Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA DESENVOLVIMENTO INFANTIL O desenvolvimento é uma evolução dinâmica, não tem um momento para delimitar esse processo, ocorrendo desde o nascimento do bebê. Tem-se a genética como fator determinante. O meio ambiente é crucial para alcançar a potencialidade e o sucesso depende da funcionalidade dos órgãos. Há um processo de interação com os fatores biológicos, contexto cultural e social. ➔ Prevalência: Estima-se que 1 em cada 8 crianças tenha alterações do desenvolvimento. Segundo a OMS, 200 milhões de crianças abaixo de 5 anos tem desenvolvimento abaixo do seu potencial, no entanto, ainda ocorre muito atraso no diagnóstico, mesmo nas crianças regularmente acompanhadas. Esse atraso ocorre devido a uma dificuldade para que o diagnóstico seja dado. ➔ Plasticidade neuronal: É a capacidade do cérebro mesmo que em condições adversas se desenvolver frente a estímulos inadequados. Nos primeiros anos de vida o tecido nervoso cresce e amadurece, sendo esse o período de mais vulnerabilidade à agravos da natureza durante esse período. Nesse período a criança responde melhor aos estímulos. Deve-se lembrar: O crescimento e o desenvolvimento ocorrem de forma mútua e a evolução se dá em uma sequência fixa, mas em um ritmo variável. Para transpor um marco, é necessário a aquisição de capacidades motoras físicas. A direção é céfalo – caudal/ próximo – distal. p.ex. seguir com os olhos, sustentação cervical, movimentação de cabeça, sustentação de tronco, estica o braço até alcançar o objeto com as mãos. ➔ Neurodesenvolvimento: ▪ Sensorial ▪ Motor (grosseiro e fino): O neurodesenvolvimento motor fino depende da visão, se iniciando por volta do 8º mês. ▪ Linguagem ▪ Social: Consegue ter uma interação social com as pessoas. ▪ Emocional: Deve-se saber controlar o tipo de reação emocional a se desenvolver, analisa-se o comportamento. ▪ Cognitivo: Avalia-se aprendizagem e a linguagem, lembrando que a linguagem depende da audição. ▪ Adaptativo: Fácil adaptação. ➔ Avaliação ao desenvolvimento: ▪ Fundamental na atenção à saúde da criança. ▪ Deve ser feita de forma rotineira e sistemática. ▪ Não existem limites fixos, deve-se respeitar a individualidade. ▪ O momento da avaliação serve para estimular e ensinar: Meta: Atingir o potencial da criança. Identificar precocemente crianças em risco e intervir. ▪ Deve ser um processo contínuo no acompanhamento capaz de detectar precocemente desvios e atrasos. ▪ Caderneta de saúde da criança, disponibiliza uma sistematização para vigilância do desenvolvimento dos 0 até 3 anos. ▪ Acompanhar aquisição dos principais marcos do desenvolvimento. ➔ Fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento: Fatores de risco: ▪ Ausência ou pré-natal incompleto. ▪ Problemas na gestação, parto ou nascimento. ▪ Prematuridade ▪ Peso abaixo 2.500g (PIG) ▪ Icterícia grave ▪ Hospitalização no período neonatal ▪ Doenças graves (meningite, traumatismo craniano e convulsões) ▪ Parentesco entre os pais. ▪ Casos de deficiência ou doença mental na família. ▪ Fatores de risco ambientais (violência, depressão materna, drogas ou alcoolismo, suspeita de abuso sexual. 2 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA Exame físico: ▪ Perímetro cefálico: RN meninas com 37 semanas ou mais PC < 31,5 cm. RN pré-termo PC < -2 desvios-padrão (intergrowth) ▪ Presença de alterações fenotípicas: Fenda palpebral oblíqua, olhos afastados, implantação baixa de orelhas, lábio leporino, fenda palatina, pescoço curto ou largo, prega palmar única e 5º dedo da mão curto e recurvado. ➔ Pontos chaves: RN: Avalia-se os reflexos: Tono/reflexo profundo: Hipertonia flexora dos 4 membros, hipotonia axial e hiper reflexiva profunda. Reflexos primitivos: Todos estão presentes no RN a termo, devido á uma descorticalização cerebral. Funções cerebrais superiores: Pode seguir objetos com os olhos iniciando a corticalização. 1. Reflexos tônico cervical: Roda a cabeça do bebê para ambos os lados, obtendo os membros do lado para o qual a cabeça foi rodada estendidos e o outro lado se torna flexionado. 2. Reflexo de marcha: Consiste no ato de colocar o bebê em uma altura que seus pés apoiem uma superfície, ao incliná-lo para a frente ele vai andar. 3. Reflexo de voracidade: Consiste em colocar algo próximo a boca do bebê e ele vai buscando. 4. Reflexo plantar ou babinski: Consiste em perpassar algo pontiagudo no pé do bebê de forma que ele vai fazer a extensão até cerca de um mês, após isso faz a flexão. 5. Reflexo de Moro: Reflexo no susto. 6. Reflexo de preensão palmar: Consiste no ato do bebê pegar o dedo ao colocar próximo a sua mão. AO CHEGAR NOS 3 MESES TEM-SE UMA REDUÇÃO DOS REFLEXOS PRIMITIVOS. Lactente: 3 meses: Avalia-se se tem sustentação cervical Hipotonia fisiológica. Reflexos presentes: Sucção, moro, mão-boca, preensão palmar, preensão plantar, cutâneo-plantar ext. Reflexos que desapareceram: Marcha reflexa, apoio plantar, tônico-cervical assimétrico. Movimenta a cabeça. Junta as duas mãos na linha média. Fixa o olhar, sorri socialmente, atende ao som, usa vogais e gorjeia. 6 meses: Sentando sem apoio Hipotonia fisiológica importante e reflexos profundos semelhantes ao adulto. Muda de decúbito. Senta com apoio ou iniciando o ato de sentar sem apoio. Reflexos presentes: Preensão plantar, cutâneo plantar extensor. Retira pano do rosto, preensão voluntária. Atende pelo nome, tem uma estranheza diante de desconhecidos, localiza o som lateralmente e faz uso de vogais. 3 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA 9 meses: Engatinhando ou em pé com apoio Hipotonia fisiológica em declínio. Senta sem apoio e fica na posição de engatinhar. Engatinha e pode andar com apoio. Pega objetos em cada mão e troca, preensão manual de pinça superior em escada. Reflexos presentes: Preensão plantar e cutâneo plantar extensor em desaparecimento. Localiza o som de forma indireta para cima e para baixo, fala as primeiras palavras (palavras-frase). 12 meses: Avalia-se se a criança está andando Reflexos profundos semelhantes ao adulto. Marcha sem apoio Pinça superior individualizada Em pé com apoio. Localiza a fonte sonora direto para baixo e indireto para cima, usa palavras corretamente e produz jargão. Reflexos presentes: Preensão plantar e cutâneo plantar extensor em desaparecimento. 18 meses: Falando frases. 24 meses: Evolução da fala (+ de 10 palavras) Subindo e descendo escada Começa a correr Inicia o controle do esfíncter Aprimoramento do equilíbrio Pula com 2 pés Dos 3 aos 7 anos ou pré escolar: Avalia se as crianças sabem cores, diferenciar direita ou esquerda, se a fala está desenvolvida, se não possui distúrbios, gagueira, trocas fonéticas ou se não está tendo alguma outra dificuldade de relacionamento social que possa estar associado com o autismo. Escolar: Avalia-se a cognição. Analisa-se as funções corticais superiores + o desenvolvimento escolar. Adolescência: É uma fase que se faz necessário muita confiança. ➔ Treinamento esfincteriano: É importante iniciar esse treinamento quando a criança se conscientiza sobre sua própria necessidade de eliminar urina e fezes. O controle da evacuação, deforma geral, precede o controle da micção, incluindo o xixi noturno. Recomenda-se que a criança não seja forçada a iniciar o processo de treinamento até que a criança apresente sinais de prontidão. A academia americana de pediatria (AAP) recomenda que esse treinamento seja feito à base de elogios como uma forma de reforço sem utilizar guloseimas ou recompensas materiais por essas evoluções. Insucesso: Aproximadamente 2% a 3% das crianças apresentam problemas durante o processo de treinamento. Muito frequente quando iniciado na ausência de sinais de prontidão. O treinamento não deve ser feito em um ambiente que a criança não convive. Divergências nas orientações por parte de um dos pais ou outros familiares. Sucesso: Deve-se procurar por sinais de prontidão. Falar sobre o banheiro com a criança. Escolher o penico ou redutor para colocar no vaso sanitário. Escolher o momento certo para ensinar como fazer. 4 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA Demonstrar o método. Realizar o reforço positivo. Lidar com naturalidade e paciência. Ensinar higiene adequada. ➔ Como avaliar o desenvolvimento: ANAMNESE – EXAME NEUROLÓGICO – ESCALAS ▪ Teste de Gesell ▪ Teste de triagem Denver II ▪ Escala de desenvolvimento infantil de Bayley ▪ Albert Infant Motor Scale
Compartilhar