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Síndrome Anêmica Revisão: Eritropoiese: Eritropoiese é o processo de produção de eritrócitos, também denominados como hemácias ou células vermelhas do sangue. O processo de produção de eritrócitos é estimulado pela diminuição de oxigênio na circulação, que é detectada pelo rim, que então secreta o hormônio eritropoietina. Esse hormônio estimula a proliferação e diferenciação dos precursores dos eritrócitos nos tecidos hematopoiéticos, dando origem aos eritrócitos. Um ciclo de feedback envolvendo o hormônio eritropoietina ajuda a regular o processo de eritropoiese de modo que a produção de eritrócitos é igual à sua destruição, e esse número é suficiente para manter níveis adequados de oxigênio no tecido, mas não tão alto para causar trombose ou acidente vascular cerebral. A eritropoietina é produzida no rim e no fígado em resposta a baixos níveis de oxigênio, e ela se liga aos eritrócitos circulantes. Baixo número de eritrócitos circulantes leva a um nível relativamente alto de eritropoietina não ligada, o que estimula a produção das células na medula óssea. Grupo Heme: O principal papel da hemoglobina é o transporte dos gases sanguíneos, principalmente oxigênio e gás carbônico. A capacidade da hemoglobina se ligar ao oxigênio depende de uma unidade não peptídica: um grupo heme. O grupo HEME é formado por quatro anéis pirrólicos ligados entre si por um átomo de ferro. O átomo de ferro no grupo heme liga-se aos quatro nitrogênios no centro do anel protoporfirínico (que são os quatro anéis pirrólicos sem o ferro). Conceitos: HEMATÓCRITO (Ht): % de Hemácias (volume) em uma quantidade de sangue; HEMOGLOBINA (Hb): Quantidade de hemoglobina em volume de sangue; HEMÁCIAS (He): Número de hemácias em volume de sangue; HCM (hemoglobina corpuscular média): peso médio de Hb dentro dos eritrócitos; VCM (volume corpuscular médio): tamanho(volume) médio de He presentes na amostra (macro/microcitose) CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) - concentração média de hemoglobina dentro das He RDW (amplitude de distribuição das He): variação de tamanho (anisocitose) e formato (poiquilocitose) das hemácias. Etiologia: Conceito: Queda dos níveis de hemoglobina < 12g/dL em mulheres e <14g/dL em homens. Anemia ocorre quando: A produção de eritrócitos diminui; A destruição de eritrócitos aumenta; Há perda de eritrócitos por sangramento. Redução na produção de eritrócitos: Deficiência de nutrientes; Doença adquirida da medula óssea; Distúrbios genéticos; Drogas / toxinas; Doenças sistêmicas crônicas. Aumento da destruição de eritrócitos: Anemia hemolítica: processo patológico subjacente produz lesões endoteliais e ativa a cascata de coagulação, causando a deposição de fibrina nas superfícies endoteliais danificadas, levando à fragmentação mecânica dos eritrócitos. Sangramentos: Sangramento crônico provocado por qualquer causa, leva a depleção de ferro, pois dois terços do ferro total do organismo estão presentes na hemoglobina (Hb) circulante. Deficiência ou depleção de nutrientes: Anemia ferropriva: - Causas: baixa ingestão de carne, sangramento prolongado de qualquer etiologia (ex.: hipermenorréia, metrorragia), má-absorção (acloridria, cirurgia gástrica, doença crônica que acomete o duodeno proximal). - Anemia microcítica e hipocrômica. - Sinais e sintomas: palidez, adinamia, taquicardia, perversão do apetite. Deficiência de vitamina B12: - Causas: diminuição do aporte alimentar (abuso de álcool, desnutrição crônica, dieta vegana rigorosa), de composição diminuída da vitamina B12 (anemia perniciosa, gastrite atrófica), má-absorção (má-absorção gástrica, doença de Crohn, doença celíaca, supercrescimento bacteriano) - Anemia macrocítica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hem%C3%A1cia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hem%C3%A1cia https://pt.wikipedia.org/wiki/Eritropoietina Deficiência de folato (ác.fólico): - Causas: diminuição da ingestão alimentar (desnutrição crônica, abuso de álcool, dietas com restrição de proteína), absorção diminuída (acloridria, doença celíaca, deficiência de zinco) e aumento da necessidade de folato (primeira infância, gestação, lactação e malignidade). - Sinais clínicos: língua edemaciada, vermelha, dolorosa, estomatite angular, hiperpigmentação irregular da pele e das membranas mucosas. Doença adquirida da medula óssea: Síndrome mielodisplásica; Leucemia; Anemia aplásica; Infiltração da medula óssea por malignidade secundária. Exposição a toxinas: - Medicamentos que induzem anemia hemolítica: penicilinas, cefalosporinas, AINEs; - Medicamentos que interferem na síntese do DNA: aciclovir, zidovudina, citarabina; - Medicamentos que interferem no folato: SMT-TMP, metotrexato; - Medicamentos que interferem no metabolismo da B12: metformina, colchicina; - Efeito tóxico direto à MO: clorafenicol, azatioprina; - Intoxicação por chumbo. Doença crônica: Doença renal crônica; Doença hepática; Hipotireoidismo. Doença genética: Talassemia; Anemia falciforme; Esferocitose hereditária. Fatores de risco: Extremos de idade; Sexo Feminino; Lactação; Gestação. Anemias: Sintomas: Os principais sintomas estão relacionados com a má oxigenação dos tecidos, especialmente o cérebro e o próprio coração. A intensidade dos sintomas depende da idade, do sexo, do tempo de instalação, da causa, das altitudes, da associação com outras doenças e com o uso de medicamentos. Quando ocorre do fornecimento de oxigênio ser incapaz de suprir a necessidade dos diversos tecidos (hipóxia) para a realização das funções metabólicas, surgem os mecanismos adaptativos. Essas reações dependem de fatores, como, a rapidez da instalação da anemia, da sua intensidade e dos mecanismos de adaptação intraeritrocitários e sistêmicos. Por exemplo, tem-se a taquicardia, a qual tenta compensar a falta de oxigênio tecidual. As anemias são doenças multifatoriais e devem ser considerados todos os fatores para poder realizar sua classificação em critérios morfológicos, cinéticos e fisiopatológicos. Anemias - Critérios morfológicos: Leva-se em conta os aspectos dos eritrócitos; Esse critério não é capaz de esclarecer a causa da anemia, mas sim da forma das hemoglobinas presentes na circulação; De acordo com esse critério as anemias podem ser: - Macrocíticas: São hemácias com grande volume e geralmente hipercrômicas. Algumas podem ser megaloblásticas. Esses casos podem ser causada por deficiência de folato e vitamina B12; - Microcítica: São hemácias de pequeno volume e pobres em hemoglobinas, podem ser hipocrômicas (↓HbA). Nessas características se incluem as anemias ferroprivas e as talassemias; - Normocíticas: Normalmente essas células são normocrômicas, incluem as anemias das doenças crônicas, as hemolíticas, as aplasias medulares. Anemias por deficiência na produção dos eritrócitos: A produção de eritrócitos é muito sensível à deficiência de nutrientes, principalmente de ferro, ácido fólico e vitamina B12. As carências são as mais frequentes na prática clínica. Anemia ferropriva: Na infância, os estoques de ferro se acumulam aos poucos. Já no adulto, esses estoques permanecem constantes em condições normais. As mulheres em idade fértil tem seus estoques levemente reduzidos, por conta das perdas menstruais e de possíveis gestações. Essa deficiência é causada por diversos mecanismos, como, o aumento do consumo, excesso de perda (hemorragias) ou má absorção. A diminuição de ferro causada pela alimentação deficiente ocorre em cerca de 4 anos. Quando ocorre uma diminuição de ferro, a primeira coisa que acontece é a depleção dos estoques de ferro, os quais são necessários para a produção de hemoglobina. A absorção de ferro pelo intestino aumenta até mesmo antes de se desenvolver a anemia e do ferro plasmático estar reduzido. A ferritina sérica já se encontra reduzida. Já a eritropoiese fica comprometida, resultando em células com conteúdo reduzido de hemoglobina, sendo hemácias hipocrômicas e microcíticas. Volumes corpuscular médio (VCM) é menor que 80 fl e a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) menorque 32 g/df. A contagem de reticulócitos também é reduzida. Tem como principal causa a perda sanguínea. Sintomas: Normalmente são observados sintomas, como, astenia, lipotimia, anorexia e alterações tróficas da pele e de anexos. Podem surgir também sintomas típicos, sendo, a glossite atrófica, que pode acompanhar perversão do apetite (PICA), manifestada por geofagia, ou seja, vontade de comer terra e barro, além de disfagia cervical pela presença de uma membrana esofágica que desaparece com o tratamento, coiloníquia, estomatite angular, cabelos finos e enfraquecidos, amenorreia na mulher e diminuição da libido nos dois sexos. Queilite angular ou estomatite angular Glossite atrófica Coiloníquia Avaliação laboratorial: O diagnóstico é baseado na avaliação da série vermelha. Com isso é possível observar a diminuição da taxa de hemoglobina e de hematócrito e o número de eritrócitos pode estar normal, pouco ou muito diminuído. A anemia é microcítica e hipocrômica. O VCM e a CHCM são baixos. E a contagem de reticulócitos costuma ser normal ou reduzida, subindo rapidamente após o início da terapêutica. A ferritina também está diminuída (abaixo de 10,0 ng/ml), além da diminuição da transferrina saturada de ferro (10 a 20%, geralmente). A capacidade total de ligação do ferro fica aumentada. Ocorre plaquetose. Anemia megaloblástica: Esse grupo é caracterizado pela presença de alterações morfológicas distintas dos eritroblastos em desenvolvimento na medula óssea. A causa mais comum dessa anemia é a carência de folato e/ou cianocobalamina (vitamina B12), esse déficit causa um defeito na síntese de DNA das células em divisão na medula e de outros tecidos. A causa mais frequente é a má absorção, entretanto podem ocorrer por outras causas. Alguns indivíduos podem ser assintomáticos, com isso o diagnóstico pode ser feito após exame de rotina. Neste o hemograma vai mostrar um aumento no VCM. Os sinais e sintomas clássicos de anemia podem ser detectados, além de, anorexia, emagrecimento e alterações do hábito intestinal (diarréia ou constipação intestinal). Nessa anemia também podem ser identificados glossite, queilite angular e hiperpigmentação cutânea. Pode ocorrer sangramento cutâneo em casos que ocorrem plaquetopenia. A deficiência de vitamina B12 pode causar neuropatia periférica ou degeneração medular com sensação de parestesias, dificuldade de marcha, alterações dos esfíncteres e hipo ou hiper-reflexia. Anemia Perniciosa: Ocorre uma deficiência grave de fator intrínseco associado à gastrite atrófica. Esse anemia é comum no norte europeu, mas ocorre em todos os países e grupos étnicos. Ocorre na idade madura (>50 anos), com ocorrência semelhante em ambos os sexos e em indivíduos caucasianos. Sendo mais frequente em pessoas de pele clara e olhos azuis. À uma produção de anticorpos contra as células parietais do estômago que impedem sua renovação e causam a atrofia da mucosa. Portanto, é uma doença autoimune. Também podem ser encontrados anticorpos contra células da tireoide. Diagnóstico laboratorial: Presença de anemia, de oligocitemia e de macrocitose (VCM aumentado). Leucopenia e plaquetopenia podem ocorrer em graus variados. Dosagem de vitamina B12 e folato diminuída. É comum a anisocitose, com aumento do RDW. Anemia da Doença Crônica: Comumente é uma anemia normocítica e normocrômica que ocorre em doenças sistêmicas de evolução prolongada. É caracterizada pela redução do ferro sérico, da capacidade de ligação do ferro e pela ferritina sérica normal ou aumentada em presença de estoques de ferro normal. O fator-chave na patogênese é o aumento da hepcidina, o que está associado a processos infecciosos, neoplásicos ou inflamatórios. A hepcidina é um peptídeo rico em cisteína produzido pelo fígado que atua restringindo o fornecimento de ferro para a medula óssea em pacientes com inflamação e com infecção. Além de diminuir a absorção intestinal de ferro e o sequestro de ferro nos macrófagos, reduzindo o ferro nos eritrócitos. Mecanismos adicionais resultam no aumento das citocinas inflamatórias, incluindo a interleucina (IL) - 1, IL-6,o fator de necrose tumoral (TNF) e o fator transformador de crescimento TGF-beta. Principais causas da anemia da doença crônica: Avaliação laboratorial: A hemoglobina fica em torno de 9,0 g/dL; VCM normal ou levemente diminuído; Ferro sérico e capacidade total de ligação de ferro diminuídos; Saturação da transferrina levemente reduzida; Ferritina sérica normal ou aumentada; A velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C reativa (PCR) em geral aumentadas. Anemia Hemolítica: Ocorre um aumento na destruição dos eritrócitos. Pode ser intravascular, quando a hemoglobina é liberada no plasma, ou extravascular, quando a hemólise se dá no sistema reticuloendotelial (principalmente no baço). Durante algum tempo ocorre a compensação com aumento da produção de eritrócitos em decorrência do aumento da destruição. Essa anemia só ocorre quando a hiperprodução medular não consegue se igualar ao ritmo da destruição. Crise aplásica da anemia hemolítica: Na tentativa de compensar a diminuição da sobrevida das hemácias a medula óssea pode entrar em falência, surgindo a crise aplásica da anemia hemolítica. As anemias hemolíticas podem ser adquiridas ou congênitas, estas por defeito corpuscular (tem natureza constitucional) ou extracorpuscular (adquirido). Observam-se anemia, icterícia, colúria, fezes mais escuras do que o habitual e, se o quadro for crônico, esplenomegalia. É importante verificar em que fase da vida a icterícia surgiu e se há outros membros da família com quadro semelhante. Podem ocorrer úlceras maleolares e alterações na forma do crânio. Há aumento da bilirrubina indireta ou não conjugada. A haptoglobina está diminuída. Avaliação laboratorial: Ferro sérico e a ferritina aumentados; Hemoglobina diminuída; Hemácias normocrômicas, normocíticas ou hipocrômicas e microcítica ou macrocítica; VCM pode estar aumentado.
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