo que segue após uma reação inflamatória aguda cuja reposta não foi 
suficiente para debelar o agente agressor. Uma vez não eliminado, o mediadores químicos fazem com que a região onde 
está localizado o agente nocivo seja inundada por macrófagos. Se este agente agressor apresentar um caráter 
imunogênico, o granuloma que se formará na região é classificado como granuloma epitelioide complexo. Caso o 
5 
 
 
agente agressor não apresente imunogenicidade (como um corpo estranho, por exemplo), ou seja, que não é capaz de 
ativar o linfócito T, o granuloma formado é o granuloma puro. 
 
OBS6: Resumo da formação do granuloma epitelioide complexo: o macrófago apresenta o antígeno processado aos 
linfócitos T auxiliares. Estes liberam linfocinas (fator quimiotático monocitário, fator inibidor da migração, fatores ativadores 
de macrófagos: IFN-γ, IL-4 e FNT). Desta maneira, ocorre o acúmulo e a ativação dos macrófagos (células epitelioides) 
recrutados para região. Estas células epitelioides passam a secretar então as monocinas (favorecendo a proliferação de 
fibroblastos e fibrose), fatores quimiotáticos para outros tipos celulares (linfócitos, plasmócitos, etc) e fatores de 
crescimento de vasos (promovendo a angiogênese para a nutrição do granuloma). Pode haver também a produção de 
produtos tóxicos aos tecidos (metabólitos do oxigênio e proteases). 
OBS7: Resumo da formação do granuloma puro (tipo corpo estranho): diferentemente do antígeno que desencadeou 
a formação do granuloma epitelioide complexo, este tipo de granuloma é formado a partir de um agente invasor não-
imunogênico. Deste modo, só haverá a formação arranjos nodulares de histiócitos. A ativação deste histiócito não se dá 
de maneira eficiente. 
 
MORFOLOGIA DO GRANULOMA EPITELIOIDE COMPLEXO (IMUNITÁRIO) 
O granuloma epitelioide complexo é aquele formado após uma apresentação antigênica (com a participação de 
macrófagos e linfócitos T). Com isso, este granuloma é caracterizado por pequenas coleções de células epitelioides 
(macrófagos altamente ativados) circundados por um halo de linfócitos. 
Os macrófagos ativados são chamados de células epitelioides por lembrarem o formato das células da camada 
espinhosa da epiderme. Estas células apresentam-se agrupadas com formatos variados: redondas, ovais ou fusiformes 
com citoplasma abundante e eosinófilo (quando coradas, tornam-se vermelhas). Vale salientar que estas células 
epitelioides estão mais voltadas com a secreção extracelular de mediadores químicos do que com a realização do processo 
de fagocitose (sendo este processo realizado pelo macrófago comum). 
É comum encontrar também, neste tipo de granuloma, células gigantes multinucleadas (formadas pela fusão 
de cerca de 20 macrófagos) do tipo Langhans (os núcleos se dispõem na periferia com um aspecto que lembra uma 
ferradura) ou do tipo corpo estranho (os núcleos estão dispostos na forma de uma colina longitudinal no centro da célula 
gigante; esta célula não é tão comum no granuloma complexo). Esta fusão favorece a potencialidade da célula fagocítica. 
Dependendo da etiologia do processo inflamatório crônico, podemos encontrar também neste granuloma as seguintes 
células: plasmócitos, eosinófilos (em processos de parasitismo helmíntico), neutrófilos (em processos fúngicos), 
mastócitos. 
No interior do granuloma, pode ser observado ainda o desenvolvimento de processos necróticos causados 
principalmente pela liberação de radicais livres pelas células inflamatórias ativadas. A necrose encontrada nos 
granulomas pode ser do tipo: supurativa (necrose rica em neutrófilo, característica da doença da arranhadura do 
gato, causada por uma bactéria gram-negativa), caseosa (tipo de necrose típica da tuberculose e da toxoplasmose), 
fibrinoide. Envolvendo toda esta coleção de células e, consequentemente o agente agressor, encontramos um halo de 
proliferação de fibroblastos com o objetivo de impor limites celulares ao processo inflamatório. As vantagens da 
produção deste granuloma são, portanto: 
✓ Formação de um microambiente isolado capaz de destruir o agente agressor ou de prevenir a disseminação 
do mesmo; 
✓ Formação do processo inflamatório com participação do sistema imunológico, o que torna o processo mais 
eficaz; 
 
OBS8: Indivíduos que tenham imunodeficiência natural ou adquirida, com perda da atividade do sistema imunológico, 
apresentam uma deficiência na diferenciação dos macrófagos em células epitelioides, favorecendo com que este indivíduo 
tenha infecções oportunistas. 
OBS9: São exemplos de inflamações granulomatosas: 
• Tuberculose: ocorre a formação de granulomas tuberculosos. Este é histologicamente caracterizado por 
apresentar uma coleção nodular constituída de células de Langhans e células epitelioides, com um halo de 
linfócitos envolvendo-o. Frequentemente nota-se a presença de necrose caseosa central (restos de tecido 
necrosado não identificado). Este padrão de granuloma também é apresentado por doenças causadas por fungos, 
como a histoplasmose. Por este motivo, a presença de necrose caseosa não é uma característica patognomônica, 
mas remete, na maioria das vezes, ao diagnóstico de tuberculose. Para o diagnóstico diferencial, procura-se o 
bacilo causador da tuberculose em meio ao foco granulomatoso (por meio de coloração especial de Ziehl-Neelsen). 
• Sarcoidose: doença granulomatosa autoimune de etiologia desconhecida caracterizada pela aparição de 
granulomas não-característicos nos pulmões e na pele (na forma de pequenas pápulas) principalmente. O 
granuloma da sarcoidose se caracteriza principalmente pela grande quantidade de macrófagos ativados (formados 
basicamente pelas células epitelioides) envoltos por um halo de linfócitos. Há ainda a presença de corpúsculos 
asteroides (que não é patognomônico, é apenas indicativo). Não há a presença de necrose. 
6 
 
 
• Doença da arranhadura do gato: é uma doença granulomatosa causada por um bacilo gram-negativo obtido pelo 
ataque das garras do gato. Há a formação de granulomas repletos de células epitelioides. No centro destes 
granulomas, encontra-se necrose com a presença de neutrófilos. 
• Hanseníase: doença granulomatosa que se manifesta por manchas esbranquiçadas, indolores ou por placas 
densas causada pela Mycobacterium leprae. É importante a classificação da hanseníase por meio dos 
granulomas, pois na chamada hanseníase tuberculose observa-se a formação de granulomas repletos de células 
epitelioides similar ao granuloma da tuberculose (entretanto, não apresenta necrose caseosa central). Além dessas 
células epitelioides, encontra-se também macrófagos e linfócitos. Se o indivíduo apresentar uma queda da 
imunidade, o granuloma passa a ser inundado por macrófagos inativos (devido a consequente queda na produção 
de células epitelioides), a bactéria passa a se proliferar e os granulomas passam a apresentar histiócitos. Com a 
queda da imunidade, aumenta também o número de lesões na pele. 
• Sífilis: é uma doença sexualmente transmissível causada por uma espiroqueta chamada Treponema pallidum. A 
forma terciária desta doença é caracterizada pela formação de granulomas cutâneos repletos de plasmócitos. 
• Doença de Crohn: doença inflamatória intestinal que compromete todo o trato gastrintestinal (da boca ao ânus), 
sendo caracterizada pela formação de granulomas na parede intestinal. 
 
Doença Causa Reação Tecidual 
Tuberculose Mycobacterium 
tuberculosis 
Tubérculo não caseoso: foco de célulasepitelioides, circundadas por fibroblastos, 
linfócitos, histiócitos, células gigantes de Larghans ocasionais. 
Tubérculo caseoso: fragmentos granulares amorfos centrais, perda de todo o detalhe 
celular, infiltrado de plasmócitos, granulomas e tipos epitelioides. 
Lepra 
Sífilis 
Mycobacterium leprae 
Treponema pallidum 
Lesão microscópica ou macroscopicamente visível, camada envolvente de histiócitos, 
infiltrado de plasmócitos; as células centrais são necróticas sem perda do contorno 
celular (necrose coagulativa) 
Doença da 
arranhadura do 
gato 
Bacilos gram-negativos Granuloma arredondado ou estrelado, contendo restos granulares centrais e neutrófilos 
reconhecíveis; células gigantes raras 
Esquistossomose Schistosoma mansoni Embolia por ovos circundados por eosinófilos 
Silicose, berilose Metais inorgânicos e 
poeiras 
Comprometimento pulmonar, fibrose 
Sarcoidose Desconhecida Granuloma não-caseoso: células gigantes (tipo Langhans ou corpo estranho); 
asteroides nas células gigantes; concreção calcificada concêntrica; sem micro- 
organismos 
 
OBS10: Pneumonia bacteriana ≠ Pneumonia intersticial ≠ Tuberculose. 
✓ A pneumonia bacteriana (sempre caracterizada como um processo inflamatório agudo) se difere da tuberculose 
previamente descrita não só por se tratar de um processo agudo. Cortes histológicos demonstram claramente uma 
grande exsudação de polimorfonucleares neutrófilos para a luz dos alvéolos (daí a dificuldade respiratória, devido 
ao edema e secreções alveolares da pneumonia). 
✓ A pneumonia intersticial é causada por infecções virais (principalmente na infância, sendo uma importante causa 
de morte). Trata-se de um processo inflamatório subagudo ou crônico inespecífico (não apresenta granuloma 
característico, sendo impossível determinar um diagnóstico etiológico) no qual não há um acúmulo de exsudato 
nos alvéolos, mas sim, um acúmulo de linfócitos nos septos que os divide. Diferentemente da tuberculose, em 
que há uma destruição dos septos interalveolares, caso o exsudato de linfócitos seja drenado, os septos podem 
voltar à integridade nesta patologia. 
✓ A tuberculose, como descrito na OBS9, é caracterizada pela produção de granulomas com necrose caseosa 
central. Estes granulomas, caso seja cessada a inflamação, geralmente destroem os septos interalveolares, 
deixando no lugar uma região cicatricial (sequela). Há, neste caso, um comprometimento da função pulmonar na 
região onde o granuloma se instalou. 
 
GRANULOMA PURO (OU NU) 
O granuloma puro é formado a partir da reação inflamatória a um material insolúvel não-antigênico (como fio de 
sutura, silicone, etc.). Este material desencadeia uma inflamação aguda cujos neutrófilos são incapazes de suprimi-lo. 
Com isso, o agente nocivo persiste no processo agressor, o que desencadeia uma ativação macrofágica parcial não 
imunológica: formação do granuloma sem elementos acessórios. As poucas células epitelioides e as gigantes se aderem 
à superfície do corpo estranho, envolvendo-o. 
A formação deste granuloma evita, portanto, uma inflamação aguda persistente e destrutiva.

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