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CAUSAS GERAIS DA DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR 1. Ausência de Avaliação do Estado Nutricional; 2. Sub-indicação da Terapia Nutricional; 3. Longos períodos de jejum; 4. Ojeriza a dietas hospitalares; 5. Jejum para exames e intervenções. FATORES GERAIS DE RISCO PARA DESNUTRIÇÃO 1. Falta de recursos para adquirir alimentos; 2. Desconhecimento sobre a importância de uma alimentação balanceada e adequada; 3. Fatores emocionais. FATORES RELACIONADOS ÀS DOENÇAS 1. Inapetência e anorexia; 2. Alteração da digestão e absorção; 3. Catabolismo exacerbado; 4. Desconhecimentos por parte dos profissionais de saúde sobre problemas nutricionais. DIAGNÓSTICO Desnutrição: Estado em que a deficiência, excesso ou desequilíbrio de energia, proteínas e outros nutrientes causam efeitos adversos mensuráveis na estrutura tecidual ou corporal, função orgânica e evolução clínica. Obs.: Em pacientes emagrecidos o diagnóstico é fácil, mas um obeso também pode ser desnutrido quando a quantidade de tecido adiposo é desproporcional à quantidade de massa magra. Momento ideal: Na consulta da indicação cirúrgica (pacientes do ambulatório) ou na internação hospitalar (pacientes da emergência). Como é feito? Por métodos subjetivos ou objetivos. Subjetivos: Avaliação Subjetiva Global (ASG) – principal forma de diagnóstico, a qual questiona: Perda Ponderal: importa apenas a não intencional e se aconteceu nos últimos 6 meses. Padrão Alimentar: quando uma dor causa alterações no apetite, vômitos ou diarreias. Sintomas Gastrointestinais: sinais e sintomas de algo que impeça o paciente de alimentar-se ou absorver adequadamente. Stress Metabólico: principalmente em neoplasias, pois o câncer é uma doença altamente catabólica. Objetivos: Bioimpedância elétrica: por meio desse exame vai ser definido o grau de desnutrição. Dosagem sérica de Albumina, Transferrina e Pré-albumina. Obs.: Leucograma também pode indicar estado de desnutrição. Pacientes obesos respondem pior à intervenção cirúrgica, pois exacerbam fatores pró- inflamatórios. Isso porque quanto maior o percentual de gordura em relação à massa magra, maior a inflamação metabólica. Já o paciente com desnutrição proteico-calórica tem capacidade limitada de produzir matriz cicatricial inflamatória. Com o questionário da ASG o paciente vai ser classificado em: A. Bem nutrido; B. Moderadamente (ou suspeita de ser) desnutrido; C. Gravemente desnutrido. INTERNUTI É ideal que a Intervenção Nutricional Imediata Pré- operatória seja feita de 7 a 14 dias antes da cirurgia. Indicada para pacientes com risco nutricional grave (pelo menos 1 dos 4 itens) a seguir: 1. Perda de peso não intencional maior que 10% em 6 meses ou maior que 5% em 30 dias; 2. IMC menor que 18,5% (Kg/m²); 3. ASG grau C; 4. Albumina sérica menor que 3 mg/dL. Obs.: Todos os pacientes de cirurgia oncológica de grande porte devem fazer a INTERNUTI de 5 a 7 dias com suprimento imunomodulador. Independente do grau de desnutrição e do fato de se encaixarem ou não nos itens supracitados. Etapas do paciente desde a entrada no hospital para internação até o INTERNUTI: 1. TRIAGEM: Paciente negativo: Reavalie em 1 semana. Paciente positivo: (Deve ser submetido imediatamente a uma INTERNUTI.) o Idoso; o Perda de peso maior que 10% nos últimos 6 meses ou 5% em 30 dias; o Portador de doença maligna; o Hiporexia; o Albumina sérica abaixo de 3 mg/dL. 2. CLASSIFICAÇÃO DA ASG: A: Reavalie em 1 semana. B e C: necessidade de INTERNUTI. De que maneira ele vai ser nutrido? Se o paciente não ingerir 70% da necessidade calórica, é necessário mudar a estratégia para a opção seguinte. SUPLEMENTAÇÃO ORAL PROTÉICA: forma preferencial de nutrição, mas o paciente deve estar com o TGI íntegro e apto, e sem hiporexia. TNE (Terapia Nutricional Enteral): paciente com TGI íntegro e apto, e com hiporexia. TNP (Terapia Nutricional Parenteral): paciente com TGI inapropriado. o É necessário acesso venoso central, pois geralmente as soluções infundidas contêm carboidrato, proteína e lipídio. Se for infundida numa veia periférica, o carboidrato gera uma hiperosmolaridade, levando à lesão do endotélio, obstrução, flebite etc. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (Projeto ACERTO) Quando não há contraindicação para TNE, deve-se seguir as seguintes etapas. 1. O paciente é capaz de atingir os objetivos calóricos e proteicos por Via Oral? Sim: dieta oral. Não: Nutrição Enteral (sonda Dobhoff). 2. Há contraindicação para TNE por via gástrica? Sim: TNE pós-pilórica. Não: TNE Gástrica. Contraindicações da TNE Gástrica Apresentar resíduo gástrico maior que 250ml em dois intervalos de dieta ou maior que 500ml em um intervalo (Risco de broncoaspiração por refluxo gastroesofágico); Quando o paciente tem um refluxo gastroesofágico grave; Ou qualquer outro alto risco para aspiração pulmonar. Contraindicações absolutas para TNE Casos de obstrução intestinal mecânica (ex. tumor de cólon obstrutivo); Isquemia intestinal (o insemino não está absortivo); Contraindicações relativas para TNE Instabilidade hemodinâmica (pode estar usando drogas vasoativas, que vão causar vasoconstrição esplâncnica, impedindo absorção); Íleo adinâmico (Risco de perfuração); Fístula de alto débito no intestino delgado. Qualquer paciente que não possa se alimentar por via oral ou enteral por mais de 3 ou 5 dias, deve- se optar pela TNP. DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL É necessário saber quanto deve repor de nutrientes. Regra de bolso: 25kcal/kg/dias e 1,2g/kg/dia de proteínas. Ademais, deve-se tornar os alimentos atraentes, por meio da associação entre gastronomia e nutrição, a fim de despertar a vontade do paciente de se alimentar. Em hospitais com serviços nutricionais mais refinados, é possível utilizar a fórmula de Herris- Benedict para estimar o Gasto Energético Basal (GEB) de forma mais precisa, que é a quantidade de kcal que devo ofertar ao paciente. Fórmula de Herris-Benedict: GEB para homens: 66,47 + (13,75 x Peso) + (5,0 x Altura) – (6,7 x Idade) GEB para mulheres: 665,1 + (9,56 x Peso) + (1,85 x Altura) – (4,68 x Idade) Para pacientes com alto fator de estresse, como o câncer, deve-se calcular o Gasto Energético Total (GET) multiplicando o valor de GEB pelo Fator de Estresse (FT – pode ser de 1,2 a 1,5). Ou seja: GET = GEB x FT SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO Caracteriza-se por alterações neurológicas, sintomas respiratórios, arritmias e falência cardíacas, poucos dias após a realimentação. É uma consequência do suporte nutricional (oral, enteral ou parenteral) em paciente severamente desnutridos. Por isso, nesses pacientes, deve-se ofertar o GEB aos poucos Como saber se o paciente está sendo nutrido adequadamente com a terapia nutricional no pós- operatório? É necessário estimar o estresse metabólico do paciente, ou seja, o quanto ele está consumindo de proteínas para cicatrizar. Nitrogênio Ureico na Urina de 24h (NUU): armazenar o volume de urina por 24h para saber a quantidade de ureia excretada e calcular o Índice Catabólico (IC). NUU = ureia de 24h x 0,47 IC = NUU – [(0,5 x Ingesta Proteica x 0,16) + 3] < 5: catabolismo moderado > 5: catabolismo grave O ideal é uma taxa de catabolismo baixa, já que, durante o pós-operatório, o paciente necessita de anabolismo para produzir uma resposta cicatricial maior. FISIOPATOLOGIA DA DESNUTRIÇÃO Em situações com perda involuntária de peso: quando há 10% de perda ponderal, acontece: 1. Redução de massa muscular; Diminuição da força ventilatória do diafragma; Perda de parte da capacidade vital, da capacidade residual funcional e da oxigenação; Consequentemente, reage mal ao processo de cicatrização. 2. Redução da massa visceral; Diminuição das vilosidades e motilidade intestinal; Super crescimento bacteriano intestinal (risco de sepse devido a uma translocação bacteriana); Diminuição das secreções gástrica, pancreática e biliar. Desnutrição grave: quando acontece 15% de perda ponderal, acontecem as maiores repercussões clínicas da desnutrição: 1. Redução da função imunológica celular; Diminuição das respostas celular aos patógenos; Diminuição da secreção de IgA; Maior risco de complicações infecciosas (PNM, Infecções de Parede, ITU). 2. Retardo na cicatrização; Deiscência de suturas; Hospitalização prolongada. IMPORTÂNCIA DA NUTROLOGIA PARA O CIRURGIÃO Um estudo mostrou que 39,5% dos pacientes de cirurgias gástricas, coloproctológicas e biliopancreáticas encontravam-se desnutridos quando comparados com pacientes com hérnias incisionais e de cirurgias ginecológicas. Aos investigar, os motivos encontrados foram: Falta de apetite (63,8%); Vômitos (13,8%); Sabor impalatável (11,2%); Náusea (6%); Aversão aos alimentos (2,6%); Distensão abdominal (1,7%). Então, para diminuir a desnutrição hospitalar, pode-se reintroduzir a dieta precocemente. EVIDÊNCIAS DA LITERATURA: DIETA PRECOCE Fatores como alterações no sistema nervoso autônomo, neurotransmissores, fatores inflamatórios locais, resposta endócrina e metabólica ao trauma, efeito de anestésicos e analgesia pós-operatória geram alteração da motricidade do intestino no pós-operatório. Mas, pode-se liberar dietas líquidas, líquidas com resíduos ou um suplemento proteico para potencializar a cicatrização, aumentar a vascularização do sistema esplâncnico, estimular a motricidade do intestino e diminuir a morbimortalidade desses pacientes. EVIDÊNCIAS DA LITERATURA: PANCREATITE AGUDA GRAVE É uma doença de alta morbidade, relacionada com o processo de digestão e absorção de nutrientes. Com objetivo de manter o pâncreas minimamente estimulado, faz-se o repouso pancreático. Para isso, deve-se na dieta: Poupar lipídeos, preferindo o uso de carboidratos; Caso necessário usar lipídeos, preferir os triglicerídeos de cadeia média do que os de cadeia longa; Nas proteínas, usar as mais simples como os dipeptídeos e tripeptídeos. Nesses pacientes, é possível utilizar a nutrição enteral. Para isso, é só posicionar a sonda o mais longe possível pós-pilórico a fim de que haja uma menor secreção pancreática. Dessa forma, evita-se as complicações da nutrição parenteral total, que tem mais risco de infeção por gram+ e fungos. Além de preservar a morfologia do TGI e de evitar a falência de múltiplos órgãos e sistemas.