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1 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos Bases da anestesia locorregional e geral Introdução • Termo grego- privado de sensação; • Egípcios: Já tinham alguns instrumentos cirúrgicos e, provavelmente alguma forma de anestesia; • Termo que surgiu na Grécia antiga – Hipócrates: esponja soporífera (mistura de substâncias extraídas das plantas), Dioscórides: mandrágora (tubérculo); • Chineses: acupuntura; • Assírios: compressão da carótida; • Gelo, embriaguez, hipnose; • Imobilização a força; • Um dos marcos foi em 1773: óxido nitroso, gás hilariante, tinha poder de cessar a dor; • Faraday: primeiro que descreveu o uso de éter; • 1846: primeira vez que foi usado anestesia em cirurgia - anestesia geral; • 1847: Brasil. Éter, Haddock lobo Anestesia “Estado de inconsciência reversível, imobilidade, analgesia e bloqueio dos reflexos autônomos (relaxamento muscular) obtidos pela administração de fármacos específicos.” Bases para dar anestesia: conseguir uma analgesia adequada para o paciente, uma hipnose para que ele não lembre o que aconteceu, controle dos reflexos para que ele esteja imóvel e muitas vezes relaxamento muscular. ❖ Geral; local; regional. Avaliação pré-operatória • Anamnese: presença de doença prévia, manipulação da via área, de laringe, alteração anatômica, obesidade. Preditores de via área difícil. • Exame físico: mais minucioso. Se for fazer uma anestesia raqui, epidural, precisa saber se o paciente teve alguma manipulação de coluna, se tem alguma escoliose, degeneração, algo que dificulte ou impossibilite a anestesia. Avaliar se tem uma boa abertura de boca (Mallampati), se tem uma boa mobilidade de coluna, se hiper estende o pescoço, distância tireo-mento (distância da cartilagem tireoide para o mento, 5-6 cm pode ser uma posição dificultosa para IOT). Pelos faciais dificultam a fixação do tubo. • Teste de gravidez: controverso. Perguntar a DUM. • Exame de via aérea: ❖ Classificação de Mallampati: paciente tem que está com a cabeça em posição neutra e a língua toda para fora (máximo que conseguir); avaliar cavidade oral, tentando identificar as estruturas. Classificação de Mallampati Grau I Melhor Mallampati para IOT; menor chance de via aérea complicada; precisa ver os pilares amigdalianos, palato mole a úvula muito bem. Grau II Não vê os pilares amigdalianos, mas ainda vê palato mole e úvula. Grau III Já não consegue mais ver palato mole, nada de pilar amigdaliano. Aqui, basicamente, ver apenas a úvula. Grau IV Não se consegue identificar nada; paciente que tem uma língua um pouco maior e não é possível avaliar corretamente. Classificação de Cormack Classe I Pode ver toda a glote, cordas vocais. Classe II Quando faz a laringo, mas a epiglote fica caída na frente; não consegue ver as cordas vocais. Classe III Só se ver a epiglote; nada de glote. Classe IV Não enxerga nada. III e IV → Intubação difícil. • Investigação de doença cardiovascular: talvez precise mandar o paciente para um CAT, um teste de esforço... 2 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos • Investigação de doença pulmonar: Asma, DPOC... isso é importante porque algumas drogas são melhores para prevenção de broncoespasmo; • Investigação de doença hepática ou renal; • Jejum. Monitorização • Equipamento de anestesia: carrinho de controle. ❖ Fornecer oxigênio e gases anestésicos; ❖ Suporte respiratório: diz ao anestesista que o paciente não está retendo CO2, que está com uma pCO2 boa, que ele realmente está entubado; diz se houve alguma desconexão. • Monitor: geralmente está separado. ❖ Melhores condições intraoperatórias: controle de tudo do paciente. ❖ Detectar anormalidades precocemente: algumas, não todas. Se começa a cirurgia e vê uma taquicardia, com RR regular (suspeitar de FA)... a pressão baixando, a saturação caindo... ❖ Anestesista capacitado: sempre! ❖ Oximetria de pulso, monitor de CO2, LCG, PA e FC, temperatura da sala: a temperatura, por exemplo não pode ficar muito baixa pelo risco de hipotermia. OBS.: esse balão verde é onde fica uma substância que ajuda a trocar os gases. OBS.: seta amarela é onde fica a monitorização da ventilação. Vai-se monitorizar o paciente completamente, seja qual for o procedimento; a partir do momento que entrou no centro cirúrgico o correto é que se tenha pelo menos PA, ECG e a saturação de O2. Isso é importante para casos de complicações. • Pressão arterial: ❖ Não invasiva: normal - tensiômetro. ❖ Invasiva: cateter de PAM invasiva, vem um kit. Mas às vezes faz com o jelco um pouco mais calibroso que tenha na unidade. ➢ Radial (preferida), femoral, braquial, axilar, ulnar, pediosa, tibial posterior. Caso fez em um e não conseguiu ou em casos de acesso difícil. ➢ Complicações: infecção, necrose periférica. OBS.: Para fazer a invasiva é preciso fazer o teste de Allen: comprime-se a radial (que será cateterizada) e a ulnar e depois libera-se apenas o fluxo da ulnar. Isso é para ver a competência da ulnar para fazer a irrigação palmar. Em caso de ulnar ineficiente, tenta-se na outra mão ou procura-se outro sítio para cateterizar, porque se a radial acabar trombosando e não tiver uma irrigação adequada pela ulnar, pode necrosar a ponta dos dedos (de extremidade). • Eletrocardiograma: ❖ Arritmias, isquemia: no intraoperatório é possível ver alteração na cardioscopia; manda-se rodar um eletro. • Ventilação: ❖ Avaliação clínica: estetoscópio - ver se está ventilando adequadamente, avaliar a expansibilidade, se tem estridor. Paciente começou a dessaturar, não está ventilando adequadamente nem expandindo, nesse caso vai precisar partir para uma via aérea definitiva. ❖ Monitores de pressão de VA e ventilação na VM; ❖ Capnografia: vem no carrinho. • Oxigenação: ❖ FiO2 e oximetria de pulso. • Temperatura: não precisa se for um procedimento rápido, com anestesia local. ❖ Esôfago (mais comum), reto, pele, membrana do tímpano, bexiga, nasofaringe, artéria pulmonar. • Bloqueio neuromuscular: ❖ Músculos ulnar e orbicular do olho: para avaliar se o paciente tem ainda algum grau de bloqueio. Bem específica da anestesio. • Sistema nervoso central: ❖ BIS (matriz bispectral): como se fosse um eletroencefalograma contínuo que avalia o grau de sedação do paciente. É bom para ver se o paciente “superficializou” e precisa aumentar um pouco a sedação. ➢ 0 (“sem atividade neurológica”) a 100 (acordado). 3 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos ➢ Valores inferiores a 40 por mais de 5 min → relacionado a morbidade perioperatória aumentada. OBS.: paciente que está hipotenso, chocado, ou um idoso com ICC, que já é mal perfundido, muitas vezes o oxímetro de dedo não vai pegar bem. OBS.: a capnografia vai dizer se “pegou” a via aérea ou esôfago. Ela vai dar a segurança de que o paciente vai continuar intubado; melhor que esteto. Monitorização especializada é para pacientes que tem alguma indicação. Cateter de foley: paciente chocado → preciso ver a perfusão renal, ver se está urinando, se precisa fazer volume para esse paciente. Também em casos de cirurgias mais longas. Cateter arterial: paciente que geralmente é mais grave. Paciente que tem ICC e que está mais ou menos compensado, mas tem uma dispneia, um edema de MMII e vai operar de urgência. Gasometria em cirurgia longa, paciente instável... Cateter da artéria pulmonar, doppler precordial, Eco transesofágico, doppler esofágico → bem específicos, visto mais em cirurgia cardíaca. Agentes inibitórios Características mais importantes • Coeficientes de solubilidade sangue/gás (S/G) → menor S/G, indução e despertar mais rápidos. É a capacidade desse agente inalatório de ser solúvel no sangue. Então, quanto menor foro coeficiente, vai ter mais anestésico livre, tendo um despertar e uma indução mais rápida. • Concentração alveolar mínima (CAM) → concentração mínima para prevenir movimento em 50% pctes no momento da manipulação do paciente. Quando começa a incisão, o paciente recebe um estímulo maior. CAM alta, menor potência. • Pungência: gás que tem um cheio pior; não é agradável, cheiro muito forte. Não usado como agente indutório. OBS.: Anestesia da criança pode ser toda inalatória ou começa com inalatória (máscara) e depois vai para intubação propriamente dita. Óxido nitroso tem uma potência fraca, tem um CAM muito alto, e por isso, normalmente não é usado sozinho. Já o Halotano é um dos melhores para usar, isso porque o cheiro dele não incomoda. O Desfurano é um gás mais irritante. ÓXIDO NITROSO ❖ Influencia minimamente hemodinâmica e respiração; ❖ Misturado como outros agentes inalatórios; ❖ Muito solúvel → não usar em espaços fechados. ❖ Tem um CAM alto e indução rápida, por isso normalmente não é usado como droga única para anestesia; geralmente é misturado ou com outros gases ou com uma anestesia venosa. ISOFLUORANO ❖ Substituiu halotano →Acaba reduzindo muito o DC. Seu uso em pacientes chocados pode piorar o quadro do paciente, além do que tem um menor efeito metabólico. ❖ Baixos custos de produção; ❖ Taquicardia: pode aumentar o consumo de O2 pelo miocárdio. Deve-se ficar atento em pacientes com doença coronariana, porque se ele estiver fazendo taquicardia estará aumentando o consumo de O2, podendo causar isquemia no paciente. ❖ Odor irritante. SEVOFLURANO ❖ Solubilidade baixa – rápida indução e despertar; usado em procedimentos mais rápidos. 4 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos ❖ Bastante usado na indução anestésica, tem odor agradável; ❖ Diminui resistência respiratória → usado em pacientes que tem broncoespasmos. DESFLURANO ❖ Rápida indução e despertar; ❖ Odor irritante – não é usado em indução anestésica com gás; ❖ Taquicardia e hipertensão – se atentar em pacientes com doença cardiovascular. Agentes intravenosos – Indutores Vão ter anestesias em que será utilizado agentes inalatórios e o agente intravenoso, e anestesias que se chamam de anestesia venosa total, que vai fazer somente medicação intravenosa, sem nenhum gás associado. Pode iniciar a anestesia com uma droga e depois usar outra, ou muitas vezes pode iniciar a anestesia com um gás e depois associar um agente intravenoso. Quando a droga tem baixa solubilidade é quando o medicamento não vai se misturar no sangue; ele fica livre para poder ser usado, digamos assim. Nem sempre usa bloqueador neuromuscular na indução. Os intravenosos, na maioria das vezes, serão usados também para indução, e depois para fazer o que se chama de anestesia balanceada, que é quando se mistura o gás com o intravenoso na anestesia. Em crianças, na maioria das vezes, vai ser uma indução com o gás. No adulto, normalmente começa com um indutor venoso e depois intuba, onde os gases inalatórios serão colocados via tubo orotraqueal. TIOPENTAL É uma das medicações mais antigas intravenosas para sedação. ❖ Causa vasodilatação e depressão cardíaca; ❖ Rápido despertar; ❖ Não diminui reatividade brônquica → pacientes asmáticos, tabagistas, ou que tenha alguma hiper- reatividade de via aérea, o tiopental não seria a melhor droga a ser usada nesses casos. CETAMINA Medicação bastante usada tanto para indução da anestesia quanto no pronto socorro. Isso porque, na maioria das vezes não tem gás inalatório no pronto socorro, então vai fazer a anestesia do paciente com um intravenoso. É importante conhecer esse tipo de medicação porque quando for preciso intubar um paciente, tanto os agentes intravenosos, quanto os sedativos e bloqueadores neuromusculares serão utilizados. ❖ Aumenta pressão arterial e frequência cardíaca → Evitar em DAC, hipertensão intracraniana. Pode ser usado em pacientes chocados ou que esteja com níveis pressóricos baixos, porque quando colocado na veia não causa hipotensão, desde que seja usado em doses baixas; o aumento da dose pode prejudicar nesses pacientes que já estão chocados. ❖ Delírio e sonhos desagradáveis; ❖ Diminui reatividade brônquica – usado em pacientes asmáticos ou com DPOC; ❖ Não produz relaxamento muscular, não controla dor visceral – não é bom para cirurgia abdominal. PROPOFOL ❖ Curta duração, despertar tranquilo; ❖ Dor a injeção; redução de PA – Evitar em pacientes que já estão hipovolêmicos ou chocados; ❖ Broncodilatação– Bom para pacientes asmáticos. ETOMIDATO ❖ Mínimas alterações hemodinâmicas → usado em pacientes com DAC; ❖ Dor e queimação na injeção; mioclonias; DEXMETOMIDINA (PRECEDEZ) ❖ Muito utilizado em terapias intensivas, em pacientes que precisam ser extubados, mas que estão muito agitados. ❖ Mínima depressão respiratória – Não seria uma boa indicação para indução ou intubação, a não ser que seja associado com outra droga. ❖ Bradicardia e hipotensão – ficar atento nesses pacientes ❖ Propriedades anestésicas, sedativas e analgésicas. 5 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos Midazolan: É uma droga que também é bastante usada tanto para indução anestésica, assim como para intubar paciente na emergência; isso porque sua ação faz depressão respiratória; quando usado, percebe-se que o paciente vai parar de respirar, mas também baixa a pressão. Por isso, ficar atento no uso em paciente que já está com hipovolemia ou chocado, porque ele vai baixar mais ainda essa pressão, e às vezes vai ser preciso entrar com uma outra droga que seja vasoativa. Tiopental: Pode fazer hipotensão; Cetamina: Faz hipertensão/taquicardia; Etomidato: Pode fazer supressão adrenal quando faz infusão contínua (não é muito utilizado para fazer infusão contínua); Obs: Não será necessário gravar as doses; na prática vai ver mais ou menos o quanto pode fazer. Também existem ampolas diferentes, então em cada lugar a dose da ampola será diferente. Ficar atento nas precauções e dar uma olhada na tabela acima com calma. Agentes intravenosos - opioides Morfina, meperidina são opioides que são usados em associação com outras medicações. ❖ Depressão cardíaca mínima; anestesia profunda geral balanceada; ❖ Desvantagens: Depressão respiratória, hipnose e amnésia insatisfatórias; por isso são usados associados com outras drogas; ❖ Reduzem a dose de agentes inalatórios quando é associado ao opioide; ❖ Limitam taquicardia associada a manipulações – isso porque está sendo feito uma boa analgesia no paciente; ❖ Analgesia no POI. MORFINA, HIDROMORFINA, MEPERIDINA ❖ Ação intermediária → analgesia pós operatória; Por ter uma ação intermediária, não é uma medicação que seria usada, via de regra, como manutenção de anestesia. ❖ Custo menor. FENTANIL ❖ 100 – 150 x mais potente que morfina; ❖ Início rápido e curta duração → manutenção da anestesia; ❖ Quando usado em manutenção de anestesia é colocado em bomba, justamente por ter início rápido e curta duração. Se fizer apenas o fentanil, em pouco tempo o paciente estará sentido dor novamente. SUFENTANIL, ALFENTANIL ❖ Rapidamente excretados e metabolizados; REMIFENTANIL ❖ Anestesia venosa total – ação ultracurta. Anestesia venosa total é quando só utiliza a medicação intravenosa como anestesia. Geralmente usada em bomba de infusão contínua. Bloqueadores neuromusculares Vem se falando bastante em bloqueadores neuromuscular por conta do COVID; no geral, prefere- se intubar com o uso do bloqueador neuromuscular para evitar do paciente tossir ou respirar no rosto do médico, evitando assim uma contaminação. ❖ Administrar o suficiente das inalatórios e intravenosos para hipnose, amnésia e analgesia + condições cirúrgicassatisfatórias; isso porque vai fazer com que o paciente fique parado. A Classificação polarizante e não polarizante é em relação somente ao mecanismo de ação neuromuscular. Agentes despolarizantes (não competitivos) • Agonistas nos receptores colinérgicos da junção neuromuscular. SUCCINILCOLINA ❖ Rápido início e curta duração (5 min); ❖ Hipercalemia (pacientes politraumatizados, grandes queimados) e hipertermia maligna (é uma entidade que pode ser de causa genética, em que o paciente faz temperaturas acima de 38, 39 graus; é muito difícil de reverter; por isso existe a necessidade de se perguntar se alguém da família morreu em anestesia, pois pode ter sido por essa causa); ❖ Fasciculações visíveis → mais dor muscular no pós- operatório. ❖ IOT sequência rápida. 6 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos Exemplo de uso: paciente que está com estômago cheio, que precisa operar, mas não pode ventilar muito, porque casa vez que colocar o ambu e injetar ar, o estômago do paciente será estendido e poderá vomitar, podendo causar broncoaspiração e ele ter uma parada. Então, se usa nesses casos de sequência rápida em que não pode ventilar o paciente antes de intubar. Exemplo do filme Awake: o paciente recebe uma anestesia, porém ele lembra que ouve o que as pessoas conversavam durante a cirurgia. Isso acontece em teoria porque o anestesista bloqueou o paciente em relação à movimentação, embora não esteja bem anestesiado no ponto de vista de amnésia e sedação. Agentes não despolarizantes (competitivos) • Competem com a acetilcolina pelos receptores; • Alternativa à succinilcolina. ❖ Impede o movimento em resposta ao estímulo; ❖ Doses altas para relaxamento antes da intubação, doses menores se já intubado. ❖ Outras drogas anestésicas potencializam os efeitos. ❖ Resposta individuais, complicações com a reversão inadequada (neostigmina/edrofonio – usados para reverter o bloqueio) – Por isso que os anestesistas tem um controle para saber se realmente o paciente reverteu totalmente do bloqueio neuromuscular. ❖ Pancorônio, rocurônio, cisatracúrio, mivacúrio, vecurônio (os mais utilizados em Centro cirúrgico e UTI é pancurônio, rocurônio, cisatracúrio e atracúrio) ❖ Doença renal → preferência por cisatracúrio/atracúrio, pois não são metabolizados no rim. O uso do pancurônio e roncurônio, nesses casos, pode ficar circulando mais tempo por causa da doença renal, ou ter um paciente que não reverteu totalmente do bloqueador neuromuscular, podendo eventualmente parar de respirar. ❖ Para operar barriga, em geral, utiliza-se o bloqueador neuromuscular porque a barriga fica mais relaxada. ❖ Num paciente com abdome em tábua, a própria anestesia faz o sinal diminuir/desaparecer, porém muitas vezes se usa o bloqueador neuromuscular para melhor relaxamento do abdome. Anestesia regional Anestésicos locais Em geral, os anestésicos locais não trabalham bem em meio ácido. Exemplo - em local inflamado essa anestesia não pega. No entanto, funcionam bem em cortes recentes livres de infecção. Ficar atento nas doses máximas que podem ser utilizadas e na forma de aplicá-lo. Ao ser injetado na veia pode causar toxicidade; para ser evitado, ao aplicar o medicamento, um pouco antes, deve-se aspirar a agulha; se caso houver sangue sabe-se que pegou em algum vaso; então vai retirar a agulha e injetar em uma região um pouco mais próxima. ❖ Amino ésteres (lidocaína, bupivacaína), amino amidas (tetracaínas, benzocainas); ❖ Bloqueios dose-dependente dos fluxos de sódio nas fibras nervosas; ❖ Toxicidade – dormência ou formigamento de língua e lábios, gosto metálico, cabeça leve, zumbido → fala empastada, desorientação e crises convulsivas → PCR; ❖ Profilaxia – aspiração, adição de epinefrina (diminui absorção); ❖ Tratamento: oxigenoterapia, suporte ventilatório, benzodiazepínico se crise convulsiva. Existem anestésicos locais que já vem misturados com a epinefrina, chamado anestésico com vasoconstritor; e tem os anestésicos sem vasoconstritor. Tem a lidocaína com vaso e sem vaso (vasoconstritor). O que acontece muitas vezes com a lidocaína que tem vasoconstritor é que se atingir um vaso sanguíneo, no geral, a toxicidade pode ser menor porque se diminui a absorção. Observou-se também que a lidocaína com o vasoconstritor tem um tempo de efeito maior. Imagem abaixo: Doses recomendadas: Se a anestesia tiver adrenalina associada, pode-se usar doses um pouco maiores; se não tiver → doses um pouco menores. 7 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos Imagem acima: é só pra ter ideia do tempo de duração. Está relacionado com a bioquímica de cada material. Os mais utilizados para esse tipo de anestesia é a Lidocaína, Bupivacaína e Ropivacaína. A Lidocaína tem um efeito que começa mais rápido, porém ela dura menos tempo que a Bupivacaína e a Ropivacaína. Então, com 30-60 min já se deve avisar ao paciente que o dedo dele que foi suturado vai começar a latejar por conta do efeito da anestesia que passou. Já a Bupivacaína e Ropivacaína demoram um pouco mais para começar a fazer efeito, mas duram mais tempo para passar seu efeito. No pronto-socorro, quando você precisa ser mais ágil, a melhor opção é a lidocaína. Há situações em cirurgias abdominais em que os anestesistas pedem para injetar bupivacaína porque no pós-operatório o paciente terá horas a mais de analgesia no local da incisão. Anestesia espinal, subaracnóidea ou raquianestesia ❖ Injeção única, duração limitada (punciona o espaço subaracnóideo, injeta a medicação no local, espera um pouco e deita o paciente para cirurgia) ❖ Fatores determinantes: níveis de bloqueio, velocidade de início e duração; ❖ Agentes anestésico local; ❖ Volume e dose do anestésico local (às vezes, quando se injeta muito anestésico pode haver dispersão do líquido e subir para cabeça podendo causar também comprometimento cardiorrespiratório, e isso não é legal, já que esse tipo de anestesia tem a intenção de bloquear a nível do local da vértebra para baixo); ❖ Posição do paciente e baricidade do anestésico local (a posição do paciente é importante também, porque se deitar o paciente de imediato pode haver dispersão da solução injetada); ❖ Anestésicos locais puros → isobáricos (ou seja, mais ou menos a mesma pressão que tem no líquido cefalorraquidiano). ➢ Misturados com dextrose → 5 % → hiperbáricos (se deposita no líquido; então a medicação desce). ❖ Uso de vasoconstrictores → aumenta duração; ❖ Adição de opioides → aumenta duração e tolerância a dor; ❖ Fatores anatômicos e fisiológicos (ou seja, um paciente que é obeso, que já teve manipulação de coluna são casos que pode haver dificuldade na hora de fazer esse tipo de anestesia). A vantagem para esse tipo de anestesia é que, no geral, não precisa mexer na via aérea do paciente (intubar). Exemplos de cirurgias: hérnia, apêndice. COMPLICAÇÕES (RAQUI E PERIDURAL) ❖ Hipotensão (às vezes refratária), bradicardia; ❖ Cefaleia pós-punção (sexo feminino, jovem, agulha calibrosa); ❖ Neuropatia radicular transitória, dor lombar; ❖ Retenção urinária (por conta do bloqueio simpático e parassimpático que se faz na região); ❖ Infecção; ❖ Hematoma epidural (acontece quando era para fazer uma raquianestesia e faz uma peridural sem querer); ❖ Excessiva dispersão cefálica → comprometimento cardiorrespiratório (muito difícil de reverter). CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS ❖ Sepse, bacteremia, infecção local de punção; ❖ Hipovolemia grave; ❖ Coagulopatia, anticoagulação terapêutica; ❖ Aumento da pressão intracraniana; ❖ Recusa do paciente. 8 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia - Anestésicos Epidural Acontece entre a coluna e a dura-máter. ❖ Cateter epidural → anestésico de forma controlada,doses posteriores (analgesia pós- operatório); ❖ Menor incidência de íleo paralítico e deambulação precoce → cirurgias TGI. ❖ Operações vasculares periféricas, TGI e ortopédicas. Íleo paralítico acontece quando faz intubação e o uso de anestésico inalatório e venoso; neste caso, o intestino não funciona como deveria; por isso que se pede para o paciente caminhar precocemente. COMPLICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES SEMELHANTES ❖ Abcesso epidural; ➢ Dor lombar → RMN; ❖ Hematoma epidural dorsal; ➢ Dor lombar, alteração sensitiva ou motora de MMII, anormalidades urinárias ou intestinais. ❖ HPBM (clexane) → aumento da incidência de hematomas; ❖ Não colocar ou tirar antes de 12h após uso de HPBM; ❖ Não iniciar HBPM antes de 6 h após colocação de cateter; ❖ Não reiniciar HBPM antes de 2h após remoção do cateter. Imagem: mostra onde cada anestesia acontece: • Epidural → Entre a coluna e a dura-máter; • Raquianestesia → Espaço aracnoide. Bloqueios de nervo periférico É bastante utilizado em serviços de trauma, principalmente em dedo. Para ser feito é preciso saber onde passa o nervo para colocar o anestésico no local correto. ❖ Menor estresse fisiológico; ❖ Evita manipulação de via aérea e anestesia geral (caso pegue um vaso sanguíneo sem querer e o paciente começa a rebaixar a consciência, será preciso intubá-lo) ❖ Paciente colaborativo | anestesista experiente | cirurgião acostumado; ❖ Risco de anestesia geral - pré operatório completo. COMPLICAÇÕES ❖ Toxicidade dos anestésicos, lesão nervosa, injeção intravascular. Sedação consciente Existe o conceito de sedação consciente em que os neurocirurgiões operam o paciente tocando violão; normalmente eles precisam disso para ver se estão afetando alguma região de fala, ou outra região nobre do cérebro do paciente. Nesse caso, a cirurgia necessita de um anestesista extremamente experiente, que saiba o que está fazendo, e isso se consegue com alguns bloqueios (não citou quais). Cuidados pós anestésicos • CRPA: ❖ Monitorização, reavaliação (30-60 min), alta/enfermaria; ❖ Paciente que vai para UTI normalmente sai da sala de cirurgia direto para UTI, não vai para CRPA. Hospitais públicos - CRPA é feito em sala - geralmente não há vaga em UTI; anestesista fica de intensivista e cirurgião dando suporte. • Complicações: Agitação e delírio; Complicações respiratórias (caso o anestesista não tenha avaliado corretamente o bloqueio neuromuscular do paciente e fica um resquício da substância circulando no organismo → PCR); Náuseas e vômitos; Hipotermia (no CRPA a temperatura da sala é um pouco mais quente por isso). Complicações circulatórias: Ex – AVC no IP. Anestesista x cirurgião Boa comunicação: programação cirúrgica, exames pré.op, início da incisão, intercorrências intraop (sangramento, hipotensão, reatividade), pós op. Alta do CRPA, cateter peridural, complicação de cateter → responsabilidades do anestesista, embora o cirurgião esteja ali para dar suporte.
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