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Montes Claros/MG - 2014
Alcino Franco de Moura Júnior
Fábia Magali Santos Vieira 
Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Tecnologia Aplicada
à Educação
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Humberto Velloso Reis
EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.
Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG.
Prof. Luis Jobim – UERJ.
Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.
Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes.
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
CONSELHO EDITORIAL
Ana Cristina Santos Peixoto
Ângela Cristina Borges
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Jânio Marques Dias
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Sandra Ramos de oliveira
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Ângela Cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Antônio Maurílio Alencar Feitosa
Chefe do Departamento de História/Unimontes
Francisco oliveira Silva
Jânio Marques dias
Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
Helena Murta Moraes Souto
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
Maria da Luz Alves Ferreira
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante oliva
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Narcio Rodrigues da Silveira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autores
Alcino Franco de Moura Júnior
Mestrando em Comunicação e Multimídia pela Universidade Trás-os-Montes e Alto-Douro – 
Utad (Portugal), especialista em Mídias na Educação pela Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes, especialista em Informática na Educação pela Universidade Federal de 
Lavras – UFLA e graduado em Comunicação Social pelas Faculdades Integradas do Norte de 
Minas – Funorte. Atualmente é professor e pesquisador do Departamento de Ciências da 
Computação da Unimontes e das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros - FIP-
Moc. É ainda coordenador de Produção de Material Didático da UAB/Unimontes e e-Tec Brasil/
Unimontes.
Fábia Magali Santos Vieira 
Doutora em Educação pela Universidade de Brasília – UnB, mestre em Ciência da Educação 
pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona- La Habana/Cuba, título revalidado 
pela UnB; também mestre em Educação pela UnB, especialista em Educação pela UnB e pela 
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e graduada em Pedagogia pela Universidade 
Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é professora da Unimontes. É também 
coordenadora-geral da Universidade Aberta do Brasil/Unimontes.
 
Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Doutoranda em Gestão em Educação pela Universidade de Brasília – UnB, mestre em 
Desenvolvimento Social e especialista em Metodologia e Epistemologia das Ciências 
Humanas e Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes e graduada 
em Administração em Turismo e Hotelaria pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes 
Claros – FIP-Moc. Atualmente é professora da Unimontes e das Faculdades Santo Agostinho na 
graduação e na pós-graduação. É ainda professora pesquisadora da UAB/Unimontes. Membro 
da Comissão Permanente de Avaliação Institucional da Unimontes.
Colaboradores
Bárbara Cardoso Albuquerque
Emiliano José Gregori
Kênia Tôrres Corrêa Ribeiro
Ludmilla Rodrigues de Souza
Naiara Vieira Silva
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Educação, comunicação e tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Sociedade da informação ou comunicação?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 Movimento surrealista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.4 O pós 2ª guerra mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.5 Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Mídia e educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.2 A presença da mídia . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.3 Mídia-educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
A linguagem da mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.2 Educação para a mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.3 Educação pela mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
TIC: novas linguagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
4.2 Multimídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
4.3 Hipertexto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.4 E-Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.5 E-comunicação: linguagem interativa e persuasiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
O computador como recurso didático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
5.2 O computador como recurso didático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
9
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a) dos Cursos de Licenciatura da UAB/Unimontes:
Nesta disciplina, com carga horária de 40 horas, procuramos lhe proporcionar uma visão ge-
ral sobre o uso das tecnologias na educação, fornecendo-lhe a base que fundamentará e motiva-
rá sua prática pedagógica de utilização das tecnologias, ao mesmo tempo em que explicaremos 
o porquê do uso delas na escola. 
Quando falamos da maneira como utilizamos cada ferramenta para realizar determinada 
ação, referimo-nos à técnica. A tecnologia é o conjunto de tudo isso: a ferramenta e os usos que 
destinamos a ela, em cada época.
É do conhecimento de todos que as tecnologias estão presentes em nosso cotidiano. De 
fato, elas ampliam nossa visão de mundo, modificam as linguagens e propõem novos padrões 
e novas maneiras de ser e estar presentes e, consequentemente, proporcionam novas maneiras 
de ensinar e apreender. Assim sendo, os futuros professores devem discutir e compreender seu 
papel nos processos de ensino e aprendizagem.
Ensinar e aprender utilizando as tecnologias se torna um grande desafio. Dessa forma, os 
nossos objetivos nesta disciplina são:
Objetivo Geral:
•	 Possibilitar a análise teórico-reflexiva sobre a utilização das tecnologias da informação e co-
municação na educação.
Objetivos Específicos:
•	 Possibilitar aos acadêmicos: 
•	 condições de construírem conhecimentos sobre o porquê e como integrar as tecnologias à 
prática educativa;
•	 integrar as tecnologias à prática pedagógica de modo criativo e inteligente para desenvol-
ver a autonomia e a competência dos estudantes e educadores, como usuários e criadores 
dessas tecnologias e não como meros receptores;
•	 condições para que se tornem usuários críticos e criativos das tecnologias e não meros con-
sumidores das mesmas; e
•	 expressar-se por meio das novas linguagens, produzindo mensagens audiovisuais utilizan-
do as tecnologias.
Para tanto, neste Caderno Didático você encontrará o conteúdo das seis Unidades propostas 
para essa disciplina nos cursos de formação de professores: 
Unidade 1: Educação, comunicação e tecnologia
Unidade 2: Mídia e educação
Unidade 3: A linguagem da mídia
Unidade 4: TIC: novas linguagens
Unidade 5: O computador como recurso didático
Desejamos sucesso nos estudos.
Os autores.
GLoSSáRio
Tecnologia: O conceito 
está relacionado com a 
produção de aparatos 
materiais ou intelec-
tuais suscetíveis de 
oferecerem soluções 
a problemas práticos 
de nossa vida cotidia-
na. É um construto 
humano e ao humano 
deve servir, median-
do interações com o 
meio ambiente, com o 
conhecimento e entre 
os seres humanos (FIO-
RENTINI, 2000).
11
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
UNidAdE 1
Educação, comunicação e 
tecnologia
1.1 Introdução
Caro(a) acadêmico(a), apresentamos a você a Unidade I da disciplina Tecnologia Aplicada à 
Educação. 
É nossa intenção levá-lo a refletir essa nova sociedade na qual estamos inseridos na con-
temporaneidade, compreender sobre os principais momentos históricos que contribuíram para 
o momento atual em que o homem se vê tomado pela ciência e dono do seu destino, diferente-
mente de outras épocas em que Deus era o centro de tudo, e ainda, discutir o novo papel que a 
tecnologia trouxe ao mundo com o fim das fronteiras e o avanço do processo de globalização.
Por isso, os nossos objetivos são:
•	 refletir sobre a “sociedade da informação”: limites, possibilidades e contradições; e
•	 discutir a relação entre educação, comunicação e tecnologia.
Nessa medida, o estudo proposto nesta Unidade encontraorganizado conforme apresenta-
do a seguir:
Unidade 1: Educação, comunicação e tecnologia
1.1 Introdução
1.2 Sociedade da Informação ou Comunicação?
1.3 Movimento Surrealista
1.4 O Pós 2ª Guerra Mundial
1.5 Globalização
1.6 Referências
Na discussão sobre o processo ensino-aprendizagem, esperamos contribuir com sua forma-
ção e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendido em sua prática pedagógica.
Bom estudo!
Os autores.
1.2 Sociedade da informação ou 
comunicação?
Vamos iniciar os nossos estudos conver-
sando um pouco sobre a sociedade em que 
estamos vivendo que, por fazer uso da tecno-
logia, comumente é chamada de sociedade 
tecnológica, da informação.
Vamos iniciar fazendo um levantamento:
•	 Quantas pessoas têm celular na sala de 
aula? E na família desses alunos, quantos 
têm celulares?•	 E-mail? Quem se comunica por e-mail? 
•	 E o banco? Quem costuma ficar na fila do 
banco hoje em dia?
Não é possível concluir, pelas possíveis 
respostas dadas por vocês, a nossa socieda-
de, cada vez mais, faz uso das tecnologias e se 
torna dependente dela. Lança-se um modelo 
de celular hoje e amanhã já se lança outro. O 
que a gente percebe? O avanço da tecnologia 
nos faz ficar dependentes da mesma. Assim, 
precisamos e devemos pensar no uso das tec-
nologias em nosso cotidiano e nos seus bene-
fícios, mas também devemos refletir sobre os 
seus malefícios. Por isso, iniciaremos nossos 
estudos fazendo essa reflexão crítica sobre as 
12
UAB/Unimontes - 2º Período
implicações das tecnologias na vida dos cida-
dãos, tentando entender o que se passa, ao in-
vés de fazer apenas um discurso a favor do uso 
da tecnologia. 
Como podemos observar, o mundo con-
temporâneo sofre transformações estruturais 
significativas. Tentem lembrar como era em 
sua infância a comunicação com um paren-
te ou um amigo que morava em uma cidade 
mais distante. Ela tinha que ser feita por car-
ta, o que demorava vários dias, ou por telefo-
ne. Nem toda casa tinha telefone e, por isto, 
era caro, além de difícil. Assim, as pessoas 
ficavam vários dias, semanas, meses ou anos 
sem se comunicar.
Então vale pensar nas transformações 
que estão ocorrendo no mundo. Esse proces-
so histórico de desenvolvimento da ciência e 
da tecnologia tem universalizado o homem 
moderno, criando condições objetivas para 
que a gente possa ser ao mesmo tempo uni-
versal e tribal. Como isso acontece? Tudo o 
que acontece na outra parte do mundo, vi-
venciamos como se fosse conosco. Vejam, 
por exemplo, o terremoto do Haiti, ocorrido 
em janeiro de 2010. Somos ao mesmo tem-
po universais, pois sabemos e vivemos o que 
se passa no mundo inteiro, e tribais, pois sa-
bemos e vivemos o que se passa em nossa 
sociedade local, em nossa tribo. Vivemos no 
mundo da comunicação generalizada, a so-
ciedade do mass media, com a multiplicação 
de valores locais. 
E o que é a comunicação de massa? A te-
levisão e o rádio são meios de comunicação 
de massa, ou seja, a informação é produzida 
em um ponto e é distribuída para muitos ao 
mesmo tempo. Pessoas que geograficamente 
estão distantes dos grandes centros podem 
estar conectadas e terem acesso, ao mesmo 
tempo, ao que se passa no mundo, através de 
um noticiário de televisão.
Essa sociedade utiliza os meios de co-
municação e estes, por sua vez, multiplicam 
os valores da sociedade que produziu essa 
informação. Os meios de comunicação levam 
para as regiões atingidas valores que não são 
locais. 
Segundo Paul Virilio e Rene Berger 
(1992), o desenvolvimento dos meios de 
transporte, desde o final do século XIX, pro-
moveu modificações no modo de viver de 
toda humanidade. O homem caminhava a pé, 
depois a cavalo. Tempos depois, veio a inven-
ção da roda. Esse movimento sugere a mo-
dificação. Hoje, deslocamos com muito mais 
facilidade. Estamos em nossa cidade e decidi-
mos ir a Belo Horizonte, por exemplo. Pode-
mos ir de carro, ônibus ou avião. Então, esse 
ir e vir modifica a nossa forma de ser, de ver 
o mundo. Aí surge uma nova geografia, o que 
chamamos de desterritorialização, que é o 
novo espaço-tempo. Estamos perdendo a di-
mensão do que é real e do que não é o nos-
so espaço-tempo. O mundo contemporâneo 
passa a ser um conjunto de imagens produzi-
das pelos meios eletrônicos de comunicação, 
fazendo com que estes meios tenham con-
sequentemente, importância singular nesse 
momento histórico. O filme The Matrix retrata 
bem isso: um conjunto de imagens que vão 
sendo produzidas onde a pessoa não sabe di-
ferenciar o que é real do que não é. 
O que significa este mundo de comuni-
cação generalizada como a presença marcan-
te dos meios de comunicação eletrônicos? 
Segundo Vattimo (1996), significa emancipa-
ção, que tem a ver com a possibilidade de de-
senraizamento, a possibilidade de libertação 
das diferenças e da multiplicidade das racio-
nalidades locais. Esse é o objetivo dos meios 
de comunicação de massa: emancipar. 
Será que o uso das tecnologias tem ser-
vido para essa emancipação? Emancipar em 
qual sentido? No sentido de nos fazer pes-
soas autônomas, críticas, reflexivas, capazes 
de contribuir para a produção do bem co-
mum? O que de fato essas tecnologias têm 
possibilitado? 
É aí que precisamos começar a pensar: o 
que está por trás dessa sociedade da comuni-
cação? O que está por trás do uso exacerbado 
das tecnologias? Desse emaranhado de infor-
mações? 
Vamos começar pela televisão. Os gru-
pos de comunicação possuem várias emis-
soras de TV, como a TV Globo, o Futura e o 
GNT, que é da Rede Globo, pertencente à fa-
mília Marinho. O mesmo grupo detém vários 
meios, como a Globo Filmes, Globo Marcas, 
Globo Internacional, Globo Teatro, Jornal O 
Globo, G1, etc. 
E se a gente fizer um recorte e analisar o 
Brasil, por exemplo? Quem domina a comu-
nicação no nosso país hoje? A Rede Globo 
controla mais da metade do mercado televisi-
vo brasileiro. O Grupo Bandeirantes, o Grupo 
Folha, o Grupo Sílvio Santos e a Rede Record 
são os grupos que detêm o poder da comu-
nicação no Brasil através da televisão, rádio, 
jornal e Internet. 
Esses grupos, além de terem o controle 
do que é divulgado, podem defender uma 
ideologia que acaba homogeneizando os 
pensamentos de um povo. 
Vamos pegar o exemplo do Movimento 
dos Sem Terra. Vocês já observaram como os 
meios de comunicação noticiam as atividades 
deles? São retratados como os baderneiros 
que estão tomando a terra de seus proprietá-
diCA
Assista ao desenho 
animado Os Jetsons, 
produzido pela Hanna-
-Barbera (EUA) na déca-
da de 1960, que retrata 
uma família do século 
XXI, com todos os apa-
ratos julgados moder-
nos para a época. 
GLoSSáRio
Mass media: comuni-
cação de massa (Barbo-
sa e Rabaça, 2001).
diCA
Assista ao filme The 
Matrix, distribuído pela 
Warner Bros., em 1999.
GLoSSáRio
desterritorialização: 
partindo da ideia de 
que território é um 
espaço de estabilidade 
e organização, a des-
territorialização é uma 
ação de desordem, de 
fragmentação para 
buscar encontrar novos 
saberes, menos insti-
tuídos, adotando uma 
percepção diferenciada 
que está pronta para 
descobrir novas ideias 
além das previstas.
PARA SABER MAiS
Se o poder da comu-
nicação no Brasil está 
concentrado em pou-
cos grupos, qual seria 
a implicação disso? 
Qual seria o risco dessa 
dominação?
13
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
rios. São mostrados como aqueles que estão 
invadindo e destruindo bens. Dificilmente, en-
contramos reportagens que mostram o outro 
lado do movimento, como a educação das no-
vas gerações, enfim as experiências positivas.
Qual é o perigo de tudo isso? Quem de-
tém a comunicação, defende os interesses de 
uma determinada classe. E que classe é essa? 
A classe dominante, que detém o poder. Noti-
ciam de forma pejorativa aquilo que vai con-
tra essa classe e, pior, acabamos formando 
nossa opinião sobre determinados assuntos a 
partir dessas notícias.
O que está por trás da comunicação de 
massa? Há o interesse das indústrias de equi-
pamentos, da eletrônica, informática, telefô-
nica, cabo, satélites, alimentos, farmacêutica, 
entretenimento e comunicação. Esse conjun-
to de indústrias faz com que a tecnologia vá 
se aperfeiçoando cada vez mais, aumentan-
do a possibilidade de comunicação. Além de 
comunicar, há também a possibilidade de 
influenciar e de manipular. Há uma intenção 
velada por trás. As imagens são lançadas e 
recebidas cotidianamente em praticamente 
todos os lugares do mundo com intermédio 
dos novos avanços e recursos tecnológicos.
Computadores, televisores, vídeos, tele-
fones, satélites,cabos e novos equipamentos 
são aperfeiçoados e desenvolvidos, estimu-
lando-se o uso mais integrado e global des-
ses recursos. Surge, então, a multimídia, um 
novo conceito que engloba universo visual. O 
que é multimídia? É a tecnologia capaz de jun-
tar som, imagem e movimento. O rádio é um 
meio que só utiliza o som. A televisão uniu o 
som à imagem e, hoje, a computador, junta-
mente com a Internet, une o som, a imagem e 
a possibilidade de podermos interferir.
O que aconteceu no mundo no dia 11 de 
setembro de 2001? O atentado às Torres Gê-
meas. A notícia do atentado chegou em pou-
cos minutos a todo o mundo. Os meios de 
comunicação fizeram com que esse fato fosse 
divulgado de forma instantânea, em tempo 
real.
Esse exemplo é para lhes mostrar que 
o aperfeiçoamento e desenvolvimento des-
sas tecnologias estão estimulando, cada vez 
mais, o uso integrado das mesmas e isso faz 
com que o mundo possa estar conectado 
globalmente, ao vivo. Então, o que aconte-
cer do outro lado do mundo, todas as redes 
de comunicação noticiarão em questão de 
minutos e isso se torna de conhecimento de 
toda a população mundial. Se por um lado 
isso traz a notícia, forma-se também opiniões 
massificadas a respeito. No caso do atenta-
do às Torres Gêmeas, o mundo todo virou-se 
contra os muçulmanos.
Observe, hoje, a correria pela informa-
ção. Os profissionais da área querem trans-
mitir o mais rapidamente possível o ocorri-
do. Todas as redes querem chegar aos locais 
mais distantes possíveis para levar a informa-
ção em primeira mão. Será que é para poder 
manter, de fato, o cidadão bem informado? 
Vivemos em uma sociedade planetária, 
com a circulação da informação se constituin-
do em um dos pilares básicos, referenciados 
por imagens que são produzidas ininterrup-
tamente e que circulam por todo o mundo 
quase que incessantemente. 
A sociedade do mass media, que é a so-
ciedade da comunicação, está introduzindo 
modificações profundas no conjunto de valo-
res da humanidade, estabelecendo uma nova 
ordem com consequências ainda não plena-
mente identificadas. Nós ainda não temos 
consciência das implicações que isso pode 
nos trazer. Temos que pensar nas modifica-
ções que nos chegam. Há relatos de profes-
sores que, ao ministrarem suas aulas em uma 
comunidade do Norte de Minas Gerais, as 
crianças cobriam as cabeças como fazem os 
bandidos do Rio de Janeiro, quando não que-
rem ser identificados. Brincavam desta forma 
por terem acesso a esse tipo de informação.
As ciências, as artes, o lazer e as técnicas 
estão se transformando, colocando em crise 
os valores que constituíam a base da socie-
dade moderna. Vivemos em um momento de 
crise desses valores. O que pode e o que não 
pode, o que é e o que não é.
No final do século XIV, a sociedade, com o 
renascimento cutlural, viveu uma crise na pas-
sagem da Idade Média para a Era Moderna. O 
mundo na Idade Medieval era teocêntrico. Só 
era verdade aquilo que era definido por Deus, 
segundo a Igreja Católica, que determinava os 
valores da convivência humana. Deus definia 
o plano religioso, filosófico e artístico. As pes-
soas que desafiavam esse plano eram punidas 
com a Inquisição. Grande exemplo disso foi 
Giordano Bruno, um frade que resolveu de-
fender a teoria de que o universo era infinito e, 
por isso, havia uma nova visão de homem. Um 
dos pontos chaves de sua teoria é a cosmolo-
gia, segundo a qual o universo seria infinito, 
povoado por diversos sistemas solares e que 
haveria vida inteligente nesses sistemas. Isso 
foi uma heresia contra a Igreja, pois ela de-
fendia que só existia um sistema solar, um só 
Deus e um só mundo. 
Por volta do século XIV, o homem, então, 
passa a ocupar o centro do universo. Surge 
um movimento de busca pelo novo, rompen-
do com o passado e visando à construção de 
um mundo centrado numa cultura mais hu-
manística. Inaugura-se a Era Moderna, que 
diCA
Acesse o canal Tecno-
logias Educacionais no 
Youtube, através do 
endereço eletrônico 
http://www.youtube.
com.br/tecnologiase-
duc, assista ao vídeo 11 
de Setembro e analise 
como um fato se proli-
fera pelo mundo afora 
em um curto espaço de 
tempo.
diCA
Acesse o Canal Tecno-
logias Educacionais no 
Youtube, através do 
endereço eletrônico 
http://www.youtube.
com.br/tecnologiase-
duc e assista ao vídeo 
intitulado “Repórter do 
Fantástico sobrevoa 
vulcão que entrou em 
erupção na Islândia, 
FANTÁSTICO 18 04 
2010”. Veja os riscos 
que o repórter Flávio 
Fachel correu para mos-
trar o perigoso vulcão 
em atividade.
14
UAB/Unimontes - 2º Período
vai adquirindo uma nova feição, dando um 
novo contorno e rompendo com os valores 
da época. 
Nas artes, a imitação dos modelos foi 
substituída pelo culto ao novo, pela busca do 
diferente daquilo que representava o mun-
do artístico de antes. Até a Idade Média, a 
arte era a capacidade de imitar. Quanto mais 
próximo ao real, mais importante seria e na 
Era Moderna rompe-se com esse modelo da 
imitação. A arte passa a criar o novo. Olhar e 
criar as coisas a partir da minha interpretação. 
Na ciência, o mundo sai do teocentris-
mo, da interpretação de Deus e passa a valo-
rizar o uso da razão. A ciência passa a criar o 
chamado método científico, que é a capaci-
dade de comprovar as hipóteses. Temos um 
problema, levantamos as possíveis respos-
tas para esse problema e o testamos. Como 
acontece esse movimento? Através do pro-
cesso de experimentação e experiência. Isso 
rompeu com a interpretação teocêntrica.
Na política, a modernidade vai se carac-
terizar pela presença marcante do Estado e 
uma economia baseada numa organização 
hierarqui-zada, tendo como centro a produ-
ção de bens físicos, pela utilização da ener-
gia e a existência de uma força de trabalho 
desqualificada. Até então, quem comandava 
era a monarquia, o poder era passado de pai 
para filho. O que a gente percebe? Uma mu-
dança nesse modelo a partir da Revolução 
Francesa. 
A economia que estava voltava para as-
pectos de pequenos negócios começa a cres-
cer. Mais à frente vamos perceber as implica-
ções disso. A busca pelo novo e o rompimento 
com o antigo implicou, evidentemente, na 
valorização de um sentido especial para a his-
tória, ou seja, o que marca a passagem da Ida-
de Medieval para a Era Moderna? É que, justa-
mente, tudo passa a se centrar no homem. 
A Revolução Industrial, no século XIX, 
com o desenvolvimento da máquina a va-
por em 1848 e, posteriormente, dos motores 
elétricos de combustão, introduzem novas 
variáveis ao mundo moderno, com repercus-
sões de grande impacto. Possibilitou o deslo-
camento das pessoas de forma mais rápida. 
Essa possibilidade de fazer com que pudés-
semos sair de um lugar e ir a outro teve um 
enorme impacto no cotidiano e na forma 
como vivemos agora. 
O que causou todo esse desenvolvimen-
to científico? A descoberta, pelo homem, de 
que ele pode se deslocar de um lugar para 
outro com maior facilidade e, cada vez que 
ele se desloca, descobre um novo mundo, 
levando-o consigo, trazendo um outro mun-
do. Tudo isso possibilita essa mudança que 
vivemos hoje. Novos elementos passam a ser 
incorporados na história da humanidade, fru-
tos do desenvolvimento e da técnica, da mo-
bilidade que o homem passa a viver. Temos 
assim por exemplo, o telégrafo, o telefone, a 
fotografia e o cinema, que começam, especi-
ficamente, a impulsionar e dar origem a esse 
mundo midiático. 
Quando se fala em desenvolvimento 
tecnológico, centra-se muito no computador 
e na Internet. Mas percebemos que esse pro-
cesso começou no século XIV, na passagem 
da sociedade medieval para a moderna, ace-
lerando, a partir do século XIX, com a Revo-
lução Industrial, o marco do desenvolvimento 
da máquina a vapor em 1848, e a partir do 
surgimento de novas tecnologias. Uma tec-
nologiaque também possibilitou o avanço 
foi o daguerreótipo, máquina que possibili-
tou a primeira reprodução das imagens. Qual 
a ideia que a gente tinha de arte? Apenas de 
algo pintado pelos artistas. 
No final do século XIX e início do sécu-
lo XX vamos viver um momento especial de 
efervescência social, científica e cultural. Em 
1905, Albert Einstein anuncia os primeiros 
resultados da Teoria da Relatividade. O que 
ele defende? Que tudo é relativo, que nada é 
verdade absoluta, o que é hoje amanhã pode 
não ser mais, e isso faz com que a gente co-
mece a pensar de uma forma diferente. Em 
1912, temos a difusão do rádio; em 1913, a in-
trodução do conceito de linha de montagem 
na produção de automóvel. 
Qual é a contribuição desse conceito de 
linha de montagem? Até então, o movimento 
de produção era artesanal. O que seria, en-
tão, um movimento artesanal? Vamos pegar, 
por exemplo, a confecção de uma calça. A 
costureira corta o pano, costura, coloca o zí-
per e faz a barra. Para fazer tudo isto, ela de-
morava, aproximadamente, um dia. 
Com o surgimento da linha de monta-
gem na produção, há um setor que corta, 
outro que costura, outro que coloca o zíper e 
outro que faz a barra, ou seja, a matéria-pri-
ma vai passando de setor em setor. Assim, ao 
invés de produzir uma calça por dia, pode-se 
produzir cem calças. Qual a vantagem? Quan-
tidade maior do produto, gerando mais lucro. 
Qual a consequência desta linha de 
montagem? O trabalhador que corta só vai 
saber cortar. O que costura só vai saber cos-
turar. Assim, o trabalhador perde a dimensão 
do produto, do valor do seu trabalho. Ocorre 
a alienação do trabalhador. 
PARA SABER MAiS
O Youtube, site de 
compartilhamento 
de vídeos, completa 
5 anos de existência e 
está presente em mais 
de 200 países. A cada 
minuto, 24 horas de ví-
deos são postadas e há 
cerca de 2 bilhões de 
visualizações por dia.
GLoSSáRio
Teocêntrico: Deus no 
centro de tudo.
Heresia: Doutrina que 
se opõe aos dogmas da 
Igreja. Ato ou palavra 
ofensiva à religião.
diCA
Reveja a discussão so-
bre ciência no Caderno 
Didático de Iniciação 
Científica, trabalhado 
no 1º período do seu 
curso.
PARA SABER MAiS
O daguerreótipo foi 
criado por acaso. 
Louis Jacques Mandé 
Daguerre, seu inventor, 
apanhou uma chapa 
revestida com prata 
e sensibilizada com 
iodeto de prata que, 
apesar de exposta, não 
apresentara sequer ves-
tígios de uma imagem. 
Ele a guardou, displi-
centemente, em um 
armário. Ao abri-lo, no 
dia seguinte, encontrou 
sobre ela uma imagem 
revelada, a primeira 
fotografia. 
15
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
1.3 Movimento surrealista
Em 1913, Freud anuncia a descoberta do 
inconsciente e do mecanismo do sonho, que 
tem implicações na nossa vida. A partir de 1920, 
surge o desenvolvimento do movimento surre-
alista, que é a valorização da interpretação que 
cada um dá às coisas. Ao visitar, por exemplo, 
uma exposição de arte moderna e observar um 
quadro com uma árvore de cabeça para baixo e 
um bicho de várias pernas, é muito comum aos 
seres humanos estranhar essa obra. Pensamos: 
mas isso não existe. Pode não existir na reali-
dade, mas pode existir em nossa imaginação. 
O artista passa a valorizar o seu inconsciente e 
seus sonhos. O movimento surrealista valoriza a 
interpretação de cada um. 
Em 1922, acontece algo no Brasil que re-
voluciona as artes. O que seria? A Semana de 
Arte Moderna, que é, justamente, a valoriza-
ção do que é surreal. O que pode ser real para 
mim, pode não ser para você. É a interpreta-
ção que cada um dá ao mundo que vivemos. 
Nesse movimento de efervescência das artes, 
onde tudo é relativo e nada é verdade absolu-
ta, as pessoas começam a duvidar de tudo. 
No século XX acontecem ainda duas 
grandes guerras, que modificam o panorama 
mundial. Qual a grande tecnologia desenvol-
vida na 1ª Guerra? O telégrafo. Dessa capaci-
dade de comunicar através do código Morse, 
na 2ª Guerra, em 1940, nasce a Internet. A essa 
altura, o código Morse; já conseguia ser inter-
pretado pelos inimigos, obrigando os militares 
ao desenvolvimento de algo mais seguro. 
As indústrias eletrônicas e de equipamen-
tos começam, assim, a investir cada vez mais 
no desenvolvimento de pesquisas para apri-
morar tecnologias que possam melhorar o 
sistema comunicativo planetário. A televisão 
ganha força na 2ª Guerra Mundial. A energia 
nuclear, criada a partir dos estudos de Einstein, 
é também utilizada para acionar motores e 
criar armas de guerra.
A Internet surgiu a partir da Advanced Re-
search and Projects Agency - ARPA, uma agên-
cia norte-americana que pretendia conectar 
os computadores dos seus departamentos 
de pesquisa. Nasceu a partir da Arpanet, uma 
rede que interligava quatro instituições: Uni-
versidade da Califórnia e Santa Bárbara; Insti-
tuto de Pesquisa de Stanford e Universidade 
de Utah, tendo início em 1969. O objetivo foi 
compartilhar segredos militares da época.
1.4 O pós 2ª guerra mundial 
Após a 2ª Guerra o mundo entra em crise 
e as indústrias de informática e de comunica-
ção passam a desempenhar um papel signifi-
cativo, ganhando cada vez mais força. 
A partir do momento em que a televisão 
começa a transmitir notícias, a indústria come-
ça a investir no desenvolvimento de mais tec-
nologias. Valores modernos começam, então, 
a ser colocados em cheque. Ocorre a crise do 
mito, a matriz da racionalidade. A partir daí, o 
homem começa a criar máquinas para superar 
a razão, a ciência e o progresso. 
A máquina surge na Revolução Industrial 
para substituir o trabalho braçal. A partir do 
surgimento desses motores, o homem começa 
a desenvolver tecnologias para substituir o seu 
trabalho intelectual. Vejam, como exemplo: 
quem hoje grava número de celular? Não é 
preciso gravá-los, pois todo aparelho tem uma 
agenda telefônica. Tudo isto coloca a socieda-
de e a modernidade em seu limite histórico. 
Até onde poderemos ir? Depositamos nos-
sa confiança no que está na tecnologia e nos 
meios de comunicação. Só passa a ser verdade 
quando a informação está na máquina, no ex-
trato do caixa eletrônico, no aparelho celular, 
nos meios de comunicação. Isto é o que o fi-
lósofo Herbert Marcuse (2005) chama de racio-
nalidade tecnológica: colocamos toda razão, 
toda verdade na tecnologia. 
Rene Berger (1992) vai definir duas revo-
luções em andamento na atual sociedade a 
partir desses valores introduzidos pelos meios 
de comunicação e transporte. Quais são essas 
duas revoluções? A primeira, chamada de telê-
mica, está relacionada aos meios de transpor-
te, com deslocamento cada vez mais veloz e 
com os veículos cada vez mais sofisticados. Se 
o nosso deslocamento de um lugar para o ou-
tro fica mais rápido é porque cada vez mais se 
utilizam veículos mais sofisticados. A segunda 
revolução é a telemática, que vai combinar a 
informática com a telefonia. 
A revolução telêmica está para o corpo, 
quer dizer, para o deslocamento, como a tele-
mática está para a mensagem. Este fenômeno 
é chamado por Berger de teletropismo: quan-
to mais aumenta a velocidade da transmissão 
diCA
Assista ao filme Tempos 
Modernos (1936), do 
ator e diretor Charles 
Chaplin, e veja a crítica 
a essa linha de produ-
ção industrial.
PARA SABER MAiS
A Internet surgiu a par-
tir da Advanced Resear-
ch and Projects Agency 
- ARPA, uma agência 
norte-americana que 
pretendia conectar os 
computadores dos seus 
departamentos de pes-
quisa. Nasceu a partir 
da Arpanet, uma rede 
que interligava quatro 
instituições: Universida-
de da Califórnia e Santa 
Bárbara; Instituto de 
Pesquisa de Stanford e 
Universidade de Utah, 
tendo início em 1969. O 
objetivo foi comparti-
lhar segredos militares 
da época
PARA SABER MAiS
A primeira transmis-são comercial de TV 
ocorreu em 1928, nos 
Estados Unidos, onde a 
emissora WGY transmi-
tiu uma peça de teatro 
para poucos nova-
-iorquinos. Em 1941, a 
Federal Communica-
tions Commission – FCC 
autoriza o início das 
transmissões de TV 
pagas por patrocinado-
res nos EUA, marcando 
o início da história da 
TV aberta como veículo 
de massa. No Brasil, as 
primeiras transmissões 
ocorreram em 1950, 
pela TV Tupi, ganhando 
notoriedade em 1954, 
com a transmissão do 
velório e transporte do 
corpo do então presi-
dente Getúlio Vargas.
16
UAB/Unimontes - 2º Período
diCA
Assista ao filme A 
Terceira Onda (1981), 
baseado no livro de 
Alvin Tofler, que fala 
sobre o fim da era 
agrícola, o sepultamen-
to do industrialismo e 
o surgimento de uma 
nova civilização.
da mensagem, mais tende a aumentar a ve-
locidade dos vetores telêmicos, mais a área 
de nosso deslocamento tende a se expandir 
e mais se expande a área de transmissão das 
mensagens. Quanto mais aumenta a trans-
missão de mensagens, mais se desenvolvem 
os vetores telêmicos, ou seja, os meios que 
nos conduzem a esse deslocamento e quanto 
mais aumenta nosso deslocamento, mais se 
expande a transmissão das mensagens. Assim, 
a explosão dos meios de comunicação trans-
forma-se num conceito superado a partir das 
multiplicidades e possibilidades de contar his-
tórias, colocando em crise os metarrelatos, a 
ideia de progresso e de evolução. Esse conjun-
to de transformações coloca a modernidade 
no seu limite histórico e aponta uma mudança 
no modo de produção dos paradigmas. O ho-
mem deixa de ser o centro e a informação, a 
produção de imagens passa a ser um dos ve-
tores mais significativos. 
O homem é o sujeito que produz infor-
mação, mediado pelas tecnologias. Assim te-
mos que pensar: o que seria verdade nas infor-
mações que recebemos? 
Precisamos refletir sobre dois aspectos 
acerca da famosa Era da Informação: a impor-
tância e as implicações dos meios de comu-
nicação e as implicações dessa cultura globa-
lizada em nossas vidas. Percebemos, então, 
que os consumidores dos meios de comuni-
cação estão se sentindo cidadãos do mundo, 
muito mais do que do seu próprio país. Mas, 
ao mesmo tempo, estão se sentindo solitários 
e a vida começa a ficar ameaçada com a nos-
sa identidade pessoal. O individualismo se so-
brepõe, abalando o nosso histórico conceito 
de comunidade.
1.5 Globalização
O regime capitalista vive hoje a economia 
de mercado. Vivemos na chamada globaliza-
ção, que surgiu nos séculos XV e XVI, com as 
grandes navegações, quando o homem des-
cobriu que poderia se deslocar de um conti-
nente para o outro, abrindo um novo mundo 
de possibilidades e outras maneiras de viver. 
O processo de globalização se instaura quan-
do o homem volta para o seu continente de 
origem, trazendo novas visões. Dessa forma, o 
processo de globalização não é algo tão novo 
assim. Ele representa um processo de larga 
duração, com ciclos de retração, de ruptura, 
de orientação, em que antigos costumes mes-
clam-se com os novos. Na verdade, estamos 
desde o século XIV nesse processo de interli-
gar as culturas num enriquecimento do siste-
ma capitalista. 
Quais as características econômicas da 
globalização? As relações econômicas do 
mundo globalizado são moldadas pelas exi-
gências das empresas, corporações ou con-
glomerados multinacionais ou planetários. 
Existem grandes indústrias que comandam 
e controlam o mundo e a maioria delas estão 
nos Estados Unidos. Elas definem a maneira 
de ser e de estar do cidadão, só que não per-
cebemos isso. Quem nos conduz, quem define 
o que vamos vestir e consumir são as empre-
sas multinacionais. As relações econômicas 
são definidas a partir desses conglomerados, 
dessas corporações. Em relação à política, o 
ideal neoliberal é reafirmado como a única 
opção possível. Ninguém mais ouve falar do 
socialismo. Ouve-se falar apenas no ideal ne-
oliberal, que defende que o mercado é quem 
define a economia mundial e não mais o Esta-
do ou o povo. Qual o papel do Estado, então? 
Regulamentar decisões do mercado. Algumas 
nações como China e Cuba resistem a esse ide-
al. E os modos de comunicação? A telemática, 
tecnologia de satélite, capacidade de armaze-
namento dos bancos de dados ampliam a ca-
pacidade de produção, acumulação e veicula-
ção de dados e informação. 
Essa globalização da economia atinge de 
forma direta o mundo da cultura. Os bens sim-
bólicos difundidos através dos filmes, progra-
mas de TV, rádio, livros, revistas e jornais ali-
mentam o imaginário da maior parte dos seres 
humanos de todas as raças, religiões e poder 
aquisitivo. 
Observem as novelas. As residências do 
núcleo pobre delas possuem em suas casas 
televisão, geladeira, micro-ondas e telefone 
celular. As pessoas de classe menos favorecida 
assistem às novelas e acreditam que em suas 
casas também precisam ter esses produtos 
para viver. Resultado: um consumo desenfre-
ado, imposto por um modelo que afeta nosso 
modo de viver. 
A revolução tecnológica tem importante 
papel nesse processo de mudança econômi-
co-ideológico-cultural do mundo contem-
porâneo. É ele quem designa este momento 
histórico de Era da Informação. A revolução 
não é só o conjunto dos instrumentos técni-
cos disponíveis ou a capacidade de produzir, 
armazenar e distribuir dados, mas é o próprio 
uso político desse processo. Enquanto a revo-
PARA SABER MAiS
O momento em que 
vivemos agora não tem 
Deus como centro, nem 
o homem. A informa-
ção é o centro. Sendo 
assim, quem produz a 
informação? Quem dis-
tribui essa informação? 
Quem é que comunica?
diCA
Acesse o site:
http://veja.abril.com.
br/idade/exclusivo/
conheca_pais/china 
e conheça a China, a 
2ª maior economia do 
mundo, ficando atrás 
apenas dos Estados 
Unidos. Discuta no 
Fórum as impressões 
sobre este país.
17
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
lução tecnológica garante a produção, arma-
zenamento e difusão de informações, as rela-
ções econômicas e o ideário neoliberal fixam 
os códigos que possibilitam o acesso à leitura 
e ao aproveitamento dos bens materiais e sim-
bólicos. É a fome com a vontade de comer. 
Enquanto a Era da Informação incute em nós 
valores através dos meios de comunicação, 
dizemos o que é certo ou o que é errado pelo 
que é difundido pelos meios de comunicação. 
Quais são os múltiplos efeitos da Era da 
Informação? Como a revolução tecnológica 
faz para garantir sua legitimidade social nos 
mecanismos da Era da Informação? É o que 
o Ignácio Ramonet, citado por Soares (1996), 
defende: a imposição da sociedade, o que 
a gente chama de ditadura do pensamento 
único. O que seria essa ditadura? É uma soma 
grande de valores e conceitos que são repro-
duzidos de uma forma exaustiva. Uma forma 
que nos leva a internalizar esses valores e pas-
samos, assim, a achar que o que diz essa dita-
dura é verdade, que é o padrão, que tem que 
ser copiado por todos nós ou que tem que ser 
eliminado. Quem é que difunde isso? Quem 
determina como devemos ser, o que deve-
mos pensar ou como devemos agir? São os 
meios de comunicação, a mídia, o conjunto de 
meios, o rádio, a televisão, a Internet e o jornal 
impresso. Um produto é divulgado por vários 
desses veículos, tendo vários tipos de propa-
gandas, com a mesma mensagem em ambas. 
Às vezes, achamos linda a mensagem porque 
tem um ator famoso que faz a propaganda, fa-
zendo-nos acreditar que é a melhor opção do 
mundo. Acabamos não percebendo o que há 
por trás disso tudo.
Outro conceito fundador da nova Era 
pode ser expresso: “é preciso comunicar”. Essa 
substituição da ideologia do progresso pela 
ideologia da Informação levou os dirigentes 
políticos a substituir os objetivos sociais de pri-
meira instância (ideias republicanasde “igual-
dade” e “fraternidade”) por plataformas virtu-
ais sustentadas pela propaganda globalizada 
ou pelo marketing político. Então, percebe-se 
que hoje os governos colocam à disposição 
do cidadão o site eletrônico do governo, onde 
podemos reclamar e acompanhar os proces-
sos e solicitações. Ao invés de lutar por esses 
ideais de fraternidade e de igualdade, o que 
os governos estão fazendo? Desenvolvendo 
canais que ”facilitam” a comunicação do cida-
dão. Mas será que, de fato, esses canais melho-
ram a vida do cidadão? Temos que pensar nos 
atributos universais da Era da Informação. Ela 
é planetária. Hoje eu comunico com qualquer 
pessoa em qualquer parte do mundo. Existe 
um investimento no desenvolvimento dessas 
redes que conectam as pessoas, os estados e 
as empresas. Ela é permanente porque as re-
des de informação estão disponíveis vinte e 
quatro horas por dia. É imediata porque a atu-
alidade das notícias garante aos consumidores 
a sensação e o sentimento ímpar de serem 
contemporâneos de seu mundo, e é imaterial 
porque o objeto de comunicação é virtual, 
substituindo muitas vezes a realidade. Quando 
falamos de comunicação, temos que pensar 
nesses quatro atributos. 
Quais condições são criadas para que 
essa rede, cada vez mais, possa se consolidar? 
A implantação de infraestrutura de natureza 
técnica, a formação de alianças entre Estado e 
empresariado e a busca de legitimação social 
dos meios de comunicação. Se assistirmos à 
programação diária, percebemos que, cada 
vez mais, cada meio de comunicação quer 
criar um canal para que a população possa 
se comunicar e transferir para esse meio a so-
lução dos problemas e a concessão por parte 
dos consumidores da legitimidade persegui-
da. Hoje não nos dirigimos mais ao poder pú-
blico para resolver nossos problemas. Procura-
mos os meios de comunicação para denunciar 
nossos problemas com o Estado. Quem nunca 
foi a algum hospital e, na espera da enorme 
fila para atendimento, não ouviu alguém dizer 
que chamaria a televisão para esse hospital? O 
principal efeito da incidência das novas mo-
dalidades de comunicação reside na própria 
concepção de espaço (onde estou?) e na bus-
ca de referências (quem sou?). Estamos todos 
buscando, neste momento, nossa identidade. 
Queremos nos encontrar neste mundo vir-
tual. Estamos passando por um processo de 
desterritorialização. O que seria isso? Significa 
dissolver ou deslocar o espaço e o tempo. Os 
indivíduos não sabem mais onde estão, para 
onde se encaminham, quais as ideias que ti-
nham, têm ou poderiam ter, nem o que são. 
Rompem-se os significados de conceitos, ca-
tegorias, leis e interpretações codificadas nas 
noções de sociedade civil, estado nacional, 
povo, cidadão, cidadania, classe social, gru-
po étnico, movimento social, partido político, 
corrente de opinião pública, diversidade, desi-
gualdades e antagonismos.
Esse processo não é uníssono e nem uní-
voco. Na verdade, o que a gente percebe? É 
que as tribos e as sociedades não se dissol-
vem, mas vão se recriando. Por exemplo: no 
movimento dos nazistas, resolve-se criar uma 
sociedade “pura” e, assim, exterminar os ju-
deus. Mas, será que os ideais de Hitler não 
continuam presentes na nossa sociedade 
quando rejeitamos o negro, o mulçumano ou 
quando desconfiamos de outro ser humano 
ou quando criamos os nossos grupos e defen-
demos nossos interesses? Exemplo disso são 
PARA SABER MAiS
Faça uma análise dos 
produtos adquiridos 
por você no último ano. 
Reflita sobre a real ne-
cessidade de cada um. 
Reflita, por exemplo, 
a necessidade de se 
adquirir um novo mo-
delo de celular. Para ter 
qualidade de vida, será 
que precisamos mesmo 
possuir 10, 20, 30 pares 
de sapato ou buscar 
de forma incessante 
aquele carro do ano?
PARA SABER MAiS
Vários programas de 
televisão ganham 
audiência pautados 
pelas mazelas de nossa 
sociedade. O precursor 
no Brasil foi o programa 
Aqui e Agora, do SBT. 
Se alguém tinha algo a 
reclamar era só chamar 
o Aqui e Agora que 
ganhava voz em rede 
nacional. O programa 
já não está mais no 
ar, mas vários outros 
assumiram o seu lugar: 
Programa do Ratinho, 
Brasil Urgente, Balanço 
Geral, etc.
diCA
Acesse o site www.
yahoo.com.br/tecn-
logiaseduc, clique no 
Programa Datena – 
Parte 1 – Enchente em 
São Paulo e veja um 
exemplo dessas denún-
cias da televisão.
18
UAB/Unimontes - 2º Período
as religiões e seitas, as línguas e os dialetos, os 
nacionalismos e as nacionalidades, as ideolo-
gias e as utopias, que ressurgem como se fos-
sem erupções vulcânicas, mas com diferenças 
e significados.
Na vida diária, a multidão de trabalha-
dores, populações ou coletividades dispersas 
em grupo estão articuladas pelo alto, a partir 
de centros decisórios desterritorializados, re-
cebendo as mesmas mensagens em todos os 
lugares e ao mesmo tempo, de forma mais ou 
menos homogênea. 
O que vivemos neste momento? A “buro-
cratização” do mundo, tendência generaliza-
da à acomodação, que transfere para o poder 
externo e invisível as decisões que determina-
rão a vida das pessoas e grupos humanos. Es-
tamos nos acomodando e transferido para os 
meios de comunicação as decisões que deter-
minam o futuro de nossas vidas. Diante da so-
nolência das maiorias burocraticamente com-
portadas, o sistema de meios de informação 
ganha terreno livre para apresentar-se em mo-
mentos de conflitos ou de angústias coletivas, 
como o verdadeiro representante dos desejos 
da população. Não nos damos conta disso e, 
como consequência, ocorre a uniformização 
do pensamento.
Os modos de vida dos cidadãos estão 
impregnados de racionalidade. Como cons-
truir uma sociedade civil autônoma, quando 
a dimensão pública é cada vez mais controla-
da pelas mídias privadas? Então, qual o papel 
da educação nesse processo? Pelo impacto 
psicossocial da Era da Informação na vida das 
pessoas, é necessária uma profunda reflexão 
por parte dos pais, educadores e dos gestores 
da vida sociopolítica do País. Precisamos fazer 
uma leitura crítica e uso crítico dessas tecnolo-
gias. Podemos nos tornar leitores e consumi-
dores passivos ou usuários críticos. Chamamos 
a atenção para o uso emancipativo das tecno-
logias, para a contribuição na construção de 
um mundo melhor. Como professores, esse 
é o nosso papel neste momento. Temos que 
nos transformar em usuários críticos e refle-
xivos dessas nossas tecnologias, ultizando-as 
numa perspectiva crítica.
Referências
BERGER, Rene. il nuovo golem- Televisione e media, tra simulacri e simulazione. Milão: Raf-
faello Cortine, 1992
FIORENTINI, L. M.; MORAES, R. A. Curso UniRede de Formação em EAd. Módulo 1. In: UniRede. 
Disponível em http://nead.ufpr.br/uni/modulo1/intro_unid_1.html. 
JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas 
comunicacionais com a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.
Moderno dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos: São Paulo. Disponível em http://
michaelis.uol.com.br. Acesso em 24/08/2010.
PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas, SP: Papirus, 1996.
SOARES, Ismar de Oliveira. Sociedade da informação ou da Comunicação? São Paulo: Editora 
Cidade Nova, 1996. 
SOARES, Suely Galli. Educação e comunicação. São Paulo: Cortez, 2006.
VIEIRA, Fábia Magali Santos. Ciberespaço e educação: possibilidades e limites da interação dia-
lógica nos cursos online da Unimontes Virtual. Faculdade de Educação. Universidade de Brasília, 
2003. 128 p.
VATTIMO, Gianni, A sociedade transparente. Lisboa: Relógio D´ Água, 1992.
________________ o fim da modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
GLoSSáRio
Uníssono: que se 
harmoniza com outro. 
Unânime; concorde.
Unívoco: realidades 
distintas, com o mesmo 
sentido. Que tem um 
só significado; quesó 
admite uma interpreta-
ção; inequívoco.
19
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
UNidAdE 2
Mídia e educação
2.1 Introdução
Nesta Unidade, convidamos você, acadêmico(a), a discutir sobre Mídia e Educação. Atual-
mente, as crianças passam mais tempo em frente à televisão ou ao computador do que na escola 
ou com a família. Mesmo na escola, elas estão passando grande parte do tempo diante do com-
putador. Ao sair na rua, podemos observar os outdoors na cidade com propagandas das escolas, 
anunciando os laboratórios de informática, como um grande diferencial qualitativo. As escolas, 
hoje, estão investindo em tecnologia. Elas estão usando e trazendo para a escola a tecnologia 
para atrair as crianças e, com isso, é preciso refletir sobre o papel do educador.
Segundo Moran (2001), todos nós somos educados pela mídia. Sendo assim, o que compre-
endemos como mídia? É o conjunto dos meios de comunicação, portanto, o rádio, a televisão, a 
Internet, o jornal e as revistas são meios de comunicação. A esse conjunto de meios, chamamos 
de mídia. Quando falamos que alguém está na mídia, ela está no jornal, na televisão, no rádio ou 
na revista. Quando Moran diz que somos todos educados pela mídia, ele quer dizer que ficamos 
a maior parte do tempo diante da televisão ou do computador, tendo nossas opiniões formadas 
por esses meios de comunicação. 
O que podemos fazer, então? Qual é o papel da educação nesse processo? Veremos que a 
televisão traz valores como, por exemplo, a questão da conscientização de preservação do pla-
neta. Algumas campanhas transmitem uma mensagem contra as drogas, mas é perceptível que 
algumas coisas, ao invés de educar, fazem o contrário. Portanto, qual é o papel da educação nes-
te processo? Hoje, falamos na questão de mídias e educação. Qual seria o papel da mídia e da 
educação? A mídia é um segmento da educação, é uma linha dentro do processo educacional 
que tem a função de cuidar dessa educação pela mídia e da educação para a mídia. Sendo assim, 
nossos objetivos nesta Unidade são:
•	 identificar as características da comunicação pela mídia;
•	 compreender a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar dos cidadãos; 
•	 possibilitar aos acadêmicos condições para que se tornem usuários críticos e criativos das 
tecnologias, e não meros consumidores das mesmas.
Desta forma, o estudo encontraassim organizado:
Unidade 2: Mídia e educação
2.1 Introdução
2.2 A presença da mídia
2.3 Mídia-educação
2.4 Referências
Assim, esperamos contribuir com sua formação e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendizado em 
sua prática pedagógica.
Bom estudo!
Os autores. 
2.2 A presença da mídia
A revolução tecnológica, que tem altera-
do nossa forma de estar no mundo, surgiu por 
volta de 2.700 anos depois da invenção do al-
fabeto e trata da integração de vários modos 
de comunicação em uma rede interativa que, 
pela primeira vez na história, integra no mes-
mo sistema as modalidades escrita, oral e au-
diovisual da comunicação humana. A integra-
20
UAB/Unimontes - 2º Período
ção entre textos, imagens e sons no mesmo 
tempo e espaço, em condições abertas e de 
baixo custo, muda consideravelmente a comu-
nicação e, consequentemente, a cultura.
Segundo Castells (1999, p. 353), a difu-
são da televisão, após a 2ª Guerra Mundial, 
alterou a estrutura e a organização dos meios 
de comunicação, que foram adaptados para 
atender as audiências televisivas. O sistema 
dominado pela televisão, por enviar uma men-
sagem similar de alguns emissores para uma 
audiência de milhões de receptores ao mesmo 
tempo, constituiu-se em um meio de comuni-
cação de massa.
Vivemos em um ambiente de mídia. A 
maior parte de nossos estímulos simbólicos 
vem dos meios de comunicação. Somos fun-
damentalmente informados pelos meios de 
comunicação, sendo a televisão o principal de-
les e agora, também, a Internet.
Para Castells (1999, p. 362), “a mídia é a 
expressão de nossa cultura e nossa cultura 
funciona principalmente por intermédio dos 
materiais propiciados pela mídia”. Enquanto o 
processo de comunicação se efetiva através da 
interação emissor/receptor para interpretação 
da mensagem, a televisão, como um grande 
meio de comunicação, caracteriza-se por ser 
um sistema de mão única, que não possibilita 
a interação.
Apesar da audiência maciça, a televisão 
tem determinado uma audiência segmentada e 
diferenciada, uma vez que a mesma não é um 
objeto passivo e não é recebida por todos os 
telespectadores da mesma forma e ao mesmo 
tempo. Os estudos de Youichi, citado por Cas-
tells (1999, p. 364), demonstram que existe uma 
evolução de uma sociedade em massa para 
uma sociedade segmentada, resultante das no-
vas tecnologias de comunicação que enfocam 
a informação especializada, diversificada, tor-
nando a audiência cada vez mais segmentada 
por ideologias, valores, gostos e estilos de vida.
Com a chegada do computador e, prin-
cipalmente, com o avanço da Internet, a audi-
ência pôde se libertar e se manifestar. A tecno-
logia digital permitiu, além da compactação e 
transmissão de todos os tipos de mensagens, 
inclusive sons, imagens e dados, formando 
uma rede capaz de comunicar todas as espé-
cies de símbolos para qualquer parte do mun-
do, que tenha acesso a uma linha telefônica, a 
possibilidade de o usuário navegar por mares 
nunca antes navegados, através do hipertexto.
Tais avanços têm alterado também as for-
mas de aprender e de ensinar em todas as so-
ciedades. Diante dessas perspectivas, é impor-
tante compreender, como educadores, como 
os sujeitos se apropriam das novas tecnologias 
educacionais que o avanço tecnológico vem 
colocando a nossa disposição, e como as insti-
tuições escolares, principalmente aquelas que 
se dedicam à educação virtual, vão se apro-
priando destes instrumentos e integrando-os 
às suas práticas.
Do ponto de vista educacional, por mui-
to tempo, a televisão foi julgada e condenada 
pelos malefícios que traria às novas gerações. 
Seu caráter antieducativo foi cantado, em 
“prosa e versos”, por milhões de educadores 
nestas últimas décadas. Acusada de ser a cul-
pada por muitos males que afligem a socieda-
de, desde crimes violentos ao desinteresse pe-
los estudos, foram propostas como punição, a 
censura, o seu desligamento e até tirá-la do ar.
Como disse Moran (2001), “somos todos 
educados pela mídia, embora não somente 
por ela”, sendo assim, deve ser na escola que 
podemos e devemos compreender e incorpo-
rar a linguagem da mídia, desvendando seus 
códigos, suas possibilidades expressivas e pos-
síveis manipulações. A partir do estudo sobre 
a mídia, podemos desenvolver habilidades 
para compreender seus processos comunica-
cionais e persuasivos, resistir a eles quando for 
o caso e utilizá-los como colaborativos.
2.3 Mídia-educação
Como já dissemos anteriormente, a mí-
dia nos educa e influencia nossa maneira de 
ser, de pensar e de comportar. Assim sendo, 
também devemos ser educados para utilizá
-la, e é exatamente nisso que a nossa socie-
dade está falhando: nós somos educados pela 
mídia, mas não educamos para a mídia. Re-
centemente, foi veiculada nos canais de tele-
visão a propaganda das sandálias Havaianas. 
Além de nos convencer a comprar o produto, 
qual a mensagem da propaganda?
Por trás de uma simples roda de samba 
há uma mensagem que impõe, sutilmente, 
a ditadura do pensamento único: nós temos 
que pensar em roda de samba, na farra. Não 
devemos pensar no aquecimento global, não 
podemos discutir política e não podemos 
refletir sobre a atual conjuntura do proces-
so econômico do País. Querem nos induzir a 
pensar em outras coisas. Não se vê, no Brasil, 
nenhuma propaganda na televisão propondo 
uma análise sobre a questão econômica, so-
diCA
Acesse o Canal no You-
tube, www.youtube.
com.br/tecnologiase-duc, clique no vídeo 
Comercial Havaianas 
com Marcos Palmeira 
- Roda de Samba e dis-
cuta com seus colegas 
sobre a alienação suge-
rida no comercial.
21
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
bre as influências das multinacionais no País. 
As propagandas, os programas de entreteni-
mento, os filmes e as novelas desviam a nossa 
atenção para outras questões menos relevan-
tes. Induzem-nos a pensar que discutir ques-
tões importantes é cansativo e desgastante. 
Acabam nos influenciando a fazer coisas de 
importância menor, como ir para uma roda 
de samba, tomar cerveja, refrigerante ou ir à 
praia. Entretanto, é preciso refletir esse tipo 
de questão. Estamos expostos à mídia. Muitas 
vezes, a mídia, com suas propagandas, aca-
bam nos ludibriando e, nesse processo, aca-
bamos ficando alienados e impotentes. 
Os modos de acesso ao conhecimento, 
no futuro, são difíceis de serem imaginados. 
Por exemplo, o desenho dos Jetsons, na dé-
cada de 70, eram futurísticos e inalcançáveis. 
Porém, hoje, as tecnologias futurísticas do de-
senho são atuais, apesar da tecnologia da in-
dústria mundial estar em constante evolução. 
Não podemos imaginar o que acontecerá em 
termos de evolução na próxima década. 
Assim, perguntamos: o que você, como 
professor(a), pode fazer para mudar esse ce-
nário? Centrar nos seus alunos e, tendo em 
vista que eles serão os cidadãos do futuro, 
deve prepará-los para que eles possam com-
preender o que está acontecendo e partici-
pem efetivamente dessa sociedade. 
Para centrar nesses usuários, é necessá-
rio entender a autodidaxia de forma a ade-
quar métodos e estratégias de ensino. Cada 
pessoa tem uma maneira de aprender. Cada 
um interpreta o mundo de acordo com suas 
experiências. É preciso que se tenha a per-
cepção de como os alunos aprendem e nesse 
processo deve-se adequar as estratégias e os 
métodos de ensino. Não podemos nos es-
quecer de que as novas gerações são nativas 
digitais, enquanto a maioria dos professores 
são imigrantes digitais, ou seja, estão apren-
dendo a usar a tecnologia para se comunicar. 
As crianças, atualmente, já nascem sabendo 
utilizá-la. Observem o desenvolvimento de 
uma criança: quando um bebê sai da sala de 
parto e vai para o apartamento ou enfermaria, 
ainda na maternidade, a primeira coisa que 
a enfermeira faz é ligar a televisão. Então, a 
criança, já começa a receber os estímulos au-
diovisuais. Quando ela vai para casa, a mãe a 
coloca no berço, liga o rádio e vai cuidar dos 
seus afazeres. Portanto, ela continua receben-
do estímulo auditivo. Quando ela começa a se 
sentar, a mãe a coloca no carrinho e liga a TV 
em programas infantis, em seguida. A mãe, ao 
ligar a televisão, utiliza o controle remoto. Se a 
criança começar a chorar, a mãe entrega a ela 
o controle remoto. Em seguida, a criança des-
cobre que pode mudar de canal, aumentar e 
diminuir o volume utilizando o controle. Com 
um ano de idade, ela ganha uma carrinho de 
controle remoto. Com dois anos, ela ganha 
um videogame. Assim, elas se tornam nativas 
digitais, pois já nascem utilizando a tecnolo-
gia.
Observem as crianças das mais diferentes 
classes sociais. De que elas brincam? As crian-
ças de classes economicamente favorecidas 
possuem computadores de última geração 
em casa, conectados à Internet. As crianças 
de classe economicamente desfavorecidas 
frequentam diariamente Lan Houses e Tele-
centros e utilizam com grande habilidade os 
recursos mais avançados e sofisticados da in-
formática.
É preciso entender como as crianças se 
apropriam da informação. Como as mesmas 
são processadas e de que maneira transfor-
mam essa informação em conhecimento. Não 
se pode perder de vista as finalidades da edu-
cação, que é formar cidadãos para exercer sua 
cidadania. Assim, é preciso distinguir indiví-
duo de cidadão. 
Portanto, o que é educar? Para Paulo 
Freire, educar é um processo de hominização, 
que leva o indivíduo à condição de sujeito. O 
que é ser sujeito? É aquele que tem consciên-
cia social. Então, cidadão é um sujeito porque 
tem consciência social. Essa consciência nos 
permite compreender onde estamos, quem 
somos, para onde vamos, de onde viemos 
e, principalmente, compreender o proces-
so no qual estamos inseridos. Assim, a nossa 
consciência deveria nos possibilitar, diante da 
compra de um produto, refletir sobre a real 
necessidade do mesmo ou se é o produtor 
que está me instigando a comprá-lo. 
Assista um canal da TV aberta, domingo, 
à noite, por exemplo. Quem, normalmente, 
está à frente da TV, no domingo à noite? A 
família. Então, observe que as propagandas 
são, em sua maioria, direcionadas à família. Há 
uma disputa, invisível, entre as lojas de ele-
trodomésticos, por exemplo, para convencer 
a família a adquirir seus produtos.
As novelas, por sua vez, determinam 
também um modelo de vida, uma vez que, ao 
se ver determinados objetos ou coisas, que-
remos tê-los por achar que são inovadores e 
estão na moda. 
Diante do exposto, considerando que 
o papel primeiro da educação é formar ci-
dadãos para a vida em sociedade, os alunos 
precisam ter condições de desenvolver estra-
tégias para a apropriação crítica e criativa de 
todos os recursos técnicos à disposição desta 
sociedade. Assim, a função do professor, na 
perspectiva da Mídia e Educação, é fazer com 
que os alunos e as famílias reflitam de forma 
GLoSSáRio
Autodidaxia: É a capa-
cidade que possui um 
indivíduo de aprender 
sozinho, sem apoio 
humano.
Do latim medieval 
individuus (indivisível), 
que é formado de in + 
dividuus. O vocábulo 
dividuus vem de divi-
dere (dividir).
diCA
Acesse o site http://
www.ime.usp.
br/~vwsetzer e leia 
os textos de Vademar 
Setzer. Dentre várias 
discussões, ele ressalta 
que a televisão é uma 
tragédia para a huma-
nidade.
22
UAB/Unimontes - 2º Período
crítica sobre as influências dos meios de co-
municação em nossas vidas. 
A mídia possui algumas contribuições 
que nos ajudam no processo de emancipação 
em que estamos vivendo. A utilização dessas 
mídias ajuda as crianças a organizar e plane-
jar o tempo, as tarefas, os testes; a preencher 
formulários e adquirir competências técnicas 
e teatrais. É perceptível que as crianças que 
têm muito contato, principalmente, com a te-
levisão e, agora, com a Internet, desenvolvem 
algumas habilidades. Patrícia Grenfield (1998), 
em seu livro O Desenvolvimento do Raciocí-
nio na Era Eletrônica, discute as contribuições 
dos meios eletrônicos no desenvolvimento do 
pensamento das crianças. Segundo ela, o vi-
deogame, os programas televisivos, a Internet 
e o computador podem ajudar no desenvolvi-
mento do raciocínio e do pensamento. Então, 
esses meios, podem contribuir para o nosso 
processo de aprendizagem. 
Mas os meios também podem causar 
malefícios. Crianças que ficam diante da te-
levisão sozinhas sem um adulto por perto, 
com visão crítica, acabam criando uma ideo-
logia de mundo a partir das informações dos 
meios de comunicação. Isso é a alienação. As 
mídias também criam manias, dependência e 
isolamentos. Muitas vezes, as crianças se des-
ligam da realidade física e socioafetiva. O pe-
rigo está no fato de essas crianças acabarem 
vivendo mais em um mundo virtual, como sa-
las de bate-papo e MSN. Assim, acabam tendo 
mais amigos virtuais e poucos amigos presen-
cias. Temos que lembrar sempre que somos 
homens e não máquinas. Portanto, necessita-
mos de contatos físicos e sociais. Por isto, edu-
camos em sociedade, sendo o nosso processo 
educacional, antes de tudo, social. 
Hoje, quase todas as crianças e jovens 
brasileiros possuem Orkut, Facebook ou Twit-
ter. Passam grande parte do seu tempo atua-
lizando os seus perfis e álbuns de fotos e in-
teragindo em comunidades virtuais ou com 
seus tweets. Se observarmos com atenção,veremos que elas têm várias pessoas cadas-
tradas, mas será que aquelas pessoas também 
são suas amigas no presencial ou somente no 
virtual? 
O problema no mundo virtual é que po-
demos criar uma identidade. Podemos de-
monstrar uma personalidade que não somos 
no momento presencial. Atrás da máquina 
tem um ser humano, mas o ser humano pode 
criar uma outra personalidade. 
Existem comunidades virtuais 3D, como 
o Second Life, em que as pessoas criam uma 
segunda identidade e vivem no mundo vir-
tual, onde é permitido ser o que quiser e até 
voar.
Observem como essas possibilidades têm 
contribuído para o aumento do número de cri-
mes de pedofilia. As pessoas criam uma iden-
tidade de crianças, da mesma idade, e acabam 
convencendo as outras. Daí, o crime acontece. 
Então, como podemos ver, se as mídias 
trazem contribuições, junto, também, trazem 
problemas, dificuldades e até crimes. Temos 
que estar atentos a isso. Como educadores, 
precisamos pensar em algumas questões:
1 - Como a escola poderá contribuir para 
que todas as nossas crianças se tornem usuá-
rias criativas e críticas dessas novas ferramen-
tas e não meras consumidoras compulsivas de 
representações novas de velhos clichês? 
2 - Como podemos contribuir para que os 
nossos alunos, de fato, possam assistir à tele-
visão, usar a Internet de uma forma criativa e 
PARA SABER MAiS
O Orkut (www.orkut.
com.br) e o Facebook 
(www.facebook.com.
br) são os maiores sites 
de relacionamento da 
atualidade. O Twitter 
(www.twitter.com) é 
um microblog onde 
o máximo de caracte-
res aceito é 140. Nele 
podemos ter milhões 
de seguidores e seguir 
milhões de pessoas. 
Luciano Huck é o 
brasileiro com maior 
audiência no Twitter 
no momento. Possui 
mais de 2 milhões de 
seguidores
Figura 1: Cena da 
comunidade virtual 
3D Second Life, onde 
um grupo de avatares, 
ou seja, identidades 
virtuais, apresentam 
seus visuais exóticos. 
Fonte: Disponível em 
http://colunas.g1.com.br/
instanteposterior/2007/06. 
Acesso em 25/08/2010.
►
diCA
Acesse o site:
http://edutec.net/Noti-
cias%20e%20Eventos/
Apoio/edsetze1.htm 
e leia a transcrição do 
debate ocorrido no Pro-
grama Opinião Pública, 
da TV Cultura, em 28 
de maio de 1999, entre 
Valdemar Setzer e Edu-
ardo Chaves. O assunto: 
o uso da informática na 
educação.
GLoSSáRio
Ciberespaço: termo 
idealizado por William 
Gibson, em 1984. Em 
seu livro Neuromancer, 
descrevia como um es-
paço virtual composto 
por cada computador e 
usuário conectados em 
uma rede mundial.
23
Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação
não ficar só absorvendo todas as mensagens, 
como “Tome Coca-Cola”, “Coca-Cola é o me-
lhor refrigerante do mundo”?
3 - E mais: como pode a escola pública as-
segurar a inclusão de todos na sociedade do 
conhecimento e não contribuir para a exclu-
são de futuros ciber-analfabetos? 
Hoje, na Internet, podemos fazer amigos, 
compras, vendas e estudos. Podemos fazer 
quase tudo que fazemos no espaço presen-
cial. Para Pierre Levi, um filósofo francês, nesse 
espaço da Internet, onde estudamos, compra-
mos, vendemos, conhecemos amigos, pessoas 
e lugares, está sendo gestada uma 
nova cultura, uma nova manei-
ra de ser e de estar. Está surgindo 
uma nova linguagem e um novo 
comportamento: a cibercultura. 
Hoje, existe uma nova linguagem 
na Internet e a estamos usando 
nos aparelhos de celulares, como 
a simplificação do cadê por “kd” 
e do você por “vc”. No Quadro 1, 
apresentamos alguns ideogramas 
muito utilizados na Internet. 
QUADRO 1: Ações representadas por ideogramas na Internet
ideograma Representação
[]'s (Abraços)
:-**-: Beijo na boca
_m(o_o)m_ Espiando por cima do muro
#:-O Estou arrancando meus cabelos!
:@ Eu juro!
:-T Hmmm!
(:-* Muitos beijos!
:-O Ohhh!
|:-O Ohhhhhh!
;-) Piscadinha
:-" Tenho um segredo!
:-C Tô de queixo caído!
@-,--`- Uma rosa para você
Fonte: JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com 
a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.
E como ficamos nessa nova cultura? So-
mos imigrantes digitais, então. Como temos 
analfabetos da língua, passamos também a 
ter os ciberanalfabetos, que são pessoas que 
não sabem utilizar essa nova linguagem da 
Internet. E como vão ficar essas pessoas no 
futuro, já que não sabem utilizar o computa-
dor? Serão excluídas? Mais uma forma de ex-
clusão em nossa sociedade?
Diante destas questões, temos que pen-
sar no nosso papel de educadores, compro-
metidos com a promoção do cidadão.
Douglas Kellner (s/d) chama a nossa 
atenção para o importante papel da educa-
ção nesse processo de mudança. Ele defende 
a multialfabetização, ou seja, não podemos 
hoje ficar presos somente ao aprendizado da 
escrita da língua. Temos que aprender a ler o 
mundo, como diz Paulo Freire. Precisamos ler 
as mensagens que estão por trás dos meios 
de comunicação, ler o que esta atrás de uma 
manchete, ler o que está na propaganda do 
jornal, o que está na propaganda de televi-
são, ver um programa de televisão, uma no-
vela ou um site na Internet. Então, ele diz que 
a educação precisa cultivar uma variedade de 
novos tipos de alfabetizações para tornar a 
educação relevante. 
O grande risco está no fato de que fica-
mos concentrados no trabalho em sala de 
aula em torno dos livros e jornais, mas es-
quecemos que nossos alunos vão ter acesso a 
outras leituras, chamadas por Paulo Freire de 
leitura de mundo. Portanto, precisamos refle-
tir o papel do professor nesse processo. 
Segundo Kellner (s/d), as novas tecnolo-
gias estão alterando todas as partes de nossa 
sociedade e cultura. Precisamos compreen-
▲
Figura 2: Cartaz do 
início do século XX 
da Coca-Cola. Há 
mais de 100 anos no 
mercado, é um dos 
principais símbolos do 
consumismo.
Fonte: Disponível em 
http://www.brasilcult.
pro.br/ensaios/cola/
coca_cola.htm. Acesso em 
25/08/2010.
diCA
Acesse o Canal no 
Youtube, pelo endereço 
www.youtube.com.
br/tecnologiaseduc, e 
assista ao vídeo Mundo 
Coca-Cola – A constru-
ção de um mito, divi-
dido em nove partes, e 
conheça a história do 
mito Coca-Cola.
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UAB/Unimontes - 2º Período
dê-las e utilizá-las, tanto para entender quan-
to para transformar os nossos mundos. As-
sim, o objetivo deste autor é introduzir novas 
alfabetizações para dar força a indivíduos e 
grupos que tradicionalmente têm sido exclu-
ídos. Deste modo, ele acredita que é possível 
reconstruir a educação, tornando-a capaz de 
reagir melhor frente aos desafios de uma so-
ciedade democrática e multicultural. 
Qual o nosso papel? É, de fato, preparar 
essas crianças, os nossos alunos para compre-
ender e utilizar essas tecnologias para trans-
formar o mundo, ou seja, para não serem 
manipulados ou para não continuarem a ser 
manipulados. 
O que a Coca-Cola fez conosco? Criou 
uma necessidade, que era afetiva e política 
de um momento de crise e nos tornou depen-
dentes desse produto. A tendência é que to-
dos os produtos queiram fazer isso conosco.
Segundo Kellner (s/d), nada se fez ou se 
desenvolveu a respeito. Fala-se muito dessa 
educação mediática, mas nada de fato foi fei-
to. Fazer a alfabetização crítica da mídia seria 
um projeto que estimularia a participação e o 
trabalho conjunto de pais, filhos e educado-
res. Para superar este desafio, ele sugere que 
assistir a shows de televisão ou filmes juntos 
poderia promover discussões produtivas en-
tre os assistentes, aguçando-lhes a percepção 
do que está por trás do texto mediático. Não 
é somente colocar o filme para as pessoas 
assistirem. É assistir a eles, com comentários 
e discussões, vendo as diferentes nuances 
apresentadas.
O professor não pode dizer que não

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