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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Classes de imunglobulinas • Há várias classes de imunoglobulina, tipos e subtipos de anticorpos que existem nos humanos. • São cinco classes: IgM, IgA, IgD, IgE e IgG. A IgG tem 4 subtipos e a IgA tem dois. Figura 5.15, pág. 174. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Na primeira linha é possível observar a nomenclatura do gene que codifica a cadeia pesada, denominados com letras gregas; o tamanho das imunoglobulinas; a quantidade desses anticorpos no soro; e o tempo de vida no soro. Figura 5.16, pág. 175. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Estrutura das moléculas de anticorpo. Independente da classe, a estrutura é muito parecida: 2 cadeias pesadas e 2 cadeias leves. • A porção que se liga ao antígeno são variáveis. Há uma estrutura da cadeia leve e uma da cadeia pesada que formam a porção. • Em uma molécula de anticorpo, as duas cadeias pesadas são idênticas e as leves também. Cada linfócito B produz apenas uma molécula de anticorpo com uma especificidade específica. Logo, as duas porções que se ligam ao antígeno são idênticas, se ligam ao mesmo epítopo. • Há pequenas diferenças entre esses antígenos, relacionadas ao tamanho da cadeia pesada, as glicosilações... • As porções constantes (a parte mais inferior) que dá o nome ao anticorpo, segundo o gene que o codifica. IgM, porção constante codificada pelo gene Cµ; IgD pelo gene Cδ e etc. Expressão de IgM e IgD • São os dois primeiros tipos de anticorpos produzidos. O linfócito B imaturo produz IgM. Depois de se tornar uma célula madura, começa a produzir IgD. • O linfócito virgem que nunca exerceu sua função antes tem expressos na sua superfície IgM e IgD. • Essa expressão é determinada por um processo chamado de splicing – o RNAm passa pelo splicing e se torna um RNAm maduro. São eliminados os íntrons do RNA recém-transcritos e antes de ser transcrito, os íntrons precisam ser liberados, para que só os éxons sejam traduzidos. Figura 5.17, pág. 177. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • As linhas pretas entre as caixinhas são os íntrons e as caixinha coloridas são os éxons. • No DNA está o VDJ combinado, que vai codificar a região variável da proteína; o gene Cµ, adjacente ao VDJ – que codifica a porção constante e adjacente ao Cµ, o gene Cδ – que também codifica a porção constante da cadeia pesada. Quando o RNA é transcrito, em ambos os casos, ele é transcrito completamente. No splicing, decide-se qual anticorpo a célula Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez expressará. Se o splicing for direto – juntam-se o VDJ + gene mi, expressa o IgM. Ele é mais simples e gasta menos energia – por isso que o linfócito B imaturo pode expressá-lo; se o splicing for alternativo, a célula produz IgD. O splicing alternativo é um tipo de splicing, onde éxons de partes diferentes se conectam em outra ordem diferente da ordem da transcrição. Com isso, junta-se o VDJ e o gene-delta – que forma a cadeia pesada constante, removendo os éxons C- mi. • O VDJ é igual, então sem importar o tipo de anticorpo, a especificidade é igual. • Quando estiver fazendo o processo de expressão do anticorpo, a mesma célula pode produzir IgM – com splicing direto e IgD – splicing alternativo. • Esse processo também determina se o linfócito B vai secretar o anticorpo ou se ele permanece ancorado à membrana. • A porção constante é responsável pela ligação do anticorpo à membrana da célula. Há uma cauda do final dos genes. Se ela for clivada, o anticorpo é secretado. Se ela se mantiver, o anticorpo fica ligado à membrana. • Nos linfócitos imaturos o mais comum é que permaneça na membrana esse IgM, embora possa haver alguma secreção. Já o TgD costuma permanecer na membrana. Figura 11-1, pág. 244. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • Relembrando as fases da resposta de células B contra antígenos T-dependentes. Mudança de classe de imunoglobulina • A mudança de classe de imunoglobulina é um evento de recombinação gênica. Para que um mesmo linfócito B consiga mudar a classe da imunoglobulina que ele produz, é preciso fazer uma modificação no DNA. Essa modificação é dependente da enzima AID. • Essa mudança de classe ocorre quando linfócitos B no centro germinativo deixam de produzir IgM e IgD, passando a produzir IgG, IgA ou IgE. Essa modificação na célula é definitiva, pelas mudanças que ocorrem no DNA. • Quando os linfócitos virgens são ativados por antígenos T-dependentes, passam a produzir IgG, IgA ou IgE. • As células de memória geradas a partir dessa ativação também vão produzir esses anticorpos, pois o DNA modificado não tem como voltar atrás. Figura 5.22, pág. 181. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Eventos que se sucedem à ação da AID no linfócito B. • Quando o linfócito B é ativado por antígenos T- dependentes, recebe o auxílio, a interação CD40- CD40L induz via NFkB a expressão da enzima AID. • A AID remove resíduos de aminas das citosinas. Isso transforma as citosinas em uracilas. As uracilas são nucleotídeos que estão presentes no RNA. Quando ocorre essa transformação, o sistema de reparo é ativado: diferentes tipos de proteínas de reparo são ativadas e vão reparar esse ¨erro¨. O reparo pode acontecer de diversas formas, das quais muitas levam a mutações. O acúmulo de mutações gerado pela ação do sistema de reparo leva a hipermutação somática. • Uma dessas enzimas (em roxo) age no reparo do DNA gerando cortes na fita de DNA. Esses cortes podem ser em uma das fitas ou em duas fitas. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Quando ocorre nas duas fitas, leva ao primeiro passo de mudança de classe. • As recombinações que acontecem em outras etapas de diferenciação são feitas pelo RAG. Nesse caso de recombinação, é independente de RAG e dependente de AID. Figura 5.25, pág. 185. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Esse é um exemplo de mudança de classe de uma imunoglobulina TgM para TgE. • Na primeira linha encontra-se o DNA completo, com o VDJ recombinado e todos os genes que codificam para as porções constantes. O espaço entre o gene Cdelta e os outros é o que impede que linfócitos B virgens produzam outras classes. • As sequencias s são sequencias de sinalização para recombinação. Todos os genes constantes têm sua sequência de sinalização antes, que significa que todos eles podem ser recombinados. O delta não tem essa sequência, então sempre que há mudança de classe, o delta para de ser expresso, e por consequência o IgD. IgM as vezes continua sendo expresso, até que a mudança de classe ocorra de fato. • É necessário para AID transformar as citosinas nas duas fitas de DNA, e para que isso ocorra, essas fitas precisam estar desnaturadas. Isso acontece em situações de replicação do DNA e transcrição do DNA – já que para que a RNA polimerase consiga produzir o RNA mensageiro, as fitas de DNA precisam se separar. Esse processo, no linfócito B virgem, é constante, porque ele se encontra em processo de ativação e constante produção de anticorpos IgD e IgM. • Quando AID é expressa nesse processo, essa região fica suscetível à ação dela. Caso a célula também esteja transcrevendo o gene constante para IgE, também AID substituirá as citosinas por uracilas na região. • A enzima AID faz a troca, mas ela não uma recombinase. Ela apenas transforma as citosinas em uracilas. • O sistema de reparo pode reparar de várias formas e uma delas é o caso que gera a mudança de classe. ODNA é clivado nas duas fitas. Quando isso acontece, o sistema de reparo precisa decidir quais são as fitas que devem ser ligadas. Normalmente, isso é feito procurando regiões complementares. Essas regiões vão guiar as proteínas de reparo para identificar qual é a fita que complementa a outra, para que sejam ligadas. Figura 5.25, pág. 185. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Contudo, nessa região do DNA onde são codificados os anticorpos, existem diversas regiões complementares – as sequências s. Essas sequencias S são complementares entre si. Com isso, o sistema de reparo encontra as sequencias s como complementares. Esse sistema de reparo junta as sequencias complementares, fazendo um grampo no DNA. Logo após o local onde o Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez sistema verifica que o DNA está íntegro, corta o grampo, eliminando essas partes do DNA e junta as fitas. Nesse momento que ocorre na mudança de classe. • No grampo eliminado ficam os genes mi, delta e gama. Por isso não há volta, pois a célula perde totalmente a porção de DNA que codificava esses tipos de imunoglobulinas. • A partir disso, quando a célula for transcrever, eliminará os íntrons das sequências s e produzem RNA com VDJ e C-Épsilon. • Esse mesmo processo ocorre para qualquer outra mudança de classe. O que defina a classe e subclasse que será produzido é a porção constante que está sendo transcrita no momento e estará disponível para AID (a que nível da fita isso está acontecendo). • O que define a porção constante que será transcrita é o linfócito T, a partir das citocinas secretadas no momento da interação T/B. • As citocinas secretadas vão depender de que tipo é o linfócito T helper. • As citocinas secretadas por linfócitos T no momento da interação T/B estimulam fatores de transcrição específicos, que têm afinidade por sequências nos promotores de cada uma das diferentes porções constantes da cadeia pesada de imunoglobulina. A indução da transcrição de uma das cadeias propicia interação física entre AID e o DNA, iniciando o processo de recombinação. Figura 10.15, pág. 402. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Principais citocinas produzidas por linfócitos T e os tipos e subtipos que estimulam/inibem. • Todas inibem IgM, pois induzem mudança de classe. • Da cascata de sinalização que as citocinas provocam nas células, essa mudança de classe é o último estágio. Funções dos anticorpos • As classes e subclasses dos anticorpos produzidos possuem funções diferentes. • Por causa disso que é necessário o direcionamento tão específico e regulado por parte do sistema imune. • As funções dos anticorpos de uma forma geral são 4: neutralização – capacidade de inibir ou bloquear uma molécula ou célula; a opsonização – capacidade de promover fagocitose; citotoxidade celular dependente – capacidade de mediar a morte de outras células por estimular células do sistema imune (células NK e mastócitos); e a ativação do sistema complemento. Figura 10.21, pág. 410. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Cada um deles tem diferentes níveis de capacidade para fazer esses processos. Por exemplo, o IgM, produzido no início de respostas humorais (até porque a mudança de classe demora a acontecer), é um dos principais anticorpos capazes de ativar o sistema complemento. • A IgD não tem função, pois ela não é produzida em respostas imunes, só é produzida por linfócitos B virgens. • A IgG, como classe em geral, é capaz de fazer todas as funções. Nas subclasses, algumas são mais eficazes em determinadas ações. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • A IgA é o principal anticorpo neutralizante. • A IgE é o principal anticorpo responsável pela ativação de mastócitos. Distribuição no organismo Figura 10.24, pág. 411. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Esses anticorpos estão distribuídos no organismo de formas diferentes. • A IgG está presente no sangue e nos tecidos, já que é o principal anticorpo no soro e faz parte do líquido intersticial. Ela é o único anticorpo capaz de passar pela placenta. As mulheres que possuem IgG por conta de imunização natural ou vacinação, é capaz de passar essa imunidade para o bebê. • O IgA está presente em todas as mucosas (parte externa) e fluidos exócrinos (como o leite materno). • A IgM está presente nos mesmos locais que a IgG. É a que está em mais locais, porém não é capaz de passar pela placenta (quantidades irrelevantes). O principal local é no sangue e nos tecidos – dentro do epitélio, não é secretada. • A IgE está presente nos tecidos epiteliais – pele • IgG e IgA são os anticorpos com maior relevância clínica. Anticorpos multiméricos • Alguns anticorpos podem assumir uma conformação polimérica. • Só a IgA e a IgM fazem isso. Utilizam a cadeia J como juncional para conseguir a formação. • No caso da IgA forma dímeros, a IgM forma pentâmeros. • Essa capacidade está diretamente relacionada com a função deles. Figura 5.19, pág. 179. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. Definição das funções Neutralização • O principal anticorpo neutralizador é a IgA, capaz de formar dímeros. • Os plasmócitos produtores de IgA se alojam no tecido linfoide associado as mucosas, principalmente na lâmina própria e placas de peyer. • Essa formação de dímeros da IgA permite que ela seja secretada acima da linha de células epiteliais, a partir do receptor de imunoglobulima polimérico (pIgR). Figura 10.22, pág. 410. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Esse receptor promove transcitose, transportando essas proteínas através do citoplasma das células epiteliais. • Normalmente essa IgA fica presa na camada de muco presente no epitélio (na mucosa). • Isso acontece também pelas células epiteliais glandulares exócrinas, que secretam a IgA junto com os fluidos/secreção. • A IgA espera no muco até que algum antígeno entre em contato. Uma vez em contato, a IgA pode neutralizar esse antígeno, impedindo que se ligue e infecte a célula, assim como pode neutralizar toxinas, impedindo que essas afetem as células. • Esse processo é extremamente importante para as vacinas, pois esse anticorpo impede que patógenos infectem, já que se encontra fora do corpo, recobrindo o epitélio das mucosas. Contudo, só acontece se a pessoa tiver sido imunizada anteriormente. • Os anticorpos de IgG também são capazes de fazer isso. No entanto, a IgG está no tecido ou no sangue. Ela faz esse bloqueio em patógenos ou toxinas que já estejam dentro do corpo. Figura 10.26, pág. 413. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Na imagem acima está a neutralização de toxinas: toxinas se ligam a receptores celulares e induzem a morte da célula podem ser bloqueados pela IgG, impedindo a ligação ao receptor. Figura 10.27, pág. 414. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Exemplo de neutralização de patógenos intracelulares: Vírus possuem espículas que se ligam à célula alvo, permitindo que ele entre e infecte. Os anticorpos IgG podem bloquear a espícula viral, impedindo a ligação da célula-alvo e a infecção. • Essas ações dependem de uma exposição anterior ao patógeno e as toxinas. Seja por infecção ou vacinação. Fixação de complemento • A ativação da via clássica do complemento tem como principal molécula ativadora os anticorpos. • Os anticorpos vão reconhecer especificamente os patógenos e se ligam a sua superfície – IgM ou IgG. Ao se ligar, amolécula C1q reconhece a porção constante dos anticorpos e inicia o processo de formação de C1 completo, que envolve as moléculas de C1q, C1r e C1s. Figura 10.29, pág. 415. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • A IgM é extremamente capaz de induzir a ativação do complemento pela sua capacidade de formar pentâmeros (mais moléculas > porções Fc > moléculas de C1q se ligam). • O IgG deve se ligar em maior quantidade para permitir a montagem de C1 (pelo menos 2 moléculas de IgG). Dependentes de receptores da porção Fc • Esses são receptores de superfície que são capazes de reconhecer a porção constante dos anticorpos. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 10.32, pág. 418. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Tabela com todos os receptores, segundo os anticorpos aos quais se ligam. • Esses receptores estão presentes principalmente nas células fagocíticas como macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, células epiteliais, linfócitos B, eosinófilos. • Há vários efeitos, dependendo do anticorpo e na célula que se encontram. Opsonização • Função dependente dos receptores da porção Fc. • Capacidade que o anticorpo tem de promover fagocitose. • A bactéria é reconhecida por anticorpos, a C3b – molécula opsonizante do sistema complemento se liga a ela. Os receptores de Fc vão promover a fagocitose da bactéria depois de se ligar à porção constante do anticorpo. Figura 10.33, pág. 419. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Promove-se a fagocitose e destruição da bactéria. • Esses receptores também induzem uma certa ativação do macrófago, aumentando a fusão de lisossomos, induzindo a produzir espécies reativas de O2, etc. Figura 10.34, pág. 420. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Na segunda imagem podemos ver que os receptores da porção Fc, quando ocorre cross- linking, ativam o macrófago e aumentam sua capacidade fagocítica. ADCC • É a citotoxidade celular dependente de anticorpos. • A citotoxidade é morte de uma célula induzida por outra. • O principal exemplo é a IgG reconhecendo uma célula-alvo e induzindo a morte dela por uma célula NK. Figura 10.36, pág. 421. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • A célula NK tem o receptor CD16 – ativadores da célula NK. • Caso a célula-alvo tenha uma quantidade de MHC baixo, impede a inibição da célula NK e ao ser ativada pela porção Fc da IgG, é capaz de matar a célula por apoptose. • Isso acontece com células NK, macrófagos e granulócitos, já que possuem esses receptores e induzem ADCC em células ou patógenos recobertos por anticorpos.