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1 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Osteomielites e Osteoartrites OSTEOMIELITE Introdução o Inflamação do osso e da medula óssea o Secundária a uma infecção sistêmica, mas se manifesta como foco de doença primária o Pode ser causada por qualquer microrganismo, mas bactérias (piogênicas e micobactérias) são as mais comuns Osteomielite piogênica o É quase sempre causada por infecções bacterianas (disseminação hematogênica, implantação direta ou extensão por contiguidade) o Em crianças geralmente ocorre em ossos longos por disseminação hematogênica (bacteremia inicial em lesões de mucosa triviais ou pequenas infecções da pele) o Em adultos normalmente é complicação de fraturas expostas, cirurgias e infecções de pé diabéticos • Agentes causadores: o É causada principalmente por Staphylococcus aureus (expressam proteínas na parede celular que se aderem a componentes da matriz óssea, como colágeno) o Pode ser causada por E. coli, Klebsiella e Pseudomonas (relacionada a infecções do trato geniturinário ou usuários de drogas intravenosas) o Haemophilus influenzae e estreptococos do grupo B são agentes mais comuns no período neonatal o Salmonella também pode causar, principalmente em indivíduos com anemia falciforme o Infecções mistas podem ocorrer no contexto de inoculação direta (Ex.: cirurgias, fraturas expostas etc.) • Localização da infecção: o Varia de acordo com a idade (pela alteração da circulação vascular óssea) o Em neonatos, é mais comum na metáfise, na epífise ou em ambas (vasos metafisários) o Em crianças, é mais comum na metáfise o Em adultos, é mais comum na epífise e regiões subcondrais (vasos metafisários se juntam aos epifisários) • Morfologia: o As alterações dependem do estágio da osteomielite (agudo, subagudo ou crônico) e da localização da infecção o Fase aguda → Proliferação das bactérias → Reação inflamatória de neutrófilos ▪ Necrose das células ósseas e medula se segue nas primeiras 48 horas o A inflamação se espalha longitudinalmente e pode atingir o periósteo por meio dos sistema haversianos ▪ Crianças (periósteo frouxamente ligado ao córtex) → Pode formar um grande abcesso subperiosteal ▪ Elevação do periósteo → Prejudica o fornecimento de sangue → Necrose (sequestro = osso morto) ROBBINS 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Ruptura do periósteo → Abcesso nos tecidos moles adjacentes (pode fistulizar para a pele) ▪ Sequestro pode se despedaçar e liberar fragmentos pelo trato fistuloso o Em lactentes ou adultos a infecção se dissemina por volta da articulação (artrite séptica ou supurativa) ▪ Pode destruir a cartilagem articular → Limitação funcional permanente ▪ Processo análogo nas vértebras → Destruição dos discos IV e disseminação para outras vértebras o Células inflamatórias crônicas liberam citocinas (depois de 1 semana) ▪ Reabsorção óssea pelos osteoclastos ▪ Crescimento de tecido fibroso ▪ Deposição de osso reativo na periferia (cria o invólucro) o Abcesso de Brodie: ▪ Pequeno abcesso intraósseo que frequentemente envolve o córtex e é emparedado por osso reativo o Osteomielite esclerosante de Garré: ▪ Tipicamente na mandíbula ▪ Extensa formação de osso novo obscurecendo a maior parte da estrutura óssea adjacente • Curso clínico: o A osteomielite hematogênica se manifesta como uma doença sistêmica aguda ▪ Febre, mal-estar, calafrios, leucocitose e dor latejante de moderada a intensa na região afetada ▪ Pode também apresentar apenas febre inexplicável (geralmente crianças) ou apenas dor no local (adultos) o Diagnóstico sugerido por achados radiológicos de destruição óssea circundada por esclerose o Biópsia e cultura do tecido ósseo são necessárias para identificar o agente o Antibióticos e drenagem cirúrgica geralmente são curativos o 5 a 25% dos casos de osteomielite aguda progridem para osteomielite crônica ▪ Podem ocorrer por tratamento inadequado, atraso no diagnóstico, defesa ineficiente do hospedeiro ou extensa necrose óssea ▪ Cursam com surtos agudos que surgem espontaneamente até anos depois ▪ Podem levar a fratura patológica, amiloidose secundária, desenvolvimento de CCE no trato de drenagem fistulosa, sarcoma, endocardite e sepse Osteomielite micobacteriana o Em geral por disseminação hematogênica de uma doença visceral ativa em estágios iniciais de infecção primária o Pode ocorrer também por extensão direta (Ex.: foco pulmonar causando osteomielite nas costelas) FIGURA 26-20 Fêmur ressecado em uma pessoa com osteomielite drenante. O trato de drenagem no reservatório subperiosteal de novo osso viável (invólucro) revela o córtex nativo interior necrosado (sequestro). 3 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Pode persistir durante anos antes de ser percebida o Manifesta-se por dor localizada, febre baixa, calafrios e perda de peso o Achados histológicos semelhantes ao da tuberculose em outros locais (necrose caseosa e granulomas) o Infecção normalmente solitária (exceto em imunossuprimidos) o Tende a ser mais destrutiva e resistente ao tratamento que a osteomielite piogênica o Pode complicar em espondilite ou artrite tuberculosa, formação de fístulas, abscesso de psoas e amiloidose • Espondilite tuberculosa (doença de Pott): o Complicação destrutiva envolvendo a coluna vertebral (40% dos casos) o Infecção nos discos intervertebrais e disseminação por múltiplas vértebras e tecidos moles o Resulta em fraturas de compressão permanentes → Escoliose, cifose e déficits neurológicos (compressão) Sífilis esquelética o Sífilis (Treponema pallidum) e bouba (Treponema pertenue) podem acometer o osso o Pouco frequente pelo diagnóstico geralmente precoce da sífilis e tratamento antes da complicação óssea • Sífilis congênita: o Lesões ósseas a partir do 5º mês de gestação e totalmente desenvolvidas ao nascimento o Bactérias localizam-se no local de ossificação endocondral (osteocondrite) e no periósteo (periostite) o Maciça deposição óssea na região anterior e medial da tíbia (Tíbia em sabre sifilítica) • Sífilis adquirida: o Acometimento ósseo normalmente na fase terciária da sífilis (2 a 5 anos após infecção) o Normalmente envolve ossos do nariz, palato, crânio e extremidades, em particular ossos tubulares (Ex.: tíbia) • Morfologia: o Tecido de granulação edematoso contendo inúmeros plasmócitos e osso necrótico o Espiroquetas demonstrados no tecido inflamatório pela coloração de prata ou imunohistoquímica o Gomas sifilíticas típicas podem ser observadas OSTEOARTRITE (OA) • Aspectos gerais: o Doença articular degenerativa o Tipo mais comum de doença articular o Degeneração da cartilagem → Falha estrutural e funcional das articulações sinoviais o Não é doença inflamatória (apesar do “ite”) e sim uma doença intrínseca da cartilagem (condrócitos respondem a esforços mecânicos e bioquímicos, resultando em colapso da matriz) o Afeta mais joelhos e mãos em mulheres e quadris em homens • Classificação: 4 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Osteoartrite primária/idiopática: Mais comum, aparece de forma insidiosa, sem causa aparente e em idosos, afetando poucas articulações (oligoarticular) o Osteoartrite secundária: Aparece em pessoas mais jovens, que têm uma condição predisponente (Ex.: diabetes, obesidade, deformidade da articulação, ocronose, hemocromatose etc.) • Patogenia: o As lesões da OA decorrem da degeneração da cartilagem articular e sua reparação desordenada o Normalmente, a cartilagem contribui para um movimento sem atrito (pelo colágeno tipo II) e fornece resistência à tensão e compressão (pelas proteoglicanas) o Envolve alterações patológicas complexas nos condrócitos e matriz (não é apenas um processo de desgaste) o As alterações nos condrócitos ocorrem em 3fases ▪ Lesões nos condrócitos: Por fatores genéticos e bioquímicos ▪ OA precoce: Condrócitos proliferam e secretam mediadores inflamatórios, colágenos, proteoglicanas e proteases (remodelação da matriz cartilaginosa e alterações inflamatórias secundárias) ▪ OA tardia: Lesões repetitivas e inflamação crônica → Esgotamento (perda de cartilagem e alterações ósseas subcondrais) o A osteoartrite afeta praticamente todos os componentes extracelulares da cartilagem ▪ Colágeno tipo II é degradado por metaloproteinases de matriz ▪ Degradação de proteoglicanas supera a síntese o Influências ambientais (envelhecimento) e genéticas (soma de múltiplos genes) • Morfologia: o Nos estágios iniciais, os condrócitos proliferam, formando grupamentos (clonagem) ▪ Há também aumento do conteúdo aquoso da matriz e diminuição da concentração de proteoglicanas ▪ Fissuras e fendas na superfície articular, que fica granular e macia (fibras de colágeno II clivadas) o Com o tempo → Morte de condrócitos → Porções da cartilagem são esmagadas ▪ Ratos articulares (pedaços deslocados de cartilagem e osso subcondral flutuando na articulação) ▪ Parte exposta do osso subcondral vira a nova superfície articular → Atrito com a superfície oposta → Osso exposto fica suavizado e liso, com aparência de marfim polido (eburnação óssea) ▪ Há refortalecimento e esclerose no osso esponjoso subjacente ▪ Pequenas fraturas através do osso articular → Líquido sinovial reforçado para regiões subcondrais → Cistos subcondrais de parede fibrosa FIGURA 26-39 Osteoartrite. A, Demonstração histológica da característica de fibrilação da cartilagem articular. B, Superfície articular degenerada expondo osso subcondral (1), cisto subcondral (2) e cartilagem articular residual (3). 5 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Osteófitos (projeções ósseas) se desenvolvem nas margens da superfície articular ▪ Membrana sinovial levemente congesta e fibrótica, podendo apresentar células inflamatórias dispersas • Curso clínico: o Doença insidiosa (a primária geralmente é assintomática até por volta dos 50 anos) o Normalmente cursa com dor profunda (piora com o uso), rigidez matinal, crepitação e limitação de movimento o Alguns casos apresentam pinçamento de raízes nervosas cervicais e lombares por Osteófitos, causando dor radicular, atrofia muscular e déficits neurológicos o Normalmente uma ou poucas articulações estão envolvidas (forma generalizada é rara) o Afeta principalmente quadris, joelhos, articulações interfalangianas dos dedos, vértebras lombares inferiores e cervicais, primeiras articulações carpometacarpianas e tarsometatarsais o Nas interfalangianas distais em mulheres é comum formarem ostéofitos proeminentes (nódulos de Heberden) o Deformidade articular pode ocorrer com o tempo (mas sem fusão como na artrite reumatoide) o Não existem meios satisfatórios de prevenir ou interromper a progressão da OA primária o Terapia inclui manejo da dor, modificação de atividade e artroplastia para casos graves ARTRITE REUMATOIDE • Aspectos gerais: o Distúrbio inflamatório crônico de origem autoimune o Ataca principalmente as articulações, gerando sinovite inflamatória proliferativa e não supurativa FIGURA 26-41 Comparação das características morfológicas da artrite reumatoide e da osteoartrite. FIGURA 26-40 Osteoartrite severa do quadril. O espaço da articulação é reduzido, e há esclerose subcondral com cistos radiolúcidos ovais espalhados e osteófitos periféricos bordeados (setas). 6 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o O fenômeno primário parece ser sinovial (diferente da OA primária, que inicia já na cartilagem) o Frequentemente progride para destruição da cartilagem articular e anquilose das articulações o Pode cursar com lesões extra-articulares (pele, coração, vasos e pulmões) o Pico entre a 2ª e 4ª décadas de vida e mais comum em mulheres • Patogenia: o Predisposição genética e fatores ambientais o Ação de anticorpos contra autoantígenos e citocinas (secretadas principalmente por células T CD4+) o Agente atritogênico (microbiano ou autoantígeno) → Linfócitos TCD + iniciam resposta autoimune ▪ Produção de citocinas pelas células T (e consequente estimulação de outras células inflamatórias) ❖ TH1 → IFN-γ → Ativa macrófagos e células sinoviais residentes ❖ TH17 → IL-17 → Recruta neutrófilos e monócitos ❖ Macrófagos → TNF E IL-1 → Estimulam células sinoviais a segregar proteases que destroem a cartilagem ❖ Células T ativadas → Expressão de RANKL → Estimula reabsorção óssea o TNF é a principal citocina da patogenia de artrite reumatoide (AR) o Na sinóvia, há produção de anticorpos (alguns contra autoantígenos) ▪ Muitos autoanticorpos são específicos para peptídios citrulinados (PCC) ▪ Complexos antígeno-anticorpo se depositam nas articulações (fibrinogênio citrulinado, colágeno tipo II, α- enolase e vimentina) ▪ Anti-PCC são utilizados como marcadores diagnósticos e podem medir lesão articular o ↑ Anti-PCC e resposta de células T para proteínas citrilinadas contribui para a cronificação da doença o Autoanticorpos IgM e IgA que se ligam às porções Fc de suas próprias imunoglobulina (fator reumatoide) ▪ Também podem ser depositados nas articulações (nem sempre indica AR) o Patogenia muito relacionada com susceptibilidade genética herdada ▪ Alelos HLA-DRB1 (epítopo compartilhado na fissura de ligação ao antígeno da molécula DR, localização precisa de ligação dos antígenos artritogênicos que iniciam a sinovite inflamatória) ▪ Gene PTPN22 (codifica uma proteína tirosina-fosfatase que possivelmente inibe a ativação de células T) o Infecção e tabagismo podem promover a citrulinização de autoproteínas (cria novos epítopos que desencadeiam reações autoimunes) • Morfologia: o Alterações nas articulações ▪ Artrite simétrica ▪ Afeta principalmente articulações pequenas de mão e pé ▪ Vilosidades delicadas e bulbosas na sinóvia (edematosa, espessada e hiperplásica) ▪ Alterações histológicas ❖ Proliferação e hiperplasia de células sinoviais 7 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ❖ Denso infiltrado inflamatório (T CD4+, Células B, plasmócitos, células dendríticas e macrófagos) ❖ Angiogênese ❖ Exsudato fibrinopurulento na superfície sinovial articular ❖ Atividade osteoclástica no osso subjacente → Erosões periarticulares e cistos subcondrais ▪ Todas as alterações em conjunto → Formação do pannus (massa de sinóvia edematosa, células inflamatórias, tecido de granulação e fibroblastos) → Erosão da cartilagem articular ▪ Cartilagem destruída → Os ossos opostos se ligam por anquilose fibrosa → Ossificação → Anquilose óssea FIGURA 26-43 Artrite reumatoide. A, Visão esquemática da lesão articular. B, Pequeno aumento revela hipertrofia sinovial marcante com a formação das vilosidades. C, Em maior aumento, tecido subsinovial o Alterações na pele ▪ Nódulos reumatoides subcutâneos ▪ Ocorrem geralmente nos indivíduos com doença grave ▪ Surgem em regiões da pele sujeitas à pressão (principalmente face ulnar do antebraço, cotovelos, região occipital e área lombossacral) ▪ Nódulos firmes, indolores, arredondados e ovais ▪ Surgem no tecido subcutâneo ▪ Aparência microscópica de granuloma necrosante (necrose central fibrinoide rodeada por macrófagos ativados, linfócitos e plasmócitos) o Alterações nos vasos sanguíneos ▪ Alguns casos graves podem desenvolver vasculite ▪ Vasculite necrosante aguda (pode evoluir para processos fibrosante crônicos) ▪ Endarterite obliterante → Oclusão de pequenas artérias (Ex.: vasa nervorum e Aa. Digitais) → neuropatia periférica, úlceras e gangrena ▪ Vasculite leucocitária → Púrpura, úlceras cutâneas e infarto do leito ungueal FIGURA 26-44 Nódulo reumatoide composto por necrosecentral margeada por histiócitos em paliçada. 8 ANATOMIA E FISIOLOGIA PATOLÓGICAS RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Alterações oculares (uveíte e ceratoconjuntivite) • Curso clínico: o Pode ter início lento e insidioso (mal-estar, fadiga e dor musculo esquelética generalizada) o Começa geralmente aos 40 e 50 anos o As articulações começam ser envolvidas semanas a meses depois (primeiro as pequenas) o Envolvimento geralmente simétrico das articulações o Sintomas geralmente se desenvolvem nas articulações das mãos e dos pés, seguidos por punho, cotovelo, tornozelo e joelho o Articulações ficam edemaciadas, quentes e doloridas, além de rígidas após horas paradas (Ex.: sono) o Tipicamente há aumento progressivo das articulações e diminuição da amplitude de movimento ▪ Evolui para anquilose completa (diminui drasticamente o movimento) o Inflamação nos tendões e ligamentos, às vezes no músculo esquelético (produz os desvios radial ou ulnar e a flexão-hiperextensão dos dedos – deformidade boutonnière) o Resulta em um conjunto sem estabilidade e mínima amplitude de movimento o Podem aparecer cistos sinoviais (Ex.: Cisto de Baker no joelho) o Aparecem como derrames articulares, osteopenia justa-articular e perda de cartilagem na radiografia • Diagnóstico: o Achados radiográficos o Líquido sinovial estéril, turvo, com diminuição da viscosidade etc. o Fator reumatoide e anticorpo anti-CCP (80% dos pacientes) • Tratamento: o Alívio da dor e inflamação e contenção da destruição articular o Corticosteroides e medicamentos modificadores da doença (metotrexate e antagonistas de TNF) • Complicações: o Amiloidose sistêmica o Infecção por organismos oportunistas (com o uso do anti-TNF ou outros imunossupressores) FIGURA 26-45 Artrite reumatoide da mão. Características incluem osteopenia difusa, acentuada perda dos espaços articulares das articulações do carpo, metacarpofalangianas e interfalangianas, erosões ósseas periarticulares, e desvio cubital dos dedos.
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