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Asma A asma é uma doença inflamatória crônica, heterogênea, que se caracterizada por inflamação das vias aéreas, que cursa com sintomas respiratórios e crises (flare-ups)que necessitam de atendimento médico imediato e podem ser fatais – as crises podem ter resolução espontânea ou necessitar de broncodilatadores. As crises de asma podem ser fatais (até mesmo em pacientes com “asma leve”)e costumam ocorrer em pacientes com controle inadequado da doença, mas também podem ocorrer com mesmo com tratamento correto. Os principais sintomas da asma são: sibilos, falta de ar, aperto no peito e tosse. – sintomas esses que variam em intensidade e tempo esses sintomas estão associados com limitação do fluxo de ar expirado (devido a bronco constrição, edema de vias aéreas e aumento de muco)- Tanto os sintomas quanto a limitação do fluxo aéreo variam caracteristicamente com o tempo e em intensidade. Essas variações costumam ser desencadeadas por fatores como exercícios, exposição a alérgenos ou irritantes, mudanças climáticas ou infecções respiratórias virais. EPIDEMIOLOGIA: A asma é uma doença respiratória crônica comum que afeta 10-30% da população mundial No BR temos uma prevalência de asma no escolar varia de 2,6-24% - sibilância no 1º ano de vida varia de 27,1-63,6% - Sibilância recorrente varia de 11,8-36,3% FATORES DESENCADEANTES DA CRISE DE ASMA: Infecções virais, alérgenos (poeira, pólen), fumaça de cigarro, exercício físico e estresse, medicamentos (beta bloqueadores, AAS e AINES) normalmente esses fatores desencadeiam crises em pacientes sem controle adequado da asma. FISIOPATOLOGIA: A asma é decorrente de uma hiperresponsividade das vias aéreas, que pode ser desencadeada por diversos estímulos (aeroalérgenos, exercício físico, mudanças no clima, infecções virais... ) Agentes ambientais desencadeantes levam a um recrutamento de diversas células inflamatórias (como eosinófilos, neutrófilos, mastócitos. Essas células levam a uma hipersecreção de muco e a contração exacerbada de brônquios. Além disso teremos um remodelamento tecidual das vias aéreas, devido a lesão epitelial gerada pelo agente causador e pela inflamação crônica. A lesão epitelial causada pelo agente leva a uma proliferação de miofibroblasto. Em lamina histológica veremos um aumento do mesênquima e aumento da musculatura lisa dos brônquios. É uma doença heterogenia que cursa com alguns fenótipos (determinados por influências genéticas e ambientais,)esses fenótipos não são estáveis, o individuo pode ter um fenótipo hoje e daqui a alguns anos ter outro padrão de doença asmática. Fenótipos de asma: Asma alérgica/atópica : este é o fenótipo de asma mais facilmente reconhecido. geralmente começa na infância e está associado a: marcha atópica (padrão de evolução das doenças alérgicas – dermatite atópica ou alergia alimentar > sibilância > Asma > rinite alégica), uma história pregressa e / ou familiar de doença alérgica (como eczema, rinite alérgica ou alergia a alimentos ou medicamentos). Teremos uma sensibilização alérgica que leva a um desvio para o padrão Th2 com produção de citocinas: IL-4,5,13 O exame do escarro induzido desses pacientes antes do tratamento geralmente revela inflamação eosinofílica das vias aéreas. Os pacientes com esse fenótipo de asma geralmente respondem bem ao tratamento com corticosteroides inalatórios (CI). Asma não alérgica: O perfil celular do escarro desses pacientes pode ser neutrofílico, eosinofílico ou conter apenas algumas células inflamatórias (paucigranulocíticas). Pacientes com asma não alérgica geralmente demonstram menos resposta de curto prazo à CI. Asma de início na idade adulta (início tardio): alguns adultos, especialmente mulheres, apresentam asma pela primeira vez na vida adulta. Esses pacientes tendem a ser não alérgicos e geralmente requerem doses mais altas de CI ou são relativamente refratários ao tratamento com corticosteroides. A Asma ocupacional (isto é, asma devido a exposições no trabalho) deve ser descartada em pacientes que apresentam asma com início na idade adulta. Asma com limitação persistente do fluxo de ar: alguns pacientes com asma de longa data desenvolvem limitação do fluxo de ar que é persistente ou incompletamente reversível. Acredita-se que isso seja devido à remodelação da parede das vias aéreas. Asma com obesidade: alguns pacientes obesos com asma apresentam sintomas respiratórios proeminentes e pouca inflamação eosinofílica das vias aéreas. QUADRO CLÍNICO: Normalmente os sintomas se fazem presentes durante as crises de asma. Entre as crises a criança pode apresentar um exame clinico e físico normais. E devido aos fatores desencadeantes a criança comece a apresentar os sinais e sintomas. Fatores desencadeantes (alérgenos, irritantes, exercício físico, mudanças de tempo, infecções respiratórias virais) Esses fatores desencadeantes levam a sintomas respiratórios como: tosse, falta de ar, aperto no peito. E também ao principal sinal clínico da asma: SIBILOS Os sintomas variam em tempo e em intensidade. EXAME FISICO Inspeção: sinais de desconforto respiratório (batimento de asa nasal, retração de fúrcula, tiragem subdiafragmatica e intercostal) Ausculta: Início: Sibilos expiratórios (devido ao fluxo de ar turbulento passando por uma via aérea estreita,) Durante a evolução: inspiratórios e expiratórios difusos Estágios fiais: redução global dos MV – tórax silencioso DIAGNÓSTICO: O diagnóstico de asma é baseado na história de padrões de sintomas característicos e evidências de limitação variável do fluxo de ar (documentado por meio de testes). O diagnóstico deve ser confirmado por testes objetivos e documentados antes do início do tratamento. Sintomas típicos que apoiam o diagnóstico de ASMA Os pacientes apresentam mais de um desses sintomas respiratórios : sibilos, falta de ar, aperto no peito e tosse. Os sintomas costumam ser piores à noite ou de manhã cedo Os sintomas variam com o tempo e em intensidade Os sintomas são desencadeados ou exacerbados por infecções virais (resfriados), exercícios, exposição a alérgenos, mudanças no clima, risos ou irritantes, como gases de escapamento de automóveis, fumaça ou cheiros fortes. Antecedentes familiares de ASMA Antecedentes pessoais de dermatite atópica, alergia alimentar, rinite Os seguintes recursos diminuir a probabilidade de à asma: Tosse isolada sem outros sintomas respiratórios Produção crônica de expectoração Falta de ar associada a tontura, sensação de desmaio ou formigamento periférico (parestesia) ou Dor no peito Dispneia induzida por exercício com inspiração ruidosa. Critérios de diagnóstico para asma Adultos, adolescentes e crianças de 6-11 anos Recurso de diagnóstico Critérios para fazer o diagnóstico de asma 1- Antecedentes pessoais de sintomas respiratórios Chiado, falta de ar, aperto no peito e tosse Geralmente apresentação mais de um sintoma Os sintomas ocorrem de forma variável em tempo e intensidade Os sintomas costumam ser piores à noite ou ao acordar Os descritores podem variar de acordo com a idade ( crianças podem ser descritas como tendo respiração pesada) Os sintomas costumam ser desencadeados por exercícios, risos, alérgenos, ar frio Os sintomas costumam aparecer ou piorar com infecções virais 2- Limitação variável do fluxo de ar expiratório confirmada Variabilidade excessiva documentada na função pulmonar ( um ou mais dos testes citados) Quanto maiores as variações, ou mais ocasiões o excesso de variação é visto, mais confiável é o diagnóstico Limitação do fluxo de ar expirado documentada Relação VEF1/CVF reduzida ( > 0,75 em adultos e > 0,9 em crianças) Teste da reversibilidade do broncodilatador positivo ( BD é retirado antes do teste: SABA ≥4horas, LABA ≥15 horas) Adultos: aumento no VEF1 > 12% e > 200 mL da linha de base, 10-15 minutos após uso 200-400 mcg de salbutamol ou equivalente (maior confiança se o aumento for > 15% e > 400 mL). Crianças: aumento no VEF1 > 12% Variabilidade excessiva de PFE 2 vezes ao dia, por duas semanas Adultos: aumento na variabilidade diária média no PFE > 10% Crianças: aumento na variabilidade diária média no PFE > 13% Aumento significativo da função pulmonar após 4 semanas de tratamento anti-inflamatório Adultos: aumento no VEF1 > 12% e > 200 mL (ou PFE > 20%) da linha de base após 4 semanas de tratamento, sem infecções respiratórias Teste de exercício positivo Adultos: queda no VEF1 > 10% e > 200 mL da linha de base Crianças: queda no VEF1 > 12% ou PFE> 15% Teste de broncoprovocação positivo Queda no VEF1 da linha de base ≥20% com dose padrão de metacolina ou histamina, ou queda ≥15% com hiperventilação padronizada, solução salina hipertônica ou desafio de manitol Variação excessiva na função pulmonar entre as visitas Adultos: variação no VEF1 > 12% e > 200 mL entre as visitas, sem infecções respiratórias Crianças: variação no VEF1 de> 12% ou > 15% no PFE entre as visitas (pode incluir infecções respiratórias) Os testes podem precisar ser repetidos na vigência dos sintomas ou de manhã cedo EXAMES COMPLEMENTÁRES: Marcadores de atopia: - Eosinofilia periférica >500 células/mm3 ou >4% - Elevação de IgE - Sensibilização aos aeroalérgenos: Prick test ou IgE sérica específica (fungos, epitélio de cães/gatos, poeira, ácaros) SEGUIMENTO: Após o diagnóstico de asma deveremos fazer o seguimento do paciente realizando a classificação da asma, a avaliação do controle da asma, avaliação da técnica inalatória e aderência ao tratamento e a presença de comorbidades Classificação da asma Intermitente Persistente Leve Persistente moderada Persistente grave Sintomas Diurnos < 1x/ semana >1x/ semana Diários Diários Sintomas Noturnos ≤ 2x/mês >2x/mês >1x/semana Frequentes Exacerbações Curta duração Afetam sono e atividades Afetam sono e atividades Frequentes VEF1 (% predito) ≥ 80% ≥ 80% 60-80% ≤ 60% Controle dos sintomas nas últimas 4 semanas Controlada (todos abaixo) Parcialmente controlada (qualquer abaixo) Não controlada Sintomas Diurnos ≤ 2x/semana >2x/semana ≥ 3 critérios de asma parcialmente controlada Limitação nas atividades nenhuma Qualquer Sintomas Noturnos Nenhum Qualquer Uso de B2 ≤ 2x/semana >2x/semana Fatores de risco para eventos adversos futuros - exacerbações graves previas - Má aderência/técnica inalatória incorreta - Espirometria: VEF1 < 60% do predito - Eosinofilia elevada - Presença de comorbidades TRATAMENTO AMBULATORIAL : Reavaliar a criança a cada 3 meses, corrigindo as técnicas inalatórias e a adesão ao tratamento 6-11 anos STEP 1- educação+ controle ambiental+ B2 de curta STEP 2- adicionar medicação de controle ao STEP 1 Corticoide inalatório (CI) em baixa dose OU Antagonista de leucotrieno OU CI+B2 de curta STEP 3- Alterar a medicação CI em baixa dose + B2 de longa OU CI em dose média OU CI em baixa dose + antagonista de leucotrieno STEP4- Alterar OU adicionar medicação E referência ao pneumologista pediátrico CI média dose+ B2 de longa OU CI em alta dose + B2 de longa OU adicionar antagonista de leucotrieno OU adicionar tiotrópio STEP 5- Avaliar fenótipo e adicionar medicação Anti IgE OU Corticoide Oral em baixa dose Maiores de 12 anos (igual dos adultos) STEP 1- educação+ controle ambiental+ medicação de controle CI em baixa dose + B2 de longa OU CI baixa dose + B2 curta STEP 2- adicionar medicação de controle ao STEP 1 Corticoide inalatório (CI) em baixa dose OU CI em baixa dose + B2 de longa OU Antagonista de leucotrieno OU CI+B2 de curta STEP 3- Alterar a medicação CI em baixa dose + B2 de longa OU CI em dose média OU CI em baixa dose + antagonista de leucotrieno STEP4- Alterar OU adicionar medicação CI média dose+ B2 de longa OU CI em alta dose OU adicionar antagonista de leucotrieno OU adicionar tiotrópio STEP 5- Avaliar fenótipo e adicionar medicação Tiotrópio OU Anti IgE OU anti IL5 OU Corticoide Oral em baixa dose Tratamento de comorbidades Rinite e obesidade Tratamento não farmacológico Redução da exposição a alérgenos, cessação do tabagismo passivo, pratica de atividade física regular
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