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POLÍTICAS PÚBLICAS E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA - MÓDULO 1, 2 e 3.

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DEFINIÇÃO
Apresentação das diferentes Constituições brasileiras e suas formas de abordagem
da Educação ao longo da história, destacando a Constituição Cidadã de 1988 e a
Lei 9394/96 (LDB), que estabelece os princípios, as normas e as recomendações
para a estrutura e o funcionamento da educação nacional. Análise da educação
laica e do ensino religioso no Brasil, da formação geral e profissional, suas
contradições históricas e possibilidades.
PROPÓSITO
Reconhecer a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e suas normas e
recomendações a respeito dos níveis e modalidades de ensino, compreendendo
sua importância para a educação nacional e seu papel estruturante e organizador
no Sistema Nacional de Educação com base nos princípios emanados da
Constituição Federal.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um exemplar (físico ou
digital) da Constituição Federal de 1988 e do texto da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9394/96) devidamente atualizados.
OBJETIVOS
MÓDULO
 
Analisar as Constituições brasileiras, com destaque para a de 1988, e suas
relações com a Educação
MÓDULO
 
Identificar os princípios da Educação, seus níveis e suas modalidades na LDB (Lei
9394/96)
MÓDULO
 
Reconhecer, na LDB, os temas mais relevantes do cenário educacional brasileiro
historicamente
INTRODUÇÃO
É correto afirmar que o tema Educação está presente em todas as Constituições
brasileiras apresentadas a seguir. A cada uma dessas Constituições correspondeu
uma perspectiva diferente de percepção e de abordagem da Educação, situadas
não só localmente no cenário nacional como também na sociedade em cada
período histórico.
Para tratarmos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
precisamos recuar às Constituições, às perspectivas políticas mais ou menos
democráticas que a inspiraram e a como isso foi feito, tanto por questões políticas
locais quanto por compreensões sociais mais amplas do papel da Educação no
desenvolvimento da nação e de seus sujeitos.
Assim sendo, trabalharemos o tema da atual LDB e dos princípios e normas que a
integram a partir das concepções de nação e de Educação que habitaram nossas
leis maiores desde a Independência.
 Analisar as Constituições brasileiras, com destaque para a de 1988, e suas
relações com a Educação
APRESENTAÇÃO DAS
CONSTITUIÇÕES
Historicamente, o país contou com sete Constituições, a saber: 1824, 1891, 1934,
1937, 1946, 1967 e 1988. Alguns historiadores consideram a Emenda n. 1 à
Constituição Federal de 1967 como a Constituição de 1969, outorgada pela Junta
Militar.
1824
A primeira Constituição brasileira, chamada de Constituição Política do Império
do Brasil, foi outorgada em 1824 por D. Pedro I e vigorou por 65 anos. Já a
atual Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 5 de
outubro de 1988 pela Assembleia Nacional Constituinte. É considerada uma
das mais modernas, complexas e extensas do mundo.
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OUTORGADA
“Outorgada” é o termo utilizado para caracterizar as Constituições impostas de
maneira unilateral pelo agente revolucionário (grupo ou governante) que não
recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. No Brasil, as
Constituições outorgadas foram a de 1824, do Império, a de 1937, na era
Vargas, e a de 1967, na época da ditadura militar. Uma Constituição
promulgada, também chamada de democrática, votada ou popular, é fruto do
trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte eleita diretamente pelo povo
para atuar em nome dele, nascendo, portanto, da deliberação e da
representação legítima popular.
1824 – CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO
DO BRASIL
Vigorou por 65 anos. Foi elaborada por um Conselho de Estado e outorgada em
1824 por D. Pedro I (1798-1834).
1891 – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL
Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, criou a República Federalista, com a
autonomia dos estados. Tem como fonte influenciadora a Constituição norte-
americana, presidencialista com federalismo.
1934 – CONSTITUIÇÃO DE 1934
Promulgada pelo Congresso Nacional eleito após a Revolução de 1930, reafirmou
o compromisso com a República e com os princípios federativos. Estabelecia que
“todos os poderes emanam do povo e em nome dele são exercidos”. Essa
Constituição durou apenas três anos.
1937 – CONSTITUIÇÃO DO ESTADO NOVO
Suprimiu direitos e garantias e foi inspirada nos regimes totalitários em ascensão
na Europa no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Foi outorgada
por Getúlio Vargas (1882-1954).
1946 – CONSTITUCIONALISTA
Promulgada pelo Congresso Nacional no início do governo de Eurico Gaspar Dutra
(1883-1974). De caráter democrático, retomou os preceitos da Carta Liberal de
1934, além de restabelecer os direitos individuais, a independência dos poderes da
República e a harmonia entre eles, a autonomia dos estados e municípios, a
pluralidade partidária, os direitos trabalhistas e a instituição de eleição direta para
presidente da República.
1967 – CONSOLIDAÇÃO DO REGIME MILITAR
Após a instalação do Regime Militar, em 1964, foi mantido, simbolicamente, o
funcionamento do Congresso Nacional com poderes e prerrogativas limitados “em
nome da segurança nacional”. Apesar de parecer promulgada, essa Constituição
consolidou o autoritarismo e a reversão dos princípios democráticos, ao concentrar
os poderes na União, além de adotar a eleição indireta para a escolha do
presidente da República.
Em 1968, foi editado o famoso Ato Institucional n. 5, no dia 13 de dezembro, que
levou ao fechamento do Congresso Nacional, à supressão de direitos e garantias
dos cidadãos, à proibição de reuniões, à imposição da censura aos meios de
comunicação e às expressões artísticas, à suspensão do habeas corpus para os
chamados crimes políticos, à autorização para intervenção federal em estados e
municípios e decretação de estado de sítio.
Essa outorga de todos os poderes ao governo federal trouxe tantas mudanças à
Constituição que os historiadores consideram a Emenda n. 1 à Constituição de
1967 como a “Constituição de 1969”.
1988 – CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
Essa Constituição, em vigor atualmente, foi promulgada em 5 de outubro de 1988
pela Assembleia Nacional Constituinte. É considerada uma das mais modernas do
mundo, uma vez que reafirma os direitos individuais e coletivos, além de consagrar
a proteção ao meio ambiente, à família, aos direitos humanos, à cultura, à
educação e à saúde. Além disso, essa Constituição reafirma a separação dos três
poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), confirma o regime federativo e os
direitos individuais, restabelecendo o voto direto, secreto, universal e periódico.
A EDUCAÇÃO NAS CONSTITUIÇÕES

 Juramento de Sua Majestade o Imperador D. Pedro I à Constituição do Império.
Fonte: Domínio público / Acervo Arquivo Nacional
A CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO (1824)
Outorgada por D. Pedro I, sem qualquer participação da nação, era curta e
dedicava somente um artigo e dois incisos para a Educação, conforme reproduzido
a seguir:
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros,
que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida
pela Constituição do Império, pela maneira seguinte:
XXXII. A Instrução primária, e gratuita a todos os Cidadãos.
XXXIII. Colégios, e Universidades, aonde serão ensinados os elementos das
ciências, Belas Letras, e Artes.
CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DO BRASIL
(1891)
A escravidão, nesse período, era comum no país, sendo a noção de cidadania
ainda muito restrita; portanto, quando a Constituição estabelecia “para todos os
cidadãos”, tratava-se de um grupo muito limitado de pessoas, com inúmeras
exclusões. Logo após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889,
foi criada a primeira Constituição Republicana do Brasil , em 1891, elaborada
por Rui Barbosa (1849-1923) e com a participação do Congresso Constituinte.Essa Constituição trouxe uma abordagem indireta da Educação, especificamente
no título IV, referente aos cidadãos brasileiros, e inserida na Seção II, que dispõe
sobre as declarações de direitos.
O art. 72, § 6º dessa Carta consagrou o princípio da liberdade e da laicidade do
ensino ministrado nos estabelecimentos públicos, mas, em contrapartida, não
abordou a questão da gratuidade destes. Sob o influxo da Revolução de 1930, a
Constituição promulgada em 16 de julho de 1934 representou um processo de
modernização do Estado, trazendo, pela primeira vez, o conceito de educação
como um direito de todos, cabendo sua responsabilidade às famílias e aos poderes
públicos. Além disso, manteve a gratuidade do ensino primário, propondo sua
extensão a outros níveis de ensino.
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 Juramento da Constituição, c. 1891. Promulgada a 1ª Constituição Republicana,
assumem o poder os marechais Manuel Deodoro da Fonseca (1827-
1892) e Floriano Peixoto (1839-1895). Fonte: Wikimedia


 Capa da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1937.
Fonte: Domínio público / Acervo Arquivo Nacional
CONSTITUIÇÃO DE 1937
Foi a segunda Carta brasileira outorgada, nesse caso, pelo Estado Novo, em
decorrência das condições políticas e ideológicas observadas no período, tanto
interna quanto externamente. Houve uma mudança clara a respeito de a quem
competia a responsabilidade da educação, cabendo à família o ônus maior.
Observa-se que o art. 130 manteve o ensino primário como obrigatório e gratuito,
porém com uma responsabilidade subsidiária do Estado.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946
Promulgada em 18 de setembro de 1946, manteve o nome de Estados Unidos do
Brasil, com regime representativo, a Federação e a República, e o princípio de que
“todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”.
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Depois do ato repressor, passou-se a pregar a liberdade com o objetivo de permitir
uma maior participação popular na vida social e econômica do país. A educação
passou a ser vista como um direito público subjetivo, cabendo também à família o
dever de educar seus filhos. Contudo, no que se refere ao direito à educação (art.
166), as ideias contidas nessa Constituição assemelham-se às da Carta de 1934.
Os incisos I e II do art. 168 do capítulo II definem a obrigatoriedade e a gratuidade
ao ensino primário oficial, no entanto, reforça a subsidiariedade do Estado no
provimento do ensino oficial posterior para aqueles que provarem a falta ou a
insuficiência de recursos. Faz parte deste pacote a Lei 4.024/1961 (Lei de
Diretrizes e Bases – LDB), sendo a primeira lei geral de educação que,
posteriormente, foi substituída pela Lei 9.394/1996.
 Assembleia Constituinte de 1946. Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
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 Constituição brasileira de 1967 | Fonte: Arquivo Nacional
CONSTITUIÇÃO DE 1967
De inspiração militar, foi decretada e promulgada pelo Congresso Nacional. O
direito à educação foi previsto no art. 168, que tratou especificamente da família,
da educação e da cultura. Manteve, ainda, alguns princípios gerais da educação,
como o direito de todos, a liberdade de ensino, a igualdade de oportunidades e a
limitação da gratuidade, mas, ao mesmo tempo, inaugurou o regime de bolsas de
estudos restituíveis no ensino superior.
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 1 DE 1969
É considerada por muitos historiadores como uma nova Constituição, com
características mais ditatoriais do que sua antecessora, cassando muitos dos
princípios fundamentais. Todavia, manteve a educação como um direito de todos e
dever do Estado, com responsabilidade tanto deste quanto da família.
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 Marechal Artur da Costa e Silva (1899-1969), presidente do Brasil entre 1967 e
1969. Fonte: Wikimedia
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 Constituição de 1988 fortaleceu a cidadania do trabalhador. Fonte: Agência
Senado
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Em 5 de outubro de 1988, foi promulgada a atual “Constituição Cidadã”, em que o
direito à educação passou a ser considerado um direito social (art. 205), tendo,
inclusive, uma redação dedicada a ela.
A obrigatoriedade da família continua expressa, mas o seu art. 227 a estende para
a sociedade e o Estado, assegurando à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, entre outros, o direito à educação.
Nos termos do art. 195, caput, a educação é essencial para o desenvolvimento
humano integral, tornando-se necessário garantir a igualdade de condições de
acesso e permanência na escola.
REPUBLICANA DO BRASIL, EM 1891
Art 72. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
§ 6º Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos.
CONSTITUIÇÃO PROMULGADA EM 16
DE JULHO DE 1934
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Art 149. A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e
pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a
estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores da
vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a
consciência da solidariedade humana.
ART. 130
Art 130. O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não
exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados;
assim, por ocasião da matrícula, será exigida aos que não alegarem, ou
notoriamente não puderem alegar escassez de recursos, uma contribuição
módica e mensal para a caixa escolar.
ART. 166
Constituição Federal de 1946 Art 166.
A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
ART. 168 DO CAPÍTULO II
Constituição Federal de 1946 Art. 168.
A legislação do ensino adotará os seguintes princípios: 
I. o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional; 
II. o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao
primário sê-lo-á para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos. (...)
ART. 168
A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola; assegurada a
igualdade de oportunidade, deve inspirar-se no princípio da unidade nacional e
nos ideais de liberdade e de solidariedade humana. 
§ 1º O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos Poderes Públicos. 
§ 2º Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à iniciativa particular, a
qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos, inclusive
bolsas de estudo. 
§ 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas: 
I. o ensino primário somente será ministrado na língua nacional; 
II. o ensino dos sete aos quatorze anos é obrigatório para todos e gratuito nos
estabelecimentos primários oficiais; 
III. o ensino oficial ulterior ao primário será, igualmente, gratuito para quantos,
demonstrando efetivo aproveitamento, provarem falta ou insuficiência de
recursos. Sempre que possível, o Poder Público substituirá o regime de
gratuidade pelo de concessão de bolsas de estudo, exigido o posterior
reembolso no caso de ensino de grau superior;
EDUCAÇÃO
Art 176. A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais
de liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e
será dada no lar e na escola. 
§ 1º O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos Poderes Públicos. 
§ 2º Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à Iniciativa particular, a
qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos, inclusive
bolsas de estudo. 
§ 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas: 
I. o ensino primário somente será ministrado na língua nacional; 
I. o ensino primário é obrigatório para todos dos sete aos quatorze anos e
gratuito nos estabelecimentosprimários oficiais; 
II. o ensino público será igualmente gratuito para quantos, no nível médio e
superior, demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou
insuficiência de recursos. 
III. O Poder Público substituirá, gradativamente, o regime de gratuidade no
ensino médio e no superior pelo sistema de concessão de bolsas de estudo,
mediante restituição, que a lei regulará.
ART. 205
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
ART. 227
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
ART. 195
A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: (...)
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
E A EDUCAÇÃO
A Constituição de 1988 é considerada o marco da Nova República – período a
partir da redemocratização e que nos marca até os dias atuais. Suas proposições
são ricas em debates sobre questões fundamentais para uma nação democrática,
destacando-se a presunção clara e indiscutível da educação como um bem
nacional, um objeto de política pública de primeira ordem e, por isso, reafirmada em
seus princípios.
No preâmbulo da Constituição Federal de 1988, já surge como garantia:
“(...) um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais
e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista
e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna
e internacional, com a solução pacífica das controvérsias (...)
(BRASIL, 1988)
Estão presentes na Constituição de 1988 os seguintes temas:
FORMA DE GOVERNO
O artigo primeiro da CF/88 define a forma de governo a partir de então
(República), constituída pela federação indissolúvel da União, dos estados, dos
municípios e do Distrito Federal, todos com governo próprio e certa autonomia. O
Brasil possui, atualmente, vinte e seis estados e o Distrito Federal, além de mais de
cinco mil municípios. Cada estado tem sua própria Constituição, e cada município
tem sua Lei Orgânica, que devem estar, todas elas, dentro dos limites
estabelecidos pela Constituição Federal.
DEMOCRACIA
O artigo primeiro da CF/88 também dispõe que somos um Estado Democrático
de Direito, isto é, adotamos a democracia como forma de governo. Assim, o
parágrafo único do art. 1º estabelece que todo poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente. Desse modo, a Constituição e
as demais leis valem, sem exceção, para todos os cidadãos, que devem respeitar e
ter respeitados os direitos humanos e as garantias fundamentais.
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CIDADANIA
A cidadania também é um dos fundamentos da Carta Magna de 1988. Isso
significa que o cidadão brasileiro possui direitos e deveres para que possa
participar da vida em sociedade. Cabe lembrar que a primeira Carta Constitucional
Brasileira data de 1824, tendo sido feita, portanto, ainda no tempo do Brasil
Império. De lá para cá, tivemos sete Constituições, culminando com a atual
Constituição Federal de 1988, fruto de um longo caminho de lutas e de conquistas.
LEI ORGÂNICA
O conjunto de legislações para funcionamento das prefeituras, chamado de Lei
Orgânica, é regido por duas Constituições, a nacional e a estadual, e não pode
se sobrepor a elas.
VIDA EM SOCIEDADE
Constituição Federal de 1988 
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
A parte denominada “A Ordem Social” (título VIII), mais especificamente no
Capítulo III, é toda voltada para a Educação (arts. 205 a 214). Logo no art. 205, a
Constituição Federal dispõe que a educação é um direito de todos e um de dever
do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da
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sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o
exercício da cidadania e à sua qualificação para o trabalho.
 Fonte: Naassom Azevedo / Unsplash
DESSE ARTIGO, PODEM-SE DEDUZIR ALGUNS
CONCEITOS BÁSICOS ENVOLVENDO A
EDUCAÇÃO:
É um direito de todos;
É um dever do Estado;
É um dever da família;
Deve ser fomentada pela sociedade.
TAMBÉM SE PODE INFERIR QUE OS
OBJETIVOS GERAIS DA EDUCAÇÃO PASSAM
POR:
Pleno desenvolvimento da pessoa;
Preparo para o exercício da cidadania;
Qualificação para o trabalho.
O princípio de educação como direito de todos já fora expresso nas Constituições
de 1934 e 1946. Contudo, o que distingue a Constituição de 1988 das demais é o
enquadramento da Educação como direito social (art. 6º), ao mesmo tempo em que
se torna um elemento da construção da dignidade da pessoa humana e, portanto,
da criação de um cidadão consciente, bem como um instrumento para a
erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais,
promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
 
Fonte:Unsplash
 Fonte: Perry Grone / Unsplash
A Constituição Cidadã de 1988 é uma profunda guinada para a Educação como um
direito social (art. 6º), sendo, portanto, um dever do Estado (art. 204). Pela primeira
vez na história da educação brasileira, foi oficialmente e universalmente
consagrada pela Constituição Federal a gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais (art. 206, IV).
No art. 204, a Educação é garantida como direito de todos. O art. 5º da CF/88
dispõe sobre o princípio constitucional da igualdade, segundo o qual todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Nos diferentes incisos
desse artigo, encontram-se afirmações acerca de formas e princípios de igualdade.
Todavia, a fim de garantir essa igualdade, o princípio estabelece que pessoas
colocadas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual para minimizar
as disparidades, entendendo-se que dar tratamento isonômico aos diferentes
cidadãos significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na
medida de suas desigualdades.
 
Fonte:SERPRO
 Fonte: SERPRO
É nesse princípio que se baseia o direito à diferença na educação no que concerne
às populações historicamente discriminadas, como negros, indígenas e pessoas
com deficiência e, ainda, no que se refere ao direito à educação de populações de
todos os grandes ciclos etários da vida.
 SAIBA MAIS
O princípio da igualdade na Constituição Federal de 1988 encontra-se expresso no
art. 5º, que afirma: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (...)”.
ENTENDENDO A RELAÇÃO ENTRE A
POLÍTICA PÚBLICA E A EDUCAÇÃO
ANTES DE NOS APROFUNDARMOS MAIS
NESTA TEMÁTICA, RESPONDA:
A Constituição Federal de 1988 é chamada de Constituição Cidadã. O que é uma
Constituição Cidadã? Como ela pode ser caraterizada? Qual a relação entre sua
caracterização cidadã e o modo como expressa o tema da Educação?
RESPONDER
Para entender a Constituição de 1988, é necessário reconhecer tanto a Constituição
que vigorava antes quantoo contexto político e social da época. Apesar de ambas as
Constituições serem republicanas, a Constituição de 1967 era toda voltada para os
direitos centralizadores do Estado; A Constituição de 1988, por sua vez, é democrática
e voltada para os direitos e as garantias dos cidadãos brasileiros.
A Constituição de 1988 restabeleceu a inviolabilidade de direitos e liberdades
básicas e instituiu uma vastidão de preceitos progressistas, como a igualdade de
gêneros, a criminalização do racismo, a proibição da tortura e os direitos sociais,
como educação, trabalho e saúde para todos. Além disso, reinstituiu o direito à livre
manifestação de pensamento (vedado o anonimato) e a liberdade de expressão
intelectual, artística, científica e de comunicação (fim da censura), e garantiu a todo
cidadão o acesso a qualquer dado a seu respeito em arquivos do governo. Ela
também restabeleceu o voto universal e direto, sem distinção de classe ou gênero.
A Educação ganhou forma de direito fundamental na Constituição de 1988,
devendo ser garantida, e faz parte da própria constituição e da base do Estado
Democrático. Entendida como garantidora para evitar novos arroubos
antidemocráticos, a Constituição constrói seu texto de forma a estruturar a
Educação como um interesse nacional.
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Fonte: Agência Brasil
 Sessão solene do Congresso Nacional em que foi promulgada a atual
Constituição da República Federativa do Brasil, no dia 5 de outubro de 1988. Fonte:
Agência Senado
O QUE É UM ESTADO DEMOCRÁTICO
DE DIREITO? COMO PODEMOS
PENSAR O TEMA DA EDUCAÇÃO
PÚBLICA A PARTIR DESSA NOÇÃO?
Trata-se de uma junção de dois conceitos anteriores de Estado: um Estado social
de Direito somado ao Estado de bem-estar social. Compreende uma série de
medidas que devem ser atendidas pelo Estado soberano e democrático, buscando
garantir os elementos básicos a fim de promover uma vida digna a todos os
cidadãos e todas as cidadãs.
 SAIBA MAIS
O Estado de Direito surgiu nos séculos XVII e XVIII no âmbito das revoluções
inglesa e francesa, em contraposição aos governos autoritários e absolutistas.
O direito à Educação aparece como meio de formação dos cidadãos das
nações que vinham se constituindo democraticamente. As Constituições foram o
fundamento desse processo; a ideia de que ninguém estaria acima das leis (ícone
do modelo estamental do Antigo Regime) garantia um princípio de isonomia – lema
da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade –, realizando o
princípio de que todos deveriam ser entendidos como cidadãos de direitos.
Vencendo velhos traços que eram marcados pela exploração violenta, como a
escravidão, o Direito dos Homens, os Direitos Humanos, os Direitos da Crianças e
os tratados do pós-guerra mundial transformaram o ideal democrático em um valor,
e a usurpação foi entendida como algo a ser combatido. Ainda que os regimes mais
ditatoriais se submetessem formalmente às Constituições e aos princípios que,
embora de forma disfarçada, tinham relevo constante no mundo dos séculos XX e
XXI.
Neste vídeo, com o professor Rodrigo Rainha, especialistas respondem a
perguntas sobre as diferentes políticas educacionais implementadas no Brasil ao
longo de suas sete Constituições.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERANDO A CONSTITUIÇÃO DE 1988, NOTA-SE QUE A
EDUCAÇÃO É CONSIDERADA COMO INSTRUMENTO
FUNDAMENTAL PARA UM ESTADO DEMOCRÁTICO. LOGO, ELA
PRECISA SER ORGANIZADA, DEFININDO QUEM SÃO SEUS
RESPONSÁVEIS. NESSE SENTIDO, A QUEM COMPETE A
OBRIGATORIEDADE DA EDUCAÇÃO?
A) Nos termos do art. 205 da Constituição Federal de 1988, a Educação, que é um
direito de todos, constitui dever tanto do Estado quanto da família, devendo ser
promovida e incentivada por ambos e em colaboração com a sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania
e à sua qualificação para o trabalho.
B) A obrigatoriedade é exclusiva da família, como expressa no art. 227, mas essa
obrigatoriedade é também da sociedade e do Estado de forma indireta.
C) De acordo com o art. 227, é dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito
à vida, à saúde, à alimentação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência; apesar de não tratar diretamente
da Educação, aborda seus aspectos de entorno.
D) A Constituição Cidadã é tributária da Declaração do Direito das Crianças da
UNESCO; nesse sentido, determina no art. 205 da Constituição Federal de 1988
que é obrigação exclusiva do Estado, devendo fazer parte de sua política pública a
organização, a manutenção e a continuidade da Educação.
2. AS CARTAS MAGNAS, INDEPENDENTEMENTE DO PERÍODO,
FORNECEM AS BASES FUNDAMENTAIS DA POLÍTICA DE UM
ESTADO NAÇÃO E SÃO FUNDAMENTAIS NA ORGANIZAÇÃO DE
ESTADOS EFETIVAMENTE DEMOCRÁTICOS. SEGUNDO ESSE
PRINCÍPIO, ENTENDENDO QUE O BRASIL SE CONSTITUI COMO
UM ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A CONSTITUIÇÃO É
SUA GARANTIDORA, PODEMOS AFIRMAR QUE ELA
PRECONIZA AS SEGUINTES ALTERNATIVAS, EXCETO:
A) Nos termos do art. 205 da Constituição Federal de 1988, a Educação, que é um
direito de todos, constitui dever tanto do Estado quanto da família, devendo ser
promovida e incentivada por ambos e em colaboração com a sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania
e à sua qualificação para o trabalho.
B) De acordo com o art. 205 da Constituição Brasileira, o ensino será ministrado
com base nos seguintes princípios de igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola: liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber; definição das mais corretas e modernas
concepções pedagógicas; respeito à liberdade e valorização da identidade
nacional.
C) Na Constituição de 1891, o art. 72 já consagrava o princípio da liberdade e da
laicidade do ensino ministrado nos estabelecimentos públicos, ainda que não fosse
gratuito, e apontava para importância desse processo.
D) Na Constituição de 1937, o art. 130 manteve o ensino primário como obrigatório
e gratuito, porém com uma responsabilidade subsidiária do Estado. Esse é um
movimento importante pois, pela primeira vez, dava ordenamento financeiro para
que todos os entes federativos constituíssem sistemas de ensino.
GABARITO
1. Considerando a Constituição de 1988, nota-se que a Educação é
considerada como instrumento fundamental para um Estado Democrático.
Logo, ela precisa ser organizada, definindo quem são seus responsáveis.
Nesse sentido, a quem compete a obrigatoriedade da Educação?
A alternativa "A " está correta.
 
Segundo a Constituição de 1988, a Educação é uma obrigação compartilhada da
família, da sociedade e do Estado, e o governo deve cuidar para que esta seja
exercida, mantida e regulada.
2. As Cartas Magnas, independentemente do período, fornecem as bases
fundamentais da política de um Estado Nação e são fundamentais na
organização de Estados efetivamente democráticos. Segundo esse princípio,
entendendo que o Brasil se constitui como um Estado Democrático de Direito
e a Constituição é sua garantidora, podemos afirmar que ela preconiza as
seguintes alternativas, exceto:
A alternativa "C " está correta.
 
Alguns princípios constitucionais foram constantemente repetidos: a percepção de
que o Estado faz parte do compromisso da Educação, seja como estimulador,
mantenedor, estabelecedor de regras e normas que permitam seu amplo
desenvolvimento. A questão visa ao seu entendimento de que esses princípios
aparecem mesmo em documentos diferentes. Assim, a alternativa B torna-se
equivocada pela ausência da valorização da pluralidade no olhar da Constituição
de 1988.
 Identificar os princípios da Educação, seus níveis e suas modalidades na LDB
(Lei 9394/96)
ESTRUTURA E PROPOSTAS DA LEI9394/96 – LEI DE DIRETRIZES E
BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
(LDB)
Na trajetória constitucional brasileira, o tema Educação foi tratado com maior ou
menor ênfase em função de diferentes fatores, mas o tema da Lei de Diretrizes e
Bases para a Educação Nacional não foi sempre abordado. É isso que veremos a
seguir.
A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL
A primeira Constituição Brasileira a cogitar uma lei de diretrizes para a Educação
foi a de 1934, que, no seu art. 5º, atribuía à União a responsabilidade para traçar as
diretrizes da educação nacional e de fixar o Plano Nacional de Educação. Em
seguida, a Constituição de 1937 traria diretrizes diferentes, e o projeto para uma
ampla lei educacional foi adiada.
Prevista na Constituição de 1946 e discutida política e academicamente no país por
quinze anos, somente em 1961 foi publicada a Lei n. 4.024/61, oficialmente a
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Dez anos depois, foi
alterada tão profundamente pela Lei n. 5692/71, que esta foi considerada por
muitos uma nova LDB. A Lei n. 5692/71 durou até 1996, quando foi promulgada a
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
 
Fonte : MultiRio
 Palácio Gustavo Capanema, também conhecido como o prédio do Ministério da
Educação e Cultura (MEC) Fonte : MultiRio
 
Fonte: Memorial da Democracia
 Autoridades reunidas ao redor da Mulher reclinada no dia da inauguração do
palácio Gustavo Capanema (Fonte: Memorial da Democracia)
As principais razões da demora na aprovação da Lei n. 9.394/96, prevista na
Constituição de 1988 e discutida ao longo dos oito anos que as separam, foram os
intensos debates, a preocupação democrática da tramitação e as questões políticas
do país (em efervescência no período).
A LDB de 1996 reafirma o direito à Educação, definindo-a como dever da família e
do Estado, inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, buscando o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 2º), seguindo o
princípio constitucional da educação como direito social (CF, art. 5º, caput).
O art. 22, XXIV, da Constituição Federal, determina que compete privativamente à
União legislar sobre os deveres do Estado, as diretrizes e as bases da educação
nacional, estabelecendo que a Educação é direito de todos e dever do Estado e da
família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da
cidadania e à sua qualificação para o trabalho.
COMPETÊNCIAS POLÍTICAS DA
EDUCAÇÃO
Em linhas gerais, o texto da Lei 9.394/96 está dividido em nove temáticas:
TEMÁTICA 1
A primeira define os limites da educação escolar (art. 1º).
TEMÁTICA 2
No título II, são definidos os princípios e os fins da educação nacional,
estabelecendo a Educação como dever da família e do Estado (arts. 2º e 3º).
TEMÁTICA 3
No título III, que aborda o direito à Educação e o dever de educar, encontramos a
obrigatoriedade e a gratuidade da educação básica, atualmente dos quatro aos
dezessete anos de idade.
TEMÁTICA 4
No título IV, a LDB aborda a organização da educação nacional, estabelecendo o
regime de colaboração entre a União, os estados e os municípios.
TEMÁTICA 5
No título V, a educação brasileira é dividida em dois níveis: a educação básica e o
ensino superior e conta com diferentes modalidades de ensino e os modos
possíveis de organização dos sistemas de ensino e das propostas pedagógicas,
preconizando a pluralidade de concepções pedagógicas como um dos princípios da
educação nacional. É proposta a gestão democrática da educação pública, com
progressiva autonomia pedagógica e administrativa, e a gestão financeira das
unidades escolares.
TEMÁTICA 6
O título VI é dedicado aos profissionais da educação (arts. 61 a 67), estabelecendo
que sua formação seja feita em curso superior de Pedagogia ou pós-graduação
(art. 64), admitindo, para atuar na educação básica, educação infantil e nas quatro
primeiras séries do fundamental, formação em curso Normal do ensino médio (art.
62).
TEMÁTICA 7
O título VII é dedicado aos recursos financeiros, estabelecendo as fontes dos
recursos destinados à Educação e que a União deve gastar, no mínimo, 18% e os
estados e municípios, no mínimo, 25% de seus respectivos orçamentos na
manutenção e no desenvolvimento do ensino público (art. 69);
TEMÁTICAS 8 E 9
Os dois últimos temas abordam as disposições gerais e transitórias que
acompanham toda lei.
PRINCÍPIOS QUE REGEM A
EDUCAÇÃO NACIONAL
Debruçando-nos sobre o que afirma a LDB de 1996 em seus elementos de maior
relevância, estudaremos a seguir os princípios que regem a educação nacional
(título II, arts. 2º e 3º) e as questões relacionadas à gestão democrática e aos
níveis e às modalidades de ensino nelas previstos.
A LDB APRESENTA NO TÍTULO II, EM SEU
ARTIGO 3º:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a
arte e o saber; 
III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
IV. respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
VII. valorização do profissional da educação escolar; 
VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação dos
sistemas de ensino; 
IX. garantia de padrão de qualidade; 
X. valorização da experiência extraescolar; 
XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
O conjunto de onze princípios, dispostos no art. 3º da LDB (Lei 9394/96), indica a
exigência de respeito a princípios republicanos e constitucionais. Cabe analisá-los,
então, nessa perspectiva, de princípios educacionais que seguem a compreensão
da Constituição Federal sobre os direitos dos cidadãos de uma república
democrática. Assim, trata-se de respeito à igualdade e à liberdade em diferentes
formas e instâncias e, também, de respeito a exigências democráticas mais
amplas, relacionadas aos modos de gestão no sistema público de educação, com a
gestão democrática prevista no princípio VII, fortemente mutilado em relação à sua
versão anterior no projeto de lei substituído pelo de Darcy Ribeiro, que deu origem
a esta LDB.
DARCY RIBEIRO
Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um antropólogo, educador e político brasileiro.
Criador do projeto de educação integral no Rio de Janeiro. Destacou-se como
senador pela articulação para aprovação da LDB, não acidentalmente
chamada de Lei Darcy Ribeiro.
javascript:void(0)
No caso da igualdade, trata-se de uma igualdade almejada entre diferentes – daí o
princípio da presença de pluralismo de ideias e concepções pedagógicas no
sistema educacional e de respeito à liberdade e apreço à tolerância, princípios
que se articulam, também, ao tema da liberdade, já que a liberdade cidadã tem
como corolário o direito de acessar conhecimentos e informações plurais e isso
precisa se fazer presente no sistema educacional.
A efetivação desse princípio exige a liberdade de cátedra para o acesso a
conhecimentos plurais e perspectivas igualmente plurais para compreensão deles,
conforme elencado com precisão no princípio II, que trata da liberdade de
aprender, ensinar, pesquisar. Ainda nesse sentido, os princípios X e XI dispõem a
perspectiva de uma democracia na relação entre diferentes conhecimentos no
sistema educacional. Ao prever a valorização da experiência extraescolar (X) e a
vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais (XI), a
LDB assume que a garantia da democracia no acesso, na permanência e no direito
de aprender, subliminar à ideia da qualidade, só pode ser efetiva se (e quando) os
estudantes tiverem seus conhecimentos presentes no processo pedagógico pela
valorizaçãodaquilo que trazem para a escola e possam, por meio das
aprendizagens escolares, potencializar sua inserção no meio profissional e no
exercício da cidadania plena, desenvolvendo e compreendendo mais amplamente
as práticas sociais.
 
Fonte: Wikimedia
 Fachada do Ministério da Educação (MEC) em Brasília. Fonte: Wikimedia
No que se refere à igualdade específica de acesso e à permanência do primeiro
princípio, entendemos que o princípio da gratuidade (VI) lhe é complementar. E
considerando o princípio V, da coexistência de instituições públicas e privadas,
torna-se indispensável sua complementação pelo princípio IX, da garantia de
padrão de qualidade.
 ATENÇÃO
É condição sine qua non da igualdade assegurar que todos, em instituições
públicas ou privadas, tenham acesso a ensino de qualidade. No mesmo sentido,
podemos entender o princípio da valorização do profissional de educação, que só
assim pode atuar com qualidade, já que uma forma de valorização do profissional é
assegurar a ele condições materiais e intelectuais de atuação. Essa valorização,
portanto, embora também diga respeito a questões de remuneração, não se limita a
isso.
NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO
Dimensão de forte relevância na LDB; em seu título V (arts. 21 a 60) encontramos a
seguinte descrição dos níveis e das modalidades de ensino:
A educação básica, composta de três níveis:
 Fonte: CDC / Unsplash
Educação infantil – creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 e 5 anos)
É gratuita, mas não obrigatória até os 3 anos, sendo exigida a partir dos 4 anos de
idade, desde a aprovação da Lei n. 12.796/2013, que atende ao aprovado pela
Emenda Constitucional n. 59 de 2009. É de competência dos municípios (arts. 29 a
31).
 Fonte: Taylor Wilcox / Unsplash
Ensino fundamental – anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º
ano)
É obrigatório e gratuito. Desde 1971, com a aprovação da Lei n. 5692/1971,
contava com oito anos de escolaridade. Desde 2006 (Lei n. 11.274/2006), tem a
duração de nove anos. A LDB estabelece que, gradativamente, os municípios
serão os responsáveis por todo o ensino fundamental. Na prática, os municípios
estão atendendo aos anos iniciais e os estados, aos anos finais (arts. 32 a 34)
dessa etapa da educação básica.
 Fonte: Alexis Brown / Unsplash
Ensino médio
O antigo 2º grau na Lei n. 5692/1971 (do 1º ao 3º ano) foi renomeado como ensino
médio na LDB. É de responsabilidade dos estados. Pode ser técnico
profissionalizante, ou propedêutico (arts. 35 e 36). Não obrigatório quando da
aprovação da LDB. Passou a sê-lo, para pessoas até 17 anos, a partir de 2013,
quando da aprovação da Lei n. 12.796/2013.
 SAIBA MAIS
O ensino superior é de competência da União, podendo ser oferecido por estados
e municípios, desde que eles já tenham atendido aos níveis pelos quais são
responsáveis em sua totalidade. Cabe à União autorizar e fiscalizar as instituições
privadas de ensino superior (arts. 43 a 57).
A educação brasileira conta ainda com algumas modalidades de educação que
perpassam todos os níveis da educação nacional. São elas
 
 Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Atende aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede
regular de ensino.
 
 Fonte: Black Jack / Shutterstock
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Atende aos estudantes em tempos e espaços diversos, com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação (arts. 58 a 60).
 
 Fonte: Rawpixel.com / Shutterstock
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Visa preparar os estudantes a exercerem atividades produtivas, atualizando e
aperfeiçoando conhecimentos tecnológicos e científicos (arts. 39 a 42).
 
 Fonte: PhotoSky / Shutterstock
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Atende às pessoas que não tiveram acesso à Educação na idade apropriada (arts.
37 e 38).
 
 Fonte: Ministério da Educação
EDUCAÇÃO INDÍGENA
Atende às comunidades indígenas, respeitando a cultura e a língua materna de
cada tribo.
Essa estrutura prevista, organizada em níveis e modalidades de educação, traz
novidades em relação às anteriores, tanto em sua nomenclatura quanto em relação
aos significados que pretende expressar. Resumindo compreensivamente os itens
elencados, podemos dizer que o ensino fundamental não sofre grandes alterações
na primeira versão da lei, já que herda o perfil do anterior ensino de 1º grau (Lei n.
5692/1971).
MODIFICAÇÕES NO ENSINO FUNDAMENTAL
Atualmente modificado, o ensino fundamental tem a duração de nove anos, não
oito como incialmente previsto, e tem ao seu lado como obrigatórios a educação
infantil, a partir dos 4 anos de idade, e o ensino médio, até 17 anos de idade.
REFORMA DO ENSINO MÉDIO
O ensino médio sofreu reforma recente (Lei n. 13.415/2017), tendo modificada sua
estrutura, que previa a oferta para todos os alunos do conhecimento de todas as
áreas, para um modelo de itinerários formativos, que supostamente devem ser
escolhidos pelo estudante, mas oficialmente dependem da oferta local de itinerários
possíveis. Trata-se de levar o estudante a, desde os 15 anos, estudar apenas os
conhecimentos de uma área, ou o ensino profissionalizante, de acordo com o
itinerário escolhido, perspectiva que retoma o previsto na LDB 4.024/1961 e
compromete a integralidade da formação.
A intenção das modalidades previstas na LDB era assegurar a universalização do
acesso à educação básica, viabilizando uma estrutura do sistema educacional que
permitisse a todos os cidadãos exercerem seu direito constitucional à Educação,
respeitando suas trajetórias sociais, pertencimentos culturais, necessidades de
formação específica em função de deficiências diversas, necessidades de
profissionalização ou de acesso ao ensino não presencial.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Rick Neves / Shutterstock
É possível perceber – na LDB e na legislação complementar que a regulamenta e
vem atualizando – a vontade política de atendimento aos preceitos da Constituição
Cidadã de 1988 no que se refere ao direito subjetivo de todos à Educação,
explicitando compromissos que articulam esse direito ao dever do Estado e da
família em oferecê-lo. Dessa articulação, deriva a obrigatoriedade de oferta e
frequência aos estudantes da educação básica.
Nota-se, na LDB, o respeito aos princípios republicanos da igualdade, da liberdade
e da fraternidade no estudo do seu artigo 3º, particularmente bem-sucedido no
tratamento das necessidades não óbvias ligadas a esses princípios quando se
refere à importância dos conhecimentos não escolares e à necessidade de
valorização docente.
Finalmente, a estrutura em grade – vertical e horizontal – do sistema traz para a
legislação a possibilidade da efetiva universalização do exercício do direito à
Educação ao buscar assegurar às populações marginalizadas ou esquecidas pelo
sistema regular formal de ensino, o acesso a modalidades específicas de educação
destinadas ao atendimento de suas necessidades peculiares.
Neste vídeo, com o professor Rodrigo Rainha, especialistas respondem a
perguntas sobre os princípios norteadores da LDB.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONSIDERANDO OS ASPECTOS FUNDAMENTAIS
ESTABELECIDOS PELA LDB, A EDUCAÇÃO É UMA FUNÇÃO
PARTILHADA ENTRE VÁRIOS GRUPOS EXISTENTES NA
SOCIEDADE. SOBRE A QUESTÃO DE A QUEM COMPETE A
OBRIGATORIEDADE DA EDUCAÇÃO, ANALISE AS ASSERTIVAS
ABAIXO: 
 
I - NOS TERMOS DO ART. 205 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE
1988, A EDUCAÇÃO, QUE É UM DIREITO DE TODOS, CONSTITUI
DEVER TANTO DO ESTADO QUANTO DA FAMÍLIA, DEVENDO
SER PROMOVIDA E INCENTIVADA POR AMBOS E EM
COLABORAÇÃO COM A SOCIEDADE, VISANDO AO PLENO
DESENVOLVIMENTO DA PESSOA, SEU PREPARO PARA O
EXERCÍCIO DA CIDADANIA E SUA QUALIFICAÇÃO PARA O
TRABALHO.
II - A OBRIGATORIEDADE DA FAMÍLIA CONTINUA EXPRESSA
NO ART. 227, MAS ESSA OBRIGATORIEDADE É TAMBÉM DA
SOCIEDADE E DO ESTADO. AINDA DE ACORDO COM O ART.
227, É DEVER DA FAMÍLIA, DA SOCIEDADE E DO ESTADO
ASSEGURAR À CRIANÇA, AO ADOLESCENTE E AO JOVEM,
COM ABSOLUTA PRIORIDADE,O DIREITO À VIDA, À SAÚDE, À
ALIMENTAÇÃO, À EDUCAÇÃO, AO LAZER, À
PROFISSIONALIZAÇÃO, À CULTURA, À DIGNIDADE, AO
RESPEITO, À LIBERDADE E À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E
COMUNITÁRIA, ALÉM DE COLOCÁ-LOS A SALVO DE TODA
FORMA DE NEGLIGÊNCIA, DISCRIMINAÇÃO, EXPLORAÇÃO,
VIOLÊNCIA, CRUELDADE E OPRESSÃO. 
III – A LDB TRABALHA COM A PERSPECTIVA DE A EDUCAÇÃO
FORMAR A IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA E, NESSE
SENTIDO, VEDA A POSSIBILIDADE DE FÓRMULAS
SEGREGADORAS, COMO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA SEPARADA
DA EDUCAÇÃO REGULAR, A EDUCAÇÃO DE GRUPOS ÉTNICOS
– COMO ÍNDIOS E NEGROS QUE TÊM O DIREITO E O DEVER DE
SEREM INCLUSOS NO SISTEMA DE ENSINO REGULAR. 
 
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Somente I está correta.
B) Somente I e II estão corretas.
C) Somente I e III estão corretas.
D) Somente II e III estão corretas.
2. A LDB FOI ORGANIZADA DIANTE DE IMPORTANTES
DEBATES INTELECTUAIS DE EDUCADORES BRASILEIROS. DE
FATO, ELA É UMA DEMANDA PREVISTA E ORGANIZADA A
PARTIR DA CONSTITUIÇÃO. PARTINDO DESSES DIÁLOGOS,
ELA TEM ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS. AS ASSERTIVAS
ABAIXO APRESENTAM ALGUNS DESSES PRINCÍPIOS: 
 
I - NOS TERMOS DO ART. 2º DA LDB, A EDUCAÇÃO, DEVER DA
FAMÍLIA E DO ESTADO (ART. 205 DA CF/88), INSPIRADA NOS
PRINCÍPIOS DE LIBERDADE E NOS IDEAIS DE SOLIDARIEDADE
HUMANA, TEM POR FINALIDADE O PLENO DESENVOLVIMENTO
DO EDUCANDO, SEU PREPARO PARA O EXERCÍCIO DA
CIDADANIA E SUA QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO. 
II - DE ACORDO COM O ART. 3º DA LDB, O ENSINO SERÁ
MINISTRADO COM BASE NOS SEGUINTES PRINCÍPIOS DE
IGUALDADE DE CONDIÇÕES PARA O ACESSO E
PERMANÊNCIA NA ESCOLA: LIBERDADE DE APRENDER,
ENSINAR, PESQUISAR E DIVULGAR A CULTURA, O
PENSAMENTO, A ARTE E O SABER; PLURALISMO DE IDEIAS E
DE CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS; RESPEITO À LIBERDADE E
APREÇO À TOLERÂNCIA. 
III – DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS V, VI E IX, A EDUCAÇÃO
PASSA A SER ENTENDIDA COMO UM BEM PÚBLICO, LOGO, AS
INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO – NÃO GRATUITAS – NÃO
DEVEM POSSUIR FINS LUCRATIVOS. ESSA PERSPECTIVA VISA
GARANTIR A IGUALDADE PARA TODOS OS SUJEITOS. 
 
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Somente a I está correta.
B) Somente a II está correta.
C) Somente I e II estão corretas.
D) Somente II e III estão corretas.
GABARITO
1. Considerando os aspectos fundamentais estabelecidos pela LDB, a
Educação é uma função partilhada entre vários grupos existentes na
sociedade. Sobre a questão de a quem compete a obrigatoriedade da
Educação, analise as assertivas abaixo: 
 
I - Nos termos do art. 205 da Constituição Federal de 1988, a Educação, que é
um direito de todos, constitui dever tanto do Estado quanto da família,
devendo ser promovida e incentivada por ambos e em colaboração com a
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
II - A obrigatoriedade da família continua expressa no art. 227, mas essa
obrigatoriedade é também da sociedade e do Estado. Ainda de acordo com o
art. 227, é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão. 
III – A LDB trabalha com a perspectiva de a educação formar a identidade
nacional brasileira e, nesse sentido, veda a possibilidade de fórmulas
segregadoras, como a educação inclusiva separada da educação regular, a
educação de grupos étnicos – como índios e negros que têm o direito e o
dever de serem inclusos no sistema de ensino regular. 
 
Assinale a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
As assertivas constituem elementos importantes da LDB, no entanto, em seu
princípio de tolerância e reconhecimento da multiplicidade de formação, rompe com
a ideia de amalgamar uma identidade nacional, reconhecendo o direito à
individualidade e a sua garantia. A título de exemplo, podemos falar da questão da
entrada na educação infantil e, ainda, para os grupos que não desejam integração,
permite fundamentos e organização próprios em uma modalidade de ensino, como
o da educação do campo ou da educação indígena.
2. A LDB foi organizada diante de importantes debates intelectuais de
educadores brasileiros. De fato, ela é uma demanda prevista e organizada a
partir da Constituição. Partindo desses diálogos, ela tem alguns princípios
básicos. As assertivas abaixo apresentam alguns desses princípios: 
 
I - Nos termos do art. 2º da LDB, a Educação, dever da família e do Estado
(art. 205 da CF/88), inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho. 
II - De acordo com o art. 3º da LDB, o ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios de igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola: liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância. 
III – De acordo com os princípios V, VI e IX, a Educação passa a ser entendida
como um bem público, logo, as instituições privadas de ensino – não
gratuitas – não devem possuir fins lucrativos. Essa perspectiva visa garantir
a igualdade para todos os sujeitos. 
 
Assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
O princípio de igualdade – previsto na assertiva III – está correto, no entanto, o seu
fundamento não é a garantia de uma educação gratuita para todos, mas a
responsabilidade de assegurar a gratuidade aos que dela precisarem e o acesso à
educação privada aos que por ela se interessarem.
 Reconhecer, na LDB, os temas mais relevantes do cenário educacional
brasileiro historicamente
RECONHECENDO A LDB COMO UM
INSTRUMENTO DE POLÍTICA
PÚBLICA
Abordaremos alguns temas específicos que vêm se constituindo como focos de
grandes debates entre campos políticos distintos há muito tempo. São questões
polêmicas que atravessam o tempo, e os debates em torno da educação nacional,
sua estrutura e características desembocam sobre problemas mais globais que
envolvem:
A própria identidade nacional – como é o caso do ensino religioso;
Os princípios regentes da questão da coisa pública – como a gestão e o
financiamento da Educação;
Os princípios e as necessidades da formação docente;
O embate entre a unificação e o respeito à pluralidade nacional, tanto no que
se refere a propostas curriculares quanto no que diz respeito às modalidades
de ensino, com especial destaque ao problema da profissionalização e do
acesso ao ensino superior.
Esses diferentes temas perpassam nossa história e estão presentes no Manifesto
dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, como veremos a seguir.
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Melina Massola / Shutterstock
Os temas deste módulo se relacionam aos princípios para a educação pública
preconizados pelo Manifesto dos Pioneiros de 1932: laicidade, gratuidade e
obrigatoriedade da escola básica – de 7 a 15 anos de idade – além da chamada
coeducação, ou seja, a não separação de meninas e meninos na escola pública.
NO DOCUMENTO, PROPUNHAM SEUS
SIGNATÁRIOS:
A laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação são outros tantos princípios
em que assenta a escola unificada e os quais decorrem tanto da subordinação à
finalidade biológica da educação de todos os fins particulares e parciais (de
classes, grupos ou crenças), como do reconhecimento do direito biológico que cada
ser humano tem à educação. A laicidade, a qual coloca o ambiente escolar acima
de crenças e disputas religiosas, alheio a todo o dogmatismo sectário, subtrai o
educando, respeitando-lhe a integridade da personalidade em formação, à pressão
perturbadora da escola quandoutilizada como instrumento de propaganda de
seitas e doutrinas. A gratuidade extensiva a todas as instituições oficiais de
educação é um princípio igualitário que torna a educação, em qualquer de seus
graus, acessível não a uma minoria, por um privilégio econômico, mas a todos os
cidadãos que tenham vontade e estejam em condições de recebê-la. Aliás o Estado
não pode tornar o ensino obrigatório, sem torná-lo gratuito.
A QUESTÃO DO ENSINO RELIGIOSO
O ensino religioso está presente nos embates educacionais brasileiros desde antes
da Independência. Ainda no século XVIII, um conflito entre a coroa portuguesa e os
jesuítas levou à expulsão destes pelo Marquês de Pombal, tanto de Portugal
quanto de suas colônias.
Embora houvesse outras entidades educadoras no país, era a educação jesuítica,
e a catequese a ela associada, que prevalecia no território nacional. A meta dessa
educação era efetivamente mais a de recrutar fiéis e servidores para uma Igreja
Católica enfraquecida pela Reforma Luterana.
EDUCAÇÃO JESUÍTICA
Conforme Almeida (2014), a educação jesuítica no Brasil teve início em 1549,
com a Companhia de Jesus, representante da Igreja Católica, fundada por
Inácio de Loyola, em um contexto de reação da Igreja Católica à Reforma
Protestante, sendo a protagonista do início de nossa história educacional, com
hegemonia do ensino brasileiro até 1759, quando os padres jesuítas foram
expulsos de Portugal e de suas colônias pelo Marquês de Pombal.
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Assim, missões em comunidades indígenas e escolas foram criadas e atendiam a
“curumins” e filhos de colonos que trabalhavam nas missões e nas regiões nas
quais elas se instalavam, dando lugar, posteriormente, a uma educação destinada
à formação das elites nacionais, excluindo as mulheres. Era um ensino
desvinculado das características da sociedade brasileira, sem praticidade na
formação e sem compromisso com qualquer tipo de qualificação profissional,
desnecessária em um cenário agrícola e escravocrata.
De acordo com Almeida (2014), pode-se dizer que o ensino jesuítico contribuiu
para a sistematização da educação na colônia, educando as elites, excluindo,
portanto, os menos afortunados, como mulheres, negros e pobres. A expulsão
dos jesuítas, no entanto, não provocou grandes mudanças nas propostas e práticas
educacionais do país, embora estivesse influenciada pela adesão do Marquês ao
ideário do enciclopedismo europeu.
 
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 Jogar Capoëra - Danse de la guerre por Johann Moritz Rugendas. Fonte:
Wikimedia
Esse momento marca, talvez, a primeira ruptura de uma série, que se manifestaria
de múltiplas formas e prossegue até os dias atuais, entre a Igreja e o Estado, o
qual assumiu naquele momento, pela primeira vez, a responsabilidade pela oferta
da Educação no Brasil.
Desde então, o embate entre perspectivas de educação centradas em valores da
Igreja ou em perspectivas sociais capitaneadas pelo Estado laico permanece. Entre
crises, acordos e oposições entre a visão da Igreja e do Estado em relação à
Educação, um tema turbulento em todo debate educacional legal e político no
Brasil, expresso desde o início do período republicano no papel a ser atribuído ao
ensino religioso pela legislação e os modos de sua efetivação num país que tem
como princípio a laicidade do Estado e da Educação.
Desde a proclamação da República, o embate vem se expressando em
documentos e discussões, ora mais explicitamente, ora incorporado a temáticas
mais amplas, como no caso do Manifesto dos Pioneiros. Na LDB de 1996, muitas
mudanças em relação à oferta do ensino religioso já ocorreram, bem como foi
polêmica sua inclusão na BNCC do ensino fundamental em 2017. Essas variações
se relacionam com conflitos presentes na sociedade entre grupos políticos mais
progressistas e mais conservadores, ao mesmo tempo em que refletem a posição
das instituições religiosas e igrejas em diferentes momentos da política nacional.
 
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 Antigo Colégio dos Jesuítas em Salvador, Bahia. Fonte: Wikimedia
Entre a força dos jesuítas e a educação ligada à catequese que efetivavam a
governos populares mais apartados das pressões religiosas os quais privilegiavam
aspectos da formação cidadã na perspectiva da laicidade, muitas foram as formas
por meio das quais a legislação retratou o momento político. Observemos as três
versões da LDB: a Lei n. 4.024/1961, a Lei n. 5.692/1971 e, finalmente e de modo
mais atento, as diferentes versões da Lei n. 9394/1996 para dar consistência ao
nosso debate.
Conforme a LDB, embora de oferta obrigatória, o ensino religioso não é financiado
pelo Estado e tampouco os docentes são ligados às escolas. Caberia, nessa
perspectiva, às diferentes instituições religiosas indicar – e fica subentendido – e
remunerar os docentes, cabendo à escola pública apenas o papel de recebê-los. Já
na reformulação operada na Lei n. 5.692/1971, o ensino religioso parece perder
espaço, sendo enunciado como parágrafo único do artigo 7º, em apenas duas
linhas.
LEI N. 4.024/1961
Na Lei 4.024/61 lê-se que: Art. 97. O ensino religioso constitui disciplina dos
horários das escolas oficiais, é de matrícula facultativa, e será ministrado sem
ônus para os poderes públicos, de acôrdo com a confissão religiosa do aluno,
manifestada por êle, se fôr capaz, ou pelo seu representante legal ou
responsável. § 1º A formação de classe para o ensino religioso independe de
número mínimo de alunos. § 2º O registro dos professôres de ensino religioso
será realizado perante a autoridade religiosa respectiva.
PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 7º
Parágrafo único. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º graus.
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No entanto, a ideia de que o ônus não cabe ao Estado desaparece, bem como a
responsabilidade das instituições religiosas pela indicação de docentes e o respeito
às diferentes crenças. A primeira impressão de perda de espaço é, portanto,
ilusória. Percebe-se, a partir dessa nova redação, que o Estado se ocupará mais
efetivamente dessa oferta, sem abrir espaço para diferentes crenças, apenas
assegurando a liberdade ao aluno de não frequentar as aulas.
Já a Lei n. 9.394/1996, quando da sua aprovação, não previa o ônus do Estado
pela oferta, nos moldes da Lei n. 4.024/1961. No entanto, a forte pressão de grupos
religiosos logo fez com que o artigo 33 fosse alterado e a obrigatoriedade da oferta
do ensino religioso nas escolas públicas passou a ser financiada pelo Estado a
partir da redação dada pela Lei n. 9.475/1997.
 
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 Fonte: Joa Souza/ Shutterstock
Embora a liberdade do aluno em cursar ou não o ensino religioso tenha
permanecido e a ideia da pluralidade de crenças esteja na lei, o crescimento da
influência de religiões cristãs sobre o Estado nos últimos anos vem produzindo
efeitos sobre as escolas que, cada vez mais, inserem orações cristãs em suas
práticas cotidianas, sem que aos alunos seja efetivamente facultada a possibilidade
de não as frequentar.
 SAIBA MAIS
“Na maioria das escolas públicas brasileiras, para passar de ano, os alunos têm
que rezar. Literalmente. Levantamento feito pelo portal QEdu, a partir de dados do
questionário da Prova Brasil 2011, do Ministério da Educação, mostra que em 51%
dos colégios há o costume de se fazer orações ou cantar músicas religiosas.
Apesar de contrariar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), segundo a qual o ensino
religioso é facultativo, 49% dos diretores entrevistados admitiram que a presença
nas aulas dessa disciplina é obrigatória. Para completar, em 79% das escolas não
há atividades alternativas para estudantes que não queiram assistir às aulas”.
Fonte: Fábio Campana.
Leia o artigo completo Contra a lei, ensino religioso é obrigatório em 49% de
escolas públicas, de Fábio Campana, indicado no Explore Mais.
ACERCA DO QUE FALAMOS SOBRE O ENSINO
RELIGIOSO, PROPOMOS A SEGUINTE
REFLEXÃO:O debate em torno do ensino religioso e do direito dos alunos a não o frequentarem
vem ganhando contornos cada vez mais vivos e polêmicos no cenário social e
político. Lendo a notícia abaixo e considerando o que prevê a legislação, como
você se posicionaria diante do fato?
A., de 13 anos, estuda numa escola municipal em São João de Meriti em que o
ensino religioso é confessional e a presença nas aulas, obrigatória. Praticante de
candomblé, ela diz sofrer discriminação por parte de três professoras evangélicas,
que tentam convertê-la. Com medo de retaliações, a menina pede que nem seu
nome nem o de seu colégio sejam identificados. Segundo seu relato, é obrigada
não só a frequentar as aulas, como também a fazer orações.
RESPONDER
A aluna não poderia, nos termos do artigo 33 da LDB, ser obrigada a frequentar a aula
de religião, já que a matrícula nessa disciplina é facultativa. No entanto, sozinha em um
ambiente que não assegura seu direito de crença e, com isso, o de não se matricular
no ensino religioso, previsto na Constituição e assegurado na LDB, ela se vê
discriminada em função de suas crenças e obrigada a obedecer à norma local, em
confronto com a legislação oficial. A atitude da escola fere a Constituição e a LDB, mas
a inexistência de mecanismos eficientes de proteção ao direito da aluna a obriga a
seguir fazendo o que lhe dizem ser obrigatório.
O PAPEL DO ESTADO E DA FAMÍLIA
NA EDUCAÇÃO NACIONAL E A
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Outra temática, também presente no Manifesto dos Pioneiros e em embates
históricos em torno da educação nacional, se relaciona com os princípios regentes
da questão da coisa pública e as obrigações do Estado perante os cidadãos.
Os temas da gratuidade e da obrigatoriedade da Educação e as questões
relacionadas ao financiamento e à gestão da educação pública são, possivelmente,
os principais aspectos debatidos nesse embate dos limites e das possibilidades de
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o Estado contemplar devidamente sua obrigação de oferta de educação pública de
qualidade para todos, financiando-a sem que entidades privadas se beneficiem
dessa verba destinada à Educação.
A preocupação explícita no Manifesto dos Pioneiros com a autonomia financeira do
sistema educacional preconizava que:
A autonomia econômica não se poderá realizar, a não ser pela instituição de um
"fundo especial ou escolar" que, constituído de patrimônios, impostos e rendas
próprias, seja administrado e aplicado exclusivamente no desenvolvimento da obra
educacional pelos próprios órgãos do ensino incumbidos de sua direção.
(AZEVEDO et al., 2006)
 
Fonte:Shutterstock
 Fonte: Maarten Zeehandelaar / Shutterstock
Apesar desse alerta já em 1932, apenas na Constituição Federal de 1988 ficou
explicitado o modo como a educação pública deveria ser financiada pelo Estado,
assegurando menos instabilidade financeira ao Sistema Público de Educação, já
que a CF previu a garantia de verbas para a Educação, entendendo como mínimo
necessário 18% do valor arrecadado para a União e 25% para estados e
municípios. O cálculo desses valores se faz com base na receita resultante dos
impostos e das transferências constitucionais, conforme assinalado no artigo 212
da Constituição. O objetivo oficial dessa normatização é assegurar que municípios
e estados mais pobres não sejam prejudicados em sua capacidade de garantir a
oferta de educação de qualidade por falta de verbas.
CONSTITUIÇÃO
Além disso, no artigo 211, § 1º, da Constituição Federal de 1988 está escrito: 
A União organizará o sistema federal de ensino e financiará as instituições de
ensino públicas, federais e exercerá, em matéria educacional, função
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
Posteriormente à LDB, ainda em 1996, foi criado o Fundo Nacional de
Financiamento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF),
ampliado a partir de 2007 ao restante da educação básica, passando a se chamar
Fundo Nacional de Financiamento da Educação Básica e Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB). De acordo com informe elaborado por Cleo
Manhães (2019), do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), esses
fundos representam uma tentativa de racionalização do gasto com a educação.
Em relação ao problema do subfinanciamento, um dos motivos apontados pela
analista é o fato de a União subdimensionar o custo-aluno para não ser obrigada a
repassar os valores não atingidos por estados e municípios, como previsto na
normatização do FUNDEB.
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 Fonte: Maarten Zeehandelaar / Shutterstock
INSTITUTO DE ESTUDOS
SOCIOECONÔMICOS (INESC)
Nas palavras do próprio instituto “No mundo em que vivemos, nada é mais
urgente do que a garantia de direitos humanos para todas e todos. Para isso
acontecer, precisamos melhorar processos democráticos, fortalecer
cidadãos e movimentos populares e combater todas as formas de
opressão, desigualdade e preconceito.”
FUNDEB
O cálculo do FUNDEB também é feito de acordo com o número de matrícula
na educação básica pública de acordo com os dados do último censo escolar,
feito anualmente. Divide-se o montante pelo número de matriculados para se
obter o valor por aluno e em seguida repassar aos Estados e municípios a
parte que cabe a cada um. Aqueles que não atingirem o valor mínimo por
aluno deverão ter complementação da União (MANHÃES, 2019, p. 2).
 SAIBA MAIS
A transição do FUNDEF para o FUNDEB significou o aumento da complementação
da União aos fundos estaduais, de R$492 milhões, em 2006, para cerca de R$14
bilhões, em 2019. [...]
Como sempre houve um subfinanciamento da Educação, ao FUNDEB foram
acrescidos novos recursos, como os oriundos do IPVA, por exemplo, ampliando o
financiamento e o número de alunos atendidos, mas não equacionando, ainda, a
questão do subfinanciamento (MANHÃES, 2019).
O debate em torno da destinação das verbas públicas é tão antigo quanto o próprio
debate em torno da educação pública. E, no que se refere à legislação e aos
debates públicos, tão oscilante quanto os demais debates tratados neste módulo.
Em diferentes momentos e normatizações, houve impossibilidade de acordo em
relação ao tema e aos embates entre grupos que defendiam a exclusividade de
verbas públicas para a educação pública e os que aceitam e defendem o
financiamento de instituições privadas, alegando a prestação de serviço por parte
delas, considerado público, devendo, portanto, receber parte da verba destinada à
Educação. O termo foi seguidamente usado em leis e normas para defender, sem
garantir, a destinação das verbas ao sistema público, sendo defendido por uns e
criticado por outros a cada momento.
 
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 Fonte: Alex Oakenman / Shutterstock
Em nota recente, o Grupo de Trabalho Estado e Política Educacional da
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (GT 5 – ANPEd)
assume claramente a defesa da exclusividade das verbas públicas para a
educação pública.
O GT 5 – ANPED AFIRMA:
A ANPEd, por meio da atividade de pesquisadores(as) vinculados(as) ao GT 5 –
Estado e Política Educacional, tem desenvolvido inúmeros estudos sobre a relação
entre o investimento público em Educação e a diminuição das desigualdades
educacionais, estabelecida como condição para a viabilização do direito humano à
Educação. Tal relação nos levou, historicamente, à defesa não apenas da
ampliação do montante de recursos públicos, mas também de sua destinação
exclusiva à escola pública, entendida segundo o art. 19 da LDB.
A transferência de recursos públicos para escolas privadas é uma nódoa histórica
do Estado brasileiro que acentua as desigualdades escolares, efetivando-se
tradicionalmente de forma indiscriminada ou clientelista. Apesar de mantida, com
restrições pela ConstituiçãoFederal de 1988, fato inédito em nossa legislação, a
temática do repasse de recursos públicos para o setor privado arrefece nos anos
seguintes à aprovação da CF/88, mas reaparece sob novas formas, impulsionada
por alterações constitucionais levadas a cabo a partir do governo de Fernando
Henrique Cardoso e estimulada pela aprovação da EC-95/2016 que fixa um teto
para o investimento governamental em despesas primárias.
Na legislação atual, conforme prevê o artigo 213 da Constituição, os recursos
públicos podem ser destinados também a escolas comunitárias, confessionais ou
filantrópicas, desde que comprovem não terem fins lucrativos e se comprometam a
aplicar excedentes financeiros em Educação. De acordo com o referido artigo,
inciso II, ainda é necessário que, em caso de encerramento de atividades, destinem
seu próprio patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional – ou
ao poder público.
Longe de concluída, como se vê nos debates atuais e nas tantas idas e vindas
legais e políticas do tema, a questão do financiamento da Educação segue
mobilizando defensores de diferentes posições, que vão desde a exclusividade de
verbas públicas para a Educação e a escola pública até a defesa do financiamento
de escolas e sistemas privados com fins lucrativos.
 SAIBA MAIS
Em texto esclarecedor sobre essa questão financeira e a relação entre público e
privado na educação nacional, Martins (2005) afirma que:
No plano da legislação ordinária, o artigo 20 da LDB, ao categorizar as chamadas
instituições privadas de ensino, entende que as particulares são definidas, em
sentido estrito, como as escolas instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas
físicas ou jurídicas de direito privado, sem as características das demais escolas
privadas, isto é, comunitárias, confessionais e filantrópicas.
São entendidas como confessionais, segundo a LDB, no inciso III do referido artigo,
as escolas instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
jurídicas que atendem à orientação confessional e ideologia específicas. As escolas
filantrópicas são regidas por lei própria.
As escolas comunitárias, a partir da Lei 11.183, que dá uma nova redação ao inciso
II do caput do art. 20 da Lei n. 9.394/96, são consideradas as instituídas por grupos
de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de
pais, professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora
representantes da comunidade.
A QUESTÃO DO DUALISMO NA
EDUCAÇÃO E NA SOCIEDADE
O confronto entre a unificação da oferta e o respeito à pluralidade nacional
representou, em diferentes momentos de formulação e implementação de políticas
educacionais e legislação que a fundamenta, um sério embate político. Essa
discussão aparece e se expressa no que se refere a:
Programas de inclusão;
Modos de organização do sistema;
Termos de normas nacionais em relação aos currículos escolares em
diferentes níveis e modalidades;
Direitos de diferentes segmentos populacionais ao acesso e à permanência no
sistema escolar.
 
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 Fonte: Monkey Business Images / Shutterstock
Poderíamos tratar de aspectos diversos, como o financiamento público para a
educação privada. De um lado busca-se a excelência em gestão de recursos,
atendendo a um púbico mais amplo do que o das instituições públicas, com regras
e burocracias que as deixam menos dinâmicas. De outro lado, essas mesmas
instituições alegam não atingir a modernização necessária por falta de investimento
público. O dualismo se materializa em contradição entre a ação necessária da
política pública para atender aos anseios sociais e a necessidade de cumprir o
orçamento e as demandas do capital, os quais fazem parte do Estado e de suas
necessidades.
O dualismo permeia a história da educação brasileira. Veja a seguir:
A PROFISSIONALIZAÇÃO
O exemplo mais flagrante do dualismo na educação brasileira envolve a questão da
profissionalização. Já no texto da Reforma Capanema, de 1937, fica claro que a
escola para as elites deve preparar para o prosseguimento de estudos até níveis
superiores e a escola para as populações menos afortunadas deve se limitar a
ensinar o necessário para a profissionalização rápida e o ingresso no mercado de
trabalho. A chamada Reforma Capanema reformulou a estrutura da
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escolarização e criou o ensino colegial, que dava acesso às universidades,
paralelamente ao ramo secundário técnico/profissional, com caráter de
terminalidade.
A NORMATIZAÇÃO DO DUALISMO
A LDB 4.024/61 manteve uma normatização dualista a qual não previa – para
alunos que frequentaram o ensino técnico, voltado à formação profissional – a
possibilidade de ingresso no ensino superior, especificamente referido como
possibilidade aos concluintes do colegial (atual ensino médio). Talvez
surpreendentemente, a Lei n. 5.692/1971 rompe com esse dualismo em sua
estrutura ao prever a unificação, no que passou a ser chamado de segundo grau,
entre a formação propedêutica destinada ao ingresso no nível superior e a
formação profissional. Segundo a lei, todos os estabelecimentos de ensino,
públicos e/ou privados, deveriam oferecer simultaneamente formação geral e
profissional.
A TENTATIVA DE SUPERAÇÃO DO DUALISMO
A nova legislação, a partir da fusão entre sistemas antes separados de formação
técnica profissional e formação propedêutica, assume como intenção a superação
do dualismo que vigorava na norma anterior. No entanto, ao contrário do que
esperavam os legisladores, a norma foi um fracasso e retirada da lei em 1982,
quando foi aprovada a Lei n. 7.044/1982, que desobrigava as instituições de ensino
a formar profissionais e a preparar estudantes para o acesso ao ensino superior
simultaneamente.
Concretamente, percebe-se que a lei produziu e aprofundou a legitimação da
exclusão dos estudantes que frequentavam escolas reconhecidas pela qualidade
da sua formação profissional, já que essas nunca conseguiram oferecer, em
condições ideais, a formação geral necessária para o ingresso no nível superior.
Os alunos que frequentavam o segundo grau técnico continuaram a ter dificuldade
de ingressar nas faculdades e universidades, porque não obtinham notas
suficientemente altas para alcançar as vagas pretendidas, as quais continuaram
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sendo ocupadas pelos estudantes provenientes das escolas de excelência em
formação geral. Essas, por sua vez, jamais conseguiram formar dignamente
profissionais de nível médio, mas isso não era um problema, considerando que a
meta das elites era o ingresso na universidade. A partir de 1982, então, voltamos a
ter o mesmo problema antes observado, de um dualismo, que se não era mais
oficial, permanecia ativo e produzindo a exclusão das classes trabalhadoras do
nível superior.
ESTRUTURA DA ESCOLARIZAÇÃO
O estudioso Saviani (2008) esclarece: o conjunto das reformas tinha caráter
centralista, fortemente burocratizado: dualista, separando o ensino secundário,
destinado às elites condutoras, do ensino profissional, destinado ao povo e
concedendo apenas ao ramo secundário a prerrogativa de acesso a qualquer
carreira de nível superior; corporativista, pois vinculava estreitamente cada
ramo ou tipo de ensino às profissões e aos ofícios requeridos pela organização
social.
Neste vídeo, com o professor Rodrigo Rainha, especialistas respondem a
perguntas sobre polêmicas e dualidades da educação brasileira: ensino religioso,
financiamento da educação pública e privada e propostas curriculares.
REFORMAS DA LDB

Fernando Henrique Cardoso. Fonte: A.PAES / Shutterstock
INVESTIMENTO EM MODELOS TÉCNICOS
A partir dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e Luiz Inácio
Lula da Silva (2003-2010), manteve-se um foco sobre a necessidade do
investimento em modelos técnicos, como política pública relativa à exclusão e à
necessidade de entrada rápida no mercado de trabalho, mas sem reduzir o
estudante ao seu ofício, segregação clássica

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