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PRATICA V CASO 4

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
TÍCIO SILVA DA SILVA, brasileiro, casado, engenheiro, portador da 
Cédula de Identidade RG nº XXX, inscrito no CPF/MF sob o nº XXX, residente e 
domiciliado em XXX, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, vem a este juízo, por seu 
advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com 
fundamento no artigo 5º inciso LXII, “a”, da Constituição Federal de 1988 e Lei nº 
9.507/97, afim de apresentar o pedido de: 
HABEAS DATA 
Contra o ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, Senhor João 
Cunha Ribeiro, General de Exército, com sede funcional na Esplanada dos Ministérios, 
pelas razões a seguir expostas: 
I - DOS FATOS 
Na década de setenta, o impetrante participou de movimentos políticos que 
faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi vigiado 
pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. 
 Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência 
vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Em 
2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido 
indeferido, em todas as instâncias administrativas. 
Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que 
lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do 
Estado, ato este que claramente viola a intimidade e vida privada do impetrante e 
fundamenta a propositura do presente Habeas Data. 
II - DO CABIMENTO E COMPETENCIA 
Como se sabe, cabe o remédio constitucional Habeas Data quando houver 
recusa de informação da pessoa do impetrante constante em banco de dados de caráter 
público ou de entidade governamental (art. 5º LXXII da CF). 
Já a competência é definida pela hierarquia funcional (art. 5º, LXXII da 
Constituição Federal, c/c art. 20da Lei n. 9.507/97). No presente caso, a autoridade 
coatora foi o Ministro de Estado, o que justifica a impetração do presente remédio 
perante esse Superior Tribunal de Justiça - STJ, nos termos do artigo 105, I, b da CF. 
III - DA LEGITIMIDADE 
A legitimidade ativa do presente remédio constitucional se encontra no art. 
5º, LXXII, a, da Constituição Federal e da Lei n.9.507/97. Assim, qualquer pessoa física 
ou jurídica, pode ser titular do direito à informação pessoal. 
No presente caso, a legitimidade é de Tício que teve negado o acesso a 
informação de caráter pessoal, ferindo as normas constitucionais e legais. A 
legitimidade passiva, conforme art. 2º da Lei n. 9.507/97, é do Ministro do Estado já 
que é o responsável em conceder as informações pessoais requeridas pelo impetrante. 
IV - DO MÉRITO 
Trata-se de ato praticado por Ministro de Estado que negou acesso a 
informação do impetrante, de forma abusiva e inconstitucional. O art. 5º, XXXII, a, da 
CF/88 assegura a todos o direito à informação, sendo, inclusive, a atividade pública 
pautada no princípio da publicidade conforme art. 37, caput da CF/88. 
Portanto, a alegação de que as informações são sigilosas em virtude do 
interesse público é configura abuso do poder e esbarra nos comandos constitucionais e 
fundamentais da Carta Maior. 
Saliente-se que o direito à informação é tipificado como direito fundamental 
no art. 5º, XXXIII da CF, protegido por cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV da CF). 
Registre-se que a negativa do direito à informação pessoal, também fere a vida intima 
(art. 5º, X da CF) e a própria personalidade do impetrante, que se ver privado da 
informação vivenciada no passado. 
Por fim, nos termos do art.7º, I da Lei n. 9.507/97 fica preenchida a 
condição do interesse de agir, visto que o impetrante procurou administrativamente 
autoridade competente para obtenção de informações pessoais que lhe foram negadas 
como se prova com o documento em anexo. 
V - DOS PEDIDOS 
Diante de todo exposto, o Impetrante requer: 
a) O julgamento do presente habeas data TOTALMENTE PROCEDENTE 
para que seja assegurado ao impetrante o acesso às informações pessoais constantes nos 
bancos de dados do governo federal, marcando data e hora para que sejam entregues as 
informações requeridas pela mesma nos termos do art. 5º, LXXII da Constituição 
Federal, c/c art. 13 da Lei n. 9.507/97. 
b) Que seja notificada a autoridade coatora dos termos da presente ação para 
que sejam prestadas as informações, no prazo de dez dias, nos termos do art. 9º da Lei 
nº 9.507/97. 
c) A intimação do Ministério Público para ser ouvido no prazo de cinco 
dias, nos termos do art. 12 da Lei n. 9.507/97. 
d) A condenação dos impetrados ao pagamento de honorários advocatícios, 
custas e despesas processuais. 
e) O impetrante pretende provar o alegado por todos os meios de prova em 
direito admitidos, requerendo, desde já, juntada de documentos essenciais conforme 
art.8º, § único da Lei n. 9.507/97. 
Dar-se à causa o valor de 2.000,00 (dois mil reais) 
Nestes termos pede deferimento. 
LOCAL/DATA 
Advogado 
OAB XXX

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