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Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -1 23.04.21 Bases e distúrbios da cicatrização Cicatrização: esforço/tentativa dos tecidos lesados para restaurar sua função e estrutura previamente lesadas, contudo, o tecido recomposto não é mais o original Reparo de feridas: esforço dos tecidos lesados para restaurar a função e a estrutura normais após o trauma Regeneração: substituição por tecido semelhante com preservação da função - lesões superficiais: perda de contato do queratinócito mais superficial com o profundo/basal, acaba desencadeando o processo de mitose, “inibição por contato”. Acontece mais em seres mais simples. PELE • Maior órgão do corpo humano, até 15% do peso • Função de proteção (calor e agressões), de percepção e secreção Camadas principais: 1. Epiderme 2. Derme 3. Hipoderme • Barreira protetora • Epitélio estratificado, camada queratinizada • Melanócitos • Colágeno, elastina, matriz extracelular • Folículo piloso, glândulas sebáceas, sudoríparas • Tecido adiposo, vascularização, inervação • Confere: amortecimento, isolante térmico FASES DA CICATRIZAÇÃO Hemostasia: ocorre anteriormente ao início da cicatrização, através da agregação plaquetária e ativação das vias de coagulação após exposição do colágeno subendotelial às plaquetas quando ocorre a lesão tecidual; inicialmente há uma vasoconstrição, que é seguida por uma vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, importante para a cicatrização, pois permite a chegada dos agentes iniciais da cicatrização Feridas grandes: úlceras de pressão, a escara ou exsudato fibroso refletem a fase inflamatória, tecido de granulação é a parte proliferava e a margem de contração ou de avanço é a fase maturacional As fases podem se intercalar. Após o início da hemostasia, inicia-se a primeira fase, inflamação. Basicamente o aumento da permeabilidade capilar permite a chegada dos agentes iniciais da cicatrização. Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -2 1. INFLAMAÇÃO • Chegada do neutrófilo (24-48h) • Limpeza e remoção de agentes infecciosos e células lesadas do local - fagocitose • Chegada dos monócitos (48-72h) que se diferenciam em macrofágos ativos • Liberação dos elementos do processo inflamatório: Edema, rubor e calor; se a inflamação persistir, há também linfócitos (5-7 dias após lesão). Orientar ao paciente que é normal a vermelhidão, dor local... Sobre essa fase: • Principal agente: neutrófilo (desbridamento e fagocitose) - em feridas limpas há pouca presença de neutrófilos • Linfócitos: liberação de fatores de crescimento e angiogênese • Duração: média de 48h, até o surgimento dos macrófagos • Reação imediata do tecido à lesão, tentativa de limitar o dano mediante parada de sangramento, secamente da superfície da ferida e remoção de qualquer tecido necrótico, resíduos estranhos ou bactérias presentes • Maior permeabilidade vascular, migração do células para a ferida por quimiotaxia, secreção de citadinas e fatores de crescimento na ferida e ativação das células migrantes. Hemostasia e inflamação − Lesão tecidual aguda − Lesão dos vasos sanguíneos resulta em vasoconstrição local e intensa nas arteríolas e capilares, seguida de vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular − Eritrócitos e plaquetas aderem ao endotélio capilar lesado, resultando na obstrução dos capilares e levando à parada da hemorragia − Ativação das plaquetas por ligação aos tipos IV e V de colágeno expostos pelo endotélio lesado promove agregação plaquetária - exige o fator VIII de von Willebrand − Adesão de plaquetas ao endotélio é mediada principalmente por meio da interação entre os receptores de glicoproteínas de alta afinidade e receptor de interina GPIIIb-IIa Permeabilidade vascular aumentada − Alterações na conformação das plaquetas, resultando a ativação plaquetária e na liberação d proteínas − Fator de crescimento derivado plaquetas (PDGE): fator de crescimento transformador-ß (TGF-ß), fator de crescimento semelhante à insulina do tipo I (IGF), fibronectina, fibrinogênio, trombospondina e vWF − Aminas vaso ativas (serotonina): causa vasodilatação e permeabilidade vascular aumentada − Mastócitos liberam histamina e serotonina, gerando o aumento da permeabilidade das células endoteliais e causando o extravasamento do plasma do espaço intravascular para o compartimento extracelular − Cascata de coagulação: plaquetas ativadas → fosfolipídeos de membrana ligam o fator V → interação com o fator X − Trombina ativa plaquetas e catalisa a conversão de fibrinogênio em fibrina → aprisionam hemácias (formar coágulo e selar a ferida) → células endoteliais, inflamatórias e fibroblastos − Tromboxano A2 e prostaglandinas F2«, formados pela degradação das membranas celulares, ajudam na agregação plaquetária e na vasoconstrição → limitar a lesão, mas podem causar isquemia localizada, resultando em danos às membranas celulares e liberação das substâncias Quimiocinas − Estimulam a migração de células inflamatórias − Proteína quimiotática de monólitos é induzida nos queratinócitos após a lesão → fator quimiotático para monólitos/macrófagos, linfócitos T e mastócitos − Fase crônica − Presença prolongada de células polimorfonucleares (PMN) e macrófagos → resposta inflamatória prolongada − CXCL1: regulador quimiotático PMN, aumentado em feridas agudas, apresenta ação na fase de reepitelização − IL-8: aumentada tanto na fase aguda, expressão máxima em 24h, quanto na crônica, participa da reepitelização e induz a expressão de leucócitos da metaloproteinases da matriz, estimulam a remodelação, fator quimiotático de PMN e tem ação na inflamação. Baixos níveis de IL-8 são encontrados em feridas fetais, podem ser a causa diminuição da inflamação, que são curadas e não deixam cicatrizes − Proteína 10: induzida pelo interferon, apresenta altos níveis em fase aguda e em condições inflamatórias crônicas, prejudica a cicatrização de feridas, aumentando inflamação e recrutando linfócitos para o ferimento, inibe a proliferação por diminuir a reepitelização e a angiogênese e impede a migração de fibroblastos. − Fator derivado da célula estroma-1: recruta linfócitos para o ferimento para promover a angiogênese Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -3 Células polimorfonucleares − Liberação de histamina e serotonina → permeabilidade vascular − C5 e leucotrieno B4 → promovem aderência e quimioatração de neutrófilos, com a trombina, as células endoteliais expostas ao leucotrieno C4 e D4 liberam fator de agregação plaquetária, aumentando a adesão de neutrófilos − A permeabilidade aumentada facilita a diapedese dos neutrófilos para o sítio inflamatório, que liberam conteúdo lisossomal e enzimas (elastase), aumentando a migração − Vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular → sinais de inflamação (dor, calor, rubor, tumor - tumefação, pela deposição de fibrina, que fica aprisionada nos vasos linfáticos) − Integrinas: interagem com a MEC (matriz extracelular) - fibronectina, para proporcionar adesão, essenciais para a motilidade celular, necessárias na inflamação, na cicatrização normal da ferida, no desenvolvimento embrionário e na formação de metástases tumorais. o Fases da motilidade: adesão (aumento da adesão celular e ativação da reorganização do citoesqueleto de actina da célula), disseminação (desenvolvimento de lamelipódeos e filopódeos) , contabilidade ou tração (ligação da interina e tranlocacao da célula sobre o segmento aderente da mp) e retração − Cascata do complemento → opsonização de bactérias → ligação de proteínas com receptores de neutrófilos → reconhecimento e fagocitose das bactérias − Neutrófilos ativados removem resíduos necróticos, materialestranho e bactérias − A migração de PMN cessa quando a contaminação da ferida foi controlada, poucos dias após a lesão (não sobrevivem mais de 24 horas) − Se a contaminação da ferida persistir ou ocorrer infecção secundária, a ativação contínua do sistema complemento proporciona um suprimento constante de fatores quimiotáticos, resultando em uma chegada contínua de PMN → ocorre o retardo da cicatrização, inflamação prolongada pode gerar uma lesão permanente do tecido normal, progredindo para necrose tecidual, formação de abcesso e infecção sistêmica − Não são necessários para a cicatrização da ferida → macrófagos assumem a função − Incisões estéreis irão cicatrizar sem a presença dos PMN Macrófagos − Unica célula verdadeiramente fundamental para a cicatrização da ferida − Libera citadinas e estimula os processos subsequentes da cicatrização − Surgem quando os neutrófilos desaparecem → induzem a apontoes dos PMN − Fatores quimiotáticos específicos: produtos da degradação do complemento (C5a) , trombina, fibronectina, colágeno, TGF-ß, PDGF-BB − Quimiotaxia é facilitada pela interação dos receptores de interina nas superfícies do monócito com proteínas da MEC (fibrina e fibronectina) − Integrina (receptor ß): promove indução de gene mediada por adesão nos monólitos, transformando-os em macrófagos de ferida → mais atividade fagocitária e expressão seletiva de citadinas e elementos de transdução de sinal por RNAm − Resíduos bacterianos (lipopolissacarídeos) podem ativar os monócitos a liberar radicais livres e citadinas que medeiam a angiogênese e fibroplasia − IL-2: aumenta a liberação de radicais → aumenta atividade bactericida − Liberação de proteinases que degradam a MEC e são cruciais para a remoção de material estranho, promovendo o movimento celular por meio dos espações tecidas e regulando a renovação da MEC − Colchicina e ácido retinóico: reduzem a produção de colagenose − IL-1: resposta de fase aguda, ativação de linfócito e estimulação do hipotálamo, induzindo a febre. Influencia a hemostasia, ao induzir a liberação de vsodilatadores e estimular a coagulação Produzem TNF-« e endotoxina. Aumenta a produção de colagenose, estimulação da degradação da cartilagem e reabsorção óssea, ativação de neutrófilos, regulação das moléculas de adesão e promoção da quimiotaxia. Na fase proliferativa, aumenta o crescimento de fibroblastos e queratinócitos e a síntese de colágeno. o Apresenta ação não cicatrizante nas feridas de fase crônica, se mantém os níveis elevados após a 1 semana da lesão − TNF-«: detectado na ferida dentro de 12h e atinge pico em 72h, apresenta efeito de hemostasia, permeabilidade vascular aumentada e maior proliferação endotelial, induz a febre, produção aumentada de colagenose, reabsorção de osso e cartilagem , produção de IL-1. Produção excessiva → falência multissistêmica de órgãos e maiores morbidades e mortalidade em estados de doença inflamatória. Essencial na resposta inflamatória precoce para a cicatrização, mas a persistência no local pode ocasionar maturação deficiente da ferida − IL-6: produzida mor monócitos e macrófagos, ativação de linfócitos B e T e na regulação da síntese hepática de proteínas de fase aguda, também secretaria por PMN e fibroblastos, seu aumento pode ocorrer simultaneamente ao aumento da contagem local. Detectável em12h de ferimento e pode persistir em altas concentrações por mais de 1 semana − Interferon-gama: secretada por linfocitos T e macrófagos, ativam PMN e macrófagos e aumento da citotoxicidade. Reduz a contração local de ferida e auxilia na remodelação tecidual, usado no tratamento de cicatrizes hipertrófica e queloides (lentifica a produção e ligação cruzada do colágeno e aumenta a produção de colagenase). Prejudica a reepitelização e a Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -4 resistência da ferida, dose-dependente, pela aplicação local ou sistemática. − TGF«: estimula o crescimento epidérmico e a angiogênese − TGF-ß: estimula os monócitos a expressar peptídeos, migração de fibroblastos e maturação e síntese de MEC, estimula a fbroplasia. A medida que aumenta sua concentração no sítio, os fibroblastos são estimulados a produzir colágeno e fibronectina, levando a fase proliferativa. TGF-ß1 (cicatrização de lesões e anastomoses gastrointestinais). Linfócitos − Linfócitos T: 5º dia de ferida e pico no 7º dia, fase crônica − Linfócito B: não tem papel significativo, mas se envolve na infrarregulação da cicatriz conforme a ferida se fecha. − Efeitos sobre os fibroblastos produzindo citocinas estimulatórias e inibitórias 2. FASE PROLIFERAVA Tem maior participação do fibroblasto. Ele começa a aparecer quando o neutrófilo já diminui, assim como macrófago. Fibroblasto produz a matriz extracelular (aquilo que visualmente vai preencher a ferida). Os tecidos mais moles precisam ser preenchido, então a função é preencher o mais rápido possível a área lesada. Formação do tecido de granulação − Chegam no local da lesão fibroblastos: mitose celular, produção de matriz extracelular, formada por colágeno tipos I e III e ácido hialurônico, gerando um preenchimento desorganizado da ferida, a fim de proteger demais tecidos abaixo da ferida; − Ocorre a angiogênese (em conjunto com a matriz extracelular, forma o tecido de granulação). Geralmente é um tecido úmido, granuloso (desorganizado), e a vermelhidão é por causa da vascularização. É um sinal que a ferida caminha de maneira adequada. Processo de formação de novos vasos sanguíneos, mantém o ambiente de cicatrização da ferida. − Após a lesão tecidual, células endoteliais ativadas degradam a membrana basal das vênulas pós-capilares, possibilitando migração de células através desta abertura ocorre a deposição da membrana basal, resultando em maturação capilar − Enzimas que degradam a matriz, plasmina e metaloproteinases, são liberadas e ativadas e degradam a membrana basal endotelial. As células endoteliais lesadas expressam moléculas de adesão, que facilitam a fixação à fibrina, à fibronectina e ao fibrinogênio, permitindo a migração de célula endotelial ao longo do arcabouço da matriz provisória − Heparina: pode estimular a migração de células endoteliais capilares − Ruptura e hipoxia tecidual são fatores indutores iniciais para angiogênese. − O tecido tende a tornar-se menos edemaciado e a angiogênese menos secretiva com o desenvolver dessa fase. Sobre essa fase • Proliferação vascular, angiogênese • Proliferação de componentes dérmicos: matriz extracelular • Principal agente: fibroblasto Colágeno e ácido hialurônico. Imagem de uma queimadura por choque elétrico, necrosou a parte anterior da coxa, feito desbridamento, limpeza inicial, curtativo como se fosse de grande queimado (3-4 camadas) e depois de 2 semanas começou a granular, porém, depois de controlar a infecção da ferida operatória e depois de fazer a remoção mecânica da necrose. A necrose impede o avanço das fases da cicatrização. Fibroplasia Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -5 − Sintetizar colégeno, começa a ser produzido durante a fase celular da inflamação − 3 - 5 dias − Fase de retardo de cicatrização da ferida − Fibroblastos começam a migrar em resposta a substâncias quimiotáticas, como fatores de crescimento, fragmentos de C5, trombina, TNF-«, eicosanoides, fragmentos de elastina, leucotrieno B4 e fragmentos de colágeno e fibronectina − Taxa de síntese de colágeno declina após 4 semanas, ferida entra na fase de maturação do colágeno Epitelização − Epiderme: barreira física para impedir perda de líquido e invasão bacteriana − A reepitelização de feridas começa horas após a lesão. No início, ferida é selada apor formação de coágulos e por migração decélulas epiteliais − Queratinócitos migram para recobrir a ferida (fases: separação, migração, proliferação, diferenciação e estratificação) − Se membrana basal intacta, epitelização ocorrerá mais rápido, se não estiver intacta, será primeiramente reparada − Células epidérmicas expressam receptores de interina que permitem que elas interajam com proteínas da MEC. − Células migrantes dissecam a ferida, separado a escara dissecada do tecido viável − Após a ferida ser completamente reepitelizada, as células tornam-se colunares estratificadas novamente 3. FASE DE REMODELAÇÃO/MATURAÇÃO Miofibroblastos (semanas a meses) Originadas da diferenciação dos fibroblastos no tecido de granulação Diminuição do processo inflamatório/vascularização Contração da ferida : ocorre pelo movimento centrípeto de toda a espessura da pele circundante, reduzindo a quantidade de cicatriz desorganiza. Pode causar prurido, dor porque essa contração pode limitar o movimento do paciente. • Duas teorias: o Fibroblasto se transforma em miofibroblasto: morfologia parecida com células do músculo liso, funciona como uma unidade contrátil.; e o A própria organização do pró-colágeno (amorfo) em colágeno mais organizado. − Actina aparece no 6º dia após a lesão, persiste em níveis altos por 15 dias e desaparece em 4 semanas, quando a célula sofre apoptose; − Fibroblasto desenvolve capacidade contrátil relacionada com a formação de complexos actina-miosina citoplasmáticos; − A tensão que é exercida pela tentativa do fibroblasto de se contrair para estimular as estruturas de actina-miosina em seu citoplasma; − Colchicina, inibe microtúbulos, ou a citocalasina D, que inibe microfilamentos, forem adicionados à cultura de tecido, o resultado será contração mínima dos géis de colágeno; − Fibroblastos estimulados, miofibroblastos, são presentes em abundância em doenças com fibrose excessiva, como cirrose hepática, fibrose renal e pulmonar, contratar de Dupuytren e reações desmoplásicas induzidas por neoplasia; − Estromelisina-1 afeta profundamente a contração da ferida, possibilitar a clivagem da fixação entre o fibroblasto e as fibrilas de colágeno, com a participação das interinas ß1; Contração é diferente da contratura. A contratura é a perda da função da mobilidade do órgão lesado. O organismo não só contrai, como repuxa. • Maturação do colágeno em tipo I (maior resistência) e tipo III (imatura) • Resistência final: dificilmente ultrapassa 80% da original • A cicatriz “madura" pouco colágeno tipo III − O ponto de sutura é uma tentativa de melhorar o aspecto da cicatriz e acelerar as fases da cicatrização, mas, ao mesmo tempo tira a tensão dos tecidos e se tirar de maneira precoce, a última fase pode ser prejudicada. O tempo para retirada dos pontos é importante, assim como o material utilizado. − Contratura: queimaduras de 3º grau, constrição física ou limitação de função, ocorre quando uma cicatriz excessiva excede a contração normal da ferida e resulta em incapacidade funcional. Cicatrizes que atravessam articulações e impedem a extensão ou que envolvem boca ou pálpebra e causam ectópio − Remodelação da matriz extracelular desorganizada formada na fase proliferativa, num processo que dura semanas a meses conforme extensão da lesão e questões basais de cada paciente; clinicamente não há mais processo inflamatório e a vascularização já está estabilizada; há contração da ferida por ação do miofibroblasto; há duas teorias sobre como ela ocorre: o fibroblasto se transforma em miofibroblasto, que se comporta como uma unidade contrátil, ou a própria organização do pró-colágeno amorfo em colágeno (há substituição do colágeno tipo III por tipo I, que possui maior resistência); a contração ocorre fisiologicamente, mas pode ocorrer contratura, uma patologia que resulta na perda de função do local. − Diminui a quantidade de fibroblastos e a rede de capilar regride Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -6 − Resistência da ferida aumenta em 1 - 6 semanas e entra em platô até 1 ano após a lesão, a resistência a tração é de 30% na cicatriz − Aumento da forca tênsil após 21 dias é resultado da ligação cruzada, provoca contração na ferida e aumento na resistência, mas resulta em uma cicatriz mais frágil e menos elástica − A interface dermoepidérmica na ferida cicatrizada é desprovida de cristas interpapilares, projeções ondulantes da epiderme que penetram na derme papilar, resultando em maior fragilidade e predispondo a neoepiderme e avulsão após traumatismo mínimo TIPOS DE CICATRIZAÇÃO Primeira intenção: ferimento com pouca perda tecidual e geralmente limpo, sendo realizado coaptação das bordas no momento seguinte ao trauma. Exemplo: incisão com bisturi. A vantagem é a velocidade de cicatrização que é otimizada e aspecto estético final é o melhor. Segunda intenção: ferimento com perda tecidual importante e geralmente infectado, impedindo a coaptação das bordas no momento seguinte ao trauma, sendo o pior tipo de cicatrização que há, pois, a cicatrização deve ocorrer naturalmente - prejudicada na estética e na funcionalidade. Terceira intenção: ferimento com perda tecidual importante e geralmente infectado, que vai ser debridada e limpa, mas mantida aberta até iniciar a formação de tecido de granulação, para então tentar coaptar as bordas ou realizar enxerto ou retalho, tentando controlar a cicatrização e torna-la mais rápida, assim como melhorar o resultado estético. É como se fosse uma segunda etapa da segunda intenção. Segunda intenção Terceira intenção não bem-sucedida. Fez uma deiscência por causa do edema, abriu tudo, necrosou, ficou dias aberto e no segundo tempo foi feito o desbridamento e aproximação. Paciente ficou semanas internado, aspecto final não ficou muito bom, mas a pele regenerou. Se tivesse ficado aberto, teria perda da função da perna, para isso que serve o de terceira intenção. Terceira intenção. Região é desbridada, controla a infecção, acontece a granulação. Ou deixamos cicatrizar por segunda intenção ou vamos para a cicatrização de terceira intenção. FATORES QUE INTERFEREM NEGATIVAMENTE NA CICATRIZAÇÃO É de extrema importância, analisar, evitar e prevenir essas situações. • Corpo estranho • Material de sutura: usar fio inabsorvível em grande quantidade ou de maneira equivocada. • Implantes • Tecido necrosado ou isquêmico, retarda a cicatrização. Paciente não consegue granular. • Infecção • Temperatura e bandagens • Coleções de líquido (hematoma, seroma). O hematoma pode ser absorvido de maneira lenta e gradual e não lesar o paciente, como também pode formar uma coleção maior e fazer abscesso. • Espaço morto (cavitação). Precisa ser oprimida/preenchida ou drenada para contrair o espaço morto. • Material de incisão • Uso de eletrocautério. É rápido e preciso, faz hemostasia adequada. Porém, causa lesão tecidual (necrose), aumentando chance de seroma e até deiscência. • Tempo transcorrido entre o trauma e o tratamento • Áreas de tensão e/ou movimento. • Uso de corticoides • AINEs Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -7 • Radioterapia e/ou quimioterapia • Idade (conforme estado nutricional) • DM • Hiperadrenocoricismo • Neuropatia • Hipoproteinemia • Hepatopatia • Deficiências de coagulação • Choque hipovolêmico persistente. Geralmente pacientes que fazem deiscência e eventração na UTI. CICATRIZAÇÃO ANORMAIS DE FERIDAS CICATRIZ HIPERTRÓFICA X QUELOIDE • Desequilíbrio entre a síntese e a degradação do colágeno → na maturação, o colágeno tipo I e tipo III vai ser digerido e reposto por um colágeno mais organizado, que vai dar resistência ao tecido. Cicatrizes proliferavas caracterizadas por deposição excessiva de colágeno x degradaçãodo colágeno • Mais comum em pacientes jovens • Etiologia ainda não elucidada • Feixes estriados de colágeno alinhados no mesmo plano da epiderme, em oposição ao tecido cicatricial normal - feixes de colágeno dispostos aleatoriamente e relaxados • Cicatriz perpendicular às fibras musculares subjacentes, tende a ser mais plana, mais estreita, com menos formação de colágeno do que a que é paralela ao músculo às fibras musculares subjacentes • Conforme as fibras musculares se contraem, elas reaproximam as margens da ferida, se forem perpendiculares ao músculo subjacente • Cicatriz paralela ao músculo subjacente, a contração do músculo tenderá a causar abertura das margens da ferida e ocasionará mais tensão e formação de cicatriz • MMP-1 (colagenose) e MMP-9 (gelatinas, reparo inicial do tecido): reduzidas • MMP-2 (gelatinas na remoldagem tardia do tecido): elevada • Anticorpo para TGF-ß mostra que a atividade pode ser bloqueada e a fibrose reduzida • IFN-gama: suprime a síntese de colágeno, produz redução de 30% na espessura da cicatriz • Poucos tipos de tratamento, eficácia ainda não comprovada, respondem a mesma terapia, cicatrizes hipertróficas mais fáceis de tratar CICATRIZ HIPERTRÓFICA • Tendem a regredir espontaneamente, mas na prática persistem por muito tempo; • Cicatrizes elevadas que se limitam aos limites da feridas • Mais comum em negros e orientais; • Histologicamente: presença de miofibroblasto e excesso de colágeno • Prevenível • Inflamação prolongada e recapeamento insuficiente, como pode ocorrer em queimaduras Geralmente a cicatriz hipertrófica fica em áreas onde há algum tipo de tensão. Quando fazemos uma incisão em tecido mais mole (meio da parede abdominal), não há muita formação de cicatriz hipertrófica, diferentemente de áreas de ombro, membros inferiores, pelve, pescoço, há um maior estímulo de produção de colágeno por movimentação constante. Cirurgião pode fazer um curativo mais próximo da ferida com o intuito de aproximar as bordas e diminuir a tensão das bordas. • Apresentam um fenótipo hiperproliferativa que se desenvolve a partir de múltiplos efeitos estimuladores, pode ser revertido, uma vez que a estimulação, como tensão excessiva de pele ou fatores de crescimento, seja retirada • Fibroblastos produzem mais TGF-ß1, ao contrário da síntese elevada de colágeno, a degradação do colágeno é baixa Respeitar as linhas de força diminui a tensão sobre a incisão. Bruna Altvater Saturnino XLII -2021.1 -8 QUELOIDE • Raramente regridem com o tempo • Se estendem além dos limites da ferida • Alta taxa de recorrência • Também possuem maior incidência em negros, orientais e hispânicos. Orientar o paciente. • Predisposição genética • Localização mais comum: face, deltóide, pescoço e pré- esternal • Histologicamente: muito colágeno, rico em ácido hialurônico, pobre em células Não podem ser prevenidos e frequentemente são refratários à intervenção médica e cirúrgica 1. Ressecção cirúrgica: elevada taxa de recidiva em caso de monoterapia; 2. Corticoide (mais usada) 3. Placas de silicone e terapia compressiva... mecanismo de ação ainda incerto, mas taxa razoável de sucesso, principalmente na prevenção; 4. Radioterapia (pouco usado no nosso meio); 5. Quimioterápicos: bleomicina, interferon.... em estudo;