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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCENTE: Eliel Valentim Vieira DOCENTE: Carlos Magno Atividade Avaliativa RESUMO DE DOENÇAS PARASITARIAS DA PELE DE GRANDES ANIMAIS CARRAPATOS As infestações por carrapatos podem predispor lesões secundárias de pele (bacterianas, miíases) ou alterações sistêmicas por serem vetores de doenças bacterianas e/ou de protozoários além de causar estresse, inquietação e espoliação sanguínea. Quanto a epidemiologia, existem áreas livres, áreas de instabilidade enzoótica, áreas de estabilidade enzoótica. As espécies mais comuns que parasitam grandes animais são: Ripicephalus (boophilus microplus): bovinos Amblyoma cajanense; Otobius megnini: equinos Dermacentor (anocentor) nitens: equinos Os sinais clínicos do parasitismo por carrapatos geralmente são: alopecia, erosões e ulceras, pápulas, pústula e nódulos em que o carrapato se encontra no centro. A dor e prurido são variáveis. As áreas mais afetadas: orelha, face, pescoço, axilas, virilha, membros distais, visto que são as regiões mais parasitadas pelos carrapatos. Outros sinais sistêmicos que podem estar relacionados com o parasitismo por carrapatos é a anemia, emagrecimento e redução na produção e rendimento do animal. As raças mais resistentes são as zebuínas, entre elas Nelore e Jersey Controle: Uma medida para controlar a infestação por carrapatos pode ser a introdução de raças resistentes no rebanho. Outras medidas é o controle do manejo para combate da fase de vida livre do parasito (solo), mantendo a pastagem sempre limpa e baixa. Também é importante controlar o parasita não só no ambiente, mas também no animal, isso é feito por meio do manejo para combater da fase parasitária que consiste na aplicação de produtos carrapaticidas. Aplicações estratégicas de carrapaticidas podem favorecer o controle dos parasitas. Devem ser usados a mínima quantidade possível para controlar a infestação como forma de evitar a resistência dos parasitas às substancias parasiticidas. A resistência aos acaricidas é causada pelo manejo errado e pela pressão ao carrapaticida sendo um fenômeno irreversível. O número de aplicação pode variar com a estação climática da região ou do grau de infestação da propriedade. Sempre aplicar carrapaticidas em animais introduzidos na propriedade também é uma medida importante de manejo e proteção para os animais que já estão presentes na propriedade a mais tempo. Os tratamentos para a infestação basicamente são feitos por bases como os organofosforados – diazinon, coumafós, clorofenvinfós em intervalos de 18 dias. Imidinas – amitraz em intervalo de 21 dias (não deve ser usada em equinos. Piretróides – cipermetrina, deltametrina,flumetrina em intervalo de 21 a 25 dias. Avermectinas e milbemicinas – ivermectina, doramectina, abamectina, moxidectina em intervalos de 30-40 dias. Benzoilfeniluréias – fluazuron em intervalo de 50-80 dias. Fipronil em intervalo 40- 60 dias. Sempre deve haver um cuidado muito específico com esses fármacos, alguns em doses altas são tóxicos aos animais, e outros são tóxicos para a espécie do animal. A aplicação dos parasiticidas podem ser feitas em banheiro de imersão, aspersão mecânica (banheiros de aspersão), aspersão manual, aplicação pour-on. Outra medida de controle são as vacinas que são produzidas por antígenos da membrana intestinal do carrapato. Causa morte de alguns carrapatos e redução da fertilidade dos que sobrevivem; é usada como método auxiliar ao controle do parasita e não deve ser usada em bezerros com menos de 4 meses de idade. MOSCAS Stomoxys calcitrans (mosca de estábulo) É um parasita cosmopolita que não predispões sexo e são hematófagos. Parasitam bovinos, equinos e cães sendo que altas populações do parasita estão associadas a criação intensiva de animais. Causa estresse (devido a picada que pode ser dolorosa e causar prurido) e pode provocar dermatite alérgica. O hematofagismo por grandes populações desse agente está associado a grandes perdas econômicas no mundo inteiro, apesar de também ser vetor mecânico de patógenos (AIE, Anaplasma spp., borrelia recorrentes, Bacilus antrhacis, Brucella abortus, B. melitensis) e também vetor da Dermatobia hominis. A Stomoxys calcitrans é hospedeiro intermediário para helmintos (Sertaria cervi, Harbronema micróstoma, Hymenoleps carioca). O controle pode ser feito com manejo adequado do esterco e da ração e por meio da aplicação de inseticidas residuais nas áreas de pouso da mosca (paredes, estábulos, abrigos, muros, arbustos) ou sobre os animais. Haematobia irritans (mosca do chifre) São moscas que possuem hábito de se agruparem no dorso do animal. Nas horas mais quentes do dia ou em meio as chuvas, é comum encontra-las na região ventral do corpo do animal. Também é a causa grandes prejuízos econômicos. o Queda de 10 a 20% na produção de leite o Queda de 20 a 40% no ganho de peso. Parasitas adultos causam muito estresse ao animal. É o hospedeiro intermediário da Stephanofilaria stilesi. O controle pode ser feito a partir do uso de Piretróides e organofosforados. Deve-se estimar por região a época e a frequência das aplicações. Outra medida de controle pode ser a utilização do coleóptero africano (Onthofagus gazella) como destruidor das massas fecais das pastagens, impossibilitando o ciclo do parasita. O tratamento só deve ser feito quando o animal atingido apresentar mais de 200 moscas. MÍIASES Dermatobia hominis (mosca da berne) Pode ocorrer em bovinos, cães e homem, raramente em equinos. Causam miíases furunculosas, as larvas são conhecidas como berne. As moscas depositam seus ovos em vetores, nos bovinos as larvas se localizam principalmente na região das costelas, na patela e nas patas dianteiras e é mais recorrente em bovinos de pelagem mais escura. O controle sobre as larvas é feito com drogas bernicidas ou sobre os ovos com inseticidas. Sendo que o melhor controle é feito por meio da eliminação do vetor. Cochliomyia hominivorax (mosca da bicheira) O controle também deve ser preventivo (evitando a presença dos vetores, evitando também a oviposição). O tratamento deve ser feito em miíases existentes e com produtos “mata-bicheiras”. Habronemose: o agente etiológico são as larvas de Habronema muscae, H. majus, Draschia megastoma, são ovipostas por seus hospedeiros intermediários Musca spp. e Stomoxys calcitrans. Sobre a epidemiologia a habronemose se inicia na primavera com o aumento da população de moscas. É uma doença sazonal de ocorrência esporádica. Supõe-se que haja uma reação de hipersensibilidade a presença de larvas mortas. Os sinais clínicos mais comuns são lesões localizadas nos membros, no ventre, no canto medial do olho, prepúcio, processo uretral ou no local de uma ferida. Possui evolução rápida de uma pápula a um nódulo que pode ser único ou múltiplo. Posteriormente ocorre ulcerações, exsudação e prurido. O diagnóstico pode ser feito pela anamnese e os sinais clínicos, pelos dados epidemiológicos ou laboratorialmente por Biopsia – que constata dermatite eosinofílica com áreas de necrose de coagulação com ou sem a presença de larva nematódeas. Os diagnósticos diferenciais são: Sarcóide, tecido de granulação excessivo. O tratamento pode ser feito por excisão cirúrgica. Ou em lesões menores a Injeções de medicamentos intra ou sublesionais (4 a 5mg de acetato de triancinolona por local – total menor que 20mg por animal – a cada 14 dias); em lesões maiores 1mg de prednisolona/kg/dia durante 7 a 14 dias, seguida de 0,5 mg/kg/dia durante outros 10 a 14 dias. SARNA SARCOPTICA Agente etiológico: Sarcoptes escabiei É uma ectoparasitose profunda (parasitas não fica na superfície da pele), as fêmeas se encontram em galerias na epiderme. Acomete várias espécies de animais e ézoonótica. Os sinais clínicos são eritemas, pápulas e intenso prurido e alopecia. Pele enrugada com crostas seca e aumento progressivo da área lesionada. A transmissão ocorre por contato direto ou imediatamente por meio de comedouros, bebedouros e camas contaminadas (o ácaro sobrevive pouco tempo fora do ambiente). SARNA PSOROPTICA Agente etiológico: Psoroptes ovis, P. cuniculi, P. equi, P. suis São ácaros que vivem na superfície da pele sem cavar galerias e nas regiões com abundância de pêlos, lã ou no conduto auditivo. É a sarna mais frequente em ovinos, apresenta áreas de inflamação da pele com pequenas vesículas e exsudato seroso. Com a progressão da lesão a área central torna-se seca e recoberta por uma crosta amarelada, a lã se desprende facilmente ao toque; inicialmente as lesões se restringem à escápula, costela e flanco. Os principais sinais clínicos são: prurido, inquietação, emagrecimento e áreas de alopecia. A sarna sarcoptica em caprinos se restringem ao pavilhão auricular, apresenta inflamação que produz grande quantidade de crostas que obstruem o canal auditivo. A sarna em equinos: o Sarna sarcóptica – localiza-se no pescoço e na cabeça. o Sarna psoroptica – localiza-se na base dos pelos longos da crina e da cauda. o Sarna chorióptica – causada por Chorioptes equi; Lesões restritas as partes inferiores dos membros. O diagnóstico é feito pelos sinais clínicos + histórico da propriedade ou pela visualização macroscópica do ácaro Psoroptes sp. E microscópica pela identificação ácaro em raspado cutâneo. O diagnóstico diferencial, sobretudo nas fases crônicas, deve-se diferenciar de lesões fúngicas como dermatofitose e ptiose e bacterianas como a dermatofilose; deficiência de zinco; fotossensibilização; infestação por piolhos O controle é feito em ovinos por tosquia precoce das ovelhas e evitar infecção em cordeiros. Em outros animais pela aplicação de acaricidas (principalmente em animais a serem introduzidos no rebanho). Uma vez instalada a doença, os animais afetados devem ser separados dos demais; animais criados em estábulos devem ter sua cama removida e o ambiente pulverizado com acaricidas. Outra medida de manejo consiste em banhar todos os animais do rebanho (animais aparentemente sadios podem ser portadores assintomáticos). O tratamento é feito com Organofosforados, imidina, piretroides, avermectina, milbemicinas, fluazuron e fipronil. Também por banho carrapaticida. PIOLHOS Anoplura e Mallophaga Haematopinus eurysternus e H. tuberculatos Ambas espécies parasitam bubalinos; são hematófagos e causam prejuízos por causarem estresse comprometendo o repouso e a alimentação dos animais parasitados. O diagnóstico é feito pela coleta do agente e envio ao laboratório em álcool 70% para a identificação do agente. O controle é feito por meio de avermectinas; são feitos 2 tratamentos com intervalos de 10 a 14 dias. Deve-se tratar todos os animais do rebanho para evitar contaminações residuais e novas infestações.
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