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A Evolução Histórica da Qualidade APRESENTAÇÃO O conceito de qualidade e as técnicas utilizadas para melhorar a qualidade evoluíram muito do século passado para cá! Antigamente a qualidade se restringia à inspeção do produto pronto no final do processo de fabricação. Atualmente a qualidade ganhou importância e agora é vista como um processo de gestão. Nesta Unidade de Aprendizagem, estudaremos a Evolução Histórica da Qualidade desde a Era do Artesanato, passando pela Revolução Industrial até os dias de hoje. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os fatos importantes que contribuíram para a evolução do conceito de qualidade. • Relacionar as diferenças entre o controle da qualidade adotado no início do século XX e a gestão da qualidade praticada atualmente. • Mostrar graficamente e em ordem cronológica como aconteceu o processo evolutivo da qualidade. • DESAFIO Observe a descrição abaixo: Analisando estes dois casos, sugerimos que você indique na linha do tempo da evolução da qualidade em qual período cada empresa está inserida. Coloque a data aproximada e diga em qual Era da Qualidade a empresa está. Exemplo: Empresa X - data aproximada 1930 a 1960: Era do Controle Estatístico da Qualidade. INFOGRÁFICO Veja o infográfico sobre a divisão das Eras da Qualidade. CONTEÚDO DO LIVRO Para um estudo mais aprofundado, é importante ler os subtítulos do livro que falam sobre: - O século XX e a Qualidade; - O século XXI e a Qualidade. SISTEMA DE CONTROLE DA QUALIDADE Ligia Maria Fonseca Affonso A evolução histórica da qualidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os fatos importantes que contribuíram para a evolução do conceito de qualidade. � Relacionar as diferenças entre o controle da qualidade adotado no início do século XX e a gestão da qualidade praticada atualmente. � Mostrar graficamente e em ordem cronológica como aconteceu o processo evolutivo da qualidade. Introdução O conceito de qualidade e as técnicas utilizadas para melhorar a qualidade evoluíram muito do século passado para cá. Antigamente, a qualidade se restringia à inspeção do produto pronto no final do processo de fa- bricação. Atualmente, a qualidade ganhou importância e agora é vista como um processo de gestão. Neste capítulo, você vai estudar a evolução do conceito da qualidade, os aspectos do controle da qualidade adotados no século XX, a gestão da qualidade atualmente e a ordem cronológica das principais fases da evolução da qualidade. Evolução do conceito de qualidade A preocupação com a qualidade não é recente. Na pré-história, apesar de não existir um conceito explícito de qualidade, esta já era uma preocupação, uma vez que a necessidade de produzir utensílios cada vez melhores já existia. Os homens das cavernas tinham consciência de que, para serem bem-sucedidos em suas caçadas, necessitavam de ferramentas afiadas e resistentes, ou seja, adequadas às suas necessidades de caça. A preocupação com a qualidade e com a adequação de ferramentas permaneceu quando os homens começaram a plantar e colher, bem como a criar animais e abatê-los, para sua subsistência. Na Idade Média, os artigos em geral eram produzidos por artesãos, res- ponsáveis por todas as etapas do processo produtivo, desde a concepção e produção até a entrega e comercialização do produto. Normalmente, o cliente ia até o artesão e fazia sua encomenda. Dessa forma, os produtos eram únicos e produzidos um por vez, sendo que as peças eram ajustadas umas às outras de forma manual. Nesse sistema, a produção era pequena e a ligação direta do artesão com o consumidor permitia que este conhecesse suas reais necessidades e desejos, fazendo com que os produtos fossem feitos sob medida. Ao longo do processo produtivo, o artesão ia testando o produto junto ao cliente, possibilitando a eliminação de problemas ou imperfeições, deixando o produto exatamente como imaginado (GARVIN, 2002). A preocupação do arte- são era a de atender o cliente da melhor forma possível, pois a comercialização de seus produtos dependia da boa reputação e da qualidade de seu trabalho, divulgado por meio do boca a boca de clientes satisfeitos. Para os artesãos, o conceito de qualidade era atender bem o cliente; entregar o produto de acordo com o encomendado e usar matéria-prima de boa qualidade (CAMPOS, 2015). Com o aumento da demanda, as peças não podiam mais ser encaixadas umas nas outras manualmente e os artesãos passaram a contratar ajudantes, a quem ensinavam seu ofício e acompanhavam de perto, garantindo que a qualidade do trabalho não fosse perdida. No entanto, os produtos eram elaborados em partes e cada parte era de responsabilidade de uma pessoa. Foi então que os problemas começaram a surgir. Um dos grandes problemas foi a falha na comunicação entre elas, que acabava comprometendo o produto final. Além disso, a produção compartimentada de bens e serviços gerou inconsistências entre o produto/serviço planejado e o que era obtido e entre falhas e defeitos. Foi assim que surgiu a preocupação com a qualidade nos processos produtivos, fazendo surgir novos postos de trabalho. Com o advento da Revolução Industrial, no final do século XVIII, e as grandes companhias organizando o comércio, as demandas não tinham mais como ser atendidas de modo artesanal e muito menos era possível que os mestres do ofício acompanhassem tantos ajudantes. Dessa forma, estes se tornaram supervisores, orientando o trabalho executado por grande número de empregados e aprendizes. Além disso, o supervisor era responsável pela organização da produção, pela definição do padrão de qualidade e pela co- mercialização dos produtos. O trabalhador perde sua autonomia, mas, apesar da figura do supervisor, continua sendo o responsável direto pela qualidade, visto que o produto ainda está ligado a quem o produziu. A evolução histórica da qualidade2 Com a crescente divisão do trabalho nas fábricas e com problemas como o ritmo acelerado ao longo da cadeia produtiva, o foco na correção de desvios e a segmentação do trabalho em tarefas menores, surge a figura do inspetor de qualidade, responsável por comparar os itens produzidos com um padrão ou uma especificação previamente definida, impedindo que produtos fora desse padrão chegassem ao consumidor. Assim, o supervisor perde a função de controle da qualidade. O grande volume de produção e a necessidade de peças intercambiáveis tornam a inspeção formal necessária, uma vez que o processo exigia um grande número de mão de obra qualificada. Isso era caro e demorado e os preços dos produtos, quase sempre, excediam o poder aquisitivo do consumidor médio, principalmente em relação a máquinas e equipamentos. Dessa forma, a produção industrial sofre um grande impacto da “adminis- tração científica” de Taylor, cujo principal fundamento é a separação entre o planejamento e a execução. Além disso, o método de trabalho, a grande ênfase dada à produtividade e o sistema de remuneração por tarefas trazem impacto negativo sobre a qualidade. Com o intuito de reverter tal situação, são criados departamentos centrais de inspeção ou de controle da qualidade, reunindo todos os inspetores da qualidade de vários departamentos de produção, que antes ficavam separados, com função somente corretiva, ou seja, de separar os produtos bons dos produtos defeituosos. Com isso, a responsabilidade sobre a qualidade passa a ser do departamento de controle de qualidade. Nesse período há também grande desmotivação e distanciamento da alta gerência e da produção em relação à qualidade, fazendo com que muitas peças defeituosas fossem produzidas e sucateadas no processo, apesar de a inspeção evitar que a maioria dos produtos defeituosos chegasse ao consumidor. O conhecimento das necessidades dos clientes e a participação do trabalhadornão eram considerados nesse período (PALADINI, 1994; GARVIN, 2002). Outro problema foram os custos adicionais gerados pela inspeção total de todos os lotes produzidos, sem melhorar os produtos ou sua qualidade. Ou seja, os produtos ruins eram retidos, mas os produtos que não tinham qualquer problema não se tornavam melhores com a inspeção. Os inspetores aumentavam os custos e adicionavam tempo ao processo de produção, causando lentidão na entrega dos produtos ao consumidor e no recebimento pelas vendas e nada produziam ou agregavam. Somam-se a isso o risco de aprovação de produtos inadequados e a rejeição de produtos sem problemas, mesmo se tratando de inspeção de 100% dos lotes, visto que pode ocorrer uma falha humana e um erro na verificação de alguns produtos do lote. 3A evolução histórica da qualidade Dessa forma, o controle da qualidade por muitos anos foi limitado à veri- ficação, à contagem, à classificação pela qualidade e ao reparo nos produtos rejeitados, sem a identificação do problema que causava tais falhas para prevenir sua repetição, consideradas como fora do campo de atuação do depar- tamento de inspeção (PARANTHAMAN, 1990; GARVIN, 2002). O objetivo aqui era a obtenção da qualidade igual e uniforme em todos os produtos, ou seja, ênfase à conformidade. Em 1924, a importância da inspeção cede lugar à ênfase no estudo e na prevenção dos problemas relacionados à qualidade. Vários estudos foram desenvolvidos e, dentre eles, o trabalho de pesquisa voltado à resolução de problemas de qualidade dos produtos da Bell Telephone Laboratories, nos EUA, com a participação de Harold Dodge, Walter Andrew Shewhart, William Edwards Deming e Joseph Moses Juran, levou ao surgimento do controle estatístico de processos (CEP). � Harold Dodge: um dos principais arquitetos das ciências do controle estatístico. � Walter Andrew Shewhart: um dos “gurus da qualidade”, desenvolveu o controle estatístico da qualidade (CEQ) e propôs o ciclo PDCA. � William Edwards Deming: um dos “gurus da qualidade”, pai do controle da qualidade, ou “guru mestre”, foi responsável pela “Revolução da Qualidade”. � Joseph Moses Juran: um dos “gurus da qualidade” que defende o controle da qualidade como ferramenta gerencial (PEINADO; GRAEML, 2007). Para solucionar problemas de controle da qualidade da Bell Telephone Laboratories, Shewhart desenvolveu uma técnica poderosa, utilizando seus conhecimentos estatísticos, o Gráfico de Controle de Processo, que propunha o acompanhamento constante do processo produtivo, visando a identificar mudanças que ocorressem, ao invés da inspeção, apenas no final, com os produtos já acabados. Dessa forma, se reconhecia a variabilidade do processo como um aspecto importante da qualidade, ou seja, se alguma mudança fosse identificada, a qualidade dos produtos estaria ameaçada, sendo necessário investigar a causa da mudança para checar se os produtos poderiam ser aceitos ou não. A evolução histórica da qualidade4 A variabilidade pode afetar o produto. A matéria-prima, o operador e o equipamento são exemplos de fontes de variabilidade que podem apresentar variações em seu desempenho e sua característica. Conhecer essas variações possibilita, a partir de sua quantificação e do estabelecimento de limites estatísticos, manter o processo sob controle. Por meio dos gráficos de controle de processo, é possível identificar, minimizar e até mesmo suplantar as causas especiais de variação (MONTGOMERY; RUNGER, 2009). Assim, era possível detectar produtos potencialmente inaceitáveis antecipa- damente, de acordo com as mudanças identificadas. Tem início então um estilo de gestão que visa a identificar as reais causas do problema e agir sobre elas. O CEP inicia a preocupação de detecção das causas dos defeitos e prevenção destes. Simultaneamente, Harold French Dodge e Harry Gutelius Romig, membros do mesmo grupo na Bell Telephone Laboratories, desenvolveram técnicas de amostragem que possibilitavam inspeção e acompanhamento mais eficiente, eliminando a amostragem 100%, com foco na ação corretiva e sem influir no grande número de produtos defeituosos sucateados, ou seja, a inspeção era realizada por amostragem, sem necessidade de verificar todos os produtos. A estatística era utilizada para definir a quantidade da amostra e a frequ- ência das coletas necessárias para identificar as possíveis variações. Dessa forma, o controle de processo passa a ser feito com base nos princípios da probabilidade e da estatística (GARVIN, 2002; COSTA; EPPRECHT; CAR- PINETTI, 2004; RAMOS; ALMEIDA; ARAÚJO, 2013). Cabe destacar que o método por amostragem envolve riscos, uma vez que as amostras nunca são inteiramente representativas, o que pode ocasionar a aceitação de um lote de produtos defeituosos ou a rejeição de um lote de produtos de qualidade totalmente aceitável. Dessa forma, deve ser utilizada em conjunto com o controle estatístico do processo (GARVIN, 2002). 5A evolução histórica da qualidade � Harold French Dodge: um dos principais arquitetos da ciência do controle estatístico da qualidade. Foi criador de planos de amostragem para operações de inspeção com base científica em relação dos riscos controláveis. � Harry Gutelius Romig: elaborou a Dodge-Roming sampling tables (tabelas de amos- tragem Dodge-Romig) e outros planos de amostragem com risco do produtor e do consumidor; desenvolveu o conceito de limite da qualidade média resultante (AOQL), entre outros (BANAS QUALIDADE, [201-?]). Com o desenvolvimento das ferramentas de CEP, dos sistemas de medidas e do surgimento de normas específicas, houve grande evolução do controle de qualidade. Os conceitos de CEQ ficaram conhecidos no mundo durante a Se- gunda Guerra Mundial, principalmente nas indústrias que fabricavam produtos utilizados na guerra. A partir de então, muitos programas de capacitação em controle de processo e técnicas de amostragem foram oferecidos em grande quantidade, com o objetivo de utilizar métodos estatísticos para controlar a qualidade. Aqui, a ênfase era no controle da variabilidade (CAMPOS, 2015). A grande complexidade dos produtos passa a exigir maior sofisticação do enfoque da qualidade, estimulando grande movimentação em torno do tema, como a fundação da American Society for Quality Control (ASQC), para formar especialistas na área; a publicação de um manual de engenharia da qualidade, em que Juran apresenta o conceito de custos da qualidade; os programas motivacionais com destaque para programas zero defeitos, nos EUA; o início da movimentação do controle estatístico da qualidade no Japão, iniciado por Juran, Deming e Feigenbaum; entre outros. � Armand V. Feigenbaum: um dos “gurus da qualidade”, introduziu a expressão controle de qualidade total (CQT) nos EUA e propôs a criação do sistema da qualidade, em que a alta gerência é a responsável (PEINADO; GRAEML, 2007). A evolução histórica da qualidade6 Tal complexidade faz com que a qualidade seja enfatizada de modo mais amplo, desde o projeto até a utilização do produto, envolvendo todos os depar- tamentos da empresa. Dessa forma, a ênfase deixa de ser na correção e passa a ser na prevenção. Tal mudança se dá no início dos anos 60, tendo como base os princípios do CQT (total quality control [TQC]) de Feigenbaum. Segundo esses princípios, a qualidade de produtos e serviços é um trabalho de todos, ou seja, todos os empregados devem participar para o desenvolvimento, a manutenção e a melhoria de qualidade. O controle tem início na elaboração do projeto, terminando apenas quando o produto ou serviço chega ao consumidor, que fica satisfeito, envolvendo também as áreas de engenharia do produto e do processo, produção, inspeção e expedição, marketing e, principalmente, de gestão (FEIGENBAUM, 1994). Essa abordagem buscou atuar sobre todas as potenciais causas da não con- formidade, ou seja, o principal objetivo era executar um controle de prevenção, em que era necessário o envolvimentode mais de uma área da empresa. O trabalho de Feigenbaum foi o norteador das normas de sistemas de garantia da qualidade em vários países e, mais tarde, originou as normas internacionais ISO 9000 (BARÇANTE, [2009]). A expansão do TQC teve grande participação de Juran, que defendia o controle da qualidade como ferramenta de gestão, tendo como processos básicos o planejamento, o controle e a melhoria da qualidade. Ele foi considerado o responsável pela transformação da gerência japonesa, defendendo o envolvi- mento da alta administração na administração da qualidade. Com isso, o foco em aspectos tecnológicos cede lugar a aspectos relacionados ao gerenciamento da organização como um todo, sem deixar de lado o CEQ, uma vez que para executar o TQC é necessário identificar as causas dos problemas por meio de métodos estatísticos. O que aconteceu, na verdade, foi a ampliação do CEQ, uma vez que todos os setores e todos os empregados da empresa deveriam participar do controle da qualidade. Foi esse envolvimento de todos que levou Ishikawa, em 1962, e em parceria com a Japanese Union of Scientists and Engineers (JUSE), a introduzir o conceito de círculos de controle de qualidade (CCQs) e adequar o TQC no Japão, disseminando a utilização de ferramen- tas de qualidade para todos os trabalhadores das fábricas, ou seja, todos os empregados eram capacitados em técnicas estatísticas para trabalhar com as chamadas sete ferramentas da qualidade, e, apesar de algumas já existirem, foram organizadas por Ishikawa para aperfeiçoar o TQC. 7A evolução histórica da qualidade � Kaoru Ishikawa: foi responsável pelos CCQs no Japão nos anos 60; organizou as sete ferramentas da qualidade; foi criador do diagrama de causa-efeito (espinha de peixe & Ishikawa). � JUSE: entidade que se tornou o centro de difusão das atividades de controle da qualidade no Japão. � CCQ: grupo de pessoas que se reúnem de forma voluntaria e com regularidade, visando a identificar, analisar e propor soluções para problemas de qualidade e de produção. Podem ser formados por pessoas da mesma área de trabalho e nível hierárquico ou por funcionários de diferentes áreas e níveis hierárquicos (FERRO; GRANDE, 1997). Nesse mesmo período, Shigeo Shingo associou as ferramentas e os conceitos da qualidade à produtividade, uma vez que não há qualidade sem produtividade e vice-versa, e desenvolveu o Poka-yoke. � Shigeo Shingo: considerado um gênio da engenharia, foi líder da produção da Toyota e desenvolveu o Poka-yoke. � Poka-yoke: técnica consagrada de gestão em processos industriais, que ajuda a evitar que falhas aconteçam nos processos de fabricação e/ou na utilização de produtos e que pode ser aplicada a qualquer situação que envolva riscos de falhas ou defeitos (ENDEAVOR, 2015b). Cabe destacar que, além das sete ferramentas da qualidade e do Poka- -yoke, outras ferramentas foram utilizadas, como Failure Mode and Effect Analysis (FMEA), Quality Function Deployment (QFD), Plan-Do-Check-Act (PDCA) e outras. A evolução histórica da qualidade8 � FMEA: análise de modos de falhas e efeitos; método utilizado na prevenção de falhas e análise de riscos de um processo, por meio da identificação de causas e efeitos para a implementação de ações que inibam tais falhas. � QFD: desdobramento da função qualidade; ferramenta criada na década de 60 pelo japonês Yoji Akao cujo principal objetivo é permitir a incorporação das reais necessidades dos clientes nos projetos de melhoria das equipes de desenvolvi- mento do produto. � PDCA: técnica de gestão interativa que consiste em quatro passos, quais sejam planejar, fazer, verificar e agir, cujo objetivo é melhorar os processos e os produtos de forma contínua (ENDEAVOR, 2015a). A ampliação do TQC fez surgir, ao final do século XX, o total quality management (TQM), ou gestão da qualidade total, cujo objetivo era gerenciar todos os aspectos internos e externos das empresas, com eficácia e eficiência, como gerenciar as relações com os clientes e fornecedores e demais envolvidos com a empresa. Ou seja, o TQM tem como objetivo administrar a organização com foco na qualidade em todos os aspectos, setores, pessoas e processos, em que a responsabilidade pela qualidade é de todas as áreas e todos os níveis da empresa (ROCHA, 2010). São alguns mandamentos do TQM: a satisfação total dos clientes, o de- senvolvimento da equipe, a gestão participativa, o aperfeiçoamento contínuo, a garantia da qualidade, a gestão de processos, a constância de propósitos e a disseminação de informações. Ou seja, educação e treinamento contínuos, envolvimento dos gestores para melhoria contínua, foco nos relacionamentos, requisitos claros e mensuráveis em todas as transações e qualidade como centro dos negócios (CAMPOS, 2004; ENDEAVOR, 2015c). Observe a seguir a evolução da qualidade (Figura 1). 9A evolução histórica da qualidade Figura 1. Evolução da qualidade. Fonte: Magnanti (2015). Era da Inspeção • Produtos são veri�cados um a um • Cliente participa da inspeção • Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade Era do Controle Estatístico • Produtos são veri�cados por amostragem • Departamento especializado faz inspeção da qualidade • Ênfase na localização de defeitos Era da Qualidade Total • Processo produtivo é controlado • Toda a empresa é responsável • Ênfase na prevenção de defeitos • Qualidade assegurada Controle da qualidade: do início do século XX à atualidade Ao longo do século XX, o conceito de qualidade sofreu grandes transforma- ções. Inicialmente, a qualidade tinha como foco a conferência do trabalho. No entanto, a saturação de produtos nos mercados, o aumento da competitividade entre as empresas e a globalização econômica fizeram com que esse conceito evoluísse, passando a ser uma exigência dos clientes. Diferentes enfoques sobre a qualidade foram adotados ao longo do tempo, até que esta se tornasse um aspecto primordial para o sucesso das empresas. O período da produção artesanal foi marcado pela total interação entre o produtor e o consumidor, permitindo que as necessidades e expectativas do consumidor fossem plenamente atendidas. Em seguida, com o advento da Revolução Industrial, que provocou uma mudança significativa na aborda- gem da qualidade, ocasionada pelo aumento da escala da produção, surgiu o conceito de controle da qualidade, cujo foco era na inspeção do produto final, que avançou por boa parte do século XX. A situação começa a mudar na metade do século XX. Com o crescente aumento da produção e com custos adicionais de verificação de 100% dos produtos, a inspeção passou a ser nas diferentes etapas do processo produtivo, por meio do controle estatístico da qualidade, com foco na detecção de defei- tos. No entanto, a constatação de que muitos problemas de qualidade não se originavam de falhas técnicas, mas sim de falhas gerenciais, e o surgimento de novas tecnologias, que trouxeram maior confiabilidade às ferramentas de controle utilizadas, estimularam nova mudança na abordagem da qualidade, A evolução histórica da qualidade10 introduzindo os chamados sistemas de gestão da qualidade, cujo foco era a prevenção de defeitos, ou seja, ações de controle da qualidade com o foco voltado à detecção de defeitos foram substituídas por ações de administração da qualidade, prevenindo defeitos. Mais recentemente, o conceito de qualidade passou a ser visto pelas empre- sas como fundamental para o sucesso de seu produto e, consequentemente, para o sucesso dos negócios, passando formalmente para a função de gerenciamento, incorporando funções que vão desde a engenharia do produto ao marketing, passando a ser sistêmica e holística. A evolução do conceito de qualidade contribuiu para que as empresas enxergassem o quanto ela é fundamental para seu posicionamento estratégico e, dessa forma, foi estendida a todos os setores e atividades da empresa. A qualidade total busca a satisfação de todos os envolvidos na empresa,ou seja, clientes, fornecedores e distribuidores, bem como deve estar presente em todos os setores, níveis e áreas, incluindo vendas, finanças, compras e outras atividades não necessariamente ligadas de fato à produção (ROTH, 2011). As rápidas transformações ocorridas no final do século XX e no início do século XXI, como a globalização da economia, a internet, a formação de blocos econômicos, etc., levaram as empresas a buscar novas estratégias para sua sobrevivência e expansão no mercado. Assim, em um cenário complexo e dinâmico, as empresas começaram a dar maior atenção ao mercado e à concorrência, priorizando a qualidade do ponto de vista do cliente. A alta administração das empresas passa a ser responsável por definir estratégias de qualidade orientadas à satisfação do cliente. Dessa forma, buscam meios de quantificar as características do produto, garantindo que as especificações sejam atendidas, fazendo surgir as análises dos custos do ciclo de vida dos produtos, englobando gastos com garantia, atendimento e manutenção ao longo do tempo. A preocupação passa a ser a melhoria contínua, com envolvimento e com- promisso de todos, treinamento e formação de equipes Dessa forma, o TQM, com seu enfoque estratégico, foi adotado para responder às exigências de aperfeiçoamento impostas pelo mercado, ou seja, a responsabilidade pela qua- lidade passa do nível operacional e tático para o nível estratégico (CAMPOS, 2004; BARÇANTE, [2009]). Novas abordagens surgiram com o foco na gestão, como a separação dos custos da qualidade em inevitáveis e evitáveis, sendo os últimos chamados por Philip Bayard Crosby (1979) de custos de não conformidade. 11A evolução histórica da qualidade � Custos inevitáveis: relacionados à prevenção, como inspeção, amostragem, classi- ficação e outras iniciativas de controle da qualidade. � Custos evitáveis: relacionados a defeitos e falhas de produtos, como material suca- teado, horas de retrabalho, processamento de reclamações e prejuízos financeiros que resultam de clientes insatisfeitos (FREITAS, 2009). � Philip Bayard Crosby: considerado como um dos “gurus da qualidade”, defendeu o conceito de “zero defeitos” como sendo o padrão de desempenho dos sistemas de gestão, o que tornaria a qualidade perfeita, ou seja, “fazer certo na primeira vez”, com o envolvimento de todos os envolvidos nos processos, executando as tarefas de forma correta (PEINADO; GRAEML, 2007). Tal abordagem foi ampliada por Genichi Taguchi, ao considerar que tudo aquilo que se desviasse da perfeição geraria retrabalho, garantias, substituições e devoluções, fazendo com que o produto fosse um gerador de perdas para a sociedade. Dessa forma, reduzir perdas estaria relacionado à redução das variações, reforçando a importância do CEQ (GARVIN, 2002). � Genichi Taguchi: criador do método Taguchi, também conhecido como a técnica de design robusto, que utiliza métodos estatísticos para melhorar a qualidade dos produtos manufaturados (ROTH, 2011). De um tempo para cá, as organizações têm convivido com problemas que acabam gerando grande variabilidade em seus processos e produtos, fazendo com que convivam ainda com altos custos e índices de perdas, com reclamações e insatisfações de clientes internos e externos. O conjunto de técnicas e os variados estilos de abordagens relaciona- dos aos modelos de gestão não devem ser compreendidos de forma isolada. A evolução da gestão da qualidade chegou a tal ponto, que coloca em evidência a própria qualidade da gestão. Ao longo do século XX, a evolução dos métodos de medição veio acompanhando o desenvolvimento do conceito da qualidade de produtos e serviços, se adaptando às novas exigências e ao aumento de A evolução histórica da qualidade12 sua abrangência, provendo meios de reduzir as incertezas que envolvem as organizações, apesar do crescente desafio da melhoria a aperfeiçoamento contínuo. (BARÇANTE, [2009]). Veja a seguir o Quadro 1. Orientação: inspeção de qualidade Orientação: controle da qualidade Visão Controle de um problema a ser resolvido Visão Verificação de um problema a ser resolvido Foco Produto Foco Processo Ênfase Uniformidade do produto Ênfase Uniformidade do produto com menos inspeção Método Instrumentos de mediação Método Instrumentos e técnicas estatísticas Profissionais Inspeção, classificação e avaliação Profissionais Solução de problemas e aplicação de métodos estatísticos Responsável Departamento de inspeção Responsável Departamento de controle de qualidade Orientação: assegurar a qualidade (TQC) Orientação: gerenciamento de qualidade (TQM) Visão Coordenação de um problema a ser resolvido Visão Impacto estratégico como oportunidade Foco Meio ambiente interno e externo Foco Global da empresa Ênfase Toda cadeia produtiva (projeto até venda) Ênfase Necessidade do mercado e do consumidor Método Programas e sistemas Método Planejamento estratégico Quadro 1. Abordagem sobre qualidade (Continua) 13A evolução histórica da qualidade Fonte: Adaptado de Roth (2011). Quadro 1. Abordagem sobre qualidade Orientação: assegurar a qualidade (TQC) Orientação: gerenciamento de qualidade (TQM) Profissionais Mensuração e planejamento da qualidade Profissionais Objetivos, educação e treinamento Responsável Todos os departamentos Responsável Todos da empresa (Continuação) Dessa forma, podemos verificar que a diferença entre a abordagem sobre qualidade, desde o início do século XX até a atualidade, é que agora ela está relacionada às necessidades e aos anseios dos clientes. Evolução cronológica da qualidade Existem várias classificações sobre as chamadas “eras da qualidade”. A história e a evolução da qualidade que serão apresentadas aqui estão organizadas em quatro fases diferentes: inspeção, CEQ, CTQ e TQM. Vejamos a evolução cronológica dessas fases e suas características: � Inspeção: existe desde o início dos tempos. No tempo dos artesãos, era realizada informalmente com base em seus próprios critérios e de sua equipe. Tratava-se, então, de um procedimento natural. Com o aumento da produção e com a necessidade de peças intercambiáveis, a inspeção passou a ser formal. Dessa forma, o foco principal era a verificação, com ênfase na uniformidade do produto e os métodos utilizados eram os instrumentos de medição. Era responsabilidade dos profissionais da qualidade a inspeção, a classificação, a contagem, a avaliação e o reparo, já a responsabilidade pela qualidade era do departamento de inspeção. A inspeção era voltada ao produto acabado, visando a identificar produtos defeituosos, sem, no entanto, produzir qualidade. � CEQ: as primeiras ideias apareceram por volta de 1900 na indústria americana e os primeiros estudos têm início em 1920. O foco principal é o controle, com ênfase na uniformidade do produto com menor inspeção. A evolução histórica da qualidade14 Para o controle, são utilizadas ferramentas e técnicas estatísticas e o papel dos profissionais da qualidade é solucionar problemas e aplicar métodos estatísticos. A responsabilidade pela qualidade fica a cargo dos departamentos de fabricação e engenharia. São introduzidas técnicas de amostragem e outros procedimentos de base estatística. � CTQ: inicia na segunda metade da década de 1950 e tem como foco principal a coordenação, com ênfase em toda a cadeia de produção, desde a elaboração do projeto até o produto ao consumidor, e a contribuição de todos para impedir falhas na qualidade. O papel dos profissionais da qualidade é o planejamento, a medição e o desenvolvimento de programas e sistemas de qualidade. A responsabilidade pela qualidade é de todos os departamentos, com o envolvimento superficial da alta ad- ministração, no planejamento e na execução das diretrizes da qualidade. � TQM: inicia por volta dos anos 80, tendo como principal interesse o impacto estratégico, considerando a qualidade como oportunidade dediferenciação da concorrência. Sua ênfase está nas necessidades do mercado e do cliente e tem como métodos o planejamento estratégico, o estabelecimento de objetivos e a mobilização da organização. É papel dos profissionais da qualidade estabelecer metas, educação e treino contínuos e consultoria a outros departamentos de programas. A res- ponsabilidade pela qualidade é de todos na empresa, com a participação da alta administração na liderança. A evolução da qualidade no Brasil se dá a partir da década de 80, quando é lançado um movimento em favor da qualidade e que a partir de 1990 tem um crescimento significativo no país. No final do ano de 2000, o movimento pela qualidade no Brasil, segundo especialistas japoneses, era o segundo programa mais forte em favor da qualidade em todo o mundo (AZAMBUJA, 1996). Veja uma síntese do movimento brasileiro em prol da qualidade até 2004 (BARÇANTE, [2009]): � 1876: criação do Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) – RJ. � 1922: criação do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) – RJ. � 1930: criação de Pesquisas Tecnológicas (IPT) – SP. � 1940: criação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em 28 de setembro – RJ. � 1973: criação do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), em substituição ao INPM – RJ. 15A evolução histórica da qualidade � 1974: criação da Fundação Cristiano Ottoni, ligada à Universidade Fe- deral de Minas Gerais; criação da Associação Brasileira para o Controle da Qualidade (ABCQ) – São Bernardo do Campo, SP. � 1978: criação do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear (IBQN) – RJ; enviada ao Japão a primeira turma de brasileiros para ser treinada pela JUSE. � 1981: criação da Associação Mineira de Círculos de Controle da Qua- lidade (AMCCQ) – MG. � 1982: Ishikawa ministra uma série de palestras para executivos brasileiros. � 1983: Feigenbaum ministra uma série de palestras para executivos brasileiros; realização do I Seminário de Garantia da Qualidade do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) – SP. � 1985: Crosby ministra uma série de palestras a executivos brasileiros. � 1986: Deming ministra uma série de palestras a executivos brasileiros; lançamento do Projeto de Especialização em Gestão da Qualidade (PEGQ) pelo Governo. � 1987: criação do curso de pós-graduação lato sensu em Controle da Qualidade na Universidade Católica de Petrópolis – RJ. � 1988: criação da subárea de mestrado em Qualidade Industrial do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ, e início da primeira turma. � 1989: emitido o primeiro certificado ISO 9000 no Brasil; criada a Marca de Conformidade do INMETRO. � 1990: lançado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP); instituído o mês de novembro como sendo o mês da qualidade; realizado o Congresso Internacional de Normatização e Qualidade da ABNT – SP; lançado pela presidência da VARIG (maior empresa privada nacional) o Processo TQC, Compromisso VARIG com a Qualidade; lançada a série de normas NBR-19000, tradução da série ISO 9000, pela ABNT. � 1991: realização do I Congresso Brasileiro da Qualidade e Produtividade da União Brasileira para a Qualidade (UBQ) – Vitória, ES; publicado um dos primeiros trabalhos no mundo sobre os Princípios de Deming aplicados à Educação: Deming vai à Escola; criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). � 1992: criação do Comitê da Qualidade – CB da ABNT; IBM Sumaré recebe o primeiro Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), categoria A evolução histórica da qualidade16 Indústria; realização do II CBQP/VIII Congresso Nacional de Círculos de Controle da Qualidade da UBQ – Rio de Janeiro, RJ. � 1993: realização do III CBQP/IX CNCCQ da UBQ – Gramado, RS; Xerox ganha o PNQ na categoria indústria. � 1994: realização do IV CBQP/X CNCCQ da UBQ – Belo Horizonte, MG; Citibank ganha o PNQ na categoria serviços; criação do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) – São Paulo, SP. � 1995: realização do V CBQP/XI CNCCQ da Associação Paranaense para a Qualidade – Curitiba, PR; SERASA ganha o PNQ na categoria serviços (primeira empresa nacional a recebê-lo). � 1996: emissão do milésimo certificado ISO 9000, em solenidade oficial no Rio de Janeiro; defendida e registrada a 42º dissertação de mestrado em Qualidade na COPPE/UFRJ; realização do VI CBQP/XII CNCCQ da UBQ – Salvador, BA; Alcoa Alumínio S/A – Poços de Caldas ganha o PNQ na categoria indústria. � 1997: ganham o PNQ: Citibank Corporate Banking, na categoria pres- tadora de serviços, e Copesul Cia., Petroquímica do Sul e Weg Motores Ltda., na categoria manufaturas; realização do VII CBQP/XIII CNCCQ – Vitória, ES. � 1998: Siemens Divisão Telecomunicações ganha o PNQ na categoria manufaturas; realização do VIII CBQP/XIV CNCCQ – Rio de Janeiro, RJ. � 1999: Caterpillar Brasil Ltda. ganha o PNQ na categoria manufaturas; Cetrel S.A. Empresa de Proteção Ambiental ganha o PNQ na categoria médias empresas; realização do IX CBQP/XV CNCCQ pela UBQ/ RN – Natal, RN. � 2000: SERASA Centralização de Serviços dos Bancos S/A ganha o PNQ na categoria grandes empresas; realização do X CBQP/XVI CNCCQ pela Associação Gaúcha para a Qualidade – Gramado, RS. � 2001: Bahia Sul Celulose S/A ganha o PNQ na categoria grandes em- presas; é realizado o XI CBQP/XVII CNCCQ – Ouro Preto, MG. � 2002: Gerdau Aços Finos Piratini e Politeno Indústria e Comércio S/A ganham o PNQ na categoria grandes empresas; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre ganha o PNQ na categoria organizações sem fins lucrativos; realização do XII CBQP da UBQ – Vitória, ES. 17A evolução histórica da qualidade � 2003: Dana Albarus – Divisão de Cardans ganha o PNQ na categoria grandes empresas; Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum ganha o PNQ na categoria médias empresas; realização do XIII CBQP da UBQ – Rio de Janeiro, RJ. � 2004: realização do XIV CBQP da UBQ – Gramado, RS; realização do Seminário Internacional: Qualidade, Sustentabilidade & Respon- sabilidade Social pela ABNT – São Paulo, SP. O processo de evolução da qualidade no mundo se tornou mais unificado em razão da troca de informações e experiências aprendidas entre Ocidente e Japão, intensificada com o sistema de comunicações cada vez mais globa- lizado e eficiente. O advento da globalização impactou significativamente o movimento mundial em prol da qualidade. Veja alguns aspectos da gestão da qualidade destacados na era da globalização: � A qualidade passa a ser uma “linguagem internacional de negócios”, por meio do processo de certificação ISO 9000 e ISO 14000 e dos prêmios nacionais da qualidade. � A satisfação total do cliente não se restringe às características do pro- duto, passando a associar-se a aspectos sociais e ecológicos. Assim, o produto deve ser perfeito socialmente e ecologicamente. � A qualidade é uma ferramenta eficaz nas empresas. � Aumenta a parceria entre fornecedores e consumidores, diminuindo significativamente o leadtime. � Os conceitos abarcados pela qualidade propiciam que empresas se destaquem no aspecto liderança. � A consolidação da ideia de unidade estratégica do negócio permite que cada gerente tenha seu centro de custos e seja diretamente responsável por ele. � Os leadtimes diminuem visando a atender um mercado cada vez mais exigente, para estar à frente da concorrência. O fluxo a seguir (Figura 2) mostra resumidamente a evolução da qualidade no mundo e nos permite concluir que o que evoluiu foi o modo de se obter qualidade. A evolução histórica da qualidade18 Figura 2. Evolução do modo de obtenção da qualidade. Fonte: Barçante e Castro (1995). OBTER QUALIDADE ATRAVÉS → De inspeção dos produtos... ... do controle dos processo de produção de produtos... ... da organização que administra os processos que produzem os produtos... ... das pessoas que compõem a organização que administra os processos... ... do ambiente social que favorecem asações das pessoas que compõem a organização... ... do meio-ambiente que interfere no ambiente social que favorece as ações das pessoas... ... da visão globalizada que in�uencia o meio-ambiente que interfere no ambiente social... ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ 1. A primeira era da qualidade surgiu no início do século XX com a Revolução Industrial. Antes da era da inspeção 100%, a qualidade dependia: a) do estado de conservação das máquinas. b) do chefe de produção. c) do conhecimento, da experiência e da habilidade do mestre artesão. d) do instrumento de medição utilizado. e) da engenharia de processo utilizada. 2. Qual é a principal característica presente na primeira era da qualidade? a) O uso de técnicas estatísticas. b) A abordagem por processos. c) A presença de indicadores de processo. d) A utilização de inspeção em 100% dos produtos no final do processo produtivo. e) O cuidado com o meio ambiente. 19A evolução histórica da qualidade 3. Qual foi a grande diferença entre a primeira e a segunda era da qualidade? a) Na primeira, as operações eram realizadas manualmente, já na segunda, por máquinas mecanizadas. b) Na primeira, a inspeção era realizada em 100% dos produtos, já na segunda, a inspeção é realizada por amostragem. c) Na primeira, não havia preocupação com o cliente, já na segunda, esta preocupação se tornou presente. d) Na primeira, não havia pesquisa de mercado, já na segunda, as empresas começaram a elaborar suas pesquisas. e) Na primeira, a qualidade utilizava técnicas estatísticas, já na segunda, passou a se preocupar com a sociedade como um todo. 4. São características da era do TQC: a) a preocupação com a satisfação das pessoas e a preocupação com a remuneração dos empregados. b) o início da utilização de inspeção por amostragem e o uso de indicadores de processo. c) a abertura de canais para recebimento de reclamações de clientes e a utilização de um rígido controle da qualidade do produto. d) o acionista preocupado com a qualidade do cliente e a frequente comparação com as concorrentes por meio de indicadores de desempenho. e) o uso de inspeção por amostragem como uma alternativa à inspeção 100% e a implementação de normas de qualidade, como a ISO 9001. 5. Qual a ordem cronológica correta das eras da qualidade? a) Era do artesanato, era da Revolução Industrial, era da qualidade total e era da gestão estratégica da qualidade. b) Era da inspeção 100%, era da qualidade total, era do controle da qualidade e era da gestão da qualidade. c) Era do CEP, era da inspeção 100%, era do TQC e era da gestão estratégica da qualidade. d) Era da inspeção 100%, era da qualidade total, era do CEP e era do TQC. e) Era da inspeção 100%, era do CEP, era do TQC e era da gestão estratégica da qualidade. AZAMBUJA, T. T. de. Documentação de sistema de qualidade: um guia prático para a gestão das organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1996. BARÇANTE, L. C.; CASTRO, G. C. Ouvindo a voz do cliente interno: transforme seu funcio- nário num parceiro. São Paulo: Qualitymark, 1995. A evolução histórica da qualidade20 BARÇANTE, L. C. A evolução da qualidade. [2009]. Disponível em: <https://professorbar- cante.files.wordpress.com/2009/05/capitulo1.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2018. BANAS QUALIDADE. Gurus da qualidade mundial: conhecendo a biografia dos grandes pensadores mundiais da qualidade. [201-?]. Disponível em: <http://revista.banasqua- lidade.com.br/gurus/files/assets/basic-html/page2.html>. Acesso em: 6 ago. 2018. CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). São Paulo: INDG, 2004. CAMPOS, W. A. ISO 90001:2008: interpretando e implementando. 2. ed. [s.l.]: Clube dos Autores, 2015. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=H-BKBQAAQ BAJ&printsec=frontcover&dq=ISO+9001:2008.+Interpretando+e+Implementando.& hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwih446f-d3bAhVBTZAKHdKCBOoQ6AEIKjAA>. Acesso em: 6 ago. 2018. COSTA, A. F. B.; EPPRECHT, E. K.; CARPINETTI, L. C. R. Controle estatístico de qualidade. São Paulo: Atlas, 2004. ENDEAVOR BRASIL. PDCA: a prática levando sua gestão à perfeição. 2015a. Disponível em: <https://endeavor.org.br/pdca/>. Acesso em: 6 ago. 2018. ENDEAVOR BRASIL. Poka yoke: como ter uma empresa à prova de erros. 2015b. Disponível em: <https://endeavor.org.br/poka-yoke/>. Acesso em: 6 ago. 2018. ENDEAVOR BRASIL. Qualidade total: o objetivo de todo empreendedor. 2015c. Disponível em: <https://endeavor.org.br/qualidade-total/>. Acesso em: 6 ago. 2018. FEIGENBAUM, A. V. Controle da qualidade total. São Paulo: Makron Books, 1994. FERRO, J. R.; GRANDE, M. M. Círculos de controle da qualidade (CCQs) no Brasil: sobre- vivendo ao "modismo". Revista de Administração de Empresas, v. 37, n. 4, p. 78-88, 1997. FREITAS, C. S. Gestão da qualidade. 2009. Disponível em: <https://kenye.files.wordpress. com/2010/01/gestao_da_qualidade_apostila_2009_1.pdf>. Acesso em: 6 ago. 2018. GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade. 3. ed. Rio de Janeiro: QualityMark, 2002. MAGNANTI, M. Aulas gestão da qualidade & produtividade. Slideshare, 2015. Dispo- nível em: <https://pt.slideshare.net/Magnanti/aulas-gestao-da-qualidade-produtivi- dade-2015>. Acesso em: 6 ago. 2018. MONTGOMERY, D. C.; RUNGER, G. C. Estatística aplicada e probabilidade para engenheiros. Rio de Janeiro: LTC, 2009. PALADINI, E. P. Qualidade total na prática: implantação e avaliação de sistemas de qualidade total. São Paulo: Atlas, 1994. PARANTHAMAN, D. Controle da qualidade. São Paulo: McGraw-Hill, 1990. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. RAMOS, E. M. L. S.; ALMEIDA, S. S.; ARAÚJO, A. R. Controle estatístico da qualidade. Porto Alegre: Bookman, 2013. 21A evolução histórica da qualidade ROCHA, H. M. Gestão pela qualidade. Rio de Janeiro: FGV Management, 2010. ROTH, C. W. Curso técnico em automação industrial: qualidade e produtividade. 3. ed. Santa Maria, RS: Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. Leituras recomendadas CORRÊA, H. L. Teoria Geral da Administração: abordagem histórica da gestão de produção e operações. São Paulo: Atlas, 2003 JURAN, J. M.; GRYNA, F. M. Controle da qualidade handbook: conceitos, políticas e filosofia da qualidade. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991. v. 1. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. A evolução histórica da qualidade22 Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Este vídeo relata a Evolução Histórica da Qualidade. No início falamos da qualidade na época da pré-história, passando pela época do artesanato, chegando até o surgimento da Primeira Era da Qualidade no período da Revolução Industrial (A Era da Inspeção 100%). Após, explicamos o período de transição para a Segunda Era da Qualidade (Era do CEP), em seguida, apresentamos as características da Terceira Era da Qualidade (o TQC). Por fim, comentamos um pouco sobre a Era em que vivemos atualmente: a Era da Gestão Estratégica da Qualidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Primeira Era da Qualidade surgiu no início do século XX com a Revolução Industrial. Antes da Era da Inspeção 100%, a qualidade dependia: A) Do estado de conservação das máquinas. B) Do chefe de produção. C) Do conhecimento, da experiência e da habilidade do mestre artesão. D) Do instrumento de medição utilizado. E) Da engenharia de processo utilizada. 2) Qual é a principal característica presente na Primeira Era da Qualidade? A) A uso de técnicas estatísticas. B) A abordagem por processos. C) A presença de indicadores de processo. D) A utilização de Inspeção em 100% dos produtos no final do processo produtivo. E) O cuidado com o meio ambiente. 3) Qual foi a grande diferença entre a Primeira e a Segunda Era da Qualidade? A) Na Primeira, as operações eram realizadas manualmente e na segunda por máquinas mecanizadas. B) Na Primeira Era da Qualidade a inspeção erarealizada em 100% dos produtos e já na Segunda Era da Qualidade a inspeção é realizada por amostragem. C) Na Primeira Era da Qualidade não havia preocupação com o cliente e na Segunda Era da Qualidade esta preocupação se tornou presente. D) A diferença está no fato de que na Primeira Era da Qualidade não havia pesquisa de mercado e na Segunda Era da Qualidade as empresas começaram a elaborar suas pesquisas. E) A diferença é que na Primeira Era a qualidade utilizava técnicas estatísticas e na Segunda passou a se preocupar com a sociedade como um todo. 4) São características da Era do TQC ou Controle da Qualidade Total: A) A preocupação com a satisfação das pessoas e a preocupação com a remuneração dos empregados. B) O início da utilização de inspeção por amostragem e o uso de indicadores de processo. C) A abertura de canais para recebimento de reclamações de clientes e a utilização de um rígido controle da qualidade do produto. D) O acionista preocupado com a qualidade do cliente e a frequente comparação com as concorrentes através de indicadores de desempenho. E) O uso de inspeção por amostragem como uma alternativa à inspeção 100% e implementação de normas de qualidade como por exemplo a ISO 9001. 5) A ordem cronológica das Era da Qualidade é: A) Era do Artesanato, Era da Revolução Industrial, Era da Qualidade Total e a Era da Gestão Estratégica da Qualidade. B) Era da Inspeção 100%, Era da Qualidade Total, Era do Controle da Qualidade e a Era da Gestão da Qualidade. C) Era do CEP, Era da Inspeção 100%, Era do TQC e Era da GEQ. D) Era da Inspeção 100%, Era da Qualidade Total, Era do CEP, Era do TQC. E) Era da Inspeção 100%, Era do CEP, Era do TQC e Era da GEQ. NA PRÁTICA O Uso da Melhoria Contínua na Busca do Zero Defeito: Uma empresa denominada Alfa-Beta-Gama trabalha nos últimos cinco anos de maneira muito intensa para adotar um Sistema de Gestão da Qualidade de excelência. A empresa concentrou seus esforços na atenção total ao cliente e em produtos de alta qualidade e tecnologia. Os conceitos da Gestão Estratégica da Qualidade estão claramente presentes na rotina da empresa e os resultados estão mostrando para os acionistas e funcionários que este é o caminho para o sucesso! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A qualidade e a evolução das normas série ISO 9000 No artigo a seguir é feita uma análise do conceito de qualidade, seus principais mestres e contribuições, bem como a evolução das normas série ISO 9000, considerando aspectos históricos, normativos, gestão de processos, requisitos de clientes e impactos para o negócio das empresas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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