Buscar

Treinamento de Alto Rendimento em Mergulho em Ambientes Urbanos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO 
Escola Paulista de Medicina 
Pós Graduação em Ciências da Saúde 
Aplicada ao Esporte e à Atividade Física 
 
 
Proponente: Monica Tiyoko Morioka Hashimoto 
 
 
Treinamento de Alto Rendimento 
em Mergulho Livre no Ambiente Urbano 
 
 
 
Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de 
Pós-Graduação em Ciências da Saúde Aplicada ao 
Esporte e à Atividade Física da Universidade Federal 
de São Paulo/Escola Paulista de Medicina para 
matrícula no programa de Mestrado Profissional. 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2019 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO 5 
1.1 Sobre o mergulho livre 5 
1.1.1 História 5 
1.1.2 Competições 6 
1.1.2.1 Regulamentos 6 
1.1.2.2 Modalidades 7 
1.1.3 Respostas fisiológicas 9 
1.1.3.1 Reflexo de imersão 9 
1.1.3.2 Aumento da tolerância ao CO2 9 
1.1.3.3 Aumento da Capacidade Pulmonar Total 9 
1.1.3.4 Blood shift e contração esplênica 10 
1.1.3.5 Aumento do fluxo sanguíneo cerebral 10 
1.1.3.6 Narcose 11 
1.1.3.7 Lesões pulmonares 11 
1.1.4 Benefícios do treinamento 11 
1.2 Treinamento de alto rendimento em ambientes urbanos 12 
2. OBJETIVOS 14 
2.1. Objetivo Geral 14 
2.2. Objetivos Específicos 14 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 15 
4. CRONOGRAMA 17 
5. RESULTADOS ESPERADOS 18 
REFERÊNCIAS 19 
 
RESUMO 
O mergulho livre apresenta benefícios e riscos que atraem inúmeros atletas 
de alto desempenho ao redor do mundo. Composto por diferentes disciplinas, o 
mergulhador deve preparar-se para suportar situações extremas de hipóxia, pressão 
da água e baixas temperaturas. Tal treinamento permite que efeitos fisiológicos 
como o reflexo de imersão auxiliem o atleta para ganhos de performance. Os riscos 
associados ao treinamento e à prática do esporte devem ser conhecidos e 
controlados a fim de permitir uma prática segura e o alcance de melhores marcas. 
Ainda que o ambiente marítimo ou lacustre seja o mais indicado para a rápida 
evolução do desempenho, o ambiente urbano também oferece recursos para um 
treinamento eficiente. As devidas adaptações nas sessões de treino em apneia e o 
uso estruturado de outras modalidades esportivas como corrida, alongamento e 
natação permitem o desenvolvimento de capacidades necessárias ao mergulho livre. 
 
 
Palavras-chave: ​mergulho, reflexo de mergulho, doença da descompressão, 
narcose por gás inerte, hipoxia. 
ABSTRACT 
 
Freediving features benefits and risks that attract numerous high-performing 
athletes from around the world. Composed of different disciplines, the diver must 
prepare to withstand extreme situations of hypoxia, water pressure and low 
temperatures. Such training allows physiological effects such as the immersion reflex 
to assist the athlete for performance gains. Risks associated with sport training and 
practice must be known and controlled in order to allow for safe practice and reach of 
the best brands. Although the maritime or lake environment is best suited for rapid 
performance evolution, the urban environment also provides resources for efficient 
training. Adequate adaptations in apnea training sessions and the structured use of 
other sports modalities such as running, stretching and swimming allow the 
development of skills required for freediving. 
 
Keywords: ​diving reflex, diving disease, decompression sickness, narcosis by inert 
gas, hypoxia. 
1. INTRODUÇÃO 
1.1 Sobre o mergulho livre 
1.1.1 História 
Historicamente o mergulho tem sido uma atividade relacionada à 
sobrevivência. A necessidade de se alimentar e alimentar os grupos humanos levou 
a humanidade a submergir constantemente com a utilização de diferentes técnicas e 
tecnologias. 
Schagatay (2014) cita exemplos de prática de mergulho livre como as 
mergulhadoras japonesas "amma" e as mergulhadoras coreanas "hae nyo", que 
datam de atividades há mais de dois mil anos. Tais mergulhadoras poderiam 
mergulhar até quatro horas por dia, com mergulhos de até 25 metros de 
profundidade com intuito de coleta submarina. Normalmente as meninas "amma" 
iniciavam suas atividades subaquáticas aos 14 anos de idade. 
Edmonds, McKenzie e Thomas (2013) apresentam que na antiguidade os 
mergulhos foram realizados com auxílio do uso de pedras como lastro, com descidas 
muito rápidas. 
Os limites tanto de profundidade como de tempo estenderam-se ao longo da 
história, partindo dos cerca de 30 metros e dois minutos até os 24 minutos e três 
segundos com oxigênio puro, por Aleix Segura, em Barcelona, 2016 e 11 minutos e 
54 segundos sem oxigênio, em 2014, por Branko Petrovic, Dubai, segundo a 
Wikipedia (2019). 
Equipamentos foram desenvolvidos por pessoas como Leonardo da Vinci, 
Augustus Siebe, Fleuss, Frenchmen, Rouquayrol, Denayrouze e Jacques Costeau e 
Gagnan ao longo da história. 
O mergulho livre atualmente utiliza recursos tecnológicos como máscara, tubo 
respirador ou ​snorkel​, lastros cervicais ou em cintos, nadadeiras monopalma e 
bi-palma, além de presilha nasal, óculos alagáveis, mecanismos de descida - ​sleds​, 
e subida - ​lift bags​. O oxigênio puro é um recurso aceito para fins de recorde. 
Os mergulhos comerciais foram registrados a partir do século 19 em 
aplicações como aquicultura, ecologia, manutenção naval e recreação. 
 
 
1.1.2 Competições 
1.1.2.1 Regulamentos 
Segundo a AIDA Brasil (2019), as categorias são divididas em masculino e 
feminino. O reconhecimento de um recorde ou inclusão em ranking nacional fica 
sujeito à avaliação por meio de juízes oficiais e vídeo oficial sem cortes. 
Em ambiente controlado como piscinas, a profundidade mínima deverá ser de 
1,40m. O ambiente competitivo deve fornecer condições similares a todos os 
competidores, na medida do possível. 
Testes de ​antidoping ​padronizados poderão ser aplicados em qualquer 
período, durante o evento ou fora deste, sendo proibido o consumo de qualquer 
substância WADA a qualquer tempo. 
Para fins de registros de índices, não é permitido o uso de equipamentos de 
monitoramento fisiológico tais como oxímetro, frequencímetro, entre outros. 
O atleta é desclassificado em caso de síncope durante a performance, bem 
como os seguintes sinais e sintomas: parada cardíaca ou respiratória, incapacidade 
de manter vias aéreas pérvias. 
Caso o atleta seja tocado, o mesmo é desclassificado, exceto para 
reposicionamento do corpo do atleta na água, checagem de nível de consciência ou 
segurança e se a manobra for realizada por seu treinador, mergulhador de 
segurança ou membro da organização da competição. 
Deve-se realizar o protocolo de superfície em 15 segundos, quando o 
competidor deverá proceder, na devida ordem os seguintes passos: remover todo o 
equipamento facial; realizar para os juízes de forma clara e visível com a mão o sinal 
internacional de "OK" e dizer: "​I'm OK​" ou "eu estou OK" e aguardar a exibição do 
cartão pelo juiz, que ocorrerá em até 30 segundos. 
As cores dos cartões evidenciam a performance da seguinte forma: branco, 
performance perfeita; amarelo, performance aceita mas com penalização; vermelho, 
desclassificação. No caso de desclassificação o atleta tem o direito de saber o 
motivo. 
 
1.1.2.2 Modalidades 
Segundo a AIDA (2018), há as seguintes modalidades de competição no 
mundo: apneia estática, apneia dinâmica, apneia ​sprint​25-50m, lastro constante, 
lastro variável, imersão livre, skandalopetra. Há o ​No Limits​, para fins de recorde, 
mas não é considerado pela instituição como uma modalidade competitiva. 
 
Apneia estática 
Nesta modalidade busca-se suspender uma inspiração profunda, podendo-se 
utilizar de diversas técnicas com a finalidade de maximizar o volume de ar a ser 
retido. Para fins de recorde, é permitido a utilização de oxigênio 100% até 60 
minutos antes da prova. 
O objetivo da modalidade é manter a apneia pelo maior tempo possível e, 
para tanto, o atleta treina técnicas para suspensão da respiração, relaxamento 
muscular, concentração mental, autoconhecimento e tranquilização. 
O reflexo de imersão é um importante aliado para a promoção da bradicardia. 
As nadadeiras são dispensadas e muitos atletas preferem realizar a performance 
somente com a presilha nasal, sem a máscara para melhor efeito do reflexo de 
imersão. 
Procura-se manter ambiente aquático com temperatura amena e águas 
tranquilas. Situações como hipotermia, excesso de alimentação e ​stress podem 
comprometer seriamente o desempenho do atleta. 
 
Apneia dinâmica 
Pode ser dividida em duas sub-modalidades: com nadadeiras e sem 
nadadeiras. 
O objetivo é percorrer a maior distância horizontal possível. Normalmente é 
praticado em águas confinadas e ambiente controlado como uma piscina. Em 
competições com nadadeiras, é comum o uso de monopalmas, ou seja, nadadeiras 
com uma pala única, onde se encaixam os dois pés. 
Na modalidade sem nadadeiras, a natação mais eficiente é o movimento 
submerso do nado peito, por possibilitar um deslocamento de maiores distâncias 
com menor gasto de energia. 
Há grande risco de apagamento; é necessário, portanto, tanto em 
competições como nos treinos, a presença ativa de um mergulhador em supervisão 
direta do atleta. 
Schagatay (2010), cita que nadar por 250m com uma única inspiração 
apresenta-se como o limite aeróbico humano e o trabalho anaeróbico é o 
responsável pelo excedente do que é considerado o limite formal. 
 
Apneia sprint 25-50m 
A velocidade para percorrer uma determinada distância é a meta desta 
modalidade, que apresenta duas sub-modalidades: bi-palma e monopalma. 
Segue-se os mesmos princípios básicos da apneia dinâmica com nadadeiras. 
 
Lastro constante 
Dividida em duas sub-modalidades: com nadadeiras e sem nadadeiras, 
praticado em mares e lagos. Não é permitido o auxílio de um cabo-guia. 
O atleta deve atingir uma profundidade pré-anunciada. Normalmente são 
utilizados lastros de diversos tipos e modelos como o cervical, semelhante a um 
colar, e em cinto, normalmente na altura do quadril. 
As nadadeiras podem ser bi-palmas ou monopalmas, em geral monopalmas, 
pela maior capacidade de propulsão. 
 
Lastro variável 
Neste caso, o apneista desce junto a um lastro com velocidade controlada, 
chamado ​sled e conectado a um cabo-guia para atingir uma profundidade 
pré-determinada. 
No retorno à superfície, o atleta abandona o lastro e utiliza a impulsão 
promovida pelas nadadeiras. 
Imersão livre 
Com a utilização de um cabo-guia, o atleta busca atingir profundidades sem 
nadadeira nem lastros. 
A imersão livre também é utilizada nos primeiros mergulhos do dia do atleta, 
em uma fase de preparação conhecida como ​warm-up​. 
É considerado uma modalidade mais natural, sem grandes interferências 
tecnológicas. 
 
Skandalopetra 
Modalidade nacional, em duplas. Consiste em atingir uma profundidade 
pré-anunciada portanto uma peça de pedra. 
Retorna-se à superfície o mais rápido possível. Remonta da história do 
mergulho, em que a prática era realizada com o auxílio do uso de pedras como 
lastro para atingir as profundezas. 
 
No Limits 
Modalidade derivada do lastro variável, atrai atletas que buscam atingir 
recordes mundiais. É considerado a disciplina das grandes profundidades. O objetivo 
é atingir grandes profundidades e retornar à superfície com auxílio de equipamentos 
mecânicos ou dispositivos infláveis como coletes ou balões. 
O atual detentor do recorde mundial é Herbert Nitsch, que atingiu 214 metros 
em 14 de junho de 2007 em Spetses, Grécia. 
 
 
1.1.3 Respostas fisiológicas 
1.1.3.1 Reflexo de imersão 
O reflexo de imersão ocorre em mamíferos em geral e pode ser 
acentuadamente observado em animais que mergulham a grandes profundidades 
como as baleias cachalote (​Physeter macrocephalus​) e focas-de-weddells 
(​Leptonychotes weddellii)​. Panneton (2013) observa que em animais mergulhadores 
há valores incrementados de volume sanguíneo, além de hematócrito, hemoglobina 
e mioglobina em valores elevados. 
Segundo Cook (2014), mudanças ocorrem no organismo humano devido ao 
reflexo de imersão, em temperaturas abaixo de 21oC: bradicardia, vasoconstrição 
periférica e, em grandes profundidades, o ​blood shift​. Além dos efeitos citados, 
observa-se também a contração esplênica. 
 
1.1.3.2 Aumento da tolerância ao CO​2 
Segundo Vagin e Zelenkova (2017), a tolerância à redução de oxigênio no 
sangue arterial é um importante fator de competitividade. Em comparação com 
atletas de outros esportes em ambiente não-aquático, o praticante avançado de 
mergulho livre apresentou um incremento de aproximadamente 12% de distância 
alcançada em corrida em apneia. 
Por meio do uso de tabelas de treinamento de tolerância ao CO​2 ​, o atleta 
evolui no treinamento com lento aumento de tolerância ao gás, aumentando assim 
seu limite de tempo em que mantém a suspensão voluntária da respiração com certo 
conforto. 
 
1.1.3.3 Aumento da Capacidade Pulmonar Total 
Capacidade pulmonar total é o volume pulmonar após uma máxima 
inspiração. 
Volume residual pulmonar é o volume pulmonar após uma máxima expiração. 
A estimativa do limite de profundidade do mergulhador por meio da Lei de 
Boyle. Cálculo: Volume Residual x Pressão Máxima = Capacidade Pulmonar Total x 
1 atmosfera (atm). O treinamento do atleta permite um ganho de capacidade 
pulmonar bem como a diminuição do volume residual. Tais alterações são adquiridas 
com técnicas específicas advindas do Yoga, por exemplo. 
 
1.1.3.4 ​Blood shift ​e contração esplênica 
Um efeito natural conhecido como ​blood shift​, por efeito da pressão da água e 
da baixa pressão pulmonar, o volume sanguíneo seja direcionado de músculos e 
órgãos intestinais para os pulmões. Os capilares pulmonares podem sofrer lesões 
pelo efeito do aumento de volume sanguíneo. Neste caso pode haver o barotrauma 
pulmonar, bem como edema alveolar. Concomitantemente, é possível a presença de 
arritmias cardíacas, isquemia cardíaca subendocárdica e aumento do tônus vagal 
estimulado pelo frio. 
Pela grande reserva sanguínea, a contração do baço pode representar um 
importante reservatório de oxigênio, que será aproveitado durante o mergulho 
profundo. De acordo com Schagatay (2014), a ejeção do sangue contido inicialmente 
no baço é disparada pela hipóxia e mantida pela hipercapnia e após 
aproximadamente 10 minutos após o mergulho, as células sanguíneas excedente 
voltam a ser armazenadas no baço. 
 
1.1.3.5 Aumento do fluxo sanguíneo cerebral 
Vestergaard (2017) aponta que o reflexo da imersão permite odecréscimo do 
consumo de oxigênio por parte de órgãos não-vitais e músculos por meio da 
vasoconstrição periférica e a redistribuição sanguínea para os órgãos vitais como 
coração, pulmões e cérebro. 
A capacidade cerebrovascular de reserva apresenta-se como um estado em 
que há a preservação integral das funções cognitivas e o autor infere que em 
situações de extrema hipóxia há um incremento no fluxo sanguíneo cerebral para 
compensar a dessaturação arterial. 
 
1.1.3.6 Narcose 
Em grandes profundidades, o aumento da pressão parcial de nitrogênio na 
circulação sanguínea pode levar o atleta a alterações da consciência como 
alucinações, amnésia, euforia, entre outras, segundo Brasil Mergulho (2003). 
Streeter (2006) relata que em 2002, na quebra do recorde mundial a 160 
metros de profundidade no evento conhecido como No Limits, teve a percepção da 
narcose aproximadamente aos 100 metros de profundidade. Em tal situação foi 
observado cerca de dez segundos de confusão mental e amnésia. 
Um treinamento consistente e o conhecimento dos riscos parece diminuir os efeitos 
da narcose. 
 
1.1.3.7 Lesões pulmonares 
Eichinger et al (2008) alerta que pode haver danos cardíacos associados à 
técnica de hiperinflar os pulmões. A elevação da pressão nas paredes transcapilares 
pulmonares podem provocar a ruptura da membrana alveolocapilar. 
Adir e Bove (2014) apresentam lesões relacionadas à prática de esportes em 
ambientes extremos como o mergulho em grandes profundidades: lesão hidrostática 
do pulmão, edema pulmonar hemodinamicamente induzido, edema pulmonar por 
imersão, edema pulmonar por pressão negativa, barotrauma pulmonar, 
pneumomediastino, pneumotórax e embolia gasosa arterial. Segundo os autores, a 
compreensão das mudanças fisiológicas no sistema cardiovascular em ambientes 
extremos é importante para melhor compreensão dos fatores de riscos para as 
lesões pulmonares, bem como para a prevenção das mesmas. 
 
1.1.4 Benefícios do treinamento 
Ao passo que o atleta prossegue em seu treinamento, também é possível 
observar aumento da capacidade pulmonar total, melhor técnica de equalização de 
espaços aéreos, menor volume pulmonar residual, bradicardia, adaptações 
fisiológicas às grandes profundidades, maior tolerância ao CO​2​, maior tolerância à 
compressão torácica, controle neuromuscular, propriocepção adequada, aumento do 
poder de concentração mental. 
Verbaas (2018) esclarece que quando os músculos não conseguem extrair 
oxigênio suficiente do sangue para sua impulsão, inicia-se a extração do oxigênio da 
mioglobina, que é uma proteína presente em abundância nos músculos. Com o 
treinamento, há um considerável incremento de mioglobina nos músculos e assim 
seus membros inferiores não ficarão tão fatigados durante o retorno das profundezas 
para a superfície. 
 
1.2 ​ ​Treinamento de alto rendimento em ambientes urbanos 
Como se observa, a prática regular para fins competitivos demanda uma 
complexa logística, tanto em termos materiais quanto humanos. 
As disciplinas como a apneia estática e dinâmica são complementares e seus 
riscos, evidentes. Para a apneia estática, há a possibilidade de treinamento “a seco”, 
ou seja, em ambiente não-aquático, com auxílio de aplicativos eletrônicos instalados 
em dispositivos móveis. Tais aplicativos são de fácil acesso, instalação, configuração 
e uso, com inúmeras facilidades para o treinamento. 
Além disso, a prática sistemática da insuflação glossofaríngea permite um 
acréscimo considerável na capacidade pulmonar total. Seccombe, Jenkins e Rogers 
(2013) citam que com treinamento e técnicas adequadas, o atleta é capaz de 
alcançar 10,87 litros de ar nos pulmões por insuflação glossofaríngea. Sob a pressão 
da água a pressão exercida pelo volume adicionado pela insuflação glossofaríngea 
diminui. 
Segundo Marchese (2015), o incremento nos tempos de treinamento em 
corrida permite uma melhor tolerância do organismo à acidose. O mesmo autor cita 
diversas técnicas como correr controlando o ritmo respiratório, a corrida em apneia, 
corrida em apneia com curto intervalo de recuperação, velocidade com apneia e 
longas distâncias em apneia com tempos fixos de recuperação. A caminhada em 
apneia também é citado pelo autor como uma forma segura e eficiente para 
incrementar o tempo de apneia. 
Para a apneia dinâmica em lastro constante, é possível utilizar as piscinas 
disponíveis em meio urbano. Há, no entanto, uma certa restrição quando se analisa 
a questão da descida a grandes profundidades, pois mesmo realizando-se 
treinamentos com técnicas específicas para simular um ambiente de alta pressão, o 
ambiente marinho não pode ser facilmente mimetizado em todas as suas 
peculiaridades. 
Tais técnicas, no entanto, como mergulhar a poucos metros em uma piscina 
exalando ao máximo o ar podem auxiliar na percepção e tolerância do atleta à 
compressão torácica que sofrerá nas grandes profundidades. 
Schagatay (2011) cita a técnica de compressão negativa, em que o atleta 
realiza uma expiração total seguida por uma expiração forçada, esvaziando ao 
máximo os pulmões. Tal exercício, combinado com outras técnicas para aumentar a 
flexibilidade torácica permite que se extenda os limites de segurança para o 
mergulho profundo. A prática em uma piscina com cinco metros de profundidade 
pode resultar em um volume residual de aproximadamente 90 mL. 
As modalidades mais facilmente treináveis em ambiente urbano seriam o 
sprint​, apneia estática e apneia dinâmica com ou sem nadadeiras. O treinamento em 
ambiente não aquático é considerado de maior dificuldade, principalmente quando o 
parâmetro de comparação é o tempo de apneia, pois em ambiente seco não ocorre 
o mecanismo do reflexo de imersão ou a diminuição da pressão intratorácica 
causada pela insuflação glossofaríngea. 
É preciso observar uma regra básica de segurança no mergulho livre: treinar 
somente sob supervisão direta. Para tanto, algumas alternativas são associar-se ou 
contratar serviços de clubes, academias ou escolas de mergulho ou natação. Em 
escolas de mergulho autônomo é comum encontrar profissionais também 
conhecedores da prática de mergulho livre. 
A prática de atividades em paralelo em um modelo de treinamento conhecido 
como ​cross training incrementam as capacidades atléticas. No ​cross training para 
mergulho livre, as modalidades como natação, corrida, ​yoga permitem ganhos de 
performance do atleta mesmo não praticando diretamente sua modalidade 
competitiva. 
 
2. OBJETIVOS 
2.1. Objetivo Geral 
Estudar aspectos do treinamento de alto rendimento em mergulho livre no 
ambiente urbano. 
 
2.2. Objetivos Específicos 
Comparar os métodos de treinamento em mergulho livre em literatura 
específica. 
Analisar dados obtidos em pesquisa por meios eletrônicos para inferir 
adaptações necessárias dos métodos vigentes no treinamento de alto rendimento 
em mergulho livre no ambiente urbano. 
 
 
 
 
 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
No que tange aos recursos materiais a serem utilizados, pode-se citar: piscina 
semi-olímpica ou olímpica com profundidade entre 1,20m e 5,0m; dispositivomóvel 
com aplicativo para dispositivo móvel para treinamento de apneia a seco; 
equipamentos pessoais para mergulho livre (nadadeira, meias de neoprene, 
máscara, tubo respirador rígido, cinto com lastro, bóia de segurança, presilha para 
nariz); academia para as atividades físicas como para fortalecimento muscular, 
natação, alongamento, pliometria, ​yoga ​e corrida. 
Para a avaliação de parâmetros fisiológicos é necessário o uso de 
equipamentos para ergoespirometria, oximetria, além de frequencímetro. 
Sugere-se o uso de registro em vídeo para melhor apreciação dos resultados 
e desempenho do atleta, tanto em ambiente terrestre quanto aquático. 
As atividades físicas no programa de treinamento incluem: prática de corrida, 
pliometria, fortalecimento muscular, natação, ​yoga​, alongamento específico, apneia 
a seco, além do treinamento de apneia estática e dinâmica em piscina, bem como 
das técnicas de equalização de espaços corporais aéreos, fortalecimento de 
musculatura específica e condicionamento dos reflexos respiratórios. 
Observa-se que a literatura especializada está, em grande parte em língua 
francesa ou inglesa e há raros conteúdos técnicos em língua portuguesa. Da 
literatura encontrada na língua materna, pode-se verificar que trata-se, em sua 
maioria, de conteúdos relacionados ao ​spearfishing​, ou seja, pesca submarina, ou 
simplesmente ​pesca sub​. É importante salientar que o esporte de mergulho livre tem 
peculiaridades que não se aplicam à prática do ​spearfishing​, mas apresentam alguns 
pontos comuns no treinamento. 
A revisão bibliográfica restringirá-se a conteúdos relacionados diretamente ao 
esporte de mergulho livre​, ​exclui-se portanto os conteúdos específicos de 
spearfishing​, tanto da literatura impressa quanto conteúdos digitais. 
Como palavras-chave em buscas digitais, utilizará-se os seguintes termos: 
“mergulho livre”, “mergulho em apneia”, “​freediving​”, “​freediving technique​”, “narcosis 
apnea”, “plongée”. Além de artigos publicados em revistas eletrônicas, buscar-se-á 
conteúdos em manuais de mergulho das certificadoras mundiais como ​Performance 
Freediving International (PFI), ​Professional Association of Diving Instructor ​(PADI) e 
Association Internationale pour le Développement de l'Apnée​ (AIDA). 
Serão necessários dados de VO2 máximo, pCO2, pO2, capacidade pulmonar 
total para o estudo do efeito do treinamento nos parâmetros fisiológicos, que 
deverão ser coletados e analisados periodicamente. 
O Brasil tem apresentado ao longo da história atletas com destacado 
desempenho internacional. Atualmente, por meio do sítio da AIDA, é possível 
visualizar os atletas em atividade. O presente estudo contempla uma fase de coleta 
e análise, com auxílio de recursos computacionais, de dados de atletas brasileiros 
de alto rendimento em mergulho livre por meio de formulários eletrônicos 
padronizados com perguntas fechadas com o objetivo de comparar com a literatura 
previamente consultada. 
Quanto à coleta de dados em campo, utilizar-se-á os mesmos parâmetros já 
utilizados em literatura específica, bem como na fase de coleta de dados por meios 
eletrônicos, por meio de formulário em papel para posterior análise. 
4. CRONOGRAMA 
 
Item Atividade Mê
s 
1 
Mê
s 
2 
Mês 
3 
Mê
s 
4 
Mê
s 
5 
Mê
s 
6 
Mê
s 
7 
Mês 
8 
Mê
s 
9 
Mê
s 
10 
Mê
s 
11 
Mê
s 
12 
1 Revisão de Literatura 
2 Levantamento de 
dados por meio de 
base de dados 
públicos na ​Internet 
 
3 Estudo dos 
parâmetros 
fisiológicos 
 
4 Coleta de dados de 
atletas brasileiros de 
alto rendimento em 
mergulho livre 
 
5 Análise de dados 
com uso de sistema 
computacional 
 
6 Coleta de dados em 
campo 
 
7 Análise dos dados 
coletados com uso 
de sistema 
computacional 
 
8 Revisão textual 
9 Desenvolvimento do 
Relatório Final 
 
10 Apresentação Final 
do Projeto 
 
11 Publicação 
 
5. RESULTADOS ESPERADOS 
 
O mergulho livre pode ser considerado um esporte seguro mas oferece riscos 
intrínsecos à atividades realizadas em meio aquático que devem ser considerados 
em um programa avançado de treinamento. 
A impossibilidade de treinamento com a frequência desejada para obtenção 
de ganhos de rendimento esperados pode tornar-se um fator de frustração e 
desistência por parte do atleta. 
Entretanto, por meio do presente trabalho espera-se apresentar opções 
viáveis para treinamento de alto rendimento em mergulho livre, ainda que em meio 
urbano e distante das dimensões de profundidade, pressão, temperatura, entre 
outros fatores, oferecidas pelo ambiente marítimo. 
Por meio de subsídio teórico e resultados práticos, atletas interessados no 
esporte podem se beneficiar por meio de um treinamento especializado dentro das 
inúmeras possibilidades que o meio urbano oferece. 
REFERÊNCIAS 
 
ADIR, Y.; BOVE, A. A. ​Lung injury related to extreme 
environments​. European Respiratory Update, 2014. 
Disponível em: <https://cyberleninka.org/article/n/1228644.pdf>. Acesso em 5 de fev 
2019. 
 
AIDA:  International Association for the Development of Apnea. ​Worldwide 
freediving community​. 
Disponível em: <https://www.aidainternational.org/> 
Acesso em: 4 fev 2019. 
 
AIDA Brasil. ​Regras​. 
Disponível em: 
<http://www.aidabrasil.com.br/2-regras-gerais-competicoes-aida-brasil-atleta-e-organ
izador/>. Acesso em: 04 fev 2019. 
 
BRASIL Mergulho. ​Mergulho em Apneia: da Resposta Fisiológica às 
Complicações. ​Augusto Marques, 28 mar 2003. 
Disponível em: 
<http://www.brasilmergulho.com/mergulho-em-apneia-da-resposta-fisiologica-as-com
plicacoes/>. Acesso em 4 de fev 2019. 
 
COOK, A. ​Freediving: The basics for the absolute beginner. ​Kindle Edition, 2014. 
 
EDMONDS, C.; MCKENZIE B.; THOMAS, R. ​Diving and Subaquatic Medicine​. 5th 
ed., Free Internet Edition, 2013. 
Disponível em: 
<http://www.deepdivingacademy.it/corsisubtorino/download/Carl-Edmond.pdf>. 
Acesso em 5 de fev 2019. 
 
EICHINGER M. ;WALTERSPACHER S.; SCHOL T. et al. 
Lung hyperinflation: foe or friend? ​European Respiratory Journal, 32: 1113-1116, 
2008. 
Disponível em: <https://erj.ersjournals.com/content/32/4/1113.short> 
Acesso em: 5 fev 2019. 
 
MARCHESE, E.; MULLER, F. ​How to Freedive: A beginners guide to apnea 
diving: How to reach 100 feet on one breath; a guide to the art and science of 
breath hold freediving​. Josh Allsop, 2015. 
 
MARTINS, F. S. ​Mergulho em apneia e barotraumatismo: caso clínico de um 
mariscador​. 
Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/handle/10451/31312>. Acesso em: 2 fev 2019. 
PANNETON, M. W. 
 
PANNETON, M. W. ​The Mammalian Diving Response: An Enigmatic Reflex to 
Preserve Life? ​PHYSIOLOGY 28: 284 –297, 2013. 
Disponível em: <https://www.physiology.org/doi/pdf/10.1152/physiol.00020.2013> 
Acesso em: 3 fev 2019. 
 
Performance Freediving International 
Disponível em: <https://www.performancefreediving.com/> 
Acesso em: 3 fev 2019. 
 
SECCOMBE, L. M.; JENKINS, C. R.; ROGERS, P. G et al. 
Evidence of respiratory system remodelling in a competitive freediver. 
European Respiratory Journal, vol 41, Issue 3: 01 March 2013. 
Disponível em: <https://erj.ersjournals.com/content/41/3/760.short> 
Acesso em: 3 fev 2019. 
 
SCHAGATAY, E. ​Human breath-hold diving ability and the underlying 
physiology​. Human evolution, vol. 29 n. 1-3 (125-140), 2014. 
Disponível em: 
<http://miun.diva-portal.org/smash/record.jsf?pid=diva2%3A681668&dswid=8496> 
Acesso em: 3 fev2019. 
 
SCHAGATAY, E. ​Predicting performance in competitive apnea diving, part II: 
dynamic apnea​. Diving and Hyperbaric Medicine, vol. 40, no.1, March 2010. 
Disponível em: <http://archive.rubicon-foundation.org/xmlui/handle/123456789/9806> 
Acesso em: 5 fev 2019. 
 
SCHAGATAY, E. ​Predicting performance in competitive apnea diving, part III: 
deep diving. ​Diving and Hyperbaric Medicine Vol 41, no. 4, Dec 2011. 
Disponível em: 
<http://dspace.rubicon-foundation.org:8080/xmlui/handle/123456789/10371> 
Acesso em: 5 fev 2019. 
 
STREETER, T. ​Nitrogen narcosis during no Limits freediving world record to 
160m. ​Proceedings of the Undersea and Hyperbaric Medical Society/Divers Alert 
Network, 20 June 2006. 
Disponível em: 
<http://dspace.rubicon-foundation.org/xmlui/bitstream/handle/123456789/5612/UHM
S-DAN_BH_2006.pdf?sequence=1#page=25>. Acesso em 5 de fev 2019. 
 
VAGIN, Y. E.; ZELENKOVA, I. E. ​Physical endurance and hypoxia tolerance 
mechanisms in freedivers, baskteball players and untrained people exposed to 
physical loads with repeated breath-holds​. Monthly Scientific Theoretical Journal, 
Jan 20, 2017. 
Disponível em: <http://www.teoriya.ru/en/node/4986>. Acesso em 5 de fev 2019. 
 
VESTERGAARD, M.; LARSSON, H. 
Cerebral metabolism and vascular reactivity during breath-hold and hypoxic 
challenge in freedivers and healthy controls. ​Journal of Cerebral Blood Flow & 
Metabolism, 2017. 
Disponível em: <https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0271678X17737909> 
Acesso em: 3 fev 2019. 
 
VERBAAS, J. ​Longer and Deeper: cross training for freediving and 
spearfishing​. 
CreateSpace Independent Publishing Platform, 2018. 
Acesso em: 5 fev 2019. 
WIKIPEDIA. ​No-limits apnea​. 
Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/No-limits_apnea>. Acesso em 5 de fev 
2019. 
 
WIKIPEDIA. ​Static apnea​. 
Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Static_apnea>. Acesso em 5 de fev 
2019. Acesso em: 5 fev 2019.

Continue navegando