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Milena Marques 145 Roteiro para Exame do Sistema Cardiovascular Principais queixas cardíacas • Dor torácica da isquemia miocárdica – para analisar qualquer tipo de dor devemos procurar estabelecer a localização, a evolução da dor, irradiação, fatores desencadeantes, fatores de alívio, caráter da dor, intensidade, duração e relação com funções orgânicas. Localização: dor retroesternal a esquerda (apresentação típica) Irradiação: face interna do braço esquerdo (mas pode também se irradiar para a mandíbula, pavilhão auricular, maxila inferior, nuca, região cervical e região epigástrica) Caráter: constritivo ou em aperto, paciente apresenta o sinal de Levini (mão no peito) Duração: na angina estável a dor é curta (2-3min), já a angina instável a dor permanece por mais tempo Intensidade: classificar em dor leve, moderada e intensa. Fatores desencadeantes: exercício físico costuma anteceder casos de angina estável, já a angina instável pode ocorrer com o paciente em repouso Fatores de alívio: repouso ou uso de nitratos vasodilatadores devem ser investigados. • Dor pericárdica – ocorre devido ao roçar dos folhetos do pericárdio O paciente tem alívio da dor ao aderir a posição genitupeitoral ou maometana • Dor da dissecação aórtica – quadro de dissecação aórtica aguda com rompimento das camadas da parede arterial (camada adventícia) Caráter: em facada ou lancinante Irradiação: para o dorso Intensidade: 10/10 • Dor de origem psicogênica – relacionada com causa emocional, estresse e quando o paciente se distrai a dor melhora. • Palpitação – percepção incomoda dos batimentos cardíacos • Dispneia – sensação consciente e desagradável do ato de respirar. Dispneia aos esforços (em progressão) – ICC Dispneia paroxística noturna – paciente dorme por um período de tempo, nesse intervalo ocorre acúmulo de liquido nos pulmões e o paciente acorda com a sensação de afogamento – ICC Ortopneia – dificuldade de se manter deitado, sento necessário o paciente se sentar. • Síncope – perda transitória e súbita da consciência (desmaio) Exame físico A semiotécnica do exame do aparelho cardiovascular consiste na inspeção, palpação e ausculta. 1) Inspeção Na inspeção iremos observar o tórax do paciente em buscar de abaulamentos e retrações, batimentos visíveis ou pulsações. Milena Marques 145 Podemos utilizar duas incidências: A incidência tangencial, em que o examinador se posiciona ao lado do paciente e a incidência frontal, em que o paciente se posiciona nos pes do paciente e observa o seu tórax. É possível pesquisar pulsações que podem indicar aneurisma de aorta, ou a presença de impulsões do mesocárdio, que indicam aumento do VD. 2) Palpação Seguindo para o exame da palpação, ele é dividido em análise do ictus cordis, presença de pulsações, bulhas e ritmos, e frêmito cardiovascular. • Análise do ictus cordis – o ictus cordis é analisado de acordo com a localização, extensão, intensidade, mobilidade, ritmo e frequência (para ajudar a lembrar são 6 coisas) Localização: depende do biotipo do individuo, mas no medilíneo ele se situa no 4º ou 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular, no longilíneo no 5º EIC, já no brevilíneo no 4º EIC. (A presença do ictus delocado para a esquerda pode ser um sinal de Hipertrofia do VE) Extensão: geralmente apresenta de 1 a 2 polpas digitais que corresponde de 2 a 3 cm, em uma hipertrofia essa extensão é maior que 3 polpas. Intensidade: repousa-se a mão sobre a região dos batimentos, em pessoas mais obesas ou em idosos não é possível sentir o ictus cordis Mobilidade: marca-se o local do choque no paciente em decúbito dorsal, depois pede para o paciente deitar em decúbito lateral esquerdo e observa-se o deslocamento do ictus de 1 a 2 cm Ritmo e Frequência: é melhor analisado na ausculta, mas pode se perceber por exemplo um ritmo de galope. • Análise do Frêmito Cardiovascular: O frêmito é analisado por meio da localização, situação no ciclo cardíaco e intensidade. Localização: utiliza-se os focos de ausculta cardíaca para determinar a localização de um frêmito. Pontos de ausculta cardíaca o Foco aórtico: 2º EIC a direita do esterno o Foco pulmonar: 2º EIC a esquerda do esterno o Foco aórtico acessório: 3º EIC esquerdo o Foco tricúspide: 5º EIC esquerdo abaixo do esterno o Foco Mitral: 5º EIC esquerdo na LHC Situação no ciclo cardíaco o Proto: inicio da sístole ou da diástole o Meso: meio da sístole ou da diástole Milena Marques 145 o Tele: final da sístole ou da diástole o Holo: em toda a sístole ou diástole Intensidade: deve ser medida em cruzes 3) Ausculta cardíaca Na ausculta cardíaca buscamos observar a intensidade das bulhas cardíacas, o ritmo regular ou irregular e a presença de sopros ou estalidos Mas antes é preciso entender o que são as bulhas cardíacas!!!! As bulhas cardíacas são sons gerados pelo fechamento das valvas atrioventriculares, aórtica e pulmonar e determinam o inicio e o final da sístole ventricular durante um ciclo cardíaco. Mas o que é o ciclo cardíaco? Vamos entender ele é dividido em 8 etapas, que compreende uma sístole (momento de contração cardíaca) e diástole (momento de relaxamento ventricular) Sístole ventricular: 1. Contração isovolumétrica 2. Ejeção rápida 3. Ejeção lenta 4. Prodiástole de Wiggers Diástole Ventricular 1. Relaxamento isovolumétrico 2. Enchimento rápido 3. Enchimento lento 4. Contração atrial No ciclo cardíaco iniciamos com o ventrículo se enchendo se sangue com a valva mitral aberta e a valva aórtica fechada, passamos para a fase de enchimento lento e por fim o ventrículo realiza uma contração para expelir o restinho de sangue que ele possuía com isso o VE se enche e a pressão na câmara cardíaca se eleva ocorrendo o fechamento da valva mitral, é ai no final da diástole e inicio da sístole que a primeira bulha é formada (B1). Após a contração do átrio vem a contração do ventrículo que inicialmente é isovolumétrica pois as duas aberturas se encontram fechadas (mitral e aórtica), após isso a pressão do ventrículo se eleva devido a contração e valva aórtica se abre começando a fase de ejeção rápida e depois a ejeção lenta, chega uma hora que o sangue escorre para a aorta , não mais por diferença de pressão, mas sim devido ao movimento de inercia, sendo essa fase chamada de prodiastole de Wiggers, após isso a pressão da aorta supera a do VE e a valva aórtica se fecha, marcando o final da sístole e a 2 bulha cardíaca. Viu? Agora fica mais fácil entender as bulhas B1(TUM) → Fechamento das valva AV (M1 + T1) / Melhor auscultado no foco mitral/ protosistólico B2 (TÁ) → Fechamento da valva aórtica e pulmonar/ telesistólico Existe um desdobramento fisiológico da 2 bulha: em que pedimos para o paciente inspirar profundamente o que afasta o componente aórtico do pulmonar gerando o som de TUM..TLÁ. Milena Marques 145 O desdobramento constante da 2 bulha pode indicar um bloqueio de ramo direito ou uma comunicação Interatrial Desdobramento Paradoxal: ocorre em um bloqueio do ramo esquerdo em que o componente pulmonar inicia primeiro que o aórtico. B3 → Ruído protodiastólico de baixa frequência / protodiastólico/ ascultado melhor em decúbito lateral esquerdo (TUM..TÁ..TÁ)B4 → Ruído telediastólico / ocorre devido a contração atrial / TUM TA TU Sabendo agora de tudo isso, podemos classificar quanto • Intensidade das bulhas: normofonéticas, hipofonéticas ou hiperfonéticas (de forma geral as estenoses causam bulhas hipofonéticas e as insuficiências causam bulhas hiperfonéticas) • Ritmo regular ou irregular: ritmo cardíaco regular em dois tempos / ritmo tríplice com presença da terceira bulha/ ritmo de galope • Presença de Sopros ou estalidos : Os sopros são classificados de acordo com a situação no ciclo cardíaco, localização, irradiação, intensidade, timbre, tom e modificação com a respiração. 1. Situação no ciclo cardíaco Sopro sistólico: o Sopro sistólico de ejeção (estenose aórtica) – mesossitolico o Sopro sistólico de regurgitação (insuficiência mitral) – holosistolico Sopro diastólico o Sopro mesodiastólico com reforço pré-sistolico do tipo ruflar (estenose mitral) - mesodiastólico o Sopro diastólico aspirativo (insuficiência aórtica) – protodiastólico 2. Localização 3. Intensidade Em cruzes de 1 a 6 o 1 – apenas uma pessoa ausculta o 2- duas pessoas auscultam o 3- todos auscultam o 4- auscultam + sentem o frêmito o 5- é possível sentir com a mão em cima da campanula o 6- sopro é escutado. 4. Timbre e tom 5. Modificação com a respiração Manobra de Rivero Carvalho – diferenciar um sopro de insuficiência mitral de tricúspide pedir para o paciente respirar profundamente que o sopro fica mais forte em foco tricúspide na insuficiência dessa válvula. Milena Marques 145 SÍNDROMES CARDÍACAS VALVULOPATIAS • Insuficiência Mitral – Sopro holossistólico de regurgitação Desvio do ictus cordis para a esquerda (aumento das camaras esquerdas) Sopro constante com irradiação para a axila Atenção em caso de prolapso da valva mitral o sopro é mesotelesistolico (é um sopro diastólico) • Estenose aórtica – Sopro sistólico de ejeção (mesossistolico) Tríade: angina, dispneia e síncope Valvulopatia de barreira Fenômeno de galavardin – é possível auscultar no foco mitral (além do aórtico e do aórtico acessório) Pulso parvus tardus (pulso tardio e de baixa amplitude) • Estenose mitral – Estalido de abertura mitral após b2 Mesodiastólico com reforço pré-ssitólico do tipo ruflar Mais audível em decúbito lateral esquerdo Componente M1 hiperfonética • Insuficiência aórtica Sopro diastólico aspirativo (protodiastólico) em decrescente Dilatação do VE Pulso em martelo d água → pulso de Corrigan(amplo e forte que se esvazia rapidamente) Grande diferencial de pressão entre a sístole e a diástole Manobra de Hand Grip → paciente fecha as mãos e fica encolhido para aumentar a RVP, aumentando a diferença de pressão entre a sístole e a diástole (facilitando a aausculta do sopro) Manobra de Expiração ou de Vasalva → aumento da pressão intra-abdominal o que permite um menor retorno venoso e uma maior diferença de pressão entre a aorta e a cavidade ventricular Sinal de Musset: oscilação da cabeça Sinal de Minervini: pulso na base da língua Milena Marques 145 Sinal de Quincke: pulso capilar na base do leito ungueal Pistol Shot: ausculta da artéria femoral Insuficiência Cardíaca Esquerda Sinais Retrógrados o Congestão venocapilar pulmonar o Dispneia o Tosse com hemoptoico o Estertores finos o Sinais de edema pulmonar ▪ Estertores finos ▪ Dispneia paroxística noturna ▪ Ortopneia Sinais anterógrados o Sinais de baixo debito cardíaco o Irritabilidade o Insônia o Astenia o Anorexia o Fadiga o Confusão mental Sinais cardíacos o Ritmo de galope o Taquicardia o Pulso alternante Insuficiência Cardíaca Direita Sinais de Congestão do sistema venoso o Ingurgitamento jugular o Hepatomegalia o Refluxo hepatojugular o Edema de MMII o Ascite e derrame pleural (derrames cavitários) o Cianose Angina Estável Síndrome coronariana crônica Milena Marques 145 Placa de ateroma Surge após os esforços Angina Instável Síndrome coronariana aguda Trombo que se rompeu Não melhora com repouso Diferença com IAM → enzimas cardíacas. Angina → isquemia miocárdica) IAM → necrose → perda de musculo cardíaco.
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