Buscar

Viroses respiratórias e transmitidas por vetores artrópodes

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Características dos vírus causadores de viroses respiratórias: vírus influenza, vírus
parainfluenza, vírus sincicial respiratório humano e novo coronavírus associado à síndrome
respiratória aguda grave. Viroses transmitidas por artrópodes: dengue, febre amarela,
chikungunya, febre do mayaro e zika.
PROPÓSITO
Compreender as características dos vírus causadores das principais doenças respiratórias,
bem como apresentar as arboviroses distinguindo as suas particularidades.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais vírus respiratórios e as suas características
MÓDULO 2
Distinguir as viroses transmitidas por vetores artrópodes e as suas particularidades
INTRODUÇÃO
A doença viral ocorre em consequência de uma infecção viral em um hospedeiro, o qual pode
apresentar sintomas e sinais clínicos. Dentre os micro-organismos causadores de doenças do
trato respiratório, os vírus são os principais responsáveis em relação a outros patógenos
microbianos e geram uma dívida para a sociedade e os sistemas de saúde, uma vez que
acarretam elevada morbidade e mortalidade, para a população infanto-juvenil e adulta, em todo
o mundo.
Anualmente, em torno de 29 a 59 milhões de pessoas nos Estados Unidos são infectadas pelo
vírus influenza. Destas, 200.000 precisam ser hospitalizadas e aproximadamente 36.000
morrem. As doenças respiratórias virais agudas geralmente envolvem as vias respiratórias
superiores ou inferiores e são o resultado de infecções por uma gama de vírus. Dentre os mais
relevantes, destacam-se o vírus sincicial respiratório, o influenza, o parainfluenza e,
atualmente, o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Este último é causador da COVID-19,
caracterizada pela OMS como pandemia em 2020, levou a mais de 400 mil vítimas fatais.
Entretanto, além das doenças respiratórias, temos um segundo importante grupo de infecções
virais, denominadas de arboviroses e transmitidas por artrópodes. Você deve se lembrar dos
casos de microcefalia causados pelo zika vírus, do elevado número de casos de dengue em
2019 (1,5 milhão) que culminou em mais de 750 mortes confirmadas ou das dores nas
articulações relatadas por um familiar ou amigo infectado pelo vírus chikungunya.
Este tema tem por objetivo apresentar os principais vírus causadores de viroses respiratórias e
transmitidas por artrópodes, evidenciando as características estruturais virais, as
particularidades das doenças, o modo de transmissão viral e a sintomatologia.
MÓDULO 1
 Identificar os principais vírus respiratórios e as suas características
VIROSES RESPIRATÓRIAS
As infecções respiratórias virais são comuns entre todas as faixas etárias, sendo a maioria das
doenças aguda, relativamente leve e limitada às vias aéreas superiores de crianças e adultos
imunocompetentes. Entretanto, observa-se uma gama de sintomas podendo variar de
resfriados comuns com ou sem dor de garganta até infecções da laringe e traqueobrônquicas
graves, bronquiolite e pneumonia. Comumente, ocorrem complicações incluindo infecções
bacterianas secundárias que causam otite, sinusite ou mesmo pneumonia.
Cada vírus tem uma preferência por determinada faixa etária e certas partes do trato
respiratório, causando uma variedade de doenças. Embora alguns possam ser associados a
síndromes específicas, é possível que cada síndrome seja causada por mais de um vírus
respiratório.
Os vírus respiratórios são facilmente transmitidos por meio do contato direto com infectados,
gotículas infecciosas durante tosse e espirros; ou indireto, por meio de transferência manual de
secreções, e transferência de objetos ou superfícies contaminados ao epitélio nasal ou
conjuntival de pessoas suscetíveis.
VÍRUS INFLUENZA
Os vírus infuenza (A, B e C) são membros da família Orthomyxoviridae e pertencem a três
gêneros: Influenzavirus A, Influenzavírus B e Influenzavírus C (Quadro 1). São identificados por
diferenças antigênicas na nucleoproteína e na proteína de matriz, infectando diferentes
vertebrados:
 
Fonte: Blue Flourishes/Shutterstock
VÍRUS INFLUENZA A
Humanos, outros mamíferos e aves.
 
Fonte: Blue Flourishes/Shutterstock
VÍRUS INFLUENZA B E C
Principalmente, humanos.
Quadro 1 - Gêneros Influenzavírus A, B e C e suas respectivas espécies e sorotipos.
Gêneros Espécies Sorotipos ou subtipos
Influenzavírus A Vírus Influenza A
H1N1, H1N2, H2N2, H3N1, H3N2, H3N3, 
H5N1, H5N2, H5N3, H5N8, H5N9, H7N1, 
H7N2, H7N3, H7N4, H7N7, H9N2, H10N7
Influenzavírus B Vírus Influenza B 
Influenzavírus C Vírus Influenza C 
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Fonte: Molinaro, Caputo e Amendoeira, 2009.
ESTRUTURA VIRAL
Os influenzavírus são esféricos, pleomórficos, envelopados, com nucleocapsídeo medindo
entre 80-120nm de diâmetro. Possuem como material genético um RNA de fita simples,
polaridade negativa e segmentado (Figura 1).
 
Fonte: Designua/Shutterstock
 Figura 1 - Estrutura do vírus Influenza.
Dependendo do tipo, os influenzavírus apresentam sete (vírus influenza c) ou oito (vírus
influenza a e b) segmentos. Em sua constituição proteica, estão presentes as seguintes
proteínas estruturais e não estruturais:
HEMAGLUTININA (HA)
Glicoproteína de superfície que medeia a ligação do vírus (adsorção) a resíduos de ácido
siálico na membrana da célula hospedeira, permitindo a fusão viral e consequente entrada de
vírus na célula.
 
Fonte: Designua/Shutterstock
 Figura 2 - Ciclo replicativo do influenzavírus.
NEURAMINIDASE (NA)
Glicoproteína de superfície que remove resíduos de ácido siálico da célula hospedeira,
permitindo a liberação de novas partículas virais, da superfície das células infectadas.
Nucleoproteína (NP)
Proteínas de matriz M1 e M2
Proteínas não estruturais NS1 e NS2
Proteínas do núcleo PA, PB1 (polimerase básica 1), PB1-F2 e PB2
ALTERAÇÕES GENÉTICAS
Dentre as proteínas acima apresentadas, a HA e a NA podem sofrer alterações decorrentes de
mutações e recombinações gênicas, sem ocorrer perda ou alteração de função. Esses
processos acarretam o que chamamos de drift e shift antigênicos.
E o que isso significa? 
 
As mutações menores do genoma viral (drift) levam a epidemias anuais. Já as mutações
maiores do genoma viral (shift) podem levar a pandemias. Dentre as três espécies de vírus
influenza, o subtipo A sofre mutações genéticas frequentes, resultando em drift antigênico e
surtos anuais consistentes e, menos comumente, sofrem rearranjo gênico, levando a shift
antigênico e grandes pandemias em todo o mundo. Já a espécie B e, principalmente, a C são
menos diversificadas geneticamente e, por consequência, drift e shift antigênicos são menos
frequentes.
 VOCÊ SABIA
Você já ouviu falar da Gripe Espanhola que ocorreu em 1918? 
 
Ela foi um exemplo claro de uma pandemia de influenza que assolou a Europa e chegou a
atingir diversos países em outros continentes, incluindo o Brasil. Causada pelo vírus H1N1, a
gripe espanhola dizimou entre 20 a 40 milhões de pessoas, segundo estimativas da OMS.
Outras pandemias decorrentes de grandes mutações aconteceram, como a gripe asiática
(1957), causada pelo vírus influenza A (H2N2), a gripe de Hong Kong (1968), ocasionada pelo
vírus influenza A (H3N2) e a gripe A, inicialmente, chamada de gripe suína, causada por uma
cepa de H1N1. Esta última ocorreu primeiramente no México e logo atingiu outras nações,
incluindo o Brasil, causando a morte de até 575 mil pessoas em todo o mundo.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Quais são as principais manifestações clínicas decorrente da infecção por influenzavírus?
 RESPOSTA
Febre alta, dor de cabeça, calafrios, dores musculares, tosse seca, dentre outros sintomas que
duram em média 3 dias. O período de fase aguda é de 4-8 dias, seguido pelo período de
convalescência que dura de 1 a 2 semanas.
Indivíduos idosos, imunodeprimidos ou que apresentem alterações cardíacas e pulmonares
podem apresentar complicações neurológicas e pneumonia.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A partir da coleta desecreção nasofaringe (obtida por swab ou aspiração), pode-se realizar:
 
Fonte: diy13/Shutterstock
SWAB NASOFARÍNGEO
Isolamento Viral em cultura de células.
Identificação dos Antígenos Virais.
Diagnóstico molecular (identificação de material genético viral).
 PREVENÇÃO E TRATAMENTO
A prevenção é feita por meio de vacinas de vírus vivo inativado e o tratamento a partir de
fármacos, como: cloridrato de amantadina e rimantadina.
VÍRUS PARAINFLUENZA HUMANO
Os vírus parainfluenza humano (HPIVs) são significativas causas de doenças respiratórias,
tanto em crianças, quanto em adultos e com uma ampla gama de manifestações clínicas,
incluindo resfriados, gripe, bronquiolite e pneumonia.
 ATENÇÃO
As epidemias sazonais do HPIV correspondem a 40% de internações pediátricas por doenças
do trato respiratório inferior e a 75% dos casos de crupe. A imunidade resultante da doença na
infância é incompleta e a reinfecção pode ocorrer durante a vida adulta, entretanto, os sintomas
são geralmente leves e autolimitados. Em adultos imunocomprometidos ou idosos, a infecção
pode progredir para o trato respiratório inferior e causar pneumonia grave com risco fatal.
CRUPE
Croup em inglês, ou crupe em português, é uma afecção da laringe que gera tosse e uma
respiração ruidosa. O grande risco é a obstrução da laringe, dificultando ou
impossibilitando a respiração.
Os HPIVs estão associados a um amplo espectro de doenças como otite, faringite, conjuntivite,
traqueobronquite, crupe e pneumonia. Manifestações respiratórias menos frequentes, como
apneia, bradicardia e parotidite também podem também ser relatadas. Embora HPIVs infectem
primariamente tecidos do trato respiratório, a infecção disseminada pode causar doenças
neurológicas, renais e reumatológicas.
Os HPIVs pertencem à família Paramyxoviridae e possuem 4 sorotipos (1 a 4). Em relação à
população alvo de cada sorotipo, temos:
javascript:void(0)
 
Fonte: Blue Flourishes/Shutterstock
HPIV 1 E HPIV 2
Maior preocupação em crianças com idade entre 6 meses a 12 anos.
 
Fonte: Blue Flourishes/Shutterstock
HPIV 3
Principalmente, crianças <1 ano de idade.
 
Fonte: Blue Flourishes/Shutterstock
HPIV 4
A maioria das crianças é soropositivo por volta dos 10 anos.
ESTRUTURA VIRAL
Os vírus são pleomórficos, com diâmetro que varia entre 150 a 200 µm; seu material genético
consiste em uma fita simples de RNA polaridade negativa que codifica 6 proteínas essenciais
(Figura 3):
 
Fonte: Adaptado de Moscona, 2005
 Figura 3 - Esquema da estrutura do vírus parainfluenza.
Proteína do nucleocapsídeo (NP)
Fosfoproteína (P)
Proteína de matriz (M)
Glicoproteína de fusão (F)
Glicoproteína hemaglutinina-neuraminidase (HN)
RNA polimerase (L)
As glicoproteínas HN medeiam a ligação do vírus (adsorção) a resíduos de ácido siálico na
membrana da célula hospedeira, e as glicoproteínas F à fusão viral e, consequentemente, à
entrada do vírus na célula. Assim como os vírus influenza, a porção de neuraminidase da
proteína HN também funciona para liberar partículas virais recém-montadas da superfície das
células infectadas.
DIAGNÓSTICO
Embora a síndrome clínica de crupe seja comumente associada ao HPV 1, a maioria das
outras apresentações de infecção por HPIV não possui características únicas que permitam
diagnosticar infecção viral. Assim, se o diagnóstico viral específico for desejado, são
necessários testes laboratoriais a partir de amostras coletadas por meio de: swab
nasofaríngeo, swab combinado de nariz e garganta, escarro e secreção broncoalveolar. Em
seguida, pode-se realizar:
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Isolamento viral em cultura de células.
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Identificação dos antígenos virais.
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Diagnóstico molecular (identificação de material genético viral).
 PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Atualmente, não existe vacina licenciada para a prevenção de infecção por parainfluenza, bem
como não existem agentes antivirais com eficácia comprovada. Portanto, o tratamento da
infecção por HPIV varia de acordo com a sintomatologia, podendo incluir: corticosteroides,
agentes antivirais e ribavirina.
VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO HUMANO
(RSV)
O RSV é classificado como pneumovírus pertencente à família Paramyxoviridae, tem como
população alvo as crianças com idade inferior a 5 anos (pico de atividade aos 6 meses para 2
anos de idade) e idosos.
Há maior incidência no outono e inverno, em locais de clima temperado e, durante todo o ano,
em regiões de clima tropical. Seus principais sintomas são: bronquiolite e pneumonia.
ESTRUTURA VIRAL
O material genético do RSV consiste em um RNA fita simples, linear, com polaridade negativa.
Este é revestido por um capsídeo, seguido de um envelope lipídico. O genoma possui 10
genes que codificam duas proteínas não estruturais (NS1 e NS2) e 9 proteínas estruturais
(Figura 4).
 
Fonte: Alila Medical Media/Shutterstock
 Figura 4 - Vírus sincicial respiratório humano.
Destas, temos:
Três glicoproteínas de membrana (G, F e SH)
Proteína da matriz (M), a qual está envolvida na montagem viral
Proteína nucleocapsídeo (N)
Proteína fosfoproteína (P)
Proteínas de matriz M2-1 e M2-2, envolvidas na atividade e regulação da transcrição
RNA polimerase (L) dependente de RNA
Você saberia dizer por que este vírus é chamado de sincicial?
 RESPOSTA
É porque ele possui a capacidade de formar sincício. E o que isso significa? O RSV possui
duas glicoproteínas de superfície que medeiam a fixação (G) e a fusão (F) do vírus na
superfície da célula hospedeira, permitindo a entrada do vírus. Entretanto, após a entrada viral,
a glicoproteína F também medeia a formação de sincícios celulares multinucleados por meio da
fusão de membranas celulares de células hospedeiras adjacentes.
A partícula viral também é considerada pleomórfica, apresentando formas esféricas ou
filamentosas. Apresenta, ainda, um único tipo antigênico de RSV dividido em dois subgrupos, A
e B, sendo o subgrupo A associado as doenças mais graves.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Assim como ocorre com os vírus influenza, o espectro de doenças clínicas causadas por
infecções por RSV é diverso e heterogêneo. Adultos mais jovens podem ser reinfectados a
cada 5 a 7 anos e manifestar sintomas como sinusite ou resfriado, ou ainda, permanecer
assintomático.
 ATENÇÃO
Em idosos, o RSV pode causar infecções autolimitantes do trato respiratório superior, faringite,
rinossinusite, pneumonia, insuficiência respiratória e morte.
SARS-COV-2 E COVID-19
Todos nós tivemos de praticar o distanciamento social em 2020 devido à pandemia provocada
por COVID-19, causada pelo novo coronavírus.
 
Fonte: Kira_Yan/Shutterstock
Os coronavírus (CoVs) compõem uma grande família de vírus de RNA, a qual pode infectar
animais e humanos, causando uma variedade de sintomas que vão desde problemas
respiratórios a doenças gastrointestinais, hepáticas e neurológicas. Os CoVs são divididos em
quatro gêneros:
 
Fonte: Blue Flourishes/Shutterstock
Alfa-coronavírus
Beta-coronavírus
Coronavírus gama
Delta coronavírus
Até 2019, existiam APENAS seis coronavírus humanos (HCoVs) identificados:
Alfa-
CoVs:
HCoVs-NL63 e HCoVs-229E.
2. Beta-
CoVs:
HCoVs-OC43, HCoVs-HKU1, SARS-CoV (coronavírus da síndrome
respiratória aguda grave) 
e MERS-CoV (coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
EPIDEMIOLOGIA
No final de dezembro de 2019, várias autoridades locais de saúde começaram a relatar
sucessivamente casos inexplicáveis de pacientes com pneumonia de causa desconhecida em
alguns hospitais de Wuhan, província de Hubei, na China. Posteriormente, foi verificado que os
casos tinham histórico de exposição a um grande mercado de frutos do mar. A infecção
respiratória aguda foi confirmada ser causada por um novo coronavírus e, rapidamente, a
doença se espalhou para outras áreas da China, bem comopara outros países.
Em meio a esse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tomou as seguintes
medidas:
Em 30 de janeiro de 2020, declarou que o surto da doença causada pelo novo
coronavírus (COVID-19) constituía uma emergência de saúde pública de
importância internacional – o mais alto nível de alerta da organização, conforme
previsto no Regulamento Sanitário Internacional.
Em 11 de março de 2020, caracterizou a COVID-19 como uma pandemia.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
ESTRUTURA VIRAL
A partícula viral apresenta-se com morfologia esférica, envelopada e com cerca de 100-160 nm
de diâmetro. O material genético do SARS-CoV-2 consiste em RNA de fita simples, com
polaridade positiva e tamanho de 32Kb (Figura 5).
 
Fonte: Orpheus FX/Shutterstock
 Figura 5 – Estrutura viral do SARS-CoV-2.
Os CoVs recebem o nome de “corona” pela semelhança a uma “coroa” em torno do seu
envelope, quando observados por microscopia eletrônica, graças às glicoproteínas espículas
(S). Estas se ligam aos receptores (ACE) nas células hospedeiras e fundem o envelope viral
com as membranas celulares. Os SARS-CoV-2 também possuem uma glicoproteína
hemaglutinina-acetilesterase (HE) que se liga a porções de açúcar nas membranas celulares.
HOSPEDEIRO E RESERVATÓRIO
Assim como SARS-CoV, MERS-CoV e muitos outros coronavírus, o SARS-CoV-2 se originou
em morcegos. Pesquisas científicas descobriram que o vírus é 96% idêntico em comparação
ao genoma completo do coronavírus encontrado em morcegos, logo, esses animais são os
mais prováveis reservatórios naturais de SARS-CoV-2.
É possível que o morcego transmita o vírus diretamente para os humanos?
Sim, mas não é a teoria mais apontada pelos cientistas, uma vez que, geralmente, os CoVs
precisam passar de um morcego para um hospedeiro intermediário antes de adquirir a mutação
necessária para infectar humanos. Dentre os hospedeiros intermediários apontados, mas não
comprovados, estão os pangolins, vendidos no mercado de produtos perecíveis em Wuhan.
 
Fonte: Binturong-tonoscarpe/Shutterstock
 Pangolins são mamíferos da ordem Pholidota que vivem em zonas tropicais da Ásia e da
África. Há oito espécies diferentes de pangolim.
ROTA DE TRANSMISSÃO
A transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou por meio de:
Fonte: Panji Anang/Shutterstock
Toque do aperto de mão
Fonte: Panji Anang/Shutterstock
Gotículas de saliva
Fonte: Panji Anang/Shutterstock
Espirro
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Tosse
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Catarro
Fonte: linea vectors/Shutterstock
Objetos ou superfícies contaminadas, como: celulares, maçanetas e brinquedos.
Casos assintomáticos também podem desempenhar papel crítico no processo de transmissão
do vírus. Além disso, o SARS-CoV-2 foi detectado em fezes de pacientes confirmados em
diferentes países, indicando que o vírus pode existir e replicar no trato digestivo, sugerindo a
possibilidade de transmissão fecal-oral. Não se apavore, ainda não é certo que alimentos
contaminados por vírus causem infecção e transmissão.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Os sintomas da CoVID-19 são inespecíficos e a doença pode variar de nenhum sintoma
(assintomático) ou ainda, pneumonia grave e morte. Os sintomas mais relatados são:
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Febre
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Tosse
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Mialgia ou fadiga
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Coriza, dor de garganta
Fonte: Nadiinko/Shutterstock
Diarreia
Fonte: linea vectors/Shutterstock
Dificuldade para respirar
Um estudo que analisou 1099 casos confirmados relatou que 25,2% dos pacientes tinham, pelo
menos uma, doença prévia (como: hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica).
Outras pesquisas indicaram um maior risco entre idosos (acima de 60 anos) em relação às
crianças, as quais, além da menor probabilidade de serem infectadas, mostraram sintomas
mais leves ou até mesmo infecção assintomática. Entre os casos confirmados, a maioria tem
entre 30 e 79 anos e apresentaram um quadro de pneumonia leve.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Para distinguir a COVID-19 de outras doenças causadas por vírus respiratórios ou mesmo de
doenças não infecciosas, o diagnóstico laboratorial é necessário, sendo realizado,
primeiramente, pelo profissional de saúde que deverá avaliar a presença de critérios clínicos:
Pessoa com quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre, que
pode ou não estar presente na hora da consulta (podendo ser relatada ao profissional de
saúde), acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza OU dificuldade
respiratória, o que é chamado de síndrome gripal.
Pessoa com desconforto respiratório/dificuldade para respirar OU pressão persistente no
tórax OU saturação de oxigênio menor do que 95% em ar ambiente OU coloração
azulada dos lábios ou rosto, o que é chamado de síndrome respiratória aguda grave.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
O paciente apresentando um dos sintomas supracitados, o profissional de saúde poderá
solicitar exames laboratoriais:
MOLECULARES
IMUNOLÓGICO (TESTE RÁPIDO)
MOLECULARES
Por meio da RT-PCR em tempo real, podem detectar a presença de material genético viral,
permitindo diagnosticar, tanto COVID-19, quanto outras viroses respiratórias, a partir de
amostras coletadas da parte superior do trato respiratório (swab orofaríngeo e nasofaríngeo).
IMUNOLÓGICO (TESTE RÁPIDO)
Detecta, ou não, a presença de anticorpos em amostras coletadas somente após o sétimo dia
de início dos sintomas.
 PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Até o momento da produção deste tema, não existe vacina ou tratamento antiviral para COVID-
19, tornando urgente a identificação de opções de tratamento medicamentoso. A base do
manejo clínico é o tratamento amplamente sintomático e a internação em unidades de terapia
intensiva para cuidar de pacientes gravemente enfermos. As estratégias gerais incluem
repouso no leito, terapia antiviral, antibioticoterapia e oxigenação.
Estas são as recomendações de prevenção da OMS:
 
Fonte: Isaac Zakar/Shutterstock
Lavar com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higienizar
com álcool em gel 70%.
Ao tossir ou espirrar, cobrir nariz e boca com lenço ou com o braço, e não com as mãos.
Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
Manter uma distância mínima de 2 metros de qualquer pessoa tossindo ou espirrando.
Evitar abraços, beijos e apertos de mãos.
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos.
Evitar circulação desnecessária nas ruas, estádios, teatros, shoppings, shows, cinemas e
igrejas.
Se estiver doente, evitar contato físico com outras pessoas, principalmente, idosos e doentes
crônicos, e ficar em casa até melhorar.
Utilizar máscaras caseiras ou artesanais feitas de tecido em situações de saída de sua
residência.
ASPECTOS CLÍNICOS E TERAPÊUTICOS
DA INFECÇÃO DA COVID-19
Veja, a seguir, o vídeo sobre os aspectos clínicos e terapêuticos da infecção da COVID-19.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A PARTIR DA ANÁLISE DA ILUSTRAÇÃO ABAIXO, IDENTIFIQUE O
VÍRUS RESPIRATÓRIO E A DOENÇA/MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
PROVOCADA POR ELE: 
 
 
FONTE: SCIWHALEDESIGN/SHUTTERSTOCK
A) Vírus influenza – Gripe.
B) Vírus parainfluenza – Pneumonia.
C) Vírus sincicial respiratório – glicoproteína HA.
D) SARS-CoV-2 – COVID-19.
2. ALGUNS VÍRUS PODEM TER SUAS PROTEÍNAS ALTERADAS
DECORRENTE DE PROCESSOS DE MUTAÇÕES E RECOMBINAÇÕES
GÊNICAS, SEM OCORRER PERDA OU ALTERAÇÃO DA FUNÇÃO
PROTEICA. TAIS PROCESSOS SÃO DENOMINADOS DE DRIFT E SHIFT
ANTIGÊNICOS. ASSINALE ABAIXO A AFIRMATIVA CORRETA, QUE
INDICA QUAL VÍRUS RESPIRATÓRIO E A(S) PROTEÍNA(S) QUE PODE(M)
PASSAR POR ESTE PROCESSO:
A) Vírus influenza - glicoproteínas HA e NA.
B) Vírus parainfluenza – glicoproteína NA.
C) Vírus sincicial respiratório – glicoproteína HÁ.
D) SARS-CoV-2 – glicoproteína S.
GABARITO
1. A partir da análise da ilustraçãoabaixo, identifique o vírus respiratório e a
doença/manifestação clínica provocada por ele: 
 
 
Fonte: SciWhaleDesign/Shutterstock
A alternativa "D " está correta.
 
A imagem apresenta na estrutura viral a presença da glicoproteína spike (S) que confere a
aparência de “coroa”, característica dos CoVs.
2. Alguns vírus podem ter suas proteínas alteradas decorrente de processos de
mutações e recombinações gênicas, sem ocorrer perda ou alteração da função proteica.
Tais processos são denominados de drift e shift antigênicos. Assinale abaixo a
afirmativa correta, que indica qual vírus respiratório e a(s) proteína(s) que pode(m)
passar por este processo:
A alternativa "A " está correta.
 
Dentre as proteínas, que podem sofrer alterações decorrente de mutações e recombinações
gênicas, sem ocorrer perda ou alteração de função, temos as glicoproteínas HA e NA
presentes nos vírus influenza.
MÓDULO 2
 Distinguir as viroses transmitidas por vetores artrópodes e as suas particularidades
ALPHAVIRUS E FLAVIVÍRUS
No primeiro módulo, analisamos os vírus que acometem o trato respiratório, os quais já
causaram surtos, epidemias e pandemias. Entretanto, outro grupo de vírus, chamado de
arbovírus, também pode levar ao surgimento de novos surtos e epidemias.
O que são arbovírus?
 RESPOSTA
A palavra é de origem inglesa, arthropod-born 32vírus, que significa vírus carregado por um
artrópode. Os vírus ficam armazenados no vetor e, por vezes, proliferam, sem causar danos.
As doenças causadas por estes arbovírus são chamadas de arboviroses.
Após a ingestão de sangue de um hospedeiro vertebrado infectado, os arbovírus se multiplicam
no intestino do inseto (hospedeiro invertebrado) e invadem os tecidos subjacentes, causando
uma infecção (período de incubação extrínseco) e uma alta carga viral, particularmente, nas
glândulas salivares. Eles são repassados aos seres humanos ou outros vertebrados durante a
picada dos insetos.
Dos mais de 500 arbovírus isolados, sabe-se que cerca de 150 causam doenças no homem:
febres indiferenciadas, encefalites, febres hemorrágicas, síndrome congênita, entre outras
enfermidades.
A maioria dos arbovírus causadores de doenças humanas pertencem a três famílias:
 
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
TOGAVIRIDAE
Gênero Alphavirus. Ex: vírus mayaro (MAYV) e vírus chikungunya (CHIKV).
 
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
FLAVIVIRIDAE
Gênero Flavivirus. Ex: vírus da febre amarela (YFV), vírus da dengue (DENV), zika vírus
(ZIKV), vírus do Oeste do Nilo (WNV).
 
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
BUNYAVIRIDAE
Bunyavirus, Orthobunyavirus, Gêneros Nairovirus e Phlebovirus.
O grupo mais importante, pelo menos de uma perspectiva de doença humana, é o dos
flavivírus, o qual contém diversos vírus que geram preocupação com a saúde. A disseminação
de arbovírus em várias regiões é um alerta de interesse global. Podemos citar os seguintes
casos:
 
Fonte: Dmitry Demidovich/Shutterstock
WNV, com sua migração do Oriente Médio para as Américas.
 
Fonte: Fsolipa/Shutterstock
CHIKV movendo-se para ilhas no sudoeste do Oceano Índico, o sudeste da Ásia e as
Américas.
 
Fonte: LightShoot/Shutterstock
ZIKV, que saiu da África para o Sudeste Asiático, as ilhas da Polinésia e depois para o
Brasil, culminando na epidemia de 2015-2016.
A expansão geográfica em andamento dos vírus da dengue (DENV), juntamente com os surtos
explosivos do vírus do oeste do Nilo (WNV), vírus chikungunya (CHIKV) e, mais recentemente,
o vírus zika (ZIKV) servem como lembretes de que novas epidemias podem surgir a qualquer
momento. Neste módulo, nos concentraremos no estudo dos Alphavirus e Flavivirus.
 
Fonte: Frees/Shutterstock
DENGUE
EPIDEMIOLOGIA
A dengue é uma arbovirose causada por um dos 4 sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2,
DENV-3 e DENV-4), sendo transmitida predominantemente pelo mosquito Aedes aegypti e em
menor extensão pelo Aedes albopictus. Além disso, é considerada uma das principais doenças
tropicais negligenciadas, acometendo cerca de 50-100 milhões de pessoas/ano.
 
Fonte: khlungcenter/Shutterstock
 Mosquito Aedes aegypti.
Estudos mais recentes sugerem que estes números sejam ainda maiores se consideradas as
infecções assintomáticas, atingindo uma média de 390 milhões de novas infecções
anualmente.
A dengue representa a arbovirose de maior dimensão e a que dissemina mais rapidamente
entre os humanos, sendo endêmica em mais de 100 países no sudeste da Ásia, nas Américas,
no oeste do Pacífico, na África e no sudeste das regiões mediterrâneas (Figura 6). Sua
incidência aumentou em 30 vezes nos últimos 50 anos, seguida de sua expansão geográfica
para novos países.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 6 - Incidência global da dengue. 
As linhas de contorno indicam os limites geográficos de sobrevivência 
do Aedes aegypti, principal mosquito vetor do vírus da dengue.
VÍRUS DA DENGUE
O vírus da dengue pertence à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus e apresenta quatro
sorotipos geneticamente relacionados, mas antigenicamente distintos. São esféricos,
envelopados e apresentam capsídeo icosaédrico (Figura 7).
 
Fonte: Fonte: Adaptado de Nature Education, 2011
 Figura 7 – Estrutura do Vírus da Dengue.
O genoma do DENV é constituído por um RNA fita simples, com polaridade positiva e de
aproximadamente 11 mil pares de bases. Uma vez na célula hospedeira, este genoma é
traduzido em uma poliproteína (Figura 8), que é quebrada em:
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
3 PROTEÍNAS ESTRUTURAIS
Capsídeo (C), pré-membrana (prM) e envelope (E)
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
7 PROTEÍNAS NÃO ESTRUTURAIS
Destacam-se NS3, helicase e protease viral, e NS5, uma RNA polimerase responsável pela
replicação do material genético do vírus.
 
Fonte: Guzman et al., 2010
 Figura 8 – Genoma do Vírus da Dengue.
O vírus da dengue (Figura 9) infecta e se replica em monócitos, macrófagos e células
endoteliais; para isso, se liga à superfície da célula hospedeira e entra na célula por um
processo chamado endocitose. Uma vez dentro da célula, o vírus se funde com a membrana
endossômica e é liberado no citoplasma.
 
Fonte: Adaptado de Mukhopadhyay, Rossmann e Kuhn, 2005
 Figura 9 – Replicação do Vírus da Dengue.
A partícula do vírus se desfaz, liberando o genoma viral. O RNA viral é traduzido em um único
polipeptídeo que é quebrado nas proteínas estruturais e não estruturais e o genoma viral é
replicado. A montagem do vírus ocorre na superfície do retículo endoplasmático. Quando as
proteínas estruturais e o RNA recém-sintetizado saem do retículo, são transportados através
do complexo de Golgi, amadurecem e se convertem em sua forma infecciosa. Os vírus
maduros são então liberados da célula e podem infectar outras células.
A partir do momento da inoculação, DENV replica e se dissemina para vários órgãos linfoides,
produzindo viremia. O início da febre e os sintomas ocorrem aproximadamente 24 horas após o
início da viremia.
SINTOMAS E CLASSIFICAÇÃO DA DENGUE
A dengue, na maioria dos casos, apresenta-se como uma doença assintomática, ocorrendo
apenas a viremia, que se inicia logo após o período de incubação (3 a 7 dias) e pode
permanecer por volta de 8 dias.
Quando os sintomas se fazem presentes, geralmente, manifestam-se logo após o início da
viremia. Estes são os sintomas clássicos da dengue:
Fonte: Love You Stock/Shutterstock
Cefaleia intensa
Dor retro-orbital
Febre alta
Fonte: Love You Stock/Shutterstock
Manchas avermelhadas na pele
Fonte: Love You Stock/Shutterstock
Dores musculares e nas articulações
O quadro de sintomas brandos pode evoluir para um mais grave. O paciente pode apresentar
petéquias (poros da pele vermelhos), trombocitopenia (queda na contagem de plaquetas,
levando à disfunção de coagulação), extravasamento de plasma, sangramento de mucosas,
dentre outros eventos hemorrágicos.
Ainda é possível haver um agrave do caso, como o choque hipovolêmico que, apesar de raro,
potencialmente,leva ao óbito do paciente devido ao intenso extravasamento do plasma
sanguíneo, à queda da pressão arterial e à consequente parada cardiorrespiratória. A
reidratação intravenosa é a terapia a ser escolhida nesses casos, devido à ausência de
antiviral disponível.
Esta intervenção pode reduzir a taxa de letalidade para menos de 1% dos casos graves.
Portanto, triagem, tratamento apropriado e decisão sobre onde este deve ser iniciado (em
instituição de saúde ou em casa) são decisões influenciadas pela classificação da dengue,
principalmente, durante os surtos da doença, frequentes em todo o mundo, onde os serviços
de saúde precisam ser adaptados para lidar com o súbito aumento da demanda.
Em 2009, foi sugerida a atual classificação da doença quanto aos aspectos clínicos, a qual
divide os casos da seguinte maneira:
Dengue (ou dengue clássica): subclassificada em dengue com sinais de alarme.
Dengue grave
Com a nova classificação, é possível não somente notificar os casos de dengue grave com
maior acurácia, como também expressar melhor o grau de gravidade dos pacientes, implicando
em uma melhor tomada de decisões de tratamento (prevenção do choque).
Os critérios para o diagnóstico da dengue (com ou sem sinais de alarme) e dengue grave são
apresentados na Figura 10. Vale ressaltar que a classificação antiga (febre da dengue, febre
hemorrágica da dengue e síndrome do choque da dengue) continua a ser amplamente
utilizada.
 
Fonte: Adaptado de WHO, 2009.
 Figura 10 - Classificação dos casos de dengue e seus graus de gravidade. 
A espessura das setas indica a probabilidade de um paciente com dengue clássica
desenvolver a forma grave da doença.
FATORES DE RISCO PARA DENGUE GRAVE
Os fatores que contribuem para os diferentes desfechos da dengue ainda não são claramente
entendidos. Porém, como na maioria dos processos biológicos multifatoriais, o desfecho da
doença pela dengue depende da interação entre os fatores genéticos e imunológicos do
hospedeiro e os fatores genéticos virais.
Além disso, a extensão da doença por DENV é afetada pela magnitude e duração da
replicação viral, a secreção exacerbada de citocinas, a ativação e proliferação das células
imunes, idade (crianças e idosos), gravidez, diabetes e hipertensão.
A doença pode ser mais grave em pacientes infectados pela segunda vez por um sorotipo
diferente, desencadeando a produção de anticorpos, que, embora se liguem às partículas
virais, não são específicos, logo, são incapazes de neutralizá-las. Isso leva a uma amplificação
da infeção e da entrada das partículas virais nas células hospedeiras, cujos receptores, ao se
ligarem aos anticorpos, internalizam a partícula viral destes.
DIAGNÓSTICO PARA DENGUE
Os métodos de diagnóstico para dengue variam de acordo com a fase da doença:
 
Fonte:Shutterstock
FASE AGUDA (1 – 5 DIAS APÓS INÍCIO DOS
SINTOMAS):
Isolamento do vírus em cultura de células.
Detecção do genoma viral por RT-PCR. Embora bastante específico, pouco acessível
para os sistemas públicos de saúde.
Detecção de NS1 (teste rápido) até o 10º dia.
 
Fonte:Shutterstock
FASE CONVALESCENTE (6-21 DIAS APÓS INÍCIO DOS
SINTOMAS):
Detecção de anticorpos: IgM e IgG.
 PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Em dezembro de 2015, a primeira vacina dengue (Dengvaxia® - Laboratório Sanofi Pasteur) foi
licenciada no Brasil. Outras agências regulatórias de vários países da Ásia e América Latina
também aprovaram seu uso. Trata-se de uma vacina de vírus vivos atenuados e cujos perfis de
segurança e eficácia para os quatro sorotipos foram demonstrados em vários ensaios clínicos.
Entretanto, não deve ser administrada em indivíduos que não tenham sido previamente
infectados pelo vírus da dengue.
Não existe um tratamento específico para a dengue, e uma importante forma de prevenção é
evitar a proliferação do Aedes aegypti, eliminando água armazenada, ambiente que pode se
tornar um criadouro do mosquito.
ZIKA
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO
Você deve se lembrar da epidemia de zika que ocorreu no Brasil nos anos de 2015 e 2016.
Você conhece a origem desse nome?
 RESPOSTA
Esse vírus foi isolado pela primeira vez em 1947 a partir do soro de um macaco rhesus, na
copa da Floresta Zika no continente africano, sendo nomeado de acordo com a área
geográfica.
A infecção por ZIKV em humanos foi descrita pela primeira vez na Nigéria apenas em 1954 e,
por meio século, menos de 20 infecções humanas foram documentadas. O primeiro surto
relatado de zika ocorreu somente em 2007 na ilha de Yap, na Micronésia, seguido por uma
epidemia maior na Polinésia Francesa em 2013 e 2014.
Essas epidemias foram seguidas por surtos menores até que, em 2015, ZIKV surgiu pela
primeira vez nas Américas (sendo detectada no Brasil em março). Desde o final de janeiro de
2016, a circulação autóctone de ZIKV tem sido relatada em mais de 20 países na América do
Sul, Central e do Norte e no Caribe. Na maioria dos casos, a infecção pelo zika é uma doença
leve, autolimitada e relatável.
 
Fonte: Crystal Eye Studio/Shutterstock
Os dados epidemiológicos e de sequenciamento do genoma viral dão suporte à hipótese de
que as cepas que deram origem à epidemia de 2015/2016 surgiram através de mudanças
genéticas no vírus da linhagem asiática. Muito provavelmente, dois desses eventos ocorreram,
um em Yap e o outro na Polinésia Francesa. Esta última cepa apresentou maior virulência e foi
introduzida no Brasil e em outros países da América.
As doenças causadas pelo vírus Zika são predominantemente arbovirais e transmitidas pela
picada de mosquitos fêmeas do gênero Aedes aegypti e Aedes albopictus.
 ATENÇÃO
Entretanto, já foram confirmados outros modos de transmissão, como:
Transmissão sexual
Transfusão de sangue
Transplante de órgãos
Transmissão ocupacional em laboratório
Transmissão vertical materno-fetal
ZIKA VÍRUS
O ZIKV é um vírus envelopado pertencente ao gênero Flavivirus e à família Flaviviridae. Assim
como o DENV, os ZIKV são esféricos, envelopados, apresentam capsídeo icosaédrico e
genoma constituído de uma fita simples de RNA com polaridade positiva de 10.794 bases
(Figura 11) que codifica uma poliproteína, a qual, ao ser clivada, gera:
 
Fonte: El Design/Shutterstock
 Figura 11 – Estrutura do ZIKV.
3 PROTEÍNAS ESTRUTURAIS
Capsídeo (C), precursor de membrana (PrM) e envelope (E).
7 PROTEÍNAS NÃO ESTRUTURAIS
NS1, NS2a, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5. Quando a saliva do mosquito
contendo ZIKV é inoculada na pele humana, o vírus pode infectar
queratinócitos epidérmicos, fibroblastos da pele na camada subcutânea e
macrófagos. O ciclo replicativo do ZIKV é semelhante ao do DENV.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A maioria dos pacientes com infecção por ZIKV é assintomático. Apenas 18% dos indivíduos
são sintomáticos, apresentando uma doença febril leve e autolimitada com um período de
incubação de até 10 dias, muitas vezes, confundida com outras infecções arbovirais, como
dengue ou chikungunya, com baixa taxa de hospitalização (MUSSO et al., 2015).
Os sintomas clínicos relatados são:
Febre baixa, muitas vezes não sentida
Erupções cutâneas
Artrite e/ou artralgia e/ou mialgia
Conjuntivite (olho vermelho) sem secreção
Fadiga/mal-estar
Cefaleia, vômitos, edema e icterícia relatados com menor frequência
Complicações digestivas (dor abdominal, diarreia e constipação) e o prurido raramente
são observados.
 
Fonte: Ministério da Saúde
Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias. Contudo, assim como
muitos membros da família Flaviviridae são conhecidos por serem neurotrópicos e associados
a doenças neurológicas em humanos. O ZIKV apresenta um tropismo neuronal e, portanto,
causa doenças de cunho neurológico como síndrome de Guillain-Barré, encefalite, mielite
aguda e meningoencefalite em adultos.
O ZIKV também causa a síndrome congênita do zika em neonatos, a qual envolve:
Microcefalia (anormalidades no crescimento do cérebro)
Artrogripose (deformidades articulares e musculares)
Ventriculomegalia(dilatação dos ventrículos cerebrais fetais)
Microftalmia (globo ocular anormalmente pequeno)
Hipertonia (aumento da rigidez muscular)
 
Fonte: Luciano Cosmo/Shutterstock
 
Fonte: Anatolir/Shutterstock
DIAGNÓSTICO
A investigação laboratorial apresenta maior importância nos casos suspeitos de infecção pelo
ZIKV que evoluíram para complicações neurológicas, sejam em gestantes sejam em adultos,
para definição diagnóstica.
O diagnóstico pode ser:
 
Fonte:Shutterstock
MOLECULAR
Ao utilizar a técnica de RT-PCR, é possível amplificar o genoma viral em amostras de sangue
(por volta de quatro a sete dias após o início dos sintomas), urina (até 15 dias após o início do
quadro clínico) e líquor (para casos de síndrome de Guillain-Barré).
 
Fonte:Shutterstock
SOROLÓGICO
Feito por meio da pesquisa de anticorpos, entretanto, é comum ocorrer reação cruzada com
outros flavivírus.
Os recém-nascidos com suspeita de comprometimento neurológico necessitam de exames de
imagem, como: ultrassom, tomografias ou ressonância magnética. Em caso de confirmação do
zika vírus, a notificação deve ser feita ao Ministério da Saúde em até 24 horas.
 PREVENÇÃO E TRATAMENTO
O tratamento do zika vírus é feito de acordo com os sintomas, com o uso de analgésicos,
antitérmicos e outros medicamentos para controlar a febre e a dor. No caso de sequelas mais
graves, como doenças neurológicas, deve haver acompanhamento médico para avaliar o
melhor tratamento a ser aplicado.
As sequelas são tratadas em centros multiprofissionais especializados, como os Centros
Especializados de Reabilitação (CERS). Dada a inexistência de uma vacina, a melhor e mais
eficaz forma de prevenção é evitar a proliferação do Aedes aegypti, eliminando água
armazenada, ambiente que pode se tornar um criadouro do mosquito.
FEBRE AMARELA
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO
O nome Febre Amarela foi atribuído em alusão às manifestações clínicas mais características
da doença (a febre e a icterícia). Existem dois tipos de febre amarela:
 
Fonte: Aratehortua/Shutterstock
SILVESTRE
Cujos vetores são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes (no Brasil) e Aedes (na
África), os principais hospedeiros e amplificadores são os macacos, especialmente, os bugios.
 
Michal Sanca/shutterstock
URBANA
Cujos vetores são os mosquitos do gênero Aedes aegypti, e o hospedeiro é o homem.
Com a introdução da vacina contra a febre amarela no Brasil em 1937 e, consequente,
imunização em massa da população e o forte combate ao vetor, a febre amarela urbana não é
mais registrada. Sua transmissão permaneceu confinada ao ciclo silvestre em áreas com baixa
densidade populacional e com baixo número de casos anuais.
No entanto, mudanças ambientais e de comportamento humano nas últimas décadas criaram
condições para um aumento exponencial nos casos de febre amarela silvestre no país
durante o surto de 2016/2017. Após décadas de silêncio, o vírus se espalhou nas zonas
costeiras da Mata Atlântica e migrou rapidamente para as regiões sudeste e sul do país,
alcançando quatro estados populosos (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito
Santo) cujos moradores não haviam sido vacinados para febre amarela.
A grande preocupação dos órgãos de saúde é o retorno do ciclo de transmissão urbana no
Brasil, pois se um indivíduo adquirir a doença na floresta, voltar para a cidade no período de
viremia e lá for picado pela fêmea de um mosquito Aedes, este se tornará infectado pelo YFV.
Como a transmissão dos vírus no mosquito ocorre de maneira transovariana (para ovos e
larvas), sua prole também estará automaticamente infectada, aumentando a contaminação dos
mosquitos urbanos.
VÍRUS DA FEBRE AMARELA (YFV)
Os YFV, assim como o DENV e o ZIKV, são esféricos, envelopados, apresentam capsídeo
icosaédrico e genoma constituído de uma fita simples de RNA com polaridade positiva que
codifica uma poliproteína que, ao ser clivada, gera proteínas estruturais e não estruturais.
Após a picada pelo mosquito vetor, o vírus rapidamente atinge linfonodos e passa a infectar
células linfoides e macrófagos preferencialmente.
Posteriormente, as novas partículas virais são levadas pelos vasos linfáticos à corrente
sanguínea e daí até o fígado, principal órgão acometido na febre amarela. O vírus amarílico
causa necrose em grandes extensões do parênquima hepático.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A resposta à infecção amarílica é ampla e variável. O quadro clínico pode ser dividido em:
Leve: febre e cefaleia.
Moderado: sintomas anteriores mais mialgia, artralgia, náuseas, vômitos e astenia.
Grave: sintomas anteriores mais hepatite com icterícia, insuficiência renal, hemorragia,
choque e morte (20-60% dos casos).
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial para febre amarela pode ser realizado por meio de:
 
Fonte:Shutterstock
Isolamento do vírus em cultura de células.
 
Fonte:Shutterstock
Detecção de antígenos virais e do RNA viral.
 
Fonte:Shutterstock
Dosagem de anticorpos específicos pelo método de MAC ELISA (captura de IgM em ensaio
enzimático) ou conversão sorológica em testes de inibição da hemaglutinação (IH).
 TRATAMENTO
Assim como para outras arboviroses, não há medicamentos específicos contra o vírus da febre
amarela. Em casos graves, o paciente deve ser tratado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
para hidratação endovenosa e reposição do sangue perdido nas hemorragias.
VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AMARELA
A forma mais eficaz de evitar a febre amarela é por meio da vacinação. Esta é produzida com
vírus vivo atenuado cepa 17DD, sendo segura e eficaz a partir dos 9 meses de idade em
residentes, ou viajantes, de áreas endêmicas e a partir dos 6 meses em situações de surto. A
partir da produção em níveis adequados de anticorpos, protege após 10 dias da sua aplicação.
 
Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock
FEBRE CHIKUNGUNYA
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO
A febre de chikungunya é uma doença infecciosa febril, causada pelo vírus chikungunya
(CHIKV), e transmitida pela picada das fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e, em menor
extensão, Aedes albopictus.
A doença é relativamente nova no Brasil, tendo o primeiro caso de transmissão registrado em
2014, mas é uma enfermidade endêmica nos países do sudeste da Ásia, África e Oceania.
 VOCÊ SABIA
O termo chikungunya vem do swahili, idioma falado no sudeste da Tanzânia, que significa
curvar-se ou se tornar contorcido, uma relação direta com a aparência curvada dos
pacientes infectados que não conseguem se manter eretos por causa das dores nas
articulações.
VÍRUS CHIKUNGUNYA (CHIKV)
Os CHIKV pertencem ao gênero Alphavirus e à família Togaviridae. Os Alfavírus são esféricos,
envelopados, possuem cerca de 70 nm de diâmetro, capsídeo icosaédrico e um genoma de
RNA fita simples linear com polaridade positiva, de aproximadamente 11 kb, que codifica oito
genes, estruturais e não estruturais.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Alguns indivíduos desenvolvem a forma assintomática da infecção (baixa taxa se comparada a
outras arboviroses) e a grande maioria inicia as manifestações clínicas entre 4 a 8 dias após a
picada do mosquito (podendo variar de 1 a 12 dias).
Os sintomas são parecidos com os da dengue, mas a grande característica dessa doença são
as fortes dores nas articulações, as quais permanecem por meses ou anos, cujo tratamento é
semelhante ao da artrite reumatoide (doença autoimune crônica).
Estes são os sintomas mais frequentes:
 
Fonte: Ministério da Saúde
Menos de 5% dos infectados também desenvolvem manifestações atípicas, seja por efeito
direto do vírus, pela resposta imune ou pela toxicidade das drogas utilizadas durante o
tratamento. Podemos citar, por exemplo, convulsão, meningoencefalite, encefalopatia,
síndrome de Guillain-Barré, neurite óptica, miocardite, pericardite, insuficiência cardíaca,
hiperpigmentação por fotossensibilidade, dermatoses vesiculobolhosas, insuficiência renal
aguda entre outras manifestações.
 ATENÇÃO
Assim como outras infecçõesvirais, a chikungunya pode desenvolver a síndrome de Gulliain-
Barre, encefalite e outras complicações neurológicas.
SÍNDROME DE GULLIAIN-BARRE
A síndrome de Guillain Barré é um distúrbio autoimune, ou seja, o sistema imunológico do
próprio corpo ataca parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro
com outras partes do corpo.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico laboratorial para febre da chikungunya pode ser realizado por meio de:
javascript:void(0)
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Pesquisa de vírus (isolamento do CHIKV).
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Pesquisa de genoma de vírus (detecção de RNA de CHIKV por RT-PCR em tempo real ou RT-
PCR clássico/convencional).
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Pesquisa de anticorpos IgM por testes sorológicos (ELISA).
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Demonstração de soroconversão (ELISA ou teste de Inibição da Hemaglutinação-IH).
 TRATAMENTO
Não há um tratamento específico, sendo de suma importância manter o paciente hidratado.
Como já relatado, por causar inflamação nas articulações, deve-se tratar como artrite
reumatoide (doença autoimune crônica), uma vez que a artralgia pode durar até três anos após
a infecção pelo vírus.
 
Fonte: Freeograph/Shutterstock
FEBRE DO MAYARO
EPIDEMIOLOGIA E TRANSMISSÃO
A febre do mayaro é uma doença infecciosa febril aguda, cujo quadro clínico geralmente é de
curso benigno. O vírus mayaro (MAYV) foi isolado pela primeira vez em Trinidad, em 1954, e o
primeiro surto no Brasil ocorreu em Belém, no Pará, em 1955.
Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas,
incluindo a região Amazônica do Brasil. Também é importante frisar que a febre do mayaro
compõe a lista nacional de doenças de notificação compulsória imediata.
Como ocorre a transmissão da febre do mayaro?
 RESPOSTA
De maneira semelhante ao ciclo silvestre da febre amarela, a partir da picada de mosquitos
fêmeas do gênero Haemagogus em primatas (principais hospedeiros) ou humanos (hospedeiro
acidental) infectados com o MAYV. Após um período de incubação extrínseca (em torno de 12
dias), os mosquitos podem transmitir o vírus por toda a vida. Assim como ocorre na febre
amarela, a febre do mayaro é considerada uma zoonose silvestre e, portanto, de impossível
eliminação.
VÍRUS MAYARO (MAYV)
Os MAYV pertencem ao gênero Alphavirus e à família Togaviridae. Assim como os CHIKV, são
esféricos, envelopados, possuem cerca de 70 nm de diâmetro, capsídeo icosaédrico e um
genoma de RNA fita simples linear com polaridade positiva, de aproximadamente 11 kb, que
codifica oito genes, estruturais e não estruturais que são traduzidos em duas poliproteínas.
Estas são clivadas, respectivamente, em 6 proteínas estruturais: capsídeo (C), envelope (E)
E1, E2, E3, 6K, transframe e 4 proteínas não estruturais (nsP1, 2, 3 e 4).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Quais são os sintomas da febre do mayaro?
Semelhantes aos sintomas provocados por outros arbovírus, iniciando-se com síndrome febril
aguda inespecífica, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e exantema (manchas
avermelhadas na pele), o que pode dificultar o diagnóstico diferencial. A forma grave da
doença é representada por quadros de artralgia (dor nas articulações), que pode ser
acompanhada de edema (inchaço) articular, persistindo por meses.
 
Fonte: Puwadol Jaturawutthichai.Shutterstock
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial da febre do mayaro é feito por meio de:
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Isolamento viral em cultura de células.
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Testes moleculares para detecção do material genético viral.
 
Fonte: Chippo Medved/Shutterstock
Testes sorológicos para detecção de anticorpos.
 TRATAMENTO
Por ainda não existir terapia específica ou vacina, recomenda-se repouso acompanhado de
tratamento sintomático, com analgésicos e/ou drogas anti-inflamatórias, que podem
proporcionar alívio da dor e da febre.
 
Fonte: megaflopp/Shutterstock
COMBATE AEDES AEGYPTI
Muitas das arboviroses estudadas neste módulo são transmitidas pelo Aedes aegypti. Este é
um mosquito doméstico cuja reprodução acontece em água parada (limpa ou suja) a partir da
postura de ovos pelas fêmeas.
 
Fonte: Luciano Cosmo/Shutterstock
Seguem algumas medidas que ajudam a combater esse inseto:
1. Tampe os tonéis e caixa d’água.
2. Mantenha as calhas sempre limpas.
3. Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo.
4. Mantenha lixeiras bem tampadas.
5. Deixe ralos limpos e com aplicação de tela.
6. Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia.
7. Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais.
8. Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
9. Adotar repelentes ambientais e inseticidas, usados para matar mosquitos adultos,
desde que sejam registrados na Anvisa, atentando-se aos cuidados e às precauções
descritas nos rótulos dos produtos. Aplicados diretamente na pele e por cima da roupa,
os repelentes de uso tópico podem ser usados em gestantes e crianças maiores de dois
anos.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
FATORES ASSOCIADOS À DENGUE
HEMORRÁGICA
No vídeo abaixo serão apresentados os fatores fisiológicos que estão envolvidos na evolução
para o quadro de dengue hemorrágica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. PACIENTE CAUCASIANO DE 37 ANOS, SEXO MASCULINO, RELATOU
TER VISITADO RECENTEMENTE A MATA ATLÂNTICA. INICIOU QUADRO
DE FEBRE, PROSTRAÇÃO E MIALGIA. ALGUNS DIAS DEPOIS,
PROCUROU ATENDIMENTO E FOI ENCAMINHADO À INTERNAÇÃO EM
HOSPITAL LOCAL. QUAL A ARBOVIROSE SUSPEITA DE OCASIONAR OS
SINTOMAS RELATADOS?
A) Dengue.
B) Zica.
C) Febre amarela.
D) Febre chikungunya.
2. UMA DAS PRINCIPAIS ARBOVIROSES NO BRASIL É CAUSADA POR
UM VÍRUS QUE APRESENTA QUATRO SOROTIPOS ANTIGENICAMENTE
DISTINTOS. A DOENÇA PODE SER MAIS GRAVE EM PACIENTES
INFECTADOS PELA SEGUNDA VEZ POR UM SOROTIPO DIFERENTE,
DESENCADEADA PELA PRODUÇÃO DE ANTICORPOS, QUE, EMBORA
SE LIGUEM ÀS PARTÍCULAS VIRAIS, NÃO SÃO ESPECÍFICOS E,
PORTANTO, INCAPAZES DE NEUTRALIZÁ-LAS. DE QUAL ARBOVIROSE
O TEXTO FAZ MENÇÃO? ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) Dengue.
B) Zika.
C) Febre da Chikungunya.
D) Febre mayaro.
GABARITO
1. Paciente caucasiano de 37 anos, sexo masculino, relatou ter visitado recentemente a
mata Atlântica. Iniciou quadro de febre, prostração e mialgia. Alguns dias depois,
procurou atendimento e foi encaminhado à internação em hospital local. Qual a
arbovirose suspeita de ocasionar os sintomas relatados?
A alternativa "C " está correta.
 
Dentre as arboviroses supracitadas nas alternativas, a que possui um vetor silvestre e que
poderia ser responsável pela transmissão da infecção ao paciente durante visita à região de
mata é a febre amarela.
2. Uma das principais arboviroses no Brasil é causada por um vírus que apresenta
quatro sorotipos antigenicamente distintos. A doença pode ser mais grave em pacientes
infectados pela segunda vez por um sorotipo diferente, desencadeada pela produção de
anticorpos, que, embora se liguem às partículas virais, não são específicos e, portanto,
incapazes de neutralizá-las. De qual arbovirose o texto faz menção? Assinale a
alternativa correta.
A alternativa "A " está correta.
 
A dengue pode ser mais grave em pacientes infectados pela segunda vez por um sorotipo
diferente, desencadeada pela produção de anticorpos, que, embora se liguem às partículas
virais, não são específicos e, portanto, incapazes de neutralizá-las. Isso leva a uma
amplificação da infeção e da entrada das partículas virais nas células hospedeiras, cujos
receptores, ao se ligarem aos anticorpos, internalizam a partícula viral destes.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Começamos este tema apresentando os principais vírus respiratórios, dentre eles os vírus
influenza e parainfluenza, o vírus sincicial respiratório humano e, por fim, o novo coronavírus
(SARS-CoV-2),detalhando as características estruturais, principais manifestações clínicas, o
diagnóstico, tratamento e a prevenção de cada um deles.
Durante o segundo módulo, conceitos de arbovírus e arboviroses foram apresentados. Em
seguida, destacamos as principais famílias virais nas quais se encontram os arbovírus de maior
incidência em humanos e diferenciamos cada uma dessas doenças, as quais têm por
característica em comum a forma de transmissão. Destacamos as particularidades de cada
vírus transmitida por vetores artrópodes, como a estrutura viral, as manifestações clínicas da
doença, o diagnóstico, o tratamento e a prevenção.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BURT, F. J. et al. Chikungunya virus: an update on the biology and pathogenesis of this
emerging pathogen. In: The Lancet Infectious Diseases, v. 17, n. 4, p. e107–e117, 2017.
GUZMAN, M. G. et al. Dengue infection. In: Nature Reviews Disease Primers, v. 2, p. 1–26,
2016.
GUZMAN, M. G.; HARRIS, E. Dengue. In:The Lancet, v. 385, n. 9966, p. 453–465, 2015.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Chikungunya: causas, sintomas, tratamento e prevenção. In:
Ministério da Saúde. Consultado em meio eletrônico em: 24 ago. 2020.
MOLINARO, E. M. Virologia. In: Conceitos e Métodos para formação de profissionais em
laboratórios de Saúde. [s.l: s.n.]. p. 125–220.
MOSCONA A. Entrada do vírus parainfluenzanas células como alvo para interromper as
doenças respiratórias na infância. J Clin Invest. 2005; 115 (7): 1688-1698.
MUSSO, D.; CAO-LORMEAU, V. M.; GUBLER, D. J. Zika virus: following the path of dengue
and chikungunya? In: The Lancet, London, v. 386, n. 9990, 2015.
VASCONCELOS, P. F. C. Febre amarela. In: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical, v. 36, n. 2, 2003.
WHO. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention, and control. In: Special
Programme for Research and Training in Tropical Diseases, 2009.
EXPLORE+
Leia:
Dias L, Almeida S, Haes T, Mota L, Roriz-Filho J. Dengue: transmissão, aspectos
clínicos, diagnóstico e tratamento. In: Medicina (Ribeirão Preto Online), Ribeirão Preto, v.
43, n. 2, p. 143-152, 30 jun. 2010.
RIBEIRO, Bruno Niemeyer de Freitas et al. Síndrome congênita pelo vírus Zika e
achados de neuroimagem: o que sabemos até o momento? In: Radiol Bras, São Paulo,
v. 50, n. 5, 2017.
Assista aos seguintes vídeos:
Webpalestra Manejo e tratamento das infecções pelo vírus Influenza, do canal
Telessaude SC no Youtube.
Febre Chikungunya: Drº Drauzio Varella apresenta as características da Febre
Chikungunya, do canal Drauzio Varella no Youtube.
Veja Saúde: as diferenças entre mayaro, chikungunya e dengue, do canal Veja Ponto no
Youtube.
Entendendo a COVID-19 - Prof. Dr. Amilcar Tanuri (UFRJ), do canal Genética UFRJ no
Youtube.
CONTEUDISTA
Alice Maria de Magalhães Ornelas
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);

Continue navegando