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¹GEVERSON JOSÉ REIS FERREIRA. Pós-graduando em Engenharia e Gestão da Produção pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. Graduado em Gestão da Qualidade pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. ²CARLOS DANILO LUZ. Mestrando em Ciências da Computação pela Universidade Estadual de Maringá-Uem. Pós-Graduado em Docência no Ensino Superior Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. Pós-Graduado em Educação a Distância e Tecnologias Educacionais pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Pessoas pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. Graduado em Redes de Computadores pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS GEVERSON JOSÉ REIS FERREIRA - ¹ CARLOS DANILO LUZ - ² RESUMO A busca pela qualidade dos alimentos, devido a exigência do mercado, aumenta a procura por sistemas que a possibilitem ser mais efetiva, não só no quesito sanitário, mas na redução de perdas e no aumento da competitividade. As Boas Práticas de Fabricação são um conjunto de procedimentos que, aplicados na manipulação e processamento de alimentos, ajustam as empresas e estabelecimentos do setor alimentício a normas higiênico-sanitárias adequadas e aumentam a segurança e satisfação dos consumidores. Dessa forma, a aplicação dessa ferramenta na indústria alimentícia torna-se indispensável para a garantia da qualidade e segurança dos alimentos. Este artigo faz uma breve explicação sobre a evolução da qualidade, a qualidade nas indústrias de alimentos, legislação com ênfase para as boas práticas de fabricação, sua importância, implantação e ressalta que é um processo de melhoria contínua de todo o sistema fabril. Palavras-chave: Garantia, Qualidade, Segurança, Alimentos. 1 INTRODUÇÃO O crescente aumento na demanda e oferta dos produtos alimentícios tem elevado o nível de exigência dos consumidores. Em virtude da variedade de marcas, tipos e preços a qualidade deixou de ser um diferencial competitivo no mercado nacional e passou a ser uma necessidade para quem quer manter-se no mercado de forma competitiva.Com base nisso a qualidade deixou de ser responsabilidade de um 2 departamento específico e sua busca passou a ser compromisso de todos na organização. Dentre os sistemas utilizados para implantação da qualidade, uma das ferramentas para se obter padrão de qualidade na produção de alimentos é a implementação das Boas Práticas de Fabricação, que são a base inicial da gestão da qualidade e segurança de alimentos de uma indústria alimentícia. As boas práticas de fabricação abrangem um conjunto de princípios e regras que devem ser adotadas pelas indústrias com o propósito de garantir a qualidade higiênicosanitária e a conformidade dos produtos e serviços prestados buscando minimamente estar de acordo com a legislação vigente. Este artigo, apresenta algumas considerações sobre o conceito de Gestão da Qualidade, contemplando algumas peculiaridades do setor alimentício. Em seguida uma revisão da literatura sobre a evolução da qualidade e a implantação das boas práticas de fabricação em indústrias de alimentos. 2. A GESTÃO DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS A Gestão da Qualidade na indústria de Alimentos atua nos processos industriais voltados para segurança alimentar, podendo assim garantir a satisfação dos clientes através de produtos seguros e saudáveis. Segundo CHATALOV (2017), o conceito de qualidade refere-se às especificações e à conformidade com requisitos ou propriedades que definem o produto. No caso de um alimento, pode ser: cor, tamanho, sabore, texturas e outras características sensoriais, valor nutricional, saudabilidade e palatabilidade. Porém as condições higiênico-sanitárias referem-se aos níveis de contaminação física, química e/ou biológica, dentro de limites aceitáveis pelas legilações vigentes. Isso pode significar que o alimento está ou não seguro para consumo humano. A autora comenta que em meados de 1980 o modelo de qualidade era fundamentado apenas no controle do produto final, quando o processo chegava ao fim. A ideia de atuar na garantia da qualidade e que ainda trouxesse benefícios para todo o sistema produtivo ganhou força com as implementações das técnicas japonesas de produção, denominadas de ferramentas da qualidade. Essas técnicas nada mais eram do que métodos estruturados que possibilitavam detectar falhas e 3 corrigí-las antes dos produtos serem finalizados (ou prevenir que essas falhas ocorressem) melhorando, assim, o processo produtivo. O mercado alimentício, absorveu a ideia, implementando o uso das ferramentas da qualidade e do conceito de gestão de qualidade às suas práticas. A adoção das boas práticas de fabricação - BPF (GMP - Good Manufacturing Practices), dos Procedimentos Padrão de Higiene Operacional - PPHOs (SSOPs - Sanitation Standard Operating Procedures), dos Procedimentos Operacionais Padronizados - POPs e do Sistema Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle - APPCC (HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Points), tornaram-se indispensáveis para as empresas alimentícias, de produção primária, indústrias, distribuidores ou serviços de alimentação, ora por exigência de mercado, ora por obrigatoriedade legal. As BPFs, juntamente dos PPHOs/POPs, compõe o programa de pré-requisitos para produção de alimentos seguros, uma vez que controlam as contaminações e são necessários para manutenção de um ambiente em condições sanitárias, enquanto o Sistema APPCC controla especificamente os prováveis perigos provenientes do processo produtivo. Portanto, é a aplicação concomitante das três técnicas que efetivamente garante a segurança dos alimentos. Essas são as ferramentas mais utilizadas nas indústrias para atuar na qualidade e segurança dos alimentos. A partir dos anos 90, as Boas Praticas de Fabricação e o Sistema APPCC recomendados pelo Codex Alimentarius passaram a embasar a legislação. 2.1 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO As Boas Práticas de Fabricação, referem-se à um conjunto de práticas que asseguram as condições higiênico-sanitárias essenciais para a fabricação de alimentos, garantindo um ambiente seguro e adequado. Além disso as Boas Praticas de Fabricação fazem parte dos elementos integrantes das normas de Gestão da Segurança dos Alimentos. As boas práticas ou programas de pré-requisitos são imprescindíveis para dar sustentação ao conjunto das medidas de controle, quando falamos em Plano APPCC (análise de perigos e pontos críticos de controle). Aas Boas Praticas de Fabricação (ou Programa de Pré Requisitos) tem papel fundamental em fatores como controle de pragas, higiene e saúde dos colaboradores, 4 higiene do ambiente, equipamentos, superfície de contato, etc. Em geral, o objetivo é garantir as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos de produção, armazenagem e transporte dos alimentos (ISO 22000, 2019). Segundo ATHAIDE (1999), as boas práticas de fabricação são um conjunto de normas empregadas em produtos, processos, serviços e instalações que visa a promoção e a certificação da qualidade e da segurança dos alimentos. A ANVISA define as boas práticas de fabricação como: “Um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de alimentos a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos. A legislação sanitária federal regulamenta essas medidas em caráter geral, aplicável a todo o tipo de indústria de alimentos e específico, voltadas às indústrias que processam determinadas categorias de alimentos”. (ANVISA, 2004) 2.2 IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO As boas práticas são fundamentais no quese refere as exigências das legislações e requisitos normativos. Porém, existem benefícios com a implantação desse conjunto de práticas, como, por exemplo: • Segurança dos alimentos; • Padronização de processos; • Adequações de condições sanitárias; • Redução de perdas; • Confiabilidade de clientes. Para a implantação das boas práticas de fabricação é necessário que se conheça o processo produtivo envolvido, bem como as limitações impostas pelo cliente ou consumidor final, de forma a se ter uma visão sobre os perigos potenciais e os riscos de contaminação envolvidos. Com esses dados, será possível determinar o rigor e a profundidade das boas práticas de fabricação a serem implementadas. 5 [...] para poder cobrar que as regras de BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO sejam cumpridas pelos empregados, a empresa deve fornecer treinamento em manipulação de alimentos, incluindo programas de saúde e higiene pessoal, a todos os novos colaboradores cujas atribuições estejam relacionadas com áreas de produção e controle de qualidade, sempre antes desses iniciarem suas atividades. O treinamento deve incluir, também, os colaboradores da área de manutenção e de outras áreas cuja atividade possa afetar a qualidade do produto. Periodicamente, e não excedendo o intervalo de um ano, os treinamentos devem ser reciclados e devidamente registrados (BERTOLINO, 2010 p. 122). 2.5 LEGISLAÇÃO No Brasil, as Boas Práticas de Fabricação são estabelecidas por normas federais, estaduais e municipais. No âmbito federal existem normas relacionadas às BPFs publicadas tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Alguns exemplos estão listados abaixo, incluindo normas relacionadas ao estabelecimento de POP e PPHO: • Portaria Nº 1428, de 1993, do Ministério da Saúde, que aprova o Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária dos Alimentos, as Diretrizes para o estabelecimento de Boas Práticas de Produção e de Prestação de Serviços na área de alimentos e o Regulamento Técnico para o estabelecimento de padrão de Identidade e Qualidade (PIQ’S) para serviços e produtos na área de alimentos. • Portaria Nº 326, de 1997, também do Ministério da Saúde, que define o regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação. A Lei Federal n. 9.782/99, lei de criação da ANVISA, no art. 8º encarrega a Agência de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública. No parágrafo 1º, consideram-se bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária pela Agência: alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas embalagens, aditivos alimentares, limites de 6 contaminantes orgânicos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários (ANVISA, 1999). A Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 foi desenvolvida com o propósito de atualizar a legislação geral, introduzindo o controle contínuo das boas práticas de fabricação e os procedimentos operacionais padronizados, além de promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das boas práticas de fabricação. Portanto, é ato normativo complementar à Portaria SVS/MS nº 326/97 (ANVISA, 2002). A resolução vigente e mais atual para o controle sanitário de alimentos no Brasil é a RDC nº 216/2004 que aprova o Regulamento Técnico e estabelece procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico sanitárias do alimento preparado (ANVISA, 2004). Existem alguns regulamentos federais de BPF que são direcionados a setores produtivos específicos e que complementam os regulamentos gerais. Ao estabelecer os seus programas de BPF as organizações devem considerar também as regulamentações Estaduais e até mesmo Municipais que podem trazer requisitos adicionais. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A qualidade dos alimentos é uma das maiores preocupações dos consumidores em todo o mundo, que estão cada vez mais exigentes quanto ao aspecto e a segurança dos produtos que consomem. Sendo assim, indústrias buscam seguir rigorosamente as exigências da legislação vigente a fim de garantir o fornecimento de produtos inócuos. Não somente as indústrias, mas também os estabelecimentos comerciais têm priorizado ações contínuas para melhoria dos processos, visando assegurar qualidade aos produtos, satisfazendo, desta forma, as exigências da legislação e as expectativas dos consumidores. A implantação das boas práticas de fabricação é um passo importante para que as empresas que produzem alimentos garantam a conformidade em relação a legislação e a expectativa do consumidor. A implantação das boas práticas de fabricação, é considerada a base do controle de qualidade em uma empresa alimentícia, devendo ser um processo 7 contínuo, submetendo-se sempre a adaptações e inovações que busquem a melhoria frequente dos produtos e dos processos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATHAYDE, A.: “Sistemas GMP e HACCP garantem produção de alimentos inócuos. ” Engenharia de Alimentos, ano 5, no 23, janeiro/fevereiro, 1999. ABNT NBR ISO 22000:2019. Associação Brasileira de Normas Tecnicas. BERTOLINO, Marco Túlio. Gerenciamento da Qualidade na Indústria de Alimentos. São Paulo: Artmed, 2010. 320 p. BRASIL. Lei n. 9.782, de 26/1/99. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1999. BRASIL, DECRETO Nº 30.691, DE 29 DE MARÇO DE 1952. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, DF, 1952 CHATALOV, Renata Cristina de Souza. Normas e Processos de Certificação, 2017. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997. Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Brasília, Diário Oficial da União, 1º ago. 1997. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 1.428, de 26 de novembro de 1993. Regulamento técnico sobre as inspeções sanitárias, boas práticas de produção/prestação de serviços e padrão de identidade e qualidade na área de alimentos. Brasília, Diário Oficial da União, 2 dez. 1993. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2002. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2004.
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