Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi Ansiolíticos e hipnóticos ● A ansiedade é um mecanismo de defesa do organismo frente a estímulos que representam perigo ou ameaça à sobrevivência→ fisiológico. ● Torna-se uma patologia quando é exacerbada → hiperestimulação do SNC ● Causa específica: não se sabe – acúmulo de várias disfunções. ● Todos medicamentos ansiolíticos necessitam de receituário – retenção de receita 1. Benzodiazepínicos ● São os ansiolíticos mais usados, substituíram barbitúricos. ● Exemplos: Midazolam (curta duração), Lorazepam (ação intermediária) e Diazepam (longa duração) ● Todas são capazes de deprimir o SNC Mec����mo �� �ção ● Ansiedade → glutamato ativa muito o SNC ● No SNC temos neurotransmissores excitatórios e inibitórios → o GABA é inibitório que causa uma hiperpolarização (aumento da carga negativa) ● Quando o GABA ativa seus receptores ionotrópicos (GABA A) permite a entrada de cloro através do poro. O influxo de cloreto causa hiperpolarização do neurônio e diminui a neurotransmissão – inibindo a formação de potenciais de ação. ● Benzodiazepínicos se ligam ao receptor GABA A (subunidades alfa e gama)- potencializando o fluxo de cloro → Aumenta a neurotransmissão GABAÉRGICO ● BZD são agonistas alostéricos (não se ligam no mesmo sítio de GABA) → Potencializa a ação do GABA (efeito inibitório). ● Todos os benzodiazepínicos têm propriedades sedativa e calmante, e alguns podem produzir hipnose (sono produzido “artificialmente”) em doses mais elevadas. ● Além disso, outras substâncias se ligam a receptores GABA → hormônios, álcool. ● Álcool com BZD simultaneamente podem inibir muito o SNC – perigoso!! Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi Bár�i��r��o� v����s B�� ● Uso do fenobarbital (barbitúrico) + GABA – aumenta a frequência de duração da abertura dos canais à entrada de muito cloro perigoso! ● *Suicídio com gardenal (barbitúrico) ● Os barbitúricos também inibem os impulsos excitatórios no receptor AMPA, diminuindo a ativação do glutamato nesse receptor. ● Devido a esses vários mecanismos de ação e à sua propensão a causar profunda depressão do SNC e coma em grandes doses, os barbitúricos foram substituídos, em grande parte, por sedativos e agentes antiepilépticos mais seguros. Uso� ��r��êut���� Ansiolíticos ● Os benzodiazepínicos são eficazes no tratamento dos sintomas da ansiedade secundária ao transtorno de pânico, do transtorno de ansiedade generalizada (TAG), do transtorno de ansiedade social e por performance, do transtorno de estresse pós-traumático, do transtorno obsessivo-compulsivo e da ansiedade extrema encontrada, às vezes, em fobias específicas ● Efeito ansiolítico é menos sujeito a tolerância do que os efeitos sedativos e hipnóticos – tolerância está associada a diminuição na densidade de receptores GABA. ● Os benzodiazepínicos de ação mais longa, como clonazepam, lorazepam e diazepam, são preferidos nos pacientes com ansiedade que pode exigir tratamento por tempo prolongado Hipnóticas ● Temazepam e triazolam – ação intermediária e ação curta respectivamente. Os de ação longa são perigosos por causarem sedação excessiva. ● Atuam na fase 2 e no REM do sono → prolongamento do estágio 2 do sono e reduz o tempo total do sono REM (período que ocorre os sonhos) Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi Amnésicos ● Nem todos são amnésicos a curto prazo, porém a longo prazo todos são amnésicos- perda gradual da memória) ● Fármacos de ação curta - Midazolam – pré-medicação em procedimentos desconfortáveis (ex.: endoscopias). Convulsões ● Lorazepam e diazepam são fármacos de escolha no controle do estado epilético. ● Diazepam usado no tratamento agudo de abstinência do etanol reduzindo risco de convulsões por abstinência – tolerância cruzada Flu����ni� ● Antagonista competitivo do sítio de BZD ● Diminui os efeitos dos benzodiazepínicos Efe���� ad���s�� ● Sedação ● Ataxia em doses elevadas ● Não causam depressão respiratória mas existem o risco quando associados com outros fármacos. ● BZD podem piorar a apneia obstrutiva do sono ● Não ingerir bebidas alcoólicas → depressão do SNC ● BZD não devem ser usados por mais de 4 meses. ● Síndrome de abstinência: não interromper o tratamento de forma abrupta ● Overdose - por conta da tolerância ● Alguns estudos mostram que o uso contínuo de benzodiazepínicos podem elevar a chance de ter Alzheimer ● Estudo: risco da demência associada ao uso de benzodiazepínicos In�e��ções ����ca���t��a� ● Inibidores enzimáticos (inibidores da CYP3A4): cimetidina, dissulfiram, estrógenos, fluvoxamina → aumenta meia vida ● Indutores enzimáticos (indutor de P450): rifampicina, tabaco → diminui meia-vida ● Warfarin – anticoagulante → aumenta o efeito do BZD – desloca proteínas plasmática ● Dependência: Pode-se desenvolver dependência física e psicológica aos benzodiazepínicos se doses elevadas forem administradas por longos períodos. ● Os benzodiazepínicos com meia-vida de eliminação curta, como o triazolam, induzem reações de abstinência mais abruptas e graves do que as observadas com os de eliminação mais lenta, como o flurazepam. Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi 2. Compostos Z ● Principal exemplo: Zolpidem ● Tratamento da insônia → indução do sono ● Meia vida adequada que consegue manter o sono e pouca sonolência ao acordar. ● VANTAGENS: Ocorre menor dependência e mantém o sono mais equilibrado ● Efeitos adversos: pesadelos, agitação, amnésia anterógrada, cefaleia, distúrbios gastrintestinais, tonturas e sonolência diurna ● Zaleplona é um hipnótico não benzodiazepínico oral similar ao zolpidem; contudo, a zaleplona causa menos efeitos residuais nas funções psicomotoras e cognitivas em comparação ao zolpidem ou aos benzodiazepínicos. Isso pode ser devido à sua rápida eliminação, com uma meia-vida de cerca de 1 hora. 3. Antidepressivos ● Devem ser considerados fármacos de primeira escolha em ansiedade crônica, especialmente em pacientes com inclinação para dependência ou vício. ● ISCS → escitalopram ou paroxetina ● Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e norepinefrina (ISCSNs) → venlafaxina e duloxetina, ● Podem ser usados sós ou prescritos em associação com uma dosagem baixa de benzodiazepínico durante as primeiras semanas de tratamento 4. Buspirona ● A buspirona alivia a ansiedade sem causar efeitos sedativos, hipnóticos ou eufóricos pronunciados. Ao contrário dos benzodiazepínicos, o fármaco não tem propriedades anticonvulsivantes e miorrelaxantes ● O fármaco pode exercer seus efeitos ansiolíticos ao atuar como agonista parcial nos receptores 5-HT1A (receptores de serotonina) cerebrais; todavia, possui também afinidade pelos receptores dopamínicos D2 cerebrais Não é eficaz no tratamento de curta duração ou estados agudos. Van����n� e ��s���ta��� ● São melhor tolerados do que os BZD; ● NÃO causam sedação, relaxamento muscular ou ação anticonvulsivante ● NÃO apresenta potencial para dependência; ● NÃO potencializa os efeitos de alteração do desempenho do álcool. ● DESVANTAGEM: mais caros Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi 5. Barbitúricos ● São depressores não seletivos do SNC (inibem vários receptores GABAA). ● Foram os primeiros ansiolíticos a serem utilizados. Cla���fic�ção ● Ação ultracurta (tiopental – 30min); ação curta (pentobarbital – 2h); ação ● intermediária (amobarbital -3 a 5 h); ação prolongada (fenobarbital – mais de 6 h). Mec����mo �� �ção ● Ligam-se a subunidades específicas do receptor GABAA em sinapses neuronais do SNC, facilitando a duração de abertura dos canais iônicos de cloreto mediados pelo GABA → aumento da hiperpolarização da membrana ● Possui ação inibitória maior que os BDZ. Uso ����pêut��� e ���it�� ��ve���s ● Possuem muitas desvantagens (Substituídos pelos BDZ como hipnóticos e sedativos) → baixo índice terapêutico, suprimem o sono REM, rápido desenvolvimento de tolerância, alto potencial de dependência e abuso eindução microssomal enzimática frequente. ● Efeitos adversos: hipersedação, erupções cutâneas, diminuição da ação de outros fármacos (potente indutor de enzimas hepáticas).Não há antídoto. Antidepressivos Te�r�a ��� m��o���na� ● Primeiramente proposta por Schildkraut em 1965, afirma que a depressão pode ser causada por déficit funcional de ● transmissores de monoaminas, norepinefrina e 5-hidroxitriptamina (5-HT), em certos locais do cérebro, enquanto a mania resulta de excesso funcional. ● Evidências recentes sugerem que a depressão pode associar-se à neurodegeneração e à redução da neurogênese no hipocampo. ● Enfoques atuais concentram-se em outros mediadores (p. ex., hormônio liberador de corticotrofina), nas vias de transdução de sinais, em fatores de crescimento etc., mas as teorias continuam imprecisas. Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi Cla���fic�ção d�� ��ti���r���iv�� ● 1. Antidepressivos tricíclicos (ADT) - protótipos dos medicamentos antidepressivos. Mecanismo de ação: inibição da recaptação neuronal dos NT noradrenalina e serotonina. Ex.: Amitriptilina (Tryptanol), Imipramina (Tofranil), Nortriptilina, Clomipramina. ● 2. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN) - inibem a recaptação de 5-HTA e NOR aumentando a concentração desse NT na fenda sináptica. Ex.: Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina ● 3. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) - Bloqueiam a recaptação de aminas pelas terminações nervosas através de sua competição pelo sítio de ligação das proteínas transportadoras. Ex.: Fluoxetina (Prozac), Citalopram, Sertralina, Paroxetina. ● 4. Inibidores da Monoamina Oxidase (iMAO) – Atuam bloqueando ação da enzima monoamina oxidase (MAO), sendo, dessa forma, utilizados no tratamento da depressão. É de longa duração. EX.: Fenelzina, Selegilina, Moclobemida, Tranilcipromida. ● Antidepressivos atípicos – não apresentam mecanismo de ação bem elucidados. Ex.: Bupropiona. 1. Antidepressivos tricíclicos (ADT) ● Os ADTs eram a classe dominante de antidepressivos até a introdução dos ISRSs nas décadas de 1980 e 1990. Mec����mo� �� �ção ● Impedem a recaptação de NOR e 5-HT (serotonina) pelos neurônios pré-sinápticos → esses NT ficam mais tempo na fenda sináptica. ● Os ADTs bloqueiam receptores muscarínicos (colinérgicos), histaminérgicos de tipo 1, 1 e -adrenérgicos, serotoninérgicos. Efe���� ad���s�� Por bloquear receptores muscarínicos: visão turva, xerostomia, constipação, retenção urinária. Além disso, podem causar taquicardia e arritmias em doses excessivas. A sedação pode ser significativa, especialmente durante as primeiras semanas do tratamento, e está relacionada com a capacidade que esses fármacos têm de bloquear os receptores H1, histamínicos Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi 2. Inibidores seletivos da Recaptação de 5-HT Mec����mo� �� �ção ● Os ISRSs bloqueiam a recaptação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica ● Atuam bloqueando especificamente a proteína recaptadores de serotonina ● A fluoxetina difere dos outros fármacos da classe por ter uma meia-vida muito longa (50 h), e a meia-vida do metabólito ativo, S-norfluoxetina, é ainda mais longa, beirando os 10 dias à menor chance de causar síndrome da interrupção. Efe���� ad���s�� São os mais potentes e possuem baixa toxicidade São menos perigosos e possuem menos efeitos adversos que nos ADTs Efeitos adversos também podem ocorrer: distúrbios do sono (paroxetina e fluvoxamina – sedativos; fluoxetina e sertralina – estimulantes), distúrbios sexuais (diminuição da libido), náuseas e vômitos, ansiedade, etc. 3. Inibidores da MAO Mec����mo �� �ção ● No neurônio, a MAO funciona desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso → Os iMAOs inibem essa enzima → resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e maior difusão na fenda sináptica. ● O IMAO pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima ● Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino ● Os IMAOs são indicados para pacientes deprimidos que não respondem ou são alérgicos aos ADTs ou que apresentam forte ansiedade → os IMAO são considerados os fármacos de última escolha em vários centros de tratamento. Efe���� ad���s�� ● Tiramina → MAO está também no fígado e intestino, ela degrada a tiramina (encontrada em queijos, carnes, bebidas alcoólicas, chocolates, etc.) no intestino. Com uso das iMAOs há excesso de tiramina que pode ser tóxica – estimula liberação de catecolaminas. Causa: “crise hipertensiva” com sinais e sintomas como cefaleia occipital, rigidez no pescoço, taquicardia, náuseas, hipertensão, arritmias cardíacas, etc. ● Pode causar sonolência, visão turva, xerostomia, etc. ● Devido ao risco de síndrome de serotonina, o uso de IMAO com outros antidepressivos é contraindicado. Ansiolíticos e Antidepressivos - Farmacologia Rafaela Pelloi 4. Atípicos ● Bupropiona → antidepressivo inibidor da recaptação de dopamina e noradrenalina. É utilizado principalmente quando o indivíduo não responde bem ao uso de ISRS. Não interfere na libido (evita disfunções sexuais) Pode ser um adjuvante no tratamento ao tabagismo, isso por aumentar os níveis de dopamina Está associado ao aumento dos riscos de crises convulsivas. ➢ NOR (pré-frontal) → melhora de energia, concentração, motivação, foco ➢ DOPA (circuito do prazer) → pico e queda da dopamina -> fissura de fumar, comida e etc ● Agonista do receptor da melatonina → A agomelatina é um agonista dos receptores MT1 e MT2 da melatonina ● Moduladores e estimuladores da Serotonina→ Vilazodona e vortioxetina → Aumenta a transmissão de 5-HT.
Compartilhar