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FARMACOLOGIA Estrógenos e progestinas . SÍNTESE DOS ESTRÓGENOS . ● Papel fundamental da aromatase (CYP19): faz a reação de aromatização de androgênios. ● A partir dessa reação, tem-se os estrógenos. ● A CYP19 tem sua atividade aumentada a partir da ação de gonadotrofinas (FSH e LH). . MECANISMOS DA AÇÃO HORMONAL . ● Existem dois subtipos de receptores de estrógenos (ER): o alfa e o beta. ● O ER alfa é mais expresso em mamas, útero, ovários e ossos. ● O ER beta é mais expresso em bexiga e ovário. ● Os efeitos biológicos hormonais são desencadeados a partir da ligação do estradiol aos seus receptores. Esses efeitos se diferenciam de acordo com cada tecido e com cada ligante. ● Ao ter-se a ativação do receptor de estradiol, ocorre uma dimerização (mudança em sua conformação) e uma consequente ligação aos Elementos de Resposta aos Estrógenos (ERE) presentes no DNA. Diante desses ERE, há o recrutamento de cofatores (co-ativadores ou co-repressores). ● Num mesmo tecido, os co-ativadores - que são recrutados a partir da ligação agonista-ER - estimulam a expressão gênica, enquanto que os co-repressores - ativados pela ligação antagonista-ER - causam inibição da transcrição gênica. . MODOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS . Inibidores da aromatase: ● Ao inibir a enzima CYP19, reduz-se a conversão (aromatização) de andrógenos em estrógenos. ● Dessa forma, tem-se uma menor produção de estrógenos. Moduladores seletivos dos receptores de estrógenos: ● Modulam especificamente os receptores de estrógenos. Hormônios exógenos: ● Reposição hormonal; ● Métodos contraceptivos. . DISTÚRBIOS E INDICAÇÕES . . FARMACOLÓGICAS . Rupturas do eixo hipotálamo-hipofisário- gonadal: ● Ex: síndrome de ovário policístico e prolactinoma. ● Pode causar infertilidade. Crescimento inapropriado de tecido dependente de hormônio: ● Papel dos estrógenos no câncer de mama. ● Ação de anti-estrogênicos no tratamento do câncer de mama. ● Outros exemplos: endometriose, hiperplasia endometrial e leiomiomas. ● Muitos tumores expressam grande quantidade de receptores de estrógenos ⇒ são agravados por essa ação hormonal. Redução na secreção de hormônios: ● Aplicação dos fármacos para tratamento de menopausas e hipogonadismos. . MODULADORES SELETIVOS . . DOS RECEPTORES DE ESTRÓGENO . . (MSRE) . ● Os antagonistas e agonistas, na farmacologia, geralmente são representados pelos Moduladores Seletivos dos Receptores de Estrógeno (MSRE). ● A diferenciação entre agonistas plenos ou parciais e antagonistas é determinada de acordo com o tecido de referência. ● Em tecidos como na mama, é considerado agonista pleno aquele que desencadeia o recrutamento de cofatores Y. Nesse caso, um modulador seletivo de receptor de estrógeno (MSRE), ao inibir o cofator Y, é considerado um antagonista. ● Em outra situação, em tecidos como nos ossos, é considerado agonista pleno aquele que desencadeia recrutamento de cofatores Y e também cofatores X. Nesse caso, o mesmo MSRE que inibe o cofator Y, é considerado um agonista parcial. ● Tamoxifeno: é antagonista na mama e agonista parcial no endométrio e nos ossos. ● Indicado para o tratamento do câncer de mama. ● Por ser agonista parcial no endométrio, há riscos aumentados de câncer endometrial. ● Colabora na prevenção de osteoporose, por sua ação agonista parcial nos ossos. ● Raloxifeno: é agonista nos ossos e antagonista nas mamas e no endométrio. ● Sua ação antagonista colabora no tratamento do câncer de mama, sem aumentar o risco de câncer endometrial. ● Sua ação agonista nos ossos aponta para um retardamento da progressão da osteoporose. ● Clomifeno: usado para indução da ovulação. ● Antagonista do receptor de estrógeno no hipotálamo e na adenohipófise. ● Essa ação bloqueia o ciclo natural de feedback negativo que o estrógeno faz sobre o eixo. ● Sem o feedback negativo, há uma intensificação da produção de GnRH e de gonadotrofinas⇒ indução da ovulação. . INIBIDORES DA AROMATASE . ● Ao inibir a ação das aromatases, que são responsáveis pela síntese de estrógenos à partir de precursores de andrógenos, limita-se a produção desses estrógenos. ● Colabora para a inibição do crescimento de tumores dependentes de estrógeno. ● Como os estrógenos possuem fator protetor sobre os ossos, a ação desses fármacos aumentam o risco de fraturas osteoporóticas. ● Principal uso no tratamento de câncer de mama. ● Anastrozol e Letrozol: são inibidores competitivos. ● Exemestano e Formestano: inibição por meio de ligação covalente. . FARMACOLOGIA DOS ESTRÓGENOS . ● Estrogênios naturais em ordem crescente de potência: estriol (E3), estrona (E1) e estradiol (E2). ● O principal estrogênio sintético é o etinilestradiol. ● A adição do grupamento etinil reduz o metabolismo hepático de primeira passagem, como uma espécie de proteção, uma vez que todos os estrogênios naturais possuem intensa metabolização hepática. PREPARAÇÕES DE ESTRÓGENOS: ● Estrogênios naturais: estradiol, estrona, estriol valerato de estradiol, estrogênios derivados de animais/conjugados naturais (sulfato de estrona, equilenina). ● Principal uso terapêutico: terapia de reposição hormonal. ● Estrogênios sintéticos: etinilestradiol, mestranol (passa por ativação hepática e se ativa em etinilestradiol), promestrieno (formulação para aplicação via vaginal). ● Uso principal da contracepção hormonal. ● Administrações orais, transdérmicas ou tópicas. ● Ésteres de estradiol (como o valerato de estradiol) também podem ser administrados intramuscular. ● Administração geralmente oral de estradiol, estrogênios conjugados e etinilestradiol ⇒ alguns com preparações micronizadas garantem maior superfície de absorção e maior biodisponibilidade. ● Preparações de estrogênios para uso tópico ⇒ a maioria dos estrogênios tem uma boa absorção em pele e mucosas. ● Estradiol em adesivos transdérmicos ⇒ permitem uma liberação lenta e contínua através da pele que colaboram para minimizar efeitos hepáticos. . EFEITOS ESTROGÊNICOS HEPÁTICOS . ● Efeitos nos hepatócitos a partir do aumento da síntese proteica por conta do aumento das SHBG (Globulina ligadora de hormônios sexuais), CBG (Globulina ligadora de corticoesteróides), IGFBP (Proteína ligadora do fator de crescimento semelhante à insulina). ○ Esse aumento pode colaborar para alterações de exames laboratoriais. ● Há, ainda, aumentos na síntese de fatores de coagulação ⇒ aumento de tromboembolismos (principalmente em mulheres fumantes). ● Também ocorre um aumento do angiotensinogênio (substrato de renina) ⇒ leva a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona ⇒ possível aumento da pressão arterial. ● Por fim, há estudos associando esses efeitos à carcinogênese ⇒ risco aumentado de câncer de mama (progestinas) e risco aumentado de câncer endometrial. ○ Isso porque esses fármacos colaboram para o aumento da proliferação celular e da formação de metabólitos 4-hidroxicatecóis que podem causar lesões diretas ao DNA. . FARMACOLOGIA DAS PROGESTINAS . ● As progestinas (ou progestágenos) são derivadas da progesterona, sendo agentes similares. Pregnanos: derivados da progesterona ⇒ agentes similares à progesterona, como o acetato de medroxiprogesterona. Estranos: derivados de andrógenos ⇒ agentes similares à 19-nortestosterona (também chamados de 19-norderivados), como a noretindrona. ● Possuem atividade androgênica. Gonanos: agentes similares ao norgestrel, como o norgestimato (retardamento do metabolismo hepático). ● Possui menor atividade androgênica. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO GERAÇÕES: ● PRIMEIRA GERAÇÃO: derivados dos noresteroides (noretindrona, noretisterona, noretinodrel, acetato de noretisterona, linestrenol, acetato de etinodiol). ○ Grande ação androgênica. ● SEGUNDA GERAÇÃO: Norgestrel, levonorgestrel e norelgestromina. ○ Menor ação androgênica do que os de primeira geração. ● TERCEIRA GERAÇÃO: Norgestimato, gestodeno, desogestrel e etonogestrel.○ Considerados de ação antiandrogênica. ● QUARTA GERAÇÃO: Trimegestona, nomegestrol, nestorona e dienogeste. ○ Mais seletivos ao receptor de progesterona. ● OBSERVAÇÕES: ● Derivado da espironolactona: Drospirenona, com ação antimineralocorticóide e antiandrogênica. ● Derivados da pregnenolona: Ciproterona, medroxiprogesterona, clormadinona, com ações antiandrogênicas. . USOS CLÍNICOS . ● Principal indicação no caso de terapia de reposição hormonal na menopausa. ● Com o objetivo da redução de sintomas vasomotores (fogachos - ondas de calor), prevenção tanto da osteoporose e como também da atrofia urogenital (ressecamento vaginal, incontinência urinária, etc). ● Nesses casos de menopausa, principalmente em mulheres com útero, é importante a associação de estrogênios mais progestinas, buscando evitar a possível indução de câncer endometrial. . CONTRACEPTIVOS HORMONAIS . COMBINAÇÕES DE ESTRÓGENO-PROGESTÁGENO: ● Anticoncepcionais orais combinados (AOC) ● Estrógenos + progestinas ● Podem ser monofásicas, bifásicas e trifásicas. PROGESTÁGENO APENAS: ● Minipílulas; ● Dispositivos intra-uterinos. . ANTICONCEPCIONAIS COMBINADOS . ● Possuem estrógenos e progestágenos. ● O componente estrogênico age principalmente sobre o FSH, inibindo-o. ● O componente progestogênico é o principal responsável pela inibição de LH. ● Dessa forma, há uma supressão da produção de gonadotrofinas ⇒ ausência do pico de LH e, consequentemente, ausência de ovulação. ● Nas pílulas combinadas, há uma série de alterações que colaboram mais ainda para a contracepção: há mudanças no peristaltismo tubário, na receptividade endometrial e na secreção de muco cervical. ○ Inibições e limitações no transporte apropriado de óvulo e espermatozóides, além de menor adequação endometrial para o recebimento do embrião. SISTEMAS DE LIBERAÇÃO: ● Anel vaginal: etonogestrel e etinilestradiol. ● Adesivos transdérmicos: liberação contínua dos hormônios. ● Comprimidos orais: podem ser monofásica, bifásica ou trifásica. ○ Monofásica: dose constante de hormônios durante 21 dias. ○ Bifásica ou trifásica: comprimidos com quantidade variáveis de hormônios ao longo dos 21 dias (2 ou 3 concentrações diferentes). . ANTICONCEPCIONAIS DE . . PROGESTINA PURA . ● Minipílulas: acetato de noretindrona ou levonorgestrel. ● Contraceptivos à base de desogestrel. ● Tem maior índice de falhas ⇒ as concentrações de progestágenos presentes são consideradas muitas vezes insuficientes para inibição da ovulação. ● Seu método de contracepção é baseado principalmente pelo processo de espessamento do muco cervical e menor probabilidade de implantação do embrião no endométrio. ● São relatados bloqueios de ovulações em apenas 60-70% dos ciclos ⇒ a partir da alteração da frequência dos pulsos de GnRH e uma redução da responsividade da adeno-hipófise ao GnRH. ● São indicadas quando existem contraindicações para o uso de anticoncepcionais combinados ou em períodos de amamentação. ● Diferente dos estrógenos, os anticoncepcionais de progestina pura não inibem a produção de leite. ● Os anticoncepcionais de progestina pura também podem ser monofásicas, bifásicas ou trifásicas. Condições preferenciais para uso: ● Enxaquecas, especialmente da presença de sinais focais. ● Mulheres acima de 35 anos, tabagistas ou obesas. ● História de doença tromboembólica. ● HAS (hipertensão arterial sistêmica) em mulheres acima de 35 anos ou com doença vascular. ● Lúpus eritematoso sistêmico com doença vascular, nefrite ou anticorpos antifosfolipídios. ● Doenças cerebrovasculares. ● Contracepção de emergência. . EFEITOS ADVERSOS . ● Efeitos cardiovasculares: tromboembolismo e hipertensão. ● Efeitos carcinogênicos: câncer de mama e carcinomas hepatocelulares. ● Efeitos metabólicos e endócrinos: possível comprometimento do metabolismo da glicose (doses maiores) e doença da vesícula biliar. ● Náuseas, edema, cefaleia.
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