Buscar

Insulinização em Diabetes Tipo 1 e Tipo 2

Prévia do material em texto

O pâncreas continuamente produz um nível basal de insulina, em níveis baixos, 
independente de estado alimentado ou não, para que haja um equilíbrio em relação a produção 
de glicose pelo fígado. Quando nos alimentamos, há um pico nessa produção nos períodos pós-
prandiais. 
O total de insulina produzida pelo fígado é cerca de 0,4-0,8 UI/kg, sendo 50-60% 
prandial e 40-50% basal. 
 
Em situações de falha na produção de insulina, necessita-se de um uso de uma insulina 
de ação lenta para mimetizar a produção basal e de uma insulina de ação rápida para os 
mimetizar a produção dos períodos prandiais. Isso é feito principalmente em diabéticos tipo 1, 
mas tem indicação de ser feita nos pacientes com DM tipo 2 também, principalmente nas 
seguintes situações: 
 Pacientes com hiperglicemia importante (glicemia de jejum > 250 mg/dL OU ao 
acaso > 300 mg/dL OU HbA1c > 10%) 
o Se com hiperglicemia pela manhã: insulina basal 0,1-0,2 UI/kg a noite 
 OU com sintomas de hiperglicemia, presença de cetonúria ou cetoanemia 
 Paciente em uso de 3 classes de hipoglicemiantes orais sem controle 
adequado da glicemia 
 Complicações agudas (estado hiperglicêmico hiperosmolar) ou situações de 
estresse (IAM, infecções, cirurgias, etc) 
 Gravidez (maior parte dos antidiabéticos não podem ser utilizados na gestação) 
 
 
Figura 1 - Insulina rápida: Regular / Insulinas ultrarrápidas: Lispro, Glulisina, Asparte 
 
Figura 2 - Insulina intermediária: NPH 
OBS: a Glargina é uma insulina de ação lenta SEM pico de ação. Isso se torna uma vantagem em 
relação a outras pela menor chance de causar hipoglicemia. 
OBS 2: a vantagem da aplicação de uma insulina com ação > 24h (ex: Degludeca) é que não exige 
que a aplicação seja feita diariamente no mesmo horário  tendem a ser mais caras pela 
comodidade. 
 
Deve-se sempre analisar os períodos pré e pós prandiais para ajustar as doses da 
insulina. No período pré-prandial a glicemia deve estar < 130 mg/dL, tolerando-se um 
incremento de até 30-40 mg/dL no período pós-prandial. Se esse incremento for maior do que 
o esperado, deve-se aumentar a dose da insulina prandial. 
Entre o período pós-prandial e o próximo período pré-prandial, em que o paciente 
ficará de jejum, é esperado que os níveis glicêmicos caiam também de 30-40 mg/dL. Se não 
cair conforme o esperado, deve-se aumentar a dose de insulina basal. 
 
 CUIDADOS NA INSULINIZAÇÃO: 
A principal complicação da insulinização é a hipoglicemia (níveis de glicose < 70 mg/dL). 
 EXEMPLO DE INSULINOTERAPIA NA DM-1: 
 
 Paciente de 100kg: calcular a quantidade de insulina necessária 
o 0,4-0,8 UI/kg  40-80 UI 
(Usaremos o valor intermediário de 60 UI no exemplo) 
 Pegar o valor total de insulina necessário (60 UI) e administrar 50% basal – 50% prandial 
o Insulina basal: 
 Se de ação longa ou super longa: 30 UI – 1x ao dia 
 Se NPH: dividir em 3x: 10 UI antes do café – 10 UI antes do almoço – 10 UI 
antes de dormir OU dividir em 2x: 20 UI pela manhã e 10 UI pela noite antes 
de dormir. 
o Insulina prandial: 
 Rápida ou ultrarrápida: administrar 3x ao dia: 10 UI antes do café – 10 UI 
antes do almoço e 10 UI antes do jantar. 
 
 
OBS: após 15 minutos da correção da hipoglicemia fazer a medição novamente para 
confirmar a adequação ou a necessidade de nova intervenção. 
 Possíveis causas de hipoglicemia: erro alimentar (ex: administrou a dose e não 
se alimentou), erro de dose e/ou horário de administração, insuficiência renal 
ou insuficiência hepática. 
Outro cuidado que deve ser tomado é no momento da coleta e administração da 
insulina: 
 Em casos que há administração tanto de insulina basal quanto de prandial no 
mesmo horário: só podem ser administradas na mesma seringa se a insulina 
basal for NPH 
 Quando houver associação de insulina de ação rápida ou ultrarrápida com 
intermediária, a de ação rápida deve ser aspirada primeiro 
Aplica-se em tecido subcutâneo e sempre deve-se fazer rodízio do local de aplicação 
(evita a lipohipertrofia): 
 
Figura 3 - possíveis locais de aplicação 
A monitorização do paciente deve ser feita com a dosagem de glicemia capilar pré-
prandial diariamente. Além disso, a cada 7-14 dias deve-se fazer uma monitorização completa, 
onde a dosagem é feita: pré-prandial, 2h após cada refeição e às 3h da madrugada. 
 
 PARTICULARIDADES DA INSULINIZAÇÃO DO DM 2: 
 
 Por diversos mecanismos, o paciente DM tipo 2 pode descompensar durante a 
madrugada e acordar com hiperglicemia. Nesses casos, deve-se administrar uma 
insulina basal na dose de 0,1-0,2 UI/kg a noite. 
 A monitorização da adequação das doses é feita da seguinte forma: 
 
 
 Se o uso for de apenas insulina basal: manter antidiabéticos orais 
 Se o uso for de insulina basal e bolus: suspender secretagogos e inibidores de DPP-4 
glicemia de 
jejum
> 130 
mg/dL
aumentar 
dose
< 90 mg/dL
reduzir 
dose
90-130 
mg/dL
manter 
dose
hemoglobina glicada 
(HbA1c)
Alvo: 7%
< 7%: OK
> 7%: medir glicemias 
pré e pós prandiais 
(investigação)

Continue navegando