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DIREITO CIVIL II DAS OBRIGAÇOES

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DIREITO CIVIL II 
DIREITO DAS 
OBRIGAÇÕES
Marcelo Neves 
Schneider
 
Introdução ao Direito 
das Obrigações I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir obrigações e as suas características essenciais.
  Explicar os elementos constitutivos das obrigações.
  Distinguir direitos das obrigações de direitos reais.
Introdução
O vocábulo obrigação — que deriva do latim obligatio/obligationis e 
significa ato de obrigar, o fato de estar obrigado a, dever, preceito, lei — 
cria vínculo jurídico em que uma pessoa está obrigada a dar, a fazer ou 
não fazer alguma coisa, em proveito de outra.
Neste capítulo, você vai ler sobre o Direito das Obrigações, que possui 
o objetivo de regular as relações entre o credor e devedor. As normas 
regulam a responsabilidade de ambas as partes no percurso até que 
a obrigação seja efetivada e satisfeita. Serão trabalhados os conceitos 
primordiais de obrigações, bem como as características essenciais, os 
elementos e as diferenças entre o Direito Obrigacional e o Direito Real.
Conceito e características essenciais 
de obrigações
Inicialmente, cabe salientarmos que a convivência na sociedade atual delimita 
deveres aos cidadãos, seja com o seu país, com o seu grupo social, com a 
política ou dentro do seu núcleo familiar. Na linguagem coloquial, utilizamos 
com frequência o termo obrigações, mas o conceito aqui é utilizado no sentido 
técnico da palavra. 
Muitos autores, conforme Pereira (2018), definiram obrigações no conceito 
histórico. Para Savigny (apud PEREIRA, 2018, p. 6):
A obrigação consiste na dominação sobre uma pessoa estranha, não sobre toda 
a pessoa (pois que isto importaria em absorção da personalidade), mas sobre 
atos isolados, que seriam considerados como restrição à sua personalidade, 
ou sujeição à nossa vontade.
Já Clóvis Beviláqua (apud PEREIRA, 2018, p. 6) afirma que:
Relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer 
alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém 
que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em 
virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós esta ação ou omissão.
Segundo Washington de Barros Monteiro (apud PEREIRA, 2018, p. 6):
Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor 
e credor, e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva 
ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento 
através de seu patrimônio.
Carlos Roberto Gonçalves (2016, p. 21) define o conceito de obrigações 
como: 
Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o cum-
primento de determinada prestação. Corresponde a uma relação de natureza 
pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo cum-
primento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível.
Para Caio Mário da Silva Pereira (2018, p. 7), por sua vez, a “Obrigação é o 
vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação 
economicamente apreciável”.
Analisando esses conceitos, podemos perceber que há elementos sendo 
apresentados:
  é necessário que haja uma tarefa, que é a obrigação em sentido estrito 
— ou seja, há uma função a ser desempenhada;
Introdução ao Direito das Obrigações I2
  constitui-se uma relação jurídica, pois um dos sujeitos é obrigado a 
realizar uma prestação ao outro;
  ela é de prestação pessoal, pois apenas as pessoas envolvidas na relação 
jurídica estão obrigadas a realizá-la, e também de natureza pessoal, 
uma vez que se estabelece entre duas pessoas (credor e devedor);
  encontra-se presente a transitoriedade, que significa que nenhuma 
obrigação será eterna, porquanto, adimplida a obrigação, a relação 
jurídica se extingue;
  há um caráter econômico, então é necessário que haja possibilidade 
de aferição do valor pecuniário da obrigação.
Embora seja uma relação de caráter pessoal, é possível que os bens do devedor sirvam 
como garantia do adimplemento da obrigação (art. 391 do Código Civil). 
Ademais, é importante realizarmos a distinção entre o conceito clássico (es-
tático) e o conceito moderno (dinâmico) das obrigações. No conceito clássico, 
a obrigação possui o foco no devedor, ou seja, o credor teria direito de exigir 
do devedor o cumprimento da obrigação. Já o conceito dinâmico é analisado 
de uma perspectiva dúplice, na qual credor e devedor possuem funções na 
realização jurídica, abrangendo, inclusive, os deveres secundários. Portanto, 
a obrigação, nesse caso, é vista como processo.
Todos os atos realizados na obrigação são relacionados e há um interesse 
comum, que é satisfazer o interesse da prestação, não havendo tão somente 
o devedor como prestador, mas uma necessidade de colaboração entre as 
partes envolvidas. Nesse sentido, Nelson Rosenvald (2005, p. 204) afirma 
que “A obrigação deve ser vista como uma relação complexa, formada por 
um conjunto de direitos, obrigações e situações jurídicas, compreendendo 
uma série de deveres de prestação, direitos formativos e outras situações 
jurídicas”.
3Introdução ao Direito das Obrigações I
ivan
Realce
Há deveres que não surgem da obrigação contraída, mas que existem em qualquer 
relação jurídica de forma implícita. São os deveres secundários, ou anexos. Esses 
deveres emanam de princípios normativos e abarcam as relações obrigacionais. São 
exemplos de deveres anexos:
  boa-fé objetiva; 
  função social; 
  justiça social; 
  livre-iniciativa; 
  defesa do consumidor. 
Elementos constitutivos das obrigações 
Há divergências doutrinárias sobre os elementos constitutivos das obrigações 
no que se refere à quantidade de elementos principais. Afi rma Orlando Gomes 
(2008) que os elementos podem permear: 
  sujeitos (credor e devedor); 
  objeto (ação ou omissão do sujeito passivo); 
  conteúdo (relação crédito-débito); 
  fato jurídico (fato que lhe deu origem); 
  garantia (obtenção coativa do crédito).
Porém, os elementos principais das obrigações são apenas dois: sujeitos e ob-
jeto. Já Fernando Noronha (2013) aponta que são quatro os elementos principais: 
  sujeitos; 
  objeto; 
  fato jurídico;
  garantia.
Apesar disso, Fernando Noronha (2013) concorda com Orlando Gomes, 
ao afirmar que a caracterização se dá pelos sujeitos e pelo objeto. Entretanto, 
com a devida vênia aos ilustres mestres, estudaremos aqui os elementos ca-
racterizados por Pereira (2013), pois abrangem uma nomenclatura mais ampla 
e são conceitualmente mais abrangentes. Portanto, para Caio Mário, existem 
três elementos principais constitutivos das obrigações: 
Introdução ao Direito das Obrigações I4
  elemento subjetivo (sujeitos); 
  elemento objetivo (objeto);
  elemento abstrato (vínculo jurídico).
Elemento subjetivo
O elemento subjetivo se refere aos sujeitos da relação obrigacional, que pos-
suem o dever de satisfazer a obrigação diante dos deveres secundários. O 
elemento subjetivo pode ser estabelecido desde o nascimento da obrigação ou 
posteriormente, contudo, deve ocorrer durante a fase executória da obrigação.
  Sujeito ativo — é o credor, que possui o dever de colaborar para a 
satisfação do crédito e o direito de exigir o cumprimento da obrigação 
acordada na relação jurídica.
  Sujeito passivo — é o devedor, ou seja, aquele que possui o dever de 
prestar a obrigação.
As pessoas físicas ou jurídicas podem ser sujeitos da obrigação, mas devem 
respeitar os requisitos de capacidade, utilizando-se de representação ou anuência 
nos casos exigidos em lei. Conforme menciona Carlos Roberto Gonçalves (2016), 
qualquer pessoa, maior ou menor de 18 anos, capaz ou incapaz, casada ou solteira, 
tem qualidade para figurar no polo ativo da relação obrigacional, inexistindo, de 
um modo geral, restrição a esse respeito. Se não for capaz, será representada ou 
assistida por seu representante legal, dependendo, em alguns casos, de autorização 
judicial. Tambémas pessoas jurídicas, de qualquer natureza, de direito público 
ou privado, de fins econômicos ou não, de existência legal ou de fato, podem 
legitimamente figurar como sujeito ativo de um direito obrigacional.
Ademais, um requisito muito importante é que as pessoas pertencentes 
à relação jurídica devem ser determinadas ou determináveis posteriormente 
— no entanto, a relação obrigacional deve conter parâmetros para possível 
determinação ulterior.
Um exemplo é uma pessoa que realiza anúncio oferecendo recompensa para quem 
encontrar a sua carteira. O credor ainda não é determinável, mas há um requisito 
preestabelecido: o sujeito que entregar a carteira será o credor da obrigação.
5Introdução ao Direito das Obrigações I
Pode haver pluralidade de sujeitos na prestação da obrigação, mas credor e 
devedor devem ser pessoas diversas, tendo em vista que, se houver confusão, 
isso acarreta a extinção do próprio vínculo jurídico.
Existem, ainda, as relações sinalagmáticas, nas quais as duas partes 
figuram como sujeito passivo e sujeito ativo na mesma relação obrigacional 
(Figura 1).
Figura 1. Sujeito passivo e sujeito ativo na mesma relação obrigacional.
Elemento objetivo
O elemento objetivo da obrigação é o objeto da obrigação. Esse objeto consiste 
em algum ato humano consistente nos fatos de dar, fazer ou não fazer. Conforme 
o art. 104, II, do Código Civil, esse objeto deve cumprir com requisitos especí-
fi cos, sendo lícito, possível e determinável. Segundo Carlos Roberto Gonçalves 
(2016), a prestação ou objeto imediato deve obedecer a certos requisitos para 
que a obrigação se constitua validamente. Assim, deve ser lícito, possível, 
determinado ou determinável. Deve ser, também, economicamente apreciável.
O objeto lícito não possui impedimento legal, já que a licitude é regulada pela 
própria lei. A previsão de ilicitude ocorre de forma negativa, realizando-se por 
meio de proibições legais. Por outro lado, a possibilidade possui dois âmbitos:
  possibilidade jurídica (o ordenamento jurídico deve permitir realizar 
negócios jurídicos envolvendo determinado bem);
  possibilidade física (as leis naturais devem permitir realizar-se).
Não se pode realizar contrato de compra e venda no qual o objeto sejam drogas ilícitas 
(impossibilidade jurídica). Também não se pode realizar contrato de compra e venda 
por um pedaço do céu (impossibilidade física).
Introdução ao Direito das Obrigações I6
Ainda, o objeto deve ser determinado ou determinável. Assim, ainda que 
não seja específico, deve abranger um conjunto de características que o tor-
nem, de alguma forma, determinável. Em regra, o objeto é determinado por:
  gênero; 
  espécie; 
  quantidade;
  características individuais.
São exemplos de objetos:
  um táxi específico, placa X (determinado);
  um táxi pertencente à determinada frota (determinável);
  qualquer táxi (inválido, pois é indeterminável).
O caráter patrimonial também deve estar presente no objeto, então deve 
haver cunho pecuniário na obrigação.
Por fim, ao tratarmos do objeto da obrigação, devemos observar a classi-
ficação entre objeto imediato e mediato:
  Imediato — o objeto imediato da obrigação é a própria prestação. A 
prestação poderá ser positiva (dar ou fazer algo) ou negativa (não fazer).
  Mediato — o objeto mediato é a própria coisa, isto é, o objeto em si 
da obrigação.
Elemento abstrato
O elemento abstrato da obrigação é o próprio vínculo jurídico ou, para alguns 
autores, a relação jurídica entre as partes. É o vínculo jurídico que permite que 
as partes exijam a obrigação contraída, conforme menciona Caio Mário da 
Silva Pereira (2018, p. 24): “[...] o liame por cujo desate o indivíduo respondia 
outrora com a sua pessoa e hoje com seu patrimônio”. Existem dois elementos 
principais quanto ao elemento abstrato:
7Introdução ao Direito das Obrigações I
  Débito — é a responsabilidade do devedor em prestar sua obrigação, 
ou seja, o devedor cumpre com sua obrigação espontaneamente.
  Responsabilidade — trata-se da possibilidade de o credor exigir a 
obrigação com intervenção do Poder Judiciário.
Os elementos abstratos citados estão de acordo com a teoria dualista, 
adotada pelo Código Civil brasileiro. Para que possamos compreender melhor 
a matéria, é essencial conhecermos as teorias monista e dualista utilizadas 
no Direito das Obrigações:
  Teoria monista — vincula o credor e o devedor em uma única relação 
jurídica. É composta apenas de crédito e débito. Assim, a responsabili-
dade civil é apenas uma consequência do inadimplemento da obrigação. 
Portanto, a responsabilidade está fora da estrutura da obrigação. 
  Teoria dualista — essa teoria é a mais utilizada na atualidade. Isso 
ocorre porque ela estabelece dois vínculos na relação jurídica, tornando 
a relação mais abrangente. Nessa teoria, há o vínculo do dever jurídico, 
tal qual na teoria monista, e o vínculo da responsabilidade, que passa a 
integrar o conceito de obrigação. Portanto, diante do inadimplemento 
do devedor, o credor poderá exigir a execução dos bens do devedor. 
Dessa maneira, os elementos constitutivos das obrigações ficam dispostos 
conforme Figura 2.
Figura 2. Elementos constitutivos das obrigações.
Ativo
(credor)
Passivo
(devedor)
Prestações
Dever
correlato
Responsabilidade
Imediato
(prestação)
Mediato
(o quê)
Elementos
subjetivos
Elementos
objetivos
Elementos
abstratos
Introdução ao Direito das Obrigações I8
Diferenças entre relações obrigacionais 
e direitos reais
Inicialmente, cabe salientarmos que as relações obrigacionais se dão entre 
pessoas, ou seja, são de natureza pessoal. No entanto, os direitos reais são uma 
dominação dada entre pessoa e coisa. Conforme Fernando Noronha (2013), 
essa diferença ocorre do ponto de vista estrutural. 
Outro fator importante a ser antecipado é o ponto de vista funcional, que se 
trata das possibilidades de relações jurídicas em cada instituto. Nesse enfoque, 
ensina Orlando Gomes (2008) que o Direito das Obrigações compreende as 
relações jurídicas que constituem as mais desenvoltas projeções de autonomia 
privada na esfera patrimonial, enquanto o Direito das Coisas se esgota em 
reduzido número de figuras, rigidamente delineadas na lei, e submetidas à 
disciplina uniforme.
Diante disso, no Direito das Obrigações, não há limitação para o tipo de 
relação dada entre pessoas, mas, no tocante aos direitos reais, as possíveis 
relações estão dispostas taxativamente no Código Civil, no seu art. 1.225, que 
dispõe (BRASIL, 2002, documento on-line): 
Art. 1.225 São direitos reais:
 I — a propriedade;
 II — a superfície;
 III — as servidões;
 IV — o usufruto;
 V — o uso;
 VI — a habitação;
 VII — o direito do promitente comprador do imóvel;
 VIII — o penhor;
 IX — a hipoteca;
 X — a anticrese.
 XI — a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII — a concessão de direito real de uso; e
XIII — a laje.
Para que possamos visualizar, na prática, as diferenças entre as relações 
obrigacionais e os direitos reais, apresentamos o Quadro 1.
9Introdução ao Direito das Obrigações I
Direito das Obrigações Direitos reais
Cláusulas abertas (podendo criar 
o tipo de relação entre pessoas)
Cláusulas fechadas (podem 
ser utilizados apenas os 
institutos taxativamente 
dispostos no Código Civil)
Eficácia inter partes Eficácia erga omnes
Não há direito de sequela 
e prevalência
Direito de sequela e prevalência
Forma livre Registrabilidade e publicidade 
Entre pessoas determinadas 
ou determináveis
Entre pessoas e coisas
Direito do sujeito ativo a uma 
prestação frente ao sujeito passivo
Direito de posse, uso, gozo, 
garantia e aquisição de uma 
coisa corpórea ou incorpórea
Caráter transitório Caráter permanente ou perpétuo
Violação ocorre, em geral, por omissão Violação ocorre por ação
Não se adquire por usucapião Pode ser adquirido por usucapião
Quadro 1. Diferenças entre as relações obrigacionais e os direitos reais
Conforme Fernando Noronha (2013):
  Direito de sequela — constanteno art. 1.228 do Código Civil, trata-se do di-
reito de reaver a coisa. Ocorre quando outrem detém a coisa de forma injusta e o 
proprietário tem o direito de recuperá-la, ou seja, o titular do direito real poderá 
perseguir a coisa a fim de reavê-la. 
  Direito de prevalência — o direito sobre a coisa vale sobre outros direitos reais 
de data posterior e ainda contra todo e qualquer direito de crédito, independen-
temente da data de constituição. 
Introdução ao Direito das Obrigações I10
Figuras híbridas entre Direito Real 
e Direito Obrigacional
São fi guras do Direito que apresentam características do Direito Real, bem 
como do Direito Obrigacional. A doutrina traz discussões, principalmente, 
sobre três fi guras híbridas que estudaremos agora.
  Obrigação propter rem — é a obrigação pessoal criada por meio de 
um direito real, cujo devedor é o titular do direito real e o credor é o 
titular de outro direito real da mesma coisa ou outra coisa relacionada 
com aquela. Dito de outra forma, ocorre quando uma pessoa se obriga 
a uma prestação pela aquisição de um direito real. Como exemplo, 
podemos citar a pessoa que compra um imóvel e, automaticamente, 
obriga-se ao pagamento do condomínio. Essa obrigação é propter rem 
(em razão da coisa) e mescla o direito real de propriedade com o direito 
obrigacional da prestação devida.
  Ônus real — são deveres/encargos que beneficiam outras pessoas ou 
a coletividade, limitando o direito real do titular. Normalmente, ocorre 
com imóveis, mas pode ocorrer com bens móveis também. Exemplifi-
cando o ônus real, podemos citar o Imposto Predial e Territorial Urbano 
(IPTU), a contribuição de melhoria, entre outros. 
  Obrigações com eficácia real — são obrigações que obtêm a força do 
Direito Real por meio de lei. A relação é pessoal, no entanto, ela existe 
em virtude de lei, o que é característico dos Direitos Reais. Um exemplo 
próprio de obrigação com eficácia real é a venda de um imóvel que já 
possui contrato de locação registrado com cláusula prevendo que, em 
caso de venda, o contrato de locação deverá ser mantido. Trata-se do 
direito de preferência. 
A diferença entre obrigação propter rem e ônus real é bastante singela, 
por isso muitos autores costumam colocar ambas as obrigações no mesmo 
conceito, optando por um ou outro. Entretanto, a distinção principal está na 
característica de o ônus real atuar como limitação da propriedade, enquanto 
a obrigação propter rem se refere às condições para a fruição da propriedade.
11Introdução ao Direito das Obrigações I
Veja, no link a seguir, como o Código de Processo Civil de 2015 influenciou a teoria 
das obrigações:
https://goo.gl/YqKoNr
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 24 jul. 2018.
GOMES, O. Obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 13. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
NORONHA, F. Direito das obrigações. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PEREIRA, C. M. S. Instituições de Direito Civil. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
PEREIRA, C. M. S. Noção geral de obrigação. In: PEREIRA, C. M. S. Instituições de Direito 
Civil: teoria geral das obrigações. 30. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018. v. 2, cap. 25, 
p. 1-43.
ROSENVALD, N. Dignidade humana e boa-fé. São Paulo: Saraiva, 2005.
Leituras recomendadas
BARROS, A. B. C.; AGUIRRE, J. R. B. Direito Civil. 5. ed. Porto Alegre: Premier Máxima, 
2007. v.4.
LÔBO, P. Direito Civil: obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
ROSENVALD, N. Direito das Obrigações. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004. 
Introdução ao Direito das Obrigações I12
https://goo.gl/YqKoNr
http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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