Dicas de dinâmicas de grupo

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Exemplos de dinâmicas de grupo reais
Até aqui, vimos que as dinâmicas podem ser de diversos tipos, pendendo mais para o social ou para o técnico. Da mesma forma, ela também pode se desdobrar nos mais diversos - e inusitados - desafios. A seguir, trazemos algumas histórias reais de desafios apresentados em dinâmicas de grupo de processos seletivos.
Apresentação pessoal
Inovando até na parte da apresentação, uma multinacional já pediu para para os participantes criarem uma revista que mostrasse o que tinham feito na vida, o que faziam hoje e o que pretendiam fazer no futuro.
Outra grande empresa brasileira pediu primeiro para que os candidatos conversassem entre si, e depois, cada um devia apresentar não a si mesmo, mas o colega.
Simulação de vendas
É comum que o desafio proposto para o grupo seja o de vender algum produto - seja montando um pitch de vendas, um comercial de televisão, ou convencendo os recrutadores a comprá-los com uma conversa.
O pulo do gato é que normalmente não são produtos fáceis de vender. Muitas vezes eles estão quebrado - caneta sem carga, bola de futebol murcha, bolsa rasgada, escova de dente sem cabo - e, outras vezes, são produtos sem uma utilidade óbvia. Em uma dinâmica de grupo do programa de trainee da Delloitte, cada grupo recebia um produto diferente e tinha que fazer a venda.
Criatividade e pensamento estratégico são determinantes para se dar bem em uma dinâmica assim.
Não é o produto em si que interessa, mas o que é feito com ele... Como o grupo lida com as dificuldades, e a argumentação utilizada para contornar essa ‘saia justa’ do produto. A compra e a venda em si não são tão significativas quanto o desenvolvimento desse processo.
Existe uma dinâmica de vendas também bem comum que pede para você elaborar um roteiro de telemarketing para algum produto - digamos, lingerie masculina. Nesse roteiro, você deve listar diversos pontos de venda e também pensar nas possíveis objeções e perguntas dos consumidores, e as respectivas respostas.
Cases
Os cases de negócios são o tipo mais comum de formato de dinâmica de grupo, porque além de fornecerem para o recrutador informações sobre o lado comportamental dos candidatos, também medem um pouco do conhecimento de negócios de cada um.
A PwC, por exemplo, já realizou diversas dinâmicas em que os candidatos não eram somente divididos em grupos, mas cada um ganhava uma função específica para desempenhar no grupo - simulando os cargos da empresa - o que tornava a resolução ainda mais desafiadora.  
Painel
Em uma dinâmica de um grande banco, havia seis jovens em uma bancada respondendo para um grupo de executivos da empresa. Em um dado momento, um dos executivos pediu que cada um dos candidatos fizesse uma pergunta para o candidato ao lado responder. De olho na competição, quase todas as pessoas pensaram em perguntas difíceis, complexas de responder... Alguns até claramente buscaram deixar o candidato em uma saia justa, perguntando sobre vulnerabilidades, erros, "Por que eu não te contrataria?".
A ordem da dinâmica era que só depois que todas as perguntas fossem feitas começariam as respostas. Porém, depois que o último candidato fez sua pergunta, o executivo mudou as regras: cada um deveria responder a própria pergunta que fez. Sabe o ditado, que diz que o feitiço virou contra o feiticeiro? Então... Quem tentou colocar o colega em uma situação delicada não se deu muito bem.
Também é comum no final do painel ou da dinâmica, depois que os candidatos já se conhecem um pouco, o recrutador revelar que só X pessoas irão passar para a fase de entrevista, e pedir para que os próprios candidatos eliminem uns aos outros. Assim, você tem que explicar para todo mundo que candidato você eliminaria e a razão.
Esse tipo de atividade deixa todo mundo desconfortável, e a ideia é essa mesmo. Na prática, você não está eliminando ninguém - essa história de que os candidatos é que vão determinar quem não vai passar não passa de um exercício, de uma simulação... O foco do recrutador está menos em quem você eliminou, mas sim em como você vai lidar com essa situação desconfortável.
Se você for agressivo, arrogante, ofender alguém nessa explicação, provavelmente isso vai contar pontos negativos para você. O melhor jeito de lidar com essa atividade é escolher alguém e dar motivos profissionais razoáveis, sem exageros, e responder de forma calma, jamais levando para o lado pessoal.
Uma dinâmica de grupo para vender cigarros!
Um processo seletivo de trainee recente, para uma multinacional de eletrodomésticos, propôs uma dinâmica de grupo no formato de resolução de case. Até aí tudo bem, nenhuma novidade... Porém, em vez de trazer uma questão do seu próprio mercado - como a maioria das companhias costuma fazer - a empresa escolheu um case da indústria do tabaco: como vender mais cigarro.
Enquanto algumas pessoas não se incomodaram com a dinâmica, outras ficaram extremamente desconfortáveis. É que muitos candidatos evitam especificamente os programas de trainee da indústria do tabaco por não concordarem com o produto, ou não se sentirem confortáveis vendendo um produto prejudicial à saúde dos consumidores. Um número bem pequeno de candidatos se recusou a participar do exercício e saiu da sala. Porém em quase todos os grupos esse debate sobre a validade de se vender cigarros surgiu - em alguns de forma mais produtiva do que em outros.  
A nossa intenção aqui nesse curso não é entrar em uma discussão filosófica sobre a indústria do tabaco, e sim dissecar essa dinâmica para que você possa entender melhor como esses exercícios são desenhados, e não cair nas armadilhas que existem. Essa situação, por exemplo, foi claramente desenhada para tirar os candidatos da zona de conforto, e esse é o primeiro ponto que o recrutador vai analisar.
Como você se comporta fora da sua zona de conforto?
Você se desespera? Fica nervoso? Consegue pensar claramente e com calma, ou se precipita? No passado, perguntas que tinham o objetivo de colocar o candidato em situações extremamente fora da zona de conforto eram muito comuns, principalmente no mercado financeiro ou em empresas com uma cultura mais agressiva. "Como você defenderia este criminoso que confessou os crimes?", ou "Me convença a não mandá-lo para a cadeia" são questões que deixam qualquer um desconfortável, mesmo que, no fundo, não envolvem nada ilegal, afinal, todos têm direito à defesa.
No mundo real, embora você provavelmente não tenha que defender um criminoso, não serão raras as situações que vão te tirar da sua zoina de conforto, dos tópicos que você domina, e também surgirão desafios que talvez não sejam os que mais te motivam.  
A dica, portanto, é que você mantenha a calma (lembra da aula sobre inteligência emocional?), lembre-se de que aquele é um exercício, e foque em entender o problema e chegar a uma solução. Mesmo que você seja um crítico da indústria do cigarro, no fundo, o que está em jogo é uma vaga de trainee em uma empresa de eletrodomésticos, não é mesmo?
Muitos candidatos comentaram ao final dessa dinâmica que o objetivo da empresa era entender quem estava disposto a tudo, quem perseguiria lucro a qualquer custo, quem estava disposto a abrir mão dos seus valores pessoais pela companhia. Essa é uma maneira ingênua - e bastante equivocada - de ler essa dinâmica, e pode ter certeza que não é isso que está na cabeça do recrutador. Até mesmo porque soluções ilegais ou que envolvessem mentiras seriam muito mal-vistas - ética e honestidade são valores muito importantes no mundo corporativo.
Repare que existem incontáveis soluções para esse case - investir em cigarros sem cheiro, vender cigarros menores para quem fuma menos, vender pacotes com um número maior de cigarros para quem vai viajar - e o recrutador está mais preocupado com o processo que levou a essas soluções do que com elas em si. Porém, caso algum grupo propusesse uma solução claramente ilegal, como criar um cigarro com fumaça rosa para atrair o público infantil, ele claramente seria prejudicado.  
O que um recrutador está buscando?
Durante a dinâmica,o avaliador estará prestando atenção em você e nos outros candidatos e buscando entender melhor quem você é. Essa interpretação varia de recrutador para recrutador, e depende também do perfil desse profissional. Mas existem alguns pontos sobre você que com certeza ele estará analisando:
Como você se comporta trabalhando em grupo
Repare que aqui ele não está observando o quão bom ou inteligente você é, mas sim se você consegue se relacionar para extrair o melhor do grupo.
 
Se seu perfil comportamental combina com o da empresa
Nos módulos anteriores já falamos bastante de fit cultural, certo? Na dinâmica, o recrutador estará vendo na prática o seu estilo de trabalhar (algo que o teste comportamental também já indicou) e analisando se ele bate com o da empresa. Não tente ser quem você não é, ou fingir um outro estilo de trabalhar na dinâmica. Além de ficar forçado, você provavelmente não vai se sair bem. No fundo, você também não quer ser aprovado em uma empresa que não tem fit cultural com quem você realmente é...
Comunicação eficaz
Não se trata de falar muito, mas sim de saber quando falar. Expressar ideias e opiniões de forma clara e objetiva, pensando antes de falar.
Sustentação pessoal e argumentação
Nas suas interações com grupo, o recrutador também estará de olho se, quando você vai expor o seu ponto de vista, você consegue defender suas ideias de forma coerente e convencer os outros. Você demonstrar articulação ou confusão quando está transmitindo seus pensamentos?
Empatia e respeito
O foco tem que sempre estar em construir junto com o grupo, e não em ganhar a discussão. Lembre-se que o resultado do case é bem menos importante do que o processo de solução. Em outras palavras, o "como" é muito mais importante do que o "o que" em uma dinâmica.
Capacidade de chegar em um consenso
Saiba os momentos de dar o braço a torcer e seguir com outra ideia, mesmo que você não concorde. O recrutador estará analisando se você sabe ser flexível para chegar em um consenso com o grupo.
Gestão de tempo
Esse é um fator crucial da dinâmica: ficar de olho no tempo. Ser atento a isso reflete em todos os trabalhos que você fará na empresa, então tenha um relógio com você e ajude o grupo a não se enrolar. Quando o tempo estiver acabando, avise todos e ajude-os a convergir para a resposta final.
Os perfis em uma dinâmica
Como já dissemos, muito da avaliação da dinâmica é subjetiva, depende da impressão que o recrutador tiver de você. Isso é um fator que não conseguimos controlar. Mas se você estiver consciente dos seus pontos fortes para mostrá-los, e dos seus pontos fracos para evitar cometer erros, suas chances de se sair bem melhoram muito.
No fundo, não existe um único perfil que se sai bem em uma dinâmica de grupo! E não estamos falando aqui só da variação de empresa para empresa. Uma mesma empresa também pode buscar profissionais com perfis diferentes, desde que alinhados à sua cultura. As equipes precisam dessa diversidade de perfis para poderem performar bem.
Os diferentes comportamentos
A seguir, vamos te ajudar a entender um pouco o que se passa na cabeça de um recrutador na hora da dinâmica. No fundo, durante a atividade, ele está buscando enxergar esses perfis. Às vezes ele faz isso só na cabeça dele, fazendo algumas anotações, outras vezes ele usa algumas planilhas ou tabelas, como a do exemplo:
Reparou como existem diversos perfis comportamentais listados, todos eles relacionados a como você interage com um grupo? Normalmente as pessoas demonstram uma combinação desses comportamentos.
Dependendo da empresa, da sua cultura de trabalho, e do estilo dos outros profissionais da equipe ou da própria dinâmica, um determinando traço comportamental pode ser construtivo ou não, positivo ou não.
Existe ainda uma gama maior de perfis, de traços comportamentais, que não estão representados nesse exemplos, mas que podem ser adicionados pela empresa de acordo com o que ela busca ou não em seus candidatos. A seguir, vamos explicar um pouquinho o que, na prática, cada um desses traços comportamentais significa:
Dominador
Busca sempre dominar a discussão, sendo o centro da troca de informações e defendendo com energia suas ideias. Quando esse traço é muito intenso, corre o risco de se tornar autoritário e atrapalhar o desempenho do grupo, ouvindo pouco as outras pessoas.
Observador
Acompanha atentamente o desenrolar da discussão, ouvindo e apoiando as decisões do grupo. Faz poucas considerações, o que tem um lado positivo de saber a hora certa de falar, mas também pode ser bastante negativo caso o participante não se mostre útil e não contribua com a solução.
Ouvinte passivo
É quem ouve a discussão do grupo sem fazer objeções ou apoiar ideias, não contribuindo de forma ativa. De forma geral, é um traço comportamental que não é valorizado pelas empresas, pois elas querem alguém capaz de contribuir com o negócio.
Criador de obstáculos
Faz papel de "advogado do diabo”, buscando sempre questionar as ideias dos outros participantes, olhar para o que pode dar errado e fazer objeções. Pode ter um lado positivo de ser atencioso e calcular riscos, mas tem uma chance muito grande de ser pouco construtivo quando começa a empacar demais o andamento do projeto, a problematizar as coisas à toa.
Dependente
Não cria ou sugere ideias sozinho, buscando sempre a aprovação dos outros participantes do grupo ou apenas seguindo as ideias propostas. Pode até ser um bom executor, mas provavelmente deveria ser um pouco mais ativo na discussão.
Animador
Demonstra afeto e solidariedade aos outros membros do grupo, assim como compreensão e aceitação de outros pontos de vista, idéias e sugestões, concordando, recomendando e elogiando as contribuições dos outros.
Estilo agressivo
É bastante direto e defende suas ideias de forma enfática. Quem tem esse traço comportamental aflorado costuma ser mais focado no resultado do que nas pessoas, o que é valorizado por algumas empresas, e por outras não.
Mediador
Traço comportamental de quem consegue (e gosta de) resolver as divergências entre os outros membros, aliviando as tensões nos momentos mais difíceis.
 
Dica importante
É importante entender que todos nós somos uma combinação desses traços comportamentais que são utilizados nas avaliações de dinâmicas, e ter consciência deles nos ajuda a refletir sobre quais nossos pontos fracos para evitar que nos atrapalhem durante a dinâmica. Isso, porém, é muito mais útil na preparação para a dinâmica do que na hora "H" em si.
Quando a dinâmica começar, não se preocupe tanto com o que está sendo avaliado ou tente reparar no comportamento do avaliador. Isso só vai desviar sua atenção. O seu foco tem que ser no seu trabalho, no que você está mostrando, e no case que você está resolvendo. Seja espontâneo e mostre a sua melhor versão :)
Alguns comportamentos ou traços que nenhuma empresa contrata:
· Quem não participa de forma nenhuma da dinâmica;
· Quem é grosseiro, mal educado ou arrogante;
· Quem faz de tudo para aparecer;
· Reclamar do exercício em si ou de mudanças durante a dinâmica.