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Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V dos estrógenos e progestágenos INTRODUÇÃO Antes de falar da farmacologia do sistema reprodutor feminino propriamente dita é importante relembrar alguns conceitos da síntese dos hormônios femininos. Pensando na síntese dos estrógenos, temos esses hormônios sendo derivados de uma reação de aromatização, que ocorre por meio de uma enzima chamada aromatase. Essa aromatase faz a aromatização dos andrógenos, e a partir disso os estrógenos serão gerados. A aromatase é uma enzima CYP, a CYP19, além disso, ela possui sua atividade aumentada através da ação de gonadotrofinas, como o FSH e o LH. Na imagem abaixo podemos ver uma série de exemplos da formação de estrógenos a partir de andrógenos por meio da aromatase. Além disso, existem outras enzimas como a 17-OH-SDH, nos ovários essa enzima participa da origem da testosterona a partir da androstenediona e da conversão de estradiol em estrona. AGENTES FARMACOLÓGICOS MODOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS Pensando nos possíveis locais de ação dos fármacos, considerando o aparelho reprodutor feminino, no sentido do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, no caso os ovários, tem-se a produção do GnRH pelo hipotálamo, a adenohipófise uma vez estimulada pelo GnRh irá promover o estímulo gonadal. Chama-se atenção para a questão da possibilidade de o GnRh ser secretado de forma contínua ou pulsátil, sendo que é importante a secreção na forma pulsátil para que o estímulo aconteça, já que no caso da liberação de análogos do GnRh ou agonistas de modo contínuo, ocorre uma supressão da secreção das gonadotrofinas. Como a aromatase realiza a conversão de andrógenos em estrógenos, os fármacos foco de estudo nesse momento serão aqueles que irão inibir de alguma forma essa enzima, pois essa ação resultará em uma redução dessa conversão e por consequência a produção de estrógenos será inibida. Além dessa classe de inibidores da aromatase, há também uma classe de modulares seletivos de receptores de estrógenos (MSRE) e os próprios hormônios sendo usados tanto para a terapia de reposição hormonal, quanto como anticontraceptivos. FARMACOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO – DISTÚRBIOS E INDICAÇÕES FARMACOLÓGICAS DDISTÚRBIO Exemplos Ruptura do eixo hipotalâmico- hipofisário-gonadal - Síndrome do ovário policístico; - Prolactinoma Crescimento inapropriado de tecido dependente de hormônio - Câncer de mama; - Endometriose; - Hiperplasia endometrial; - Leiomiomas Redução na secreção de hormônios - Menopausa; - Hipogonadismo A tabela acima resume possíveis distúrbios e seus respectivos exemplos. Sabe-se que há uma regulação rigorosa do eixo hipotálamo- hipófise-gônadas que ocorre por meio da retroalimentação, que a depender do momento do ciclo pode ser positiva ou negativa, resultando em inibição ou estimulação hormonal. Partindo desse pressuposto, pensando na ocorrência de uma ruptura desse eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, um dos possíveis resultados dessa desregulação é a infertilidade, já que a regulação adequada do eixo é imprescindível para que o ciclo menstrual seja bem sucedido. Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Desse modo, como exemplos de patologias envolvendo a desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas pode-se citar a síndrome do ovário policístico (SOP) e a prolactinoma. A SOP possui uma etiologia bem complexa e normalmente vem acompanhada de uma maior secreção de andrógenos. Além disso, em alguns distúrbios que envolvem o aparelho reprodutor feminino há o crescimento inapropriado de tecido dependente de hormônio. Assim como a testosterona exerce certo papel no desenvolvimento do câncer de próstata, há influencia dos estrógenos no câncer de mama. A endometriose, hiperplasia endometrial e os leiomiomas também estão relacionados a esse distúrbio. É interessante ressaltar que não são todos os tipos de câncer de mama que expressam o receptor de estrogênio, porém, uma grande parcela deles apresentam esse receptor de estrógeno, sendo que o crescimento do tumor é estimulado normalmente por níveis altos de estrógeno, por esse motivo, esse crescimento pode ser inibido com o uso de antiestrogênicos, ou seja, fármacos que bloqueiam a ação dos estrógenos. Por fim, outro distúrbio comum é a redução na secreção de hormônios que está relacionada ao hipogonadismo e a menopausa, sendo que, para o tratamento dessas condições clínicas, esses hormônios podem ser indicados respeitando as adequadas orientações, doses e posologias. MECANISMO DE AÇÃO Relembrando, existem basicamente dois subtipos de receptores de estrógeno, sendo eles o ALFA e o BETA. Sendo a expressão desses subtipos diferenciada, o alfa está presente nas mamas, útero, ovário e no osso, enquanto que o beta encontra-se na próstata, bexiga e ovário. O mecanismo de ação é semelhante ao visto nos receptores de andrógeno, no caso da testosterona. É por conta desse perfil de expressão dos receptores alfa e beta variado que os estrogênios causam efeitos adversos diferentes, como será visto mais à frente. Na figura em sequência há uma exemplificação do mecanismo de ação, lembrando que é importante que esse mecanismo dos estrógenos ao se ligarem aos seus receptores fique muito claro para um posterior entendimento da classe de fármacos dos moduladores seletivos dos receptores de estrógenos que será vista adiante. Há um ligante natural, o estradiol (representado em roxo por E2), e um modulador, o fármaco (representado em azul por SERM) que possuem a capacidade de se ligar ao receptor de estrógeno (representado em amarelo por ER). Uma vez que o agonista -estradiol- se liga ao receptor de estrógeno ocorrem efeitos biológicos como consequência. Dependendo do tecido, as respostas podem ser diferentes, porque uma vez que o agonista se liga ao receptor de estrógeno, irá ocorrer uma dimerização e uma ligação do complexo com monoreceptor aos elementos de resposta aos estrogenos no DNA (representados na margem inferior da imagem por ERE), havendo o recrutamento de cofatores coativadores (representados de verde como Co-Act) ou corepressores da transcrição gênica (representados de laranja como Co-Rep). Sendo que o coativador irá estimular a transcrição gênica enquanto o corepressor irá inibi-la. Dito isso, ressalta-se que dependendo do ligante e do tecido haverá um recrutamento de cofatores diferentes e isso determinará a especificidade alvo dos estrogênios. É justamente a partir desse detalhe que os fármacos moduladores seletivos de receptores de estrógenos se aproveitam para agir. FARMACOLOGIA DOS ESTROGÊNIOS Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Na imagem anterior tem-se um agonista, em suposição o estradiol, e um fármaco, chamado de antagonista. Nesse cenário, pode-se observar o receptor de estrógeno na presença de um agonista, como o estradiol, e esse agonista ao se ligar irá fazer com que o receptor sofra uma alteração conformacional e interaja com regiões específicas do DNA (elementos de resposta aos estrógenos). Além disso, no caso do agonista, haverá o recrutamento de alguns coativadores que irão facilitar a montagem de todo o aparelho de transcrição, ou seja, eles irão promover uma alteração na estrutura da cromatina, o que no final resulta em uma ativação da transcrição gênica. Quando um antagonista se liga ao receptor de estrógeno, ele também irá provocar uma mudança na conformação (diferente da que ocorre pela ligação com um agonista), e uma ligação aos elementos de resposta ao estrógeno no DNA, recrutando corepressores, podendo, portanto, inibir a transcrição gênica. AGONISTA – ESTIMULA A TRANSCRIÇÃO GÊNICA ANTAGONISTA – INIBE A TRANSCRIÇÃO GÊNICA MODULADORESSELETIVOS DOS RECEPTORES DE ESTRÓGENO (MSRE) Compreendendo que alguns fármacos atuam como agonistas e outros como antagonistas, sendo que em um mesmo tecido um fármaco pode ser agonista e outro pode ser antagonista, dependendo das etapas citadas anteriormente, ou seja, de quais cofatores ele irá recrutar, se serão coativadores ou corepressores. Os moduladores seletivos dos receptores de estrógeno (MSRE), como o próprio nome sugere, irão fazer uma modulação, sendo que em alguns tecidos eles irão promover um efeito agonista, portanto semelhante ao estrogênico, e em outros tecidos irão desempenhar um papel de antagonistas, com um efeito antiestrogênico. E o que acarreta a seletividade característica desses fármacos? Essa seletividade está principalmente associada à presença de cofatores na forma de coativadores ou corepressores. Portanto, esses fármacos irão inibir efeitos estrogênicos em alguns tecidos e promover esses mesmos efeitos estrogênicos em outros tecidos, além de que fármacos diferentes podem ter ações distintas em determinados tecidos. A figura em sequência é bem didática e demonstra bem esse conceito supracitado. Portanto, ela demonstra que dependendo do tecido, exemplificando em A, o osso, e em B, a mama, pode haver um efeito agonista, agonista parcial, ou antagonista de forma específica ao tecido. Por exemplo, no osso, quando o estrógeno se liga ao receptor presente nessa região, ele irá recrutar tanto um cofator X, quanto um cofator Y. O recrutamento do cofator X é importante para a expressão de um gene chamado de gene 1, já o cofator Y é importante para que o gene 2 seja expressado, e ambos os cofatores são necessários concomitantemente para a expressão de um terceiro gene, o gene 3. Como o estrógeno é capaz de recrutar, no osso, tanto o cofator X quanto o cofator Y, os três genes serão expressos, e por isso, nesse caso, ele é denominado de agonista pleno. O modulador seletivo, por sua vez, ainda no caso do osso, irá se ligar ao receptor de estrógeno, bem como o estrógeno no caso anterior, porém com um detalhe importante: quando esse modulador seletivo realiza essa ligação com o receptor, ele irá recrutar apenas o cofator X, pois a mudança conformacional poderá ser diferente de tal modo que o recrutamento será só do cofator X e não do Y, e isso significa que só o gene dependente do cofator X será expresso. Por esse motivo, esse modulador é considerado um agonista parcial, já que a resposta não será completa, visto que para que o gene 2 e o gene 3 serem expressos seria necessária a presença do cofator Y. Pensando no estrógeno atuando em um tecido diferente do exposto anteriormente, analisando agora a sua ação na mama, tem-se que ao realizar a ligação com o receptor, o estrógeno irá promover o recrutamento somente do cofator Y, e por consequência, apenas o gene 2 será expresso. Porém, isso faz com que, nessa região, o estrógeno seja um agonista pleno, porque para que haja uma atuação como agonista pleno na mama é necessário apenas o recrutamento do cofator Y. Como já foi visto modulador seletivo do receptor de estrógeno é incapaz de recrutar o cofator Y. Como o cofator X não está presente nessa região e como esse modulador não é capaz de recrutar o cofator Y, nenhum gene será expresso. Então, nesse caso da mama, ele atua como antagonista. Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Esse é um exemplo simples visto que nem leva em conta os corepressores, apenas considera os coativadores, mas mesmo assim ele é importante para o entendimento de que um fármaco, em um tecido pode atuar como agonista, dependendo do cofator que ele é capaz de recrutar, e em outro tecido ele pode atuar como antagonista. Além disso, a ligação do fármaco com o receptor promove também um bloqueio competitivo. USOS CLÍNICOS DOS MSRE’s A tabela apresentada a seguir faz uma comparação de fármacos mais utilizados clinicamente, tamoxifeno e raloxifeno com o estrógeno em diferentes tecidos. Mama Endométrio Osso Estrógeno +++ +++ +++ Tamoxifeno - + + Raloxifeno - - ++ O tamoxifeno possui um efeito antagonista na mama, e agonista parcial no endométrio e no osso. É utilizado no tratamento e prevenção do câncer de mama, por conta do seu efeito antagonista do estrógeno nas mamas, já que o estrógeno é um fator importante para o crescimento de tumores nessa região. Porém, por conta de ser um agonista parcial no endométrio, esse estímulo semelhante ao do estrógeno está associado a um risco de câncer endometrial. O efeito agonista nos ossos, por sua vez, possui um papel importante na prevenção da osteoporose, visto que o estrogênio está relacionado a uma redução da reabsorção óssea. Outro fármaco é o raloxifeno, ele é antagonista na mama e no endométrio e agonista no osso. Por esse efeito antagonista na mama e no endométrio, o raloxifeno parece não aumentar o risco de câncer nessas regiões, em especial, no endométrio. Além disso, por sua ação mais pronunciada de agonista no osso ele auxilia na prevenção e retardo de progressão da osteoporose. Existe também o clomifeno, que é um fármaco modulador seletivo do receptor de estrógeno, utilizado para induzir a ovulação. Essa ação se dá porque no hipotálamo e na adenohipófise ele é um antagonista do receptor de estrógeno, e esse efeito faz com que ocorra um alívio da inibição por retroalimentação negativa do estrogênio. Ação agonista parcial x antagonista Ativação de coativadores X correpressores Tamoxifeno → antagonista na mama e agonista parcial em endométrio e osso - Risco de câncer endometrial Raloxifeno → agonista no osso e antagonista em mama e endométrio - Retarda a progressão da osteoporose / Parece não aumentar o risco de câncer endometrial INIBIDORES DOS HORMÔNIOS GONADAIS Outra classe de fármacos é a dos inibidores da aromatase, então, como visto anteriormente a aromatase é importante para a reação de aromatização, que leva à síntese de estrógenos a partir de andrógenos. Isso significa que, com o bloqueio dessa enzima, não há essa conversão, e por esse motivo, há uma redução na síntese de estrógeno. Como exemplos desses fármacos pode-se citar o anastrozol e letrozol, que atuam como inibidores competitivos, e o exemestano e o formestano que agem inibindo a enzima por meio de uma ligação covalente. Sua utilização clínica ocorre em casos de câncer de mama, pois esses fármacos inibem a produção de estrógenos - hormônios estes que possuem um papel importante no crescimento de tumores dependentes de estrógeno. Desse modo, são utilizados no tratamento do câncer de mama metastático e na prevenção de recidivas. Porém, como efeito negativo do uso desses inibidores de aromatese tem-se o aumento de fraturas osteoporótcas, visto que o estrógeno desempenha uma função protetora nos ossos. INIBIDORES DA AROMATASE Aromatase → síntese de estrógenos a partir de precursores de andrógenos Inibição do crescimento de tumores dependentes de estrógeno Anastrozol e Letrozol → inibidores competitivos Exemestano e Formestano → ligação covalente Aumentam o risco de fraturas osteoporóticas FARMACOLOGIA DOS ESTROGÊNIOS Dentre os estrogênios naturais, há o estradiol (E2), como o mais potente deles, a estrona (E1) e o estriol (E3), que é o mais fraco pensando na potência. Alguns detalhes da estrutura química desses hormônios são importantes e podem ser observados na imagem acima. Além desses estrogênios naturais, também existem estrogênios + - Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V sintéticos, sendo o etinilestradiol o principal exemplo nesse caso. Esse fármaco possui a adição de um grupamento etinil, e esse grupamento etinil no carbono 17 é responsável por reduzir o metabolismo de primeira passagem hepático, ao contrário dosestrogênios naturais que apresentam um grande metabolismo hepático de primeira passagem. Portanto, a administração desses estrogênios naturais sem qualquer proteção, acaba resultando em uma grande degradação hepática de primeira passagem. Esteroides naturais estradiol estrona estriol Esteroides sintéticos etinilestradiol mestranol quinestrol PREPARAÇÕES DE ESTRÓGENOS Na tabela abaixo, pode-se visualizar as preparações de estrógenos, tanto naturais, quanto sintéticos. Administração oral, transdérmica ou tópica Ésteres de estradiol → podem ser IM Preparações micronizadas → maior superfície de absorção → maior biodisponibilidade Administração oral → estradiol, estrogênios conjugados, etinilestradiol Estradiol em adesivos transdérmicos → liberação lenta e contínua através da pele → minimizar efeitos hepáticos Os estrogênios naturais são bem absorvidos quando administrados por via oral, entretanto, esses estrogênios são rapidamente degradados pelo metabolismo hepático de primeira passagem, nesse quesito, pode-se dizer que os estrogênios sintéticos são mais “protegidos” desse metabolismo hepático de primeira passagem. Uma maneira de melhorar a biodisponibilidade dos estrogênios naturais, como o estradiol, é a micronização. Essas preparações micronizadas nada mais são que partículas de um diâmetro bem reduzido, e que por conta de permitirem uma superfície de contato maior, acarretam em uma melhor absorção, e por consequência, a biodisponibilidade também melhora. Além disso, existem algumas formas conjugadas que tentam melhorar essa biodisponibilidade e a absorção a fim de reduzir os efeitos de primeira passagem. As formas conjugadas de modo geral, seja na forma de valerato de estradiol ou os próprios estrogênios conjugados, também são tentativas de preservar a biodisponibilidade do estradiol. Essas formas esterificadas, como por ex., o valerato de estradiol, são formas que, quando administradas de modo intramuscular, são bem absorvidas. Os fármacos que podem ser administrados por via oral incluem os conjugados naturais e o etinilestradiol (sendo associado a uma progestina, principalmente na contracepção hormonal), já que eles possuem uma boa absorção e biodisponibilidade por essa via. Existe ainda, a forma de administração transdérmica e a tópica, pois a maioria dos estrogênios possui uma boa absorção pela pele e mucosas. Logo, existem preparações de estrogênios para uso tópico vaginal, por exemplo, por meio de cremes com estrogênios conjugados, ou ainda por meio de preparações tópicas de estradiol. Devido a boa absorção pela pele há a administração transdérmica sendo eficaz por meio de adesivos de estradiol que possuem uma liberação lenta e contínua através da pele, e isso ajuda a minimizar os efeitos hepáticos dos estrógenos visto que a concentração portal é diferente daquela apresentada em administrações orais. O mestranol é um fármaco que depois de administrado irá sofrer uma transformação hepática originando o etinilestradiol (forma ativa). Já o promestrieno é uma formulação para a aplicação vaginal útil, principalmente, em casos de hipoestrogenismo (baixos níveis de estrogênio) a fim de reduzir os sintomas da atrofia vaginal. Lembrando que as vias de administração, oral, transdérmica ou tópica, podem variar de acordo com a utilidade clínica, se usada para terapia de reposição para controle dos sintomas da menopausa ou como método contraceptivo, assim como a dose também varia de acordo com a situação clínica apresentada. Dentre os estrógenos indicados para a terapia de reposição na menopausa pode-se destacar os estrógenos conjugados (via oral ou via vaginal na forma de creme), o estriol (via oral ou vaginal), o estradiol micronizado (administração por via oral), o valerato de estradiol (via oral e vaginal), estradiol (via transdérmica e vaginal), promestrieno (forma vaginal) e o 17 Beta-estradiol (vias transdérmica, oral, nasal ou por implante subcutâneo). EFEITOS ESTROGÊNICOS HEPÁTICOS Um detalhe muito importante é o que diz respeito aos efeitos hepáticos dos estrogênios, sendo estes efeitos variados e extremamente relacionados aos efeitos colaterais da administração de estrogênios. Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Esses efeitos causados nos hepatócitos estão ligados, principalmente, ao aumento de síntese proteica. Por esse motivo podem levar ao aumento da SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais), CBG (globulina ligadora de corticosteroides), IGFBP (proteína ligadora de fator de crescimento semelhante a insulina), todas proteínas/globulinas que podem ter papel na alteração de exames laboratoriais. Além disso, talvez um dos fatores mais preocupantes seja o aumento da síntese de fatores de coagulação, visto que isso pode estar relacionado com o aumento do tromboembolismo associado aos estrógenos, ou seja, culminando no desenvolvimento da doença tromboembólica. Ademais, ocorre também um aumento do angiotensinogênio, que é o substrato de renina, culminando na ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e com possível elevação da pressão arterial. Devido ao fato desses efeitos cardiovasculares estarem relacionados à síntese proteica, que por sua vez está ligada aos efeitos estrogênicos nos hepatócitos, deve existir uma cautela na administração desses fármacos em mulheres com doenças cardiovasculares e hipertensão. Nesses casos, formas de administração que reduzam os efeitos hepáticos dos estrogênios (por exemplo, a via transdérmica) podem ser utilizadas no tratamento. Apesar disso, é importante lembrar que embora a via de administração transdérmica possua vantagem de uso pela redução dos efeitos hepáticos, ela também está associada a níveis estrogênicos que podem causar outros efeitos colaterais. Por esse motivo, esses efeitos devem ser considerados na decisão de qual terapêutica irá ser adotada. Efeitos estrogênicos na carcinogênese Fala-se também em um possível efeito carcinogênico do uso desses fármacos, visto que os estrogênios são estimuladores de proliferação. As possíveis explicações acerca do efeito carcinogênico dos estrogênios giram em torno de todo o processo de metabolismo. Logo, tem-se o estradiol gerando diversos produtos do metabolismo, estes podem provocar lesões no DNA. Há também o próprio efeito da ligação de estrógenos aos receptores, pois pode haver uma alteração da expressão gênica causando o aumento de proliferação que, por sua vez, pode propiciar a ocorrência de mutações, e isso tudo pode culminar do desenvolvimento de um câncer de mama, por exemplo. Além das questões supracitadas, existem outras diversas explicações possíveis para a relação dos estrogênios e o efeito carcinogênico. Dito isso, essa correlação é uma grande preocupação, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do câncer de mama. EFEITOS ADVERSOS: 1. Carcinogênese Risco aumentado de câncer de mama (papel das progestinas?) Risco aumentado de câncer endometrial → sem oposição por progestina Existem alguns estudos que relacionam as progestinas como possíveis atuantes importantes no processo de desenvolvimento do câncer de câncer de mama. POR QUE? Aumento na proliferação celular→ Formação de metabólitos 4- hidroxicatecóis → Lesão direta ao DNA 2. Doença tromboembólica Aumento na síntese de fatores de coagulação → Aumento no embolismo pulmonar Risco maior em mulheres fumantes FARMACOLOGIA DAS PROGESTINAS CLASSIFICAÇÃO As progestinas possuem algumas classificações importantes que podem ser tanto de acordo com a estrutura química/origem, quanto referente a sua síntese/geração. As progestinas ou progestágenos são caracterizadas por derivarem da progesterona, lembrando que a progesterona por si só é degradada muito rapidamente e poresse motivo, normalmente, não é utilizada. A progesterona e seus derivados possuem um papel importante no período gestacional devido a seu caráter pró-gestacional. Esses hormônios, portanto, atuam na manutenção da gravidez e Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V impedem a proliferação do endométrio (que é estimulado pelos estrogênios), tornando esse endométrio um secretor, preparando o local para a implantação do embrião. A partir dessa linha de raciocínio, pode-se entender a importância da associação das progestinas à administração de estrogênios com a finalidade de redução dos efeitos carcinogênicos, como citado anteriormente. Isso ocorre graças à atuação da progesterona na diminuição dos receptores de estrogênio, por consequência, a promoção da proliferação endometrial que é desencadeada pelo estrogênio é reduzida. A progesterona é o hormônio natural. Seus derivados ser classificados quanto a sua origem e estrutura química em agentes similares à progesterona (pregnanos), agentes similares à 19-nortestosterona (estranos), agentes similares ao norgestrel (gonanos) e os derivados da espironolactona. Como agente similar à progesterona, tem-se o acetato de medroxiprogesterona. Os agentes similares à 19- nortestosterona são progestágenos sintetizados a partir de andrógenos, como a própria 19-nortestosterona e a nortestosterona, e possuem atividades androgênicas. Os gonanos (agentes similares ao norgestrel), por sua vez, são derivados da 19-nortestosterona, o norgestrel e o nergestimato são exemplos dessa classe. Esses fármacos foram alterados para que em comparação à classe anterior possuam uma atividade androgênica menor. Há ainda os derivados de espironolactona como a drospirenona, que será abordada mais a frente e possui um efeito antiandrogênico. Existe outra classificação que divide os fármacos em gerações (como demonstrado pela tabela em sequência). Os mais antigos, denominados como de primeira geração, incluem os derivados dos noresteroides que, obviamente, possuem grande ação androgênica, visto que são derivados de andrógenos. Como tentativa de diminuir esses efeitos androgênicos, foram sintetizados os fármacos de segunda geração, e por esse motivo eles possuem uma ação androgênica menor que os de primeira geração. Norgestrel, levonogestrel e norelgestromina são exemplos de fármacos presentes nessa classe. Ainda na tentativa de reduzir mais esses efeitos androgênicos, foram desenvolvidos os fármacos de terceira geração, representados pelo norgestimato, gestodeno, desogestrel e etonogestrel, fármacos que exercem uma ação antiandrogênica. A quarta geração surgiu com o objetivo de aumentar a seletividade, portanto, são fármacos mais seletivos ao receptor de progesterona, alguns exemplos são a trimegestona, nomegestrol, nestorona e dienogeste. A drospirenona é enquadrada na categoria de derivado da espironolactona e possui um efeito antimineralocorticoide e antiandrogênico. Existem ainda os derivados da pregnenolona, compostos pela ciproterona, medroxiprogesterona e a clormadinona, e que apresentam uma ação antiandrogênica. FARMACOLOGIA DOS ESTROGÊNIOS E PROGESTINAS USOS CLÍNICOS Terapia de Reposição Hormonal na Menopausa - Sintomas Vasomotores - Osteoporose - Atrofia Urogenital Redução da incidência de câncer de cólon USOS CLÍNICOS – TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL NA MENOPAUSA Chama-se a atenção para o fato de que a principal indicação para a terapia de reposição hormonal na menopausa é a supressão das ondas de calor para tratar os sintomas vasomotores, e tratamento de osteoporose e atrofia urogenital (pode ser apresentada na forma de ressecamento vaginal). Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Na menopausa ocorre uma deficiência estrogênica e, por consequência, os baixos níveis de estrógeno acabam afetando o fluxo sanguíneo, a secreção glandular no trato geniturinário – manifestação de sintomas como atrofia, ressecamento, prurido, dispareunia, urgência e incontinência urinária- além disso, essa atrofia urogenital pode levar também a uma maior incidência de infecções urinárias. Portanto, baixas doses de estrogênios de uso local, como o estriol e alguns fármacos moduladores seletivos do receptor de estrogênio, são fármacos que auxiliam no controle desses sintomas, principalmente aqueles atrelados a atrofia urogenital, também podem ser utilizados lubrificantes e hidratantes para auxiliar no ressecamento causado por essa atrofia. Associação estrogênio mais progestinas Mulheres com útero Estrogênios conjugados e acetato de medroxiprogesterona Um detalhe importante envolvido com a terapia de reposição hormonal na menopausa é justamente o de que mulheres com útero devem ter uma terapêutica do uso de estrogênio associado as progestinas. Isso se deve ao fato de os estrogênios estimularem a proliferação endometrial, enquanto as progestinas exercem o papel contrário ao passo que reduz o número de receptores de estrógeno. Logo, o tratamento em associação visa evitar o desenvolvimento de câncer endometrial. Vários estudos clínicos foram feitos pensando nos possíveis riscos envolvidos na terapia de reposição hormonal na menopausa e um dos grandes efeitos negativos é o desenvolvimento de câncer de mama e doenças cardiovasculares, como o próprio tromboembolismo citado anteriormente. Foi observado, então, que o tratamento contínuo de estrogênio associado as progestinas, aumentou o risco de eventos cardiovasculares, câncer de mama e acidente vascular cerebral (AVC), entretanto, reduziu o risco de fraturas osteoporóticas. Dessa maneira, concluiu-se que o ideal para a terapia de reposição hormonal na menopausa, visando reduzir riscos, principalmente de câncer de mama, é que quando utilizada, seja na menor dose possível e durante o período de tempo mais curto possível. Nos casos de escolha dessa terapêutica, estrógenos e progestinas podem ser utilizados como comprimidos orais, adesivos transdérmicos, anéis vaginais ou comprimidos vaginais, a depender dos sintomas e da necessidade de cada paciente. *OBS.: OS QUADROS REFERENTES AOS ESTRÓGENOS E PROGESTÓGENOS INDICADOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS DA MENOPAUSA ESTÃO ANEXADOS NA ÚLTIMA PÁGINA DO RESUMO! É importante ressaltar que a dose de estrógeno utilizada no tratamento da terapia de reposição é substancialmente menor do que as doses de estrógenos usadas na contracepção oral, por esse motivo, os efeitos adversos tendem a ser menos pronunciados na terapia de reposição do que em mulheres que utilizam esse fármaco como contraceptivo oral. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS Os contraceptivos hormonais são divididos, basicamente, em: 1. Combinações de estrógeno-progestágeno: estrógenos mais progestinas, monofásicas, bifásicas e trifásicas 2. Progestágeno apenas: minipílulas, dispositivos intra- uterinos O uso dos anticoncepcionais orais ainda é um objeto de investigação clínica, visto que é um meio considerado efetivo e reversível de contracepção, além de ser uma das medidas medicamentosas mais utilizadas para esse fim. Os efeitos adversos são muito discutidos, principalmente por conta da relação com o tromboembolismo e o câncer de mama. Apesar disso, a eficácia desses fármacos para a contracepção é efetiva. Dentre os anticoncepcionais orais combinados, pode-se citar como estrógenos, o etinilestradiol, valerato de estradiol e o 17 Beta-estradiol associados a diversos progestágenos. A eficácia dos anticoncepcionais combinados é alta (cerca de 99,9 %) e efetividade varia entre 97-98%. Os progestágenos podem ser encontrados na forma de minipílulas e dispositivos intrauterinos. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS Quanto ao mecanismo de ação dos contraceptivos combinados (estrógeno + progestágeno),há o componente estrogênico atuando principalmente sobre o FSH, inibindo a sua liberação, enquanto que o componente progestogênico é o principal responsável pela inibição da liberação de LH, ou seja, essa combinação atua inibindo a liberação de gonadotrofinas (supressão de gonadotrofinas). Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Portanto, esse processo resulta na ausência do surto de LH e, por consequência, há uma inibição da ovulação. Além desse efeito supressor sobre o eixo que causa a inibição da ovulação, existe um efeito pró-gestacional, ligado principalmente aos progestágenos. Nesse sentido, considera-se que nas pílulas combinadas um dos efeitos predominantes é o efeito pró-gestacional. Isso se dá porque o uso das progestinas promove uma série de alterações endometriais que irão envolver alterações do peristaltismo tubário, na receptividade na nidação (endometrial) e na secreção de muco cervical, o que dificulta a ascensão do espermatozoide e prejudica o transporte do óvulo. A junção dos efeitos endometriais e da supressão da liberação de gonadotrofinas aumenta a eficácia contraceptiva. SISTEMAS DE LIBERAÇÃO Esses fármacos podem ser utilizados de diversas formas, logo, existem vários sistemas de liberação. O anel vaginal, por exemplo, é inserido na vagina, permanece por cerca de 3 semanas, posteriormente é removido, e na 4 semana não se usa o anel vaginal, é quando ocorre o sangramento de retirada, a eficácia, contraindicações e efeitos adversos do anel vaginal são semelhantes ao que ocorre nos contraceptivos orais. Existem também os adesivos transdérmicos, que se configuram como uma alternativa à administração via oral. Esse adesivo é aplicado em regiões como as nádegas e o abdômen, a cada semana, durante 3 semanas, na 4 semana é realizada a retirada e ocorre o sangramento de retirada. A eficácia aqui é semelhante à dos contraceptivos orais, dependendo muito da massa corporal (por exemplo: uma massa superior a 90 kg pode apresentar uma eficácia reduzida). As contraindicações também são semelhantes, porém, quanto aos efeitos adversos, foi observado que a exposição total ao estrogênio via adesivo transdérmico é ainda maior da obtida pelo uso de contraceptivos orais e, por esse motivo, essa exposição total ao hormônio pode aumentar o risco dos efeitos adversos, como o tromboembolismo. Por fim, há os comprimidos orais dos contraceptivos combinados, sendo que essas pílulas podem ser monofásicas, nas quais a dose hormonal é constante durante todo o período, ou podem ser bifásicas e até trifásicas, nas quais existem alterações nas concentrações de estrógeno ou de progestina ao longo do período. Com relação à eficácia e efeitos adversos não existe comprovação de diferenças estabelecidas entre a administração de pílulas monofásicas e bifásicas/trifásicas. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS – PROGESTINA PURA Existem ainda contraceptivos hormonais de progestina pura, como, por exemplo, as minipílulas (acetato de noretindrona ou levonorgestrel) que configuram um índice maior de falha, ou seja, a sua eficácia pode ser reduzida. As concentrações de progestágenos presentes nas minipílulas são consideradas insuficientes para bloquear a ovulação, logo, seu principal efeito contraceptivo se dá pelo espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no endométrio (alterações do peristaltismo tubário, alterações na receptividade endometrial e alterações na secreção de muco cervical levam a inibição do transporte apropriado do óvulo e de espermatozoides). Contraceptivos de progestina pura Bloqueio de ovulações → 60-80% dos ciclos Espessamento do muco cervical e menor probabilidade de implantação Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Minipílulas, injetáveis e implantes Minipílulas: acetato de noretindrona ou levonorgestrel Contraceptivos a base de desogestrel Existem algumas formulações de contraceptivos de progestina pura, como o desogestrel, que podem conter concentrações capazes de promover supressão do eixo, mesmo assim, o bloqueio de ovulação é de cerca de 70 - 80%. Elas fazem isso por meio do componente progestágeno, alterando a frequência de pulsos de GnRH e reduzindo a responsividade da adenohipófise ao GnRH. Em suma, tem-se as minipílulas, que são consideradas incapazes de bloquear o eixo hipotálamo – hipófise- ovário, e outros contraceptivos com desogestrel que em determinadas doses é capaz de realizar o bloqueio do eixo e inibir a ovulação. A indicação das minipílulas ocorre quando há uma contraindicação ou intolerância ao uso de estrógenos e durante a amamentação (diferente dos estrógenos, elas não inibem a produção de leite). Os implantes também podem ser colocados e realizam uma contracepção por cerca de 3 anos. E por fim, existe também o sistema intrauterino do levonorgestrel, um método bem eficaz de contracepção, com duração de 3 – 5 anos dependendo do sistema utilizado, sendo útil em casos em que se deseja um método de longa duração e em pacientes com contraindicação ao uso de estrogênio, sendo que, obviamente, esse método deve ser contraindicado em mulheres que tenham alguma doença inflamatória pélvica. O quadro 54.3 em sequência sintetiza as condições preferenciais de uso de contraceptivo só progestogênico, sendo algumas delas: em pacientes com enxaquecas, mulheres com idade superior a 35 anos, histórico de doença tromboembólica, hipertensão, doença cerebrovascular, lúpus, etc. No quadro 54-4 anexado ao fim do resumo, encontram-se algumas formulações de anticoncepcionais orais disponíveis no Brasil. EFEITOS ADVERSOS – CONTRACEPTIVOS HORMONAIS 1. Efeitos cardiovasculares: Tromboembolismo e hipertensão 2. Efeitos carcinogênicos: Câncer de mama, carcinoma hepatocelular 3. Efeitos metabólicos e endócrinos: Possível comprometimento do metabolismo da glicose (doses maiores) Doença da vesícula biliar 4. Náuseas, edema, cefaleia Entre os efeitos adversos contraceptivos relacionados ao sistema cardiovascular destaca-se o maior risco de tromboembolismo venoso, isso é particularmente mais importante nos casos de mulheres fumantes ou que tenham outros fatores de risco para o tromboembolismo. Além disso, é importante também estar atento ao desenvolvimento de hipertensão arterial nas mulheres. Os efeitos carcinogênicos também são observados como efeito adverso, como já dito anteriormente, sendo o câncer de mama o mais comum, o câncer endometrial e até mesmo carcinoma hepatocelular. Demonstrando a importância de exames mamários, pélvicos, rastreamento de câncer de colo uterino e presença de doenças sexualmente transmissíveis, o que pode aumentar o risco carcinogênico desses medicamentos. Existem também efeitos metabólicos e endócrinos, como um possível comprometimento do metabolismo da glicose, em especial no uso de doses maiores de estrógenos, existe um risco documentado de doenças na vesícula biliar, decorrentes do aumento da concentração de colesterol biliar em relação aos sais biliares, e isso reduz a solubilidade do colesterol favorecendo a formação de cálculos biliares. Ademais, algumas mulheres podem apresentar sintomas mais leves, como náuseas, edema e cefaleia. Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V CONTRAINDICAÇÕES A AOC Existem diversas contraindicações ao uso dos anticoncepcionais orais combinados, sendo estes descritos no quadro 54-7 anexado ao fim do resumo. Embora considerados seguros para a maioria das mulheres saudáveis, esses medicamentos podem contribuir para incidência e aumento da gravidade de certas patologias, como as tromboembólicas, cardiovasculares e carcinogênicas, em especial quando há a presença de fatores de risco. Sendo que o maior fator de riscoestá associado a mulheres de idade superior a 35 anos tabagistas, tanto é que até mesmo doses baixas são contraindicadas para essas mulheres pelo risco aumentado dos efeitos adversos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS COM CONTRACEPTIVOS Além disso, existem grandes interações medicamentosas que podem ocorrer (quadro 54.8), principalmente, quando há o uso de antimicrobianos que alteram a flora do trato gastrointestinal, pois isso pode resultar em um comprometimento na eficácia desses anticontraceptivos orais. Por esses motivos, é importante que seja feita a adequada orientação para a paciente, a fim de assegurar que em períodos em que o uso desses antimicrobianos é necessário, ela use de métodos alternativos de contracepção. ANEXO – QUADROS CITADOS Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V Gabriela Bordignon – T5 AULA DE FARMACOLOGIA, PROF. DANI – BBPM V
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