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Infecção de vias aéreas inferiores (IVAI) PNEUMONIAS COMUNITÁRIAS (PAC) → Inflamação do parênquima pulmonar provocada por agentes infecciosos. → Patologia RESTRITIVA respiratória. FATORES DE RISCO Desnutrição, baixa idade (<9M), comorbidades Doenças pulmonares pré-existentes (asma, fibrose cística) Episódios prévios de sibilos e pneumonia Ausência de aleitamento materno Baixo peso ao nascer (<2,5kg) Vacinação incompleta Imunodeficiências Creche, escola ETIOLOGIA → Viral (>2 meses – 5 anos) (90% no 1º ano de vida / 50% na idade escolar) Vírus sincicial respiratório (VSR) Influenza Parainfluenza Adenovírus Rinovírus Menos frequentemente – varicela-zóster, coronavírus, enterovírus, CMV, EBV, HSV, vírus da caxumba, do sarampo e hantavírus. Metapneumovírus humano (HMPV), bocavírus e coronavírus mutante. → Bacteriana (Maior gravidade e mortalidade por PAC na infância) Streptococcus pneumoniae / pneumococo Haemophilus influenzae Staphylococcus aureus → Coinfecção vírus-bactéria (23-32%) <2M Estreptococo do grupo B Enterobactérias (Gram-negativos: E. coli) Listeria monocytogenes Chlamydia trachomatis Staphylococcus aureus Vírus (VSR) 2-6M Chlamydia trachomatis Vírus Germes de pneumonia afebril (Ureaplasma urealyticum) Streptococcus pneumoniae Staphylococcus aureus VIAS DE CONTAMINAÇÃO → Vias aéreas Inalatória (micro-gotículas nas VAS) Aspirativa (através do refluxo gastroesofágico ou broncoaspiração, principalmente em lobo superior direito) *Obs: Óleo mineral (laxante) – evitar em crianças com dificuldade de deglutição/doença neurológica, pois pode causar pneumonia química por aspiração. → Via hematogênica Focos infecciosos em pele, vias urinárias, intestino, abdome, osso. Paciente imunossuprimido, neonatal, lactente <3M. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Febre → Tosse → Taquipneia (↑FR) → Dispneia → Dificuldade do trabalho respiratório – retrações intercostais/subcostais, batimentos de asa de nariz, gemência, respiração toraco-abdominal → Dor abdominal (envolvimento de lobos pulmonares inferiores) → Sintomas gripais, OMA EXAME FÍSICO → Ausculta respiratória: Pneumonia (processo de condensação lobar) – MV diminuído nas regiões comprometidas com roncos, estertores crepitantes (indica líquido alveolar) e sibilos inspiratórios Broncopneumonia (BCP) – MV audível bilateralmente, pode haver roncos, estertores localizados ou difusos e sibilos inspiratórios → Percussão – macicez ou submacicez (derrame pleural e/ou consolidação) → FTV – aumento nas consolidações e diminuição nos derrames pleurais 7M-5A Vírus S. pneumoniae H. influenzae S. aureus Mycoplasma pneumoniae Mycobacterium tuberculosis >5A Vírus S. pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Chlamydia pneumoniae Mycobacterium tuberculosis <2M - FR ≥ 60 irpm 2-11M - FR ≥ 50 irpm 1-4A - FR ≥ 40 irpm “SINAIS DE PERIGO” (Indicam internação hospitalar!) → Menores de 2 meses FR ≥ 60 irpm (Pneumonia grave) Tiragem subcostal (Pneumonia grave) Febre alta / hipotermia Recusa alimentar Sibilância Estridor em repouso Sonolência excessiva Convulsões → Entre 2 meses e 5 anos Tiragem subcostal (Pneumonia grave) Recusa de líquidos / desnutrição grave Convulsões Sonolência excessiva Estridor em repouso Batimento de asa do nariz Cianose central DIAGNÓSTICO → CLÍNICO! EXAMES COMPLEMENTARES → Radiografia de tórax (PA e perfil) Recomendada nos casos graves que demandam internação Etiologia bacteriana – sugerida por consolidação alveolar, pneumatoceles, derrames pleurais e abscessos. Etiologia viral / M. pneumoniae / C. pneumoniae – padrão intersticial (infiltrados) → US tórax – visualização de áreas de condensação a beira de leito → TC tórax – as vezes necessária em pneumonias complicadas (melhor visualização) → Hemograma completo (leucocitose, neutrofilia e ocorrência de formas jovens em PAC bacteriana) → Proteína C reativa (≥40-100mg – suspeitar de PAC bacteriana) → Hemocultura (PAC grave, cçs internadas, evolução desfavorável) → Pesquisa no lavado nasal / lavado broncoalveolar (broncoscopia) – identificar o agente causal PAC Bacteriana PAC viral Febre alta contínua Febre baixa, subfebril S/ história epidemiológica C/ história epidemiológica Alteração do estado geral BEG Otite, impetigo Exantema, conjuntivite, diarreia Leucocitose/PMN Leucopenia/MN VHS/PCR ↑ VHS/PCR inalterado ou ↑ Sopro tubário, crepitação Sibilos, subcrepitantes Consolidação, derrame, pneumatocele Hiperinsuflação, infiltrado intersticial COMPLICAÇÕES → Se a criança permanece com febre ou clinicamente instável após 48-72h de admissão por pneumonia, deve- se pesquisar complicações. → Abscesso → Atelectasia (colabamentos de alvéolos) → Pneumatocele Lesões císticas de paredes finas. Acometem cçs com pneumonia bacteriana (pneumococo), trauma torácico, ventilação mecânica. Resolvem-se espontaneamente na maioria dos casos. Em outros, podem demorar de 3-15 meses ou cursar com complicações (pneumotórax). → Pneumonia necrosante Focos necróticos em áreas de consolidação pulmonar. Pneumococo. Mais comum em adultos. 60% casos são cirúrgicos. → Derrame pleural Complicação mais frequente em pneumonia bacteriana. 40% cçs hospitalizadas por pneumonias. S. pneumoniae (64%), S. aureus (15%), H. influenzae (7%). Toracocentese – presença de pus, pH <7,2, glicose <40mg/dL, identificação de bactérias no líquido pleural. Drenagem torácica – aliviar a insuficiência respiratória. → Pneumotórax → Fibrose → Sepse → Insuficiência respiratória aguda (com grave hipoxemia) TRATAMENTO → Empírico → Ambulatorial – maioria dos casos → Hospitalar (internação) – nas seguintes situações: <2M Tiragem subcostal Convulsões Sonolência excessiva Estridor em repouso Desnutrição grave / ausência de ingesta de líquidos Sinais de hipoxemia Comorbidades (anemia, cardiopatias, pneumo- patias) Problemas sociais Falha na terapêutica ambulatorial Complicações radiológicas (derrame pleural, pneumatocele, abscesso pulmonar) <2 meses (HOSPITALAR) → Ampicilina + Aminoglicosídeo → Ampicilina + Cefalosporina (Cefotaxima) >2 meses a 5 anos → Amoxacilina ou Penicilina procaína → Hospitalar – Oxacilina + ceftriaxone 6 a 18 anos → Amoxacilina ou Penicilina procaína → 2ª opção (ex. alérgicos a penicilina): macrolídeos (claritromicina, eritromicina, azitromicina) → Hospitalar – Penicilina cristalina ou Ampicilina PNEUMONIAS ATÍPICAS Pneumonia por Mycoplasma pneumoniae → Mais frequente em >5A → Clínica: Maioria dos pacientes com quadros de laringotraqueobronquites ou IVAS, um quadro que se prolonga Forma insidiosa Tosse (sintoma mais comum, pode adquirir caráter coqueluchoide) Crepitação e sibilância são achados frequentes → Contactantes com quadros semelhantes → Pode fazer hemólise (anemia hemolítica) → Geralmente, resolução espontânea em 2-3 semanas → Macrolídeos (claritromicina, eritromicina, azitromicina) – encurtar a duração dos sintomas e diminuir a transmissão → Complicações – dor torácica importante (pleurite, pericardite). → Diagnóstico – exames inespecíficos (hemograma, crioaglutininas), cultura, sorologias. Pneumonia por Chlamydia pneumoniae → Geralmente, infecção leve ou assintomática → Faringite, rinossinusite, bronquite e pneumonia → Pneumonia: Longo período de incubação, seguido de febre, IVAS, rouquidão, tosse seca Curso arrastado Pode haver dor abdominal, diarreia, pancreatite, sibilância, pericardite Autolimitada Agente importante de Sd torácica em pacientes com doença falciforme (pode levar a hipoxemia e insuficiência respiratória) → Diagnóstico – sorológico Pneumonia por Chlamydia trachomatis → Um dos agentes de pneumonia afebril dos lactentes → Contaminaçãoé dada no canal de parto. → RN de mães infectadas = 60-70% de chance de serem infectados. → RN infectados = 10-21% de chance de desenvolverem pneumonia. → Existem casos em crianças nascidas de parto cesáreo. → Ocorrência maior em crianças de 3-16 semanas de vida, onde o curso pode ser mais grave. → Clínica: Início insidioso Pródomo – coriza e tosse seca 50% das crianças tem conjuntivite Forma clássica: afebril, tosse (pode ser coqueluchoide), taquipneia, dispneia Crepitações, sibilos pouco frequentes → Diagnóstico – Hemograma (leucocitose com eosinofilia), cultura da secreção conjuntival, sorologia. → Tratamento – oxigenoterapia (se necessário), hidratação venosa (se necessário), macrolídeos (claritromicina, eritromicina, azitromicina) BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA → Patologia OBSTRUTIVA respiratória. → Infecção do trato respiratório inferior mais comum em lactentes. → Incidência maior em <6M (pico de incidência 2-5M) → Quanto mais jovem o lactente, mais grave a infecção viral. ETIOLOGIA → VSR (Principal agente) → Influenza → Parainfluenza (laringite) → Adenovírus 7 e 21 (bronquiolite/pneumonia) → Metapneumovírus TRANSMISSÃO/FISIOPATOGENIA → Contato direto ou próximo com secreções contaminadas. → Ocorrência: principalmente nos meses de outono e inverno. → VSR faz sua inoculação pela mucosa nasal. → Período de incubação assintomático de 3-5 dias. → Ocorre um efeito citopático viral direto (interação vírus- hospedeiro) e um efeito indireto (resposta imunológica). → A resposta imunológica provoca inflamação e edema na mucosa dos bronquíolos. → A inflamação, o edema de mucosa e a secreção provocam dificuldade de expiração (fisiopatologia semelhante da asma; no entanto, a asma ocorre em cçs>2A). → Há deposição de complexos antígenos-anticorpos, anticorpos específicos IgE e liberação de histamina, gerando BRONCOESPASMO. → Conteúdo luminal com secreções + contratura da musculatura lisa → obstrução das vias aéreas → limitação do fluxo de ar → atelectasias / desequilíbrio ventilação-perfusão. FATORES DE RISCO Idade (<3M) Baixo peso ao nascimento (<2,5kg) Prematuridade (IG<32 semanas) e displasia broncopulmonar (oxigenoterapia) Cardiopatias congênitas Desnutrição Elevado nº habitantes por cômodo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Rinorreia, tosse, febre baixa → Sibilância → Expiração prolongada / dificuldade para exalar o ar → Pode haver evolução para falência respiratória: Uso de musculatura acessória Tiragem subcostal Batimento de aletas nasais Gemência Respiração toraco-abdominal Cianose → Achados cardiovasculares: Taquicardia sinusal (hipoxia/hipercapnia) Taquicardia supraventricular (pode sugerir ação direta do VSR) – TSV é a arritmia mais frequente em pediatria – QRS estreito, ausência de onda P → Edema / anasarca – retenção de líquidos por secreção aumentada do hormônio antidiurético (ADH) – Sd. inapropriada do ADH DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO → RX de tórax pode estar normal → Hiperinsuflação torácica difusa → Retificação do diafragma → Broncograma aéreo com infiltrado intersticial → Atelectasias (complicação ventilatória em crianças com bronquiolite viral) DIAGNÓSTICO → Clínico + radiológico → ATENÇÃO a sinais que podem estar associados a hipoxemia: Oximetria de pulso <94% Taquicardia (hipoxia / hipercapnia) Taquipneia (>70 irpm!) Rx tórax com atelectasias DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL → Pneumonias → Aspiração de corpo-estranho → Compressões extrínsecas por anéis vasculares (malformações vasculares) → Laringotraqueobronquites → Síndrome de Loeffler – broncoespasmo em cçs com parasitoses (ex. áscaris, ancilóstomo, necator, toxocara canis) – broncoespasmo durante o ciclo pulmonar; mais comum em pré-escolares/escolares. → Fibrose cística → Insuficiência cardíaca (devido a cardiopatias congênitas), miocardite viral – sibilância devido a edema agudo pulmonar / líquido nos alvéolos → DRGE – sibilância Obs. Paciente pode ter bronquiolite viral e, junto desse quadro cursar com uma broncopneumonia/pneumonia viral OU o paciente pode ter a bronquiolite viral e, de modo secundário, fazer uma broncopneumonia de origem bacteriana. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL → Aspirado nasofaríngeo / isolamento viral → Sorologias (imunofluorescencia indireta) TRATAMENTO → SINTOMÁTICO Antitérmico Solução fisiológica 0,9% para higienização nasal Controle da hidratação (oral/venosa) e nutrição → Hospitalização – casos com desconforto respiratório Oxigenoterapia – cateter de O2, máscaras de O2, sistema de alto fluxo, ventilação não invasiva, misturas gasosas de hélio e oxigênio, ventilação pulmonar invasiva Hidratação Fisioterapia respiratória Identificação precoce das complicações (atelectasias) Atenção a sinais de desconforto respiratório agudo /insuficiência respiratória grave → Broncodilatadores? (Beta-2-agonistas) – PODEM ser benéficos (diferente da asma, em que o salbutamol e terbutalina são muito usados) – na cç com bronquiolite, podem ser usados, se houver melhora podem ser mantidos, se não houver melhora, suspender. → Corticosteroides? (Hidrocortisona, metilprednisolona) – uso sistêmico ou inalatório – NÃO tem benefício comprovado na bronquiolite / na asma, cç >2A, com broncoespasmo e diagnóstico de asma, faz parte do tratamento. → Terapia antiviral* (Ribavirina) – reduz a replicação viral, diminuindo a gravidade. Usar em pacientes de risco (prematuros, cardiopatas, broncodisplasia pulmonar), portadores de doença respiratória pelo VSR. → Terapia preventiva* (Palivizumabe – imunoglobulina IV específica, anticorpo monoclonal humanizado para VSR) – usar em populações de risco (prematuros, cardiopatas, doença pulmonar crônica, fibrose cística) COMPLICAÇÕES → Atelectasias → Insuficiência respiratória c/ hipóxia e acidose respiratória → Pneumotórax → Pneumomediastino → Obstrução respiratória / desconforto respiratório / falência respiratória → Bronquiolite obliterante (rara) – associada ao adenovírus – pode levar a cç a se tornar uma pneumopata crônica → Bronquiectasias → Hiper-reatividade brônquica – persistência do processo inflamatório – broncoespasmo em resposta a qualquer quadro de infecção de vias aéreas → Broncopneumonias (complicação infecciosa) → Taquicardia supraventricular (complicação CV) → Hiponatremia (complicação hidroeletrolítica) – Sd. inapropriada do ADH → Complicações por hipoxemia Agitação Diminuição do nível de consciência Confusão Inconsciência Taquicardia Insuficiência cardíaca Bradicardia Palidez PCR → Complicações por hipercapnia Agitação Edema cerebral Taquipneia Taquicardia Efeito depressor do miocárdio (devido ao acúmulo de CO2) PCR
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