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Negociação de Compras: Contratos e Licitações Carlos Eduardo Munhoz Adaptada/Revisada por Aldo S. Santos APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Negociação de Com- pras: Contratos e Licitações, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao apren- dizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 CONCEITOS INICIAIS ........................................................................................................................... 7 1.1 Objetivos de Compras ...................................................................................................................................................7 1.2 Atuação de Suprimentos nos Diversos Segmentos Empresariais ................................................................8 1.3 Organização de Compras ..........................................................................................................................................10 1.4 Equipe de Compras......................................................................................................................................................11 1.5 Qualificação de Compradores .................................................................................................................................14 1.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................15 1.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................15 2 ATIVIDADES DE COMPRAS E CICLO DE SUPRIMENTOS .......................................... 17 2.1 Atividades de Compras ..............................................................................................................................................17 2.2 Ciclo de Suprimentos ..................................................................................................................................................19 2.3 Operações no Sistema de Compras.......................................................................................................................22 2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................23 2.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................23 3 DESENVOLVIMENTO, AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE FORNECEDORES .............. 25 3.1 Classificação de Fornecedores .................................................................................................................................25 3.2 Desenvolvimento, Seleção e Avaliação de Fornecedores .............................................................................27 3.3 Relacionamento com Fornecedores .....................................................................................................................29 3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................31 4 NEGOCIAÇÃO ......................................................................................................................................... 33 4.1 A Cadeia de Decisão em Compras .........................................................................................................................34 4.2 Definições de Fornecedores e Compras pela Área Requisitante ...............................................................36 4.3 Expertise para Negociar – Habilidades e Técnicas ..........................................................................................37 4.4 Fases da Negociação ...................................................................................................................................................38 4.5 Tipos de Negociação ...................................................................................................................................................41 4.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................42 4.7 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................43 5 PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO ..................................................................................................... 49 5.1 Fases e Processos de Negociação ...........................................................................................................................52 5.2 Técnicas de Negociação .............................................................................................................................................52 5.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................56 5.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................56 6 ESTRATÉGIAS E TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO ...................................................................... 57 6.1 Táticas em Negociação ...............................................................................................................................................58 6.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................60 6.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................61 7 LICITAÇÕES .............................................................................................................................................. 63 7.1 Princípios .........................................................................................................................................................................63 7.2 Edital ..................................................................................................................................................................................64 7.3 Modalidade .....................................................................................................................................................................647.4 Diferença das Modalidades ......................................................................................................................................66 7.5 Tipos de Licitação .........................................................................................................................................................66 7.6 Cuidados dos Fornecedores .....................................................................................................................................67 7.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................67 7.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................68 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 69 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 73 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Neste módulo, vamos abordar uma área que é parte integrante da Logística e da Cadeia de Abaste- cimento, que é a área de Suprimentos, também conhecida como Compras. Comprar é uma necessidade que todas as empresas têm, em razão de terem que realizar um produto ou serviço, ou comercializar um produto que, lá na frente, venha a gerar riqueza para a empresa. Todos nós somos grandes compradores, ou deveríamos ser. Compramos a todo o momento, sejam produtos para consumo próprio ou para a nossa família, sejam ideias, soluções e serviços. Muitos acham que comprar é algo simples. Diríamos que sim, mas não quando se trata de compras corporativas ou de negociação. Negociar é uma arte, mas que pode ser estudada e logo aprendida. No primeiro capítulo, abordaremos a função de compra, como deve ser a organização de compras e o perfil da cada um dos membros desse departamento. No segundo capítulo, exploraremos as atividades que envolvem o Departamento de Suprimentos, além dos procedimentos de compras, como comprar na qualidade correta e segurança da qualidade para as compras. No terceiro capítulo, estudaremos as fontes de fornecimento e um dos pontos mais importantes no processo de suprimentos, que envolve o desenvolvimento, a avaliação e a seleção de fornecedores. No quarto, quinto e sexto capítulos, vamos abordar a negociação, quando estudaremos a cadeia de decisão em compras, definição dos fornecedores, expertise para negociar e perfil em função de téc- nicas e habilidades. Ainda, vamos abordar e analisar como você é como negociador(a), as fases de uma negociação e os tipos de negociação que podemos executar. Finalmente, vamos abordar as estratégias e táticas de negociação. No sétimo e último capítulo, vamos abordar os pontos mais importantes que envolvem o processo de licitações. Desejamos a você um bom estudo e um ótimo aprendizado. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 CONCEITOS INICIAIS1 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo inicial, vamos abordar qual é o conceito que envolve a área de Suprimentos ou Compras da empresa, bem como a importância de comprar bem. Também vamos conhecer um pouco as relações que esse departamento tem com outras áreas da empresa e a atuação nos di- versos segmentos empresariais. Vamos, também, abordar a estrutura e os profissionais envolvidos nesse processo. Todas as empresas, de qualquer segmento, seja uma indústria, um comércio ou uma presta- dora de serviços e, ainda, seja uma empresa de pequeno, médio ou grande porte, necessitam, em algum momento, de alguém que faça as com- pras para suprir as necessidades da empresa. A questão que envolve a estrutura e as es- tratégias em relação aos suprimentos de uma empresa vai muito do segmento em que ela está inserida, da complexidade dos materiais envolvi- dos, do processo que envolve a dependência ou não de fornecedores e, um dos pontos mais im- portantes, do objetivo que envolve fazer a melhor negociação ou compra para a empresa. Todos esses conceitos fazem parte de diver- sos processos que envolvem essa área, em que a estratégia pode até mudar de uma empresa para outra, mas os objetivos acabam sendo os mes- mos. A função de compra é um segmento essen- cial do Departamento de Materiais, Suprimentos ou Logística, que tem por finalidade suprir as ne- cessidades de materiais ou serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo, com as quantidades corretas, verificar se foi recebido efetivamente o que foi comprado e acompanhar o armazenamento (disposição). Compra é, portanto, uma operação da área de Logística, mas essencial entre as que compõem o processo de suprimento. Qualquer atividade industrial necessita de matérias-primas, componentes, equipamentos e serviços para que possa operar. No ciclo de um processo de fabricação, antes de se dar início à 1.1 Objetivos de Compras primeira operação, os materiais e insumos gerais devem estar disponíveis, mantendo, com certo grau de certeza, a continuidade de seu abasteci- mento, a fim de atender às necessidades ao longo do período. Logo, a quantidade dos materiais e a sua qualidade devem ser compatíveis com o pro- cesso produtivo. Em todo sistema empresarial, para manter um volume de vendas e um perfil competitivo no mercado e, consequentemente, gerar lucros satisfatórios, a minimização de custos deve ser perseguida e alcançada, principalmente quando se refere aos materiais utilizados, já que estes re- presentam uma parcela por demais considerável na estrutura de custo total. Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Um dos parâmetros importantes para o bom funcionamento da área de Compras e, con- sequentemente, para o alcance de todos os ob- jetivos é a previsão das necessidades de supri- mento. Nunca é demais insistir na informação das quantidades, qualidades e prazos que são neces- sários para as empresas operarem. São essas in- formações que fornecem os meios eficientes para o comprador executar seu trabalho, devendo as áreas envolvidas no processo dispor do tempo AtençãoAtenção Podemos concluir, então, que os objetivos bási- cos de uma Seção de Compras são: • obter um fluxo contínuo de suprimentos, a fim de atender aos programas de produção; • coordenar esse fluxo, de maneira que seja apli- cado um mínimo de investimento que afete a operacionalidade da empresa; • comprar materiais e insumos aos menores pre- ços, obedecendo a padrões de quantidade e qualidade definidos; • procurar sempre, dentro de uma negociação justa e honrada, as melhores condições para a empresa, principalmente em condições de pagamento. necessário para negociar, fabricar e entregar os produtos solicitados. A necessidade de se comprar cada vez me- lhor é enfatizada por todos os empresários atuais, juntamente às necessidades de estocar em níveis adequados e de racionalizar o processo produti- vo. Comprar bem é um dos meios que a empre- sa deve usar para reduzir custos. Existem certos mandamentos que definem como comprar bem e que incluem a verificação dos prazos, preços, qualidade e volume. Mas se manter bem relacio- nado com o mercado fornecedor, antevendo, na medida do possível, eventuais problemas que possam prejudicar a empresa no cumprimento de suas metas de produção, é talvez o mais im- portante nesta época de escassez. A seleção de Fornecedores é considerada, igualmente, ponto-chave do processo de com- pras. A potencialidade do Fornecedor deve ser verificada, assim como suas instalações e seus produtos, e isto é importante: o seu balanço deve ser cuidadosamente analisado. Com um cadastro atualizado completo de Fornecedores e com co- tações de preços feitas semestralmente, muitos problemas serão evitados. Como descrito anteriormente, as atividades que envolvem o processo de suprimentosva- riam muito em função do segmento e porte em que a empresa está inserida. Cada uma tem um objetivo de interesse, Fornecedores diferentes e outras situações que são características de cada segmento. De uma forma bem resumida, o prin- cipal papel de suprimentos, em cada um desses segmentos, é: Na Indústria Quando falamos em indústria, envolve a transformação e fabricação de qualquer tipo de 1.2 Atuação de Suprimentos nos Diversos Segmentos Empresariais produto: alimentos, bebidas, vestuário, eletroele- trônicos, automotiva etc. A área de Suprimentos atua muito em con- junto com a área de Planejamento e Programa- ção, em que 80% dos volumes de compras são programados. Os outros 20% são de materiais diversos, não produtivos, programados de última hora e de diversos setores (Manutenção, Qualida- de, Engenharia etc.). No Distribuidor O Distribuidor tem uma composição dife- rente da área Industrial, pois tem como principal Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 compra os produtos que serão comercializados pela própria empresa, podendo ser um produto final, uma matéria-prima etc. É importante que seja avaliado que um Dis- tribuidor, no máximo, manipula os produtos, para que estes sejam transformados em kit. Sendo as- sim, os Fabricantes negociam seus valores com o Distribuidor, mas podem também agregar produ- tos e vender por consignação. No Operador Logístico O Operador Logístico não compra produto, mas administra serviços. O ganho do Operador está na máxima movimentação e armazenagem dos produtos. Portanto, a área de Compras não atua diretamente com produtos, sendo uma área apenas para comprar suprimentos para a manu- tenção do negócio. O seu relacionamento dá-se muito com as Gerências, pois, por a empresa não fabricar, é necessário saber o que se pretende comprar. No Comércio em Geral As compras, geralmente, são monitoradas pelo próprio dono do estabelecimento, mas as operacionalizações dos processos de compras podem variar conforme: �� tipo de estabelecimento; �� tamanho do negócio; �� material comercializado; �� estrutura física; �� capital financeiro. Podemos considerar, entre as características anteriores e como exemplo dentro do Comércio, a diferença entre uma grande rede de supermer- cados fazer os seus processos de suprimentos e aquele mercadinho do bairro. A estrutura, o volu- me de processos e controles, e o próprio volume de negociação são alguns dos fatores que dife- renciam um mesmo segmento, mas com caracte- rísticas construtivas diferentes. Em Serviços A necessidade de compra também varia muito em função do tipo de serviço, do material empregado no serviço e do contrato feito com o cliente. �� Restaurante de empresa; �� Reparo de eletrodomésticos; �� Reparo em veículos; �� Call center; �� Cabeleireiro. Assim como no Comércio, a questão estru- tural também se aplica a Serviços, mas a questão que envolve a necessidade de uma compra física é muito adicionada da habilidade que envolve o contrato de prestação de serviço, em que o exe- cutante só adquire a sua necessidade no último instante do processo, após a concretização do serviço a ser prestado. Saiba maisSaiba mais Os Operadores Logísticos, também conhecidos como Prestadores de Serviços Logísticos (PSLs), são empre- sas do ramo de atuação da Logística, que, geralmente, terceirizam serviços de armazenagem, transportes, controle de estoques e todas as atividades específicas do processo logístico. Essas empresas não fabricam nenhum tipo de produ- to, apenas fazem a movimentação dele entre o fabri- cante e os outros segmentos do canal. Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 As três maiores responsabilidades comuns de qualquer empresa são, geralmente, a área Fi- nanceira, a de Produção ou Operações e a de Ven- das. 1.3 Organização de Compras Todos os departamentos funcionais dentro de uma empresa geram informações para o sis- tema de compras ou requerem informações por causa dele. Vejamos os mais importantes: Figura 1 – Relação da área de Compras com os diversos departamentos. Administração Financeira Na área Financeira, um dos principais papéis junto à área de Suprimentos é a apuração dos re- cursos necessários para a aquisição de todas as necessidades da empresa. Praticamente 60% do que a empresa fatura é destinado ao processo de aquisição. Além do mais, essa área orienta sobre as condições em que a empresa encontra-se e se será necessário adiar ou cortar processos em su- primentos. Além da área específica de Finanças, temos também a “Contabilidade”, que tem um papel mais operacional, envolve, principalmente, o controle de notas e duplicatas, e apura os cus- tos de aquisição. Dentro do conceito de apuração, podemos ter a área de “Custos”, que contabiliza e controla os valores de compras e contratações de serviços, para gerar os índices de gastos em suprimentos. Administração Comercial Na área Comercial, temos dois departamen- tos que atuam em conjunto, mas podem, even- tualmente, ter necessidades distintas. No caso da área de “Vendas”, a apuração da demanda futura é essencial para o planejamento de compras fu- turas, junto à avaliação de saldos em estoques e Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 produtos em processos. Geralmente, essas ativi- dades são suportadas pela área de Planejamento da empresa. Já o “Marketing” sinaliza sobre proje- tos futuros, como novos produtos, novos merca- dos, promoções e grandes negociações, proces- sos esses que podem sobrecarregar o processo de aquisição em algum momento. Administração Operacional e Produtiva Neste caso, temos diversos departamentos envolvidos, desde Planejamento, Produção, Qua- lidade e Engenharia. Todos eles têm um nível de participação a considerar e a área de Suprimen- tos tem que dar esse suporte, da melhor manei- ra possível. Vamos observar, de forma resumida, qual é a necessidade de cada uma dessas áreas: �� Planejamento e Produção: o Plane- jamento e Controle da Produção (PCP) pode estar dentro da área de Compras, bem como na área de Produção. Este departamento é um dos principais, pois é quem faz o planejamento de necessi- dades materiais; �� Manutenção: auxilia tanto na compra de equipamentos quanto na de insu- mos necessários para manter a empre- sa em funcionamento; �� Engenharia: envolve o desenvolvimen- to de projetos, novos materiais e novos Fornecedores. É necessário um grande alinhamento, para que as compras se- jam as mais corretas possíveis; �� Qualidade: atua muito junto ao de- senvolvimento, seleção e avaliação de fornecedores. Atua, também, junto ao recebimento, rejeição e aprovação de materiais. Uma descrição de cargos adequada e bas- tante generalizada para todos os envolvidos na função de compra poderia ser: �� Diretor de Suprimentos: com cer- teza, é a maior função hierárquica no processo de suprimentos, geralmente associada a grandes corporações mul- tinacionais. Seu papel é extremamente estratégico e decisório, operacionali- zando pouco o processo técnico, mas com domínio profundo dele. Esse resul- tado visa, muitas vezes, a uma redução em relação aos custos, prazos e desen- volvimento dos grandes fornecedores; �� Gerente de Suprimentos, Materiais e Compras: esta função pode variar em termos de estratégia, em função do tipo de produto, de processo ou de estraté- gia envolvida. Geralmente, a função 1.4 Equipe de Compras para um Gerente de Suprimentos en- volve todo o processo, independente- mente do tipo de produto ou processo, sendo o mais variado possível. O Geren- te de Compras pode ter conatação mais técnica, observando um tipo de produ- to ou processo específico. O Gerente de Materiais, geralmente, tem por fun- ção, além da área de Compras, geren- ciar outras áreas, como Almoxarifados e áreas de Planejamento de Produção. Em suma, as três funções podem variar bastantede empresa para empresa; �� Chefe, Supervisor ou Coordenador de Compras: operacionaliza as ativida- des do setor de forma tática, gerando os resultados do setor; estuda e analisa as solicitações de compra de matérias- -primas, máquinas e equipamentos em geral; inteira-se das necessidades e Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 detalhes técnicos exigidos pelos requi- sitantes; coordena a pesquisa de forne- cedores e a coleta de preços; organiza concorrências e estuda os seus resulta- dos, optando pelo que melhores condi- ções oferecer; mantém contato com for- necedores; solicita testes de qualidade das matérias-primas adquiridas; asses- sora as várias seções com informações e soluções técnicas; controla prazos de entrega; elabora previsões periódicas de compras; examina o cadastro geral dos fornecedores; mantém contatos com setores de produção; e elabora re- latórios e estatísticas de controle geral; �� Engenheiro de Compras: tem uma função extremamente técnica e pode, muitas vezes, atuar mais na parte me- tódica do processo, como desenvolvi- mento de fornecedores, visitas técnicas, aprovação de materiais, testes e apro- vação de fornecedores. Sendo assim, a questão que envolve os processos de negociação, como valores, prazos e ou- tras condições, não é atribuída a ele; �� Comprador Internacional: como o próprio nome diz, atua com Importa- ção de materiais, sendo obrigatório o conhecimento em Idiomas, Despacho Aduaneiro, impostos e Comex. O co- nhecimento técnico é enorme e, tam- bém, deve ter domínio em legislações de outros países, para que possa traçar a estratégia de suprimentos na qual a empresa espera obter uma melhor van- tagem do que a do mercado interno; �� Comprador de materiais diversos ou suprimentos: atua em compras gerais da empresa, desde peças, material de fabricação, material de consumo da em- presa; efetua e acompanha pequenas compras de materiais, sob a supervisão da chefia da seção; classifica e analisa requisições de compras remetidas por outros setores; pesquisa o cadastro de fornecedores e efetua a coleta de pre- ços; estuda preços e qualidades, optan- do pelo que obter melhores condições; efetua as compras e controla a entrega dos materiais; mantém o arquivo de ca- tálogos e fornecedores; �� Comprador Técnico: atua na compra de equipamentos ou materiais relacio- nados ao segmento específico da em- presa; deve conhecer o funcionamen- to, para saber efetuar a compra; efetua compras de materiais especiais de pro- dução, mediante a supervisão e orien- tação da chefia; classifica e analisa as solicitações de compra; estuda e analisa as necessidades técnicas; pesquisa o ca- dastro de fornecedores; prepara concor- rência; analisa informações recebidas e informa à chefia as melhores condições; mantém e atualiza o cadastro geral de fornecedores; assessora as várias seções com informações técnicas; acompanha e controla a entrega dos materiais. �� Comprador de Matéria-Prima: deve conhecer de forma construtiva os ma- teriais (plástico, metal, ferro, aço, alu- mínio, madeira...); efetua compras de matérias-primas utilizadas em uma ou várias unidades fabris, sob supervisão da chefia de seção; classifica e analisa solicitações de compra remetidas por outros setores; pesquisa o cadastro de fornecedores; consulta, em publicações específicas, as cotações dos produtos; organiza pequenas concorrências; ana- lisa as informações e opina sobre as me- lhores ofertas; providencia as compras e acompanha as suas entregas; DicionárioDicionário Comex: também conhecido como Comércio Exte- rior, pode se identificar, em termos de comercia- lização ou tráfego de mercadorias, com o termo Commodity Exchange (troca, no sentido comercial). Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 �� Auxiliar de Compras – Follow Up: acompanha o pedido, desde a emis- são até a chegada à empresa; controla o recebimento de solicitações de com- pras e efetua a conferência dos valores anotados; pesquisa o arquivo de pu- blicações técnicas; elabora relações de fornecedores para cada material; emite pedidos de compra; controla o arquivo de catálogos e documentos referentes às compras efetuadas; acompanha, do- cumenta e fiscaliza as encomendas rea- lizadas, em observância aos respectivos prazos de entrega; informa ao compra- dor o resultado do acompanhamento; DicionárioDicionário Follow up: o termo significa acompanhar; por isso, é atribuído a uma função de compras, pois o papel é fazer o acompanhamento junto ao fornecedor, mas muitos o confundem com o termo ‘feedback’, que significa retorno da informação e também faz parte das atribuições desta função. efetua cancelamentos, modificações e pequenas compras, conforme a deter- minação da chefia. A Figura 2 mostra um organograma de uma seção de Compras: Figura 2 – Organograma básico da área de Suprimentos. Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Mesmo para aqueles mais novos na ativida- de de compras, já devem ter-se tornado eviden- tes a importância dessa função e o quanto ela é interessante. Aos mais antigos no exercício do cargo, deve ter ocorrido a diferença entre a fun- ção de comprador atual e o primitivo “Colocador de Pedido”, que antes somente fazia a entrega de formulários preenchidos e assinados, para cuja decisão ou formalização em nada tinha contribuí- do e influído. Antigamente, os homens de compras ini- ciavam-se como Almoxarifes, aos quais eram delegadas a responsabilidade de compra de “al- gumas coisas” de uso geral na fábrica e a acomo- dação das providências finais do recebimento e armazenagem de mercadorias. Algumas vezes, nem sabiam que mercadorias eram ou para que se destinavam. Possivelmente, era um Gerente de Fábrica que encomendava diretamente, sem concorrên- cia, sem pedido, sem solicitação, sem nada, e o comprador era o último a saber, ou seja, ficava sabendo somente na hora da chegada da merca- doria. Atualmente, o comprador é um elemento experiente e a função é tida e reconhecida como uma das mais importantes em uma empresa. O padrão atual exige que o comprador tenha óti- mas qualificações e esteja preparado para usá-las em todas as ocasiões. Para conduzir eficazmente suas compras, deve demonstrar conhecimentos amplos das características dos produtos, dos pro- cessos e das fases de fabricação dos itens com- prados, bem como deve estar preparado para discutir em igual nível de conhecimento com os fornecedores. Outra característica do bom comprador é estar perfeitamente identificado com a política e os padrões de ética definidos pela empresa, como, por exemplo, a manutenção do sigilo nas negociações que envolvem mais de um fornece- dor ou, até mesmo, quando um só está envolvido. 1.5 Qualificação de Compradores As concorrências, as discussões de preços e a finalização da compra devem ser orientadas pelos mais elevados níveis. O objetivo é obter dos fornecedores negócios honestos e compensado- res, sem que pairem dúvidas quanto à dignidade daqueles que os conduziram. No caso de a empresa vir a tomar decisões que possam afetar as operações ou influir expres- sivamente nas relações comerciais com o forne- cedor, é de boa ética e do interesse de Compras da empresa que os envolvidos sejam comunica- dos rapidamente. É uma atitude reforça a política da manutenção de boas relações e permite um planejamento de operações, com vistas às ativi- dades futuras, sem perdas e estremecimentos de relações. Outro padrão a ser seguido é o de não res- tringir a liberdade do fornecedor, que deve poder discutir em qualquer nível da empresa, para obter esclarecimentos sobre qualquer aspecto das suas relações, que lhe causou dúvidas ou surpresas. Compradores com boa qualificação profis- sional fornecem às empresas condições de fazer bons negócios; daí vem a maior responsabilida- de, constituindo o comprador uma força vital, que faz parteda própria vida da empresa, pois o objetivo é comprar bem e eficientemente e, com isso, atender aos objetivos de lucro, uma vez que o departamento de Compras é, em igualdade de condições com outras áreas, um centro de lucro. Será mais ainda um centro de lucro quando os fornecedores forem encorajados a enfrentar no- vas ideias e novos projetos, dispondo-se a apro- veitar a oportunidade de fazer novos negócios. AtençãoAtenção O comprador ideal deve saber ouvir atentamen- te os argumentos apresentados pelo vendedor, para depois agir sensatamente. Outra caracterís- tica do bom comprador é estar perfeitamente identificado com a política e os padrões de ética definidos pela empresa, como, por exemplo, a manutenção do sigilo nas negociações. Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), Vimos, neste capítulo, a importância que envolve ter uma área de Suprimentos dentro da organiza- ção, seja qual for o porte ou segmento de atuação dela, e o quanto é importante realizar essa atividade, do ponto de vista estratégico da empresa. Vimos, também, que a função principal é abastecer a empresa com materiais e insumos, para que ela possa realizar suas atividades produtivas ou de realização de um serviço, de modo a atender ao seu cliente final. Observamos que a funcionalidade dessa área pode mudar conforme o tipo de segmento empresa- rial, cada uma com sua importância peculiar, ou seja, a indústria tem uma necessidade, o comércio tem outra, serviços também e assim por diante. Também foi possível observar que, dentro da organização, a área de Suprimentos acaba se relacio- nando com as diversas áreas da empresa e as atende, em função de suas necessidades específicas. Por fim, vimos os diversos profissionais que integram essa área, cada um com responsabilidades distintas e conhecimento, muitas vezes, específico, o que pode ser, muitas vezes, uma dificuldade exis- tente no mercado, em que um comprador pode ter diversas facetas. Finalizamos com um contexto que aborda a qualificação dos compradores, um ponto importante, pois envolve não só o contexto técnico, mas também o quesito de relacionamento com o fornecedor. 1.6 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo; assim, responda às perguntas a seguir, conforme o seu entendimento. 1. Qual é a preocupação dos empresários em relação ao processo de compras ou suprimento dentro da empresa? O que eles esperam? 2. Qual é a diferença entre o processo de compras em função do segmento de uma empresa e o processo de compras em relação aos departamentos de uma empresa? 3. Qual é a importância em relação ao conhecimento de um profissional de compras? Por que as atividades são diferentes? 1.7 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, vamos abordar conceitos mais técnicos da área de Compras ou Suprimen- tos, que envolvem as suas atividades no coti- diano, e a característica que aborda o “ciclo de suprimentos”, que é os diversos estágios que a empresa utiliza para realizar a compra de um pro- duto ou serviço. Comprar não é simplesmente ter uma ne- cessidade, acionar o fornecedor, fazer a compra e combinar o local e prazo de entrega. Podem até ser os principais objetivos desse processo, mas, para a empresa, o “Suprimento” é algo estratégico e comprar bem significa ter processos que levem a empresa a ter uma boa gestão em seu proces- so futuro de vender ou comercializar, ou seja, se ATIVIDADES DE COMPRAS E CICLO DE SUPRIMENTOS2 eu comprar bem, eu consigo vender bem. Dentro desse contexto, vamos enumerar algumas ativi- dades que envolvem a atividade de um setor de Compras e, mais adiante, como que funciona esse ciclo dentro da organização. AtençãoAtenção Ciclo de Suprimentos Assim como no Ciclo do Pedido, no qual os pro- cessos de aquisição feitos pelo cliente passam por diversos processos internos da empresa, des- de a sua solicitação até a entrega do produto, o mesmo ocorre na área de Suprimentos, em que um ciclo interno também acaba ocorrendo para que todos os processos ou etapas do ciclo se- jam efetivados, desde a necessidade gerada de compra do produto até a sua chegada dentro da empresa. As atividades que envolvem a área de Com- pras podem ser diferentes para um ou outro seg- mento. O objetivo de mostrar, a seguir, algumas dessas atividades é apenas demonstrar quantas ações são necessárias para obter o melhor pro- cesso de suprimentos. Vamos, então, destacar al- gumas dessas atividades. �� Pesquisa: • estudo do mercado; • estudo dos materiais; • análise dos custos; • investigação das fontes de forneci- mento; • inspeção das fábricas dos fornece- dores; 2.1 Atividades de Compras • desenvolvimento de fontes de for- necimento; • desenvolvimento de fontes de ma- teriais alternativos; �� Aquisição: • conferência de requisições; • análise das cotações; • decisão de comprar por meio de contratos ou no mercado aberto; • negociação dos contratos; • efetuação das encomendas de compras; • acompanhamento do recebimento de materiais; Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 �� Administração: • manutenção de estoques mínimos; • transferências de materiais; • evitamento de excessos e obsoles- cência de estoque; • padronização do que for possível; �� Diversos: • estimativa de custo; • disposição de materiais desneces- sários, obsoletos ou excedentes; • cuidado com as relações comerciais recíprocas. Além das atividades típicas dentro da or- ganização de Compras, outras responsabilidades poderão ser partilhadas com outros setores: �� determinação do que fabricar ou com- prar; �� padronização e simplificação; �� especificações e substituições de mate- riais; �� testes comparativos; �� controle de estoques; �� seleção de equipamentos de produção; �� programação de produção dependente da disponibilidade de materiais. É lógico que esses pontos não são comple- tos, pois variam de empresa para empresa, de- vendo adaptar-se ao tipo de organização de cada uma. DicionárioDicionário Obsolescência/obsoleto: termo que está relacio- nado à perda de um material dentro do processo logístico. Exemplos: quanto a um produto perecí- vel, o excesso de estoque pode gerar perdas, em função de ele passar da validade; em outros tipos de estoques, a obsolescência pode ser um pro- duto ou componente que não tem mais saída no mercado, como uma máquina de escrever ou um monitor de tubo de computador. A pesquisa é o elemento básico para a pró- pria operação da seção de Compras. A busca e a investigação estão vinculadas diretamente às atividades básicas de Compras; a determinação e o encontro da qualidade certa, a localização de uma fonte de suprimento, a seleção de um forne- cedor adequado, o estudo para determinar se o produto deve ser fabricado ou comprado, o esta- belecimento de padrões e análises de valores são exemplos de pesquisas. Mais do que nunca, as compras de hoje re- querem procura sistemática e análise dos fatos, a fim de inteirar-se dos novos desenvolvimentos e das técnicas crescentes, bem como da estrutura econômica dos fornecedores com os quais nego- ciamos. A função principal da pesquisa de compras é suprir com informações e orientação analítica os departamentos interessados. O campo da pes- quisa de compras pode ser dividido em áreas dis- tintas, em que se aplicam essas atividades: Estudo dos Materiais Avaliação das necessidades da empresa para períodos que variam de um a dez anos, ten- dência em curto e longo prazo das ofertas e de- mandas, tendência dos preços, melhorias tecno- lógicas, perspectivas para possíveis substitutos, desenvolvimento de padrões e especificações. Análise Econômica Efeito dos ciclos econômicos sobre os ma- teriais comprados em função das necessidades, tendências dos preços gerais, influência das va- riações econômicassobre fornecedores e concor- rentes. Análise de Fornecedores Qualificações de fornecedores ativos e em potencial, estudo das instalações dos fornece- Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 dores, avaliação do seu desempenho, análise da condição financeira. Análise do Custo e do Preço Razões subjacentes às variações dos preços, estudo comparativo de peças semelhantes, aná- AtençãoAtenção Os estudos de materiais em Suprimentos são di- ferentes dos estudos de materiais em Engenha- ria. No caso do processo de desenvolvimento de materiais, são estudadas as suas características fí- sicas e construtivas, e a possibilidade de se ter um material bom e funcional a um custo acessível. lise dos custos e margens de lucro de um forne- cedor, investigações relativas a métodos alterna- tivos de fabricação e especificações de materiais. Análise Administrativa Controle dos formulários, simplificação do trabalho, emprego de processamento eletrônico de dados, preparação de relatórios. Na Figura 3, vemos os tipos de informações internas e externas que influenciam o funciona- mento da seção de Compras: Figura 3 – Informações internas e externas de Compras. Assim como no Ciclo do Pedido, no qual os processos de aquisição feitos pelo cliente passam por diversos processos internos da empresa, des- de a sua solicitação até a entrega do produto, o mesmo ocorre na área de Suprimentos, em que um ciclo interno também acaba ocorrendo para que todos os processos ou etapas do ciclo sejam efetivados. 2.2 Ciclo de Suprimentos O objetivo de mapear o ciclo de suprimen- tos é identificar pontos inconsistentes no proces- so, gerando atrasos, erros de comunicação, pro- cessos parados e erros técnicos de avaliação do pedido. A Figura 4 define o ciclo básico de supri- mentos em uma organização: Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Figura 4 – Ciclo básico de suprimentos. Através da definição do ciclo de suprimen- tos, definem-se também os processos de cada etapa, determinando o seu funcionamento e as suas responsabilidades. Dentro desse contexto, podem se definir, também, os prazos máximos e mínimos de cada processo ou atividade. Solicitação ou Requisição de Compras A Solicitação de Compras é um documento que dá a autorização para o comprador executar uma compra. Seja para materiais produtivos ou improdutivos, ela é solicitada para um programa de produção, para um projeto que se está desen- volvendo ou, ainda, para o abastecimento geral da empresa. É o documento que deve informar o que se deve comprar, a quantidade, o prazo de entrega, local da entrega e, em alguns casos espe- ciais, os prováveis fornecedores. Análise e Aprovação do Superior Dois pontos são importantes nesse pro- cesso: deixar informado o superior sobre a ne- cessidade de aquisição gerada no processo e, também, corresponsabilizar a sua participação no processo, através dessa autorização. Essa res- ponsabilidade ocorre em função de uma situação muito crítica, em que o responsável solicita uma redução na quantidade a ser comprada ou a tro- ca de um fornecedor, que, muitas vezes, não é o adequado, mas tem um preço melhor. Essa visão míope do processo pode prejudicar a operação ou produção lá na frente; por isso, essa autorida- de acaba se responsabilizando por tal insucesso. Fluxo de Envio da Documentação Também acaba sendo um ponto importan- te. Geralmente, esse fluxo faz com que o docu- mento não fique parado em nenhum ponto do processo, atrasando, assim, o suprimento. Nesse AtençãoAtenção A etapa de análise e aprovação do superior está relacionada ao processo de Operações do Siste- ma de Compras – duas ou mais aprovações – e o seu objetivo, além de informar, é corresponsa- bilizar os envolvidos no processo de compras. Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 caso, algumas empresas criam documentações validando, através de datas e assinaturas, o mo- mento em que o documento foi recebido ou entregue ao próximo responsável do processo. Quando não se preenchem esses campos, não há o que contestar sobre prazos, gerando um clima nada amistoso entre as partes envolvidas. É uma forma, também, de não deixar com que o docu- mento fique preso com a autoridade responsável pela aprovação, uma situação muito comum em empresas que têm o dono como aprovador final. Coleta de Preços e Cotação A cotação é o registro do preço obtido da oferta de diversos fornecedores em relação ao material cuja compra foi solicitada. Não deve ter rasuras e deve conter preço, quantidade e data do recebimento na seção de Compras; deve, ain- da, estar sempre ao alcance de qualquer consul- ta e análise da Auditoria, quando for solicitada. É um documento que precisa ser manuseado com atenção; os elementos aí contidos devem forne- cer, não somente ao comprador, mas também a qualquer outro, os informes completos do que se está pretendendo comprar, para que a cota- ção dada corresponda exatamente ao preço do produto requerido e não surjam dúvidas futuras por insuficiência de dados ou das características exigidas. Para melhor análise desses dados, eles podem ser transcritos em um mapa, que é a cópia fiel das cotações recebidas, a fim de que se tenha uma melhor visualização. Existem casos em que a empresa utiliza a própria Solicitação de Compras para o registro da coleta de preços. Ao se fazer uma cotação de preços para de- terminado equipamento ou produto, os fornece- dores em potencial enviam propostas de forneci- mento, em que informam preço, prazo, reajustes e uma série de condições gerais que estabelecem. A empresa, por intermédio do comprador, fixa também diversas condições para o fornecedor. Mapa de Concorrência É uma forma de visualizar rapidamente quais são os fornecedores envolvidos no pro- cesso e quais são os pontos de negociação que os envolvem, como prazo, preço, condições de pagamento e outras informações relevantes ao processo. Geralmente, demonstram-se essas in- formações em um documento de planilha em pá- gina única, para o comparativo dos fornecedores cotados. Esse documento retorna ao responsável pela compra, para conhecimento e aprovação do fornecedor escolhido. Pedido de Compra O Pedido de Compra é um contrato formal entre a empresa e o fornecedor, devendo repre- sentar fielmente todas as condições em que foi feita a negociação. O comprador é responsável pelas condições e características da compra aí estabelecidas, razão pela qual o fornecedor deve estar ciente de todas as cláusulas e pré-requisitos constantes do impresso, dos procedimentos que regem o recebimento das peças ou produtos, dos controles e das exigências de qualidade, para que o pedido possa legalmente ser considerado em vigor. As alterações das condições iniciais tam- bém devem ser objeto de discussões e entendi- mentos, para que não surjam dúvidas e a empresa não seja prejudicada com uma contestação pelos fornecedores envolvidos. Deve-se alertar o fornecedor sobre a pro- priedade dos desenhos e marcas exclusivos da compradora, em relação às implicações legais daí decorrentes. Cuidados especiais devem ser toma- dos na negociação que envolva a encomenda e a compra de uma ferramenta específica, evitando- -se que ela venha a ser fornecida a terceiros. Os Pedidos de Compra devem sempre ser remetidos ao fornecedor por intermédio de um protocolo, para o qual se farão registros e controles. É bastante comum que, no verso do Pedido de Compra, cada empresa registre as suas condi- ções de compra, que são características especiais da estrutura de cada empresa e da sua política de compras. Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 AtençãoAtenção O Pedido de Compra tem força de contrato e a sua aceitação pelo Fornecedor implica o atendi- mento de todas as condições aí estipuladas, tais como: quantidade, frequência de entregas, pra-zos, preços e local de entrega. Ao receber um produto do fornecedor, exis- tem, normalmente, algumas divergências entre aquilo que foi solicitado e o que foi efetivamen- te entregue ou divergências com qualquer ne- gociação combinada anteriormente constante no Pedido de Compra. Para evitar comunicações extensas e periódicas, lança-se mão de uma carta padrão, na qual estão englobadas todas as irregu- laridades que porventura venham a acontecer. Um sistema adequado de Compras tem va- riações em função da estrutura da empresa e da política adotada. A área de Compras, em empre- sas tradicionais, vem a cada ano sofrendo refor- mulações na sua estrutura. Em sua sistemática, são introduzidas alterações, com várias caracte- rísticas básicas, para poder comprar melhor e en- corajar novos e eficientes fornecedores. De tempos em tempos, esse sistema vem sendo aperfeiçoado, acompanhando a evolução e o progresso do mundo dos negócios, mas os elementos básicos permanecem os mesmos. En- tre essas características, podemos destacar: a) sistema de compras a três cotações: tem por finalidade partir de um núme- ro mínimo de cotações, para encorajar novos competidores. A pré-seleção dos concorrentes qualificados evita o dis- pêndio de tempo com um grande nú- mero de fornecedores, dos quais boa parte não teria condição para fazer um bom negócio; b) sistema de preço objetivo: o conhe- cimento prévio do preço justo, além de ajudar nas decisões do comprador, pro- porciona uma verificação dupla no sis- tema de cotações. Pode, ainda, ajudar os fornecedores a serem competitivos, mostrando-lhes que suas bases comer- ciais não são reais e que seus preços estão fora de concorrência. Garante ao 2.3 Operações no Sistema de Compras comprador uma base para as argumen- tações nas discussões de aumentos de preço e nas negociações de distribuição da porcentagem; c) duas ou mais aprovações: no mínimo, duas pessoas estão envolvidas em cada decisão de escolha do fornecedor. Isso estabelece uma defesa dos interesses da empresa, pela garantia de um me- lhor julgamento, protegendo o com- prador ao possibilitar a revisão de uma decisão individual. Não fosse só essa ra- zão, poder-se-ia acrescentar mais uma: o sistema de duas aprovações permite que ambas estejam envolvidas no pro- cessamento da compra, uma vez que a sua decisão está sujeita a um assessora- mento ou supervisão; d) documentação escrita: a presença de muito papel pode parecer desneces- sária, porém fica evidente que a do- cumentação escrita anexa ao pedido, além de possibilitar, no ato da segun- da assinatura, o exame de cada fase de negociação, permite a revisão e estará sempre disponível junto ao processo de compra para esclarecer qualquer dúvi- da posterior; e) centralização e descentralização: normalmente, as grandes empresas en- volvem várias fábricas; quase sempre, enquadram-se nesses casos as multi- Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 nacionais. O volume de operações de compras, dependendo do empreen- dimento, pode alcançar quantidades apreciáveis; nesses casos, é necessário saber se todas as compras da organiza- ção devem ser feitas em um ponto cen- tralizado ou se estabelecerem em se- ções de Compras separadas para cada fábrica ou divisão operacional. Ambos os métodos poderão ser empregados. As razões para se estabelecer a descen- tralização das compras podem ser as- sim resumidas: • distância geográfica; • tempo necessário para a aquisição de materiais; • facilidade de diálogo; A centralização completa das compras reúne certas vantagens, conforme po- demos verificar: • oportunidade de negociar maiores quantidades de materiais; • homogeneidade da qualidade dos materiais adquiridos; • controle de materiais e estoques. A organização de Compras por divisão de grupos é funcional quando as seções são de tamanho moderado e quando tais atribuições são entregues a com- pradores individuais. Os itens de cada grupo são especificados de acordo com a origem, necessidade e valor do mate- rial. Caro(a) aluno(a), Este capítulo abordou os pontos mais técnicos que envolvem a área de Suprimentos. Um deles resume-se nas atividades que a área executa e outro ponto envolve o ciclo de suprimentos. Assim como há diferença de atuação da área de Suprimentos em função do tipo de segmento or- ganizacional, também pode ter uma variação ou diversidade de atividades e tarefas diferenciadas, tendo a empresa que definir o que é importante e impactante em seu processo. Podemos ter tarefas rotineiras e operacionais, de desenvolvimento e pesquisa, de avaliação e certificação, tudo voltado à área de Supri- mentos. Já em relação ao ciclo de suprimentos, observamos o fluxo de atividades que determina como o material ou serviço chegará à empresa, desde a sua necessidade gerada, aprovação, cotação, mapa, contato com o fornecedor, fechamento, acompanhamento e entrega. A definição do fluxo e o seu acom- panhamento facilitam à empresa identificar os pontos críticos do processo e melhorar a sua performance a cada dia. 2.4 Resumo do Capítulo 2.5 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo; assim, responda às perguntas a seguir, conforme o seu entendimento. 1. Qual é a importância da definição do ciclo de suprimentos? 2. Em que podem ajudar os conceitos de Operações do Sistema de Compras? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, vamos debater sobre um dos pontos mais importantes da área de Compras, pois envolve os fornecedores. Nesse caso, o pon- to importante vai desde o seu desenvolvimento, através de conceitos técnicos e administrativos, a importância em avaliá-los e, durante o processo de desenvolvimento, a seleção dos melhores. Para qualquer tipo de empresa, é impor- tante que se tenha um banco de fornecedores cadastrados. Esse processo é necessário para que se possam facilitar as atividades diárias da área de DESENVOLVIMENTO, AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE FORNECEDORES3 Suprimentos, na busca mais rápida da informa- ção, na seleção de boas condições de negociação e outros fatores diversos. Atualmente, a maioria das empresas já tem os seus fornecedores credenciados, mas esse foi um processo longo e árduo, fortalecido após a inserção dos sistemas informatizados nas empre- sas. Para maturar este capítulo, é necessário co- nhecer alguns pontos importantes que o envol- vem, para assim saber melhor como fazer para desenvolver, avaliar e selecionar fornecedores. Podemos classificar como fornecedor toda empresa interessada em suprir as necessidades de outra empresa, em termos de: �� matéria-prima; �� serviços; �� mão de obra. A eficiência de um Departamento de Com- pras está diretamente ligada ao grau de atendi- mento e ao relacionamento entre o comprador e o fornecedor, que devem ser os mais adequados e convenientes. Dentro de uma classificação, po- demos ter: a) fornecedores monopolistas: mono- polistas são os fabricantes de produtos exclusivos dentro do mercado; normal- mente, o volume de compra determi- 3.1 Classificação de Fornecedores na o grau de atendimento e relaciona- mento. Ocorre também, na maioria das vezes, uma atenção bem pequena dos vendedores para seus clientes; são os chamados “apanhadores de pedido”, porque não existe uma preocupação de venda; o fornecedor é consciente de seu monopólio. Nesses casos, o comprador tem de manter o interesse da aquisição; b) fornecedores habituais: são, normal- mente, os fornecedores tradicionais que sempre são consultados numa co- leta de preços; eles possuem uma linha de produtos padronizada e bastante comercial. Geralmente, são os fornece- dores que prestam melhor atendimen- to, pois sabem que existe concorrência e que seu volume de vendas está ligado à qualidade de seus produtos e ao trata- mento dado ao cliente; Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância| www.unisa.br 26 c) fornecedores especiais: são os que, ocasionalmente, podem prestar servi- ços, mão de obra e, até mesmo, fabricar produtos que requerem equipamentos especiais ou processos específicos e que, normalmente, não são encontra- dos nos fornecedores habituais. Essa classificação é bastante genérica e aca- dêmica; existe um grau de dependência nela, de acordo com o grau de necessidade e importância dos produtos a serem comprados, que pode ser diretamente ligado às características do fornece- dor, ou seja: �� se é um fabricante, revendedor ou re- presentante; �� se o produto a ser adquirido é especial ou de linha normal; �� se todo o processo de fabricação é rea- lizado por ele, não dependendo de ter- ceiros; �� se existem lotes mínimos de fabricação ou independentes das quantidades vendidas; �� grau de assistência técnica ao cliente comprador; �� análises de capacidade de produção e qualidade dos produtos fornecidos an- teriormente; �� análise da procedência da matéria-pri- ma e da qualidade. Saiba maisSaiba mais “O Monopólio (do grego mono = um + polist = vendedor) é um caso extremo de concorrência imperfeita em que um único vendedor tem o controle total da oferta de determinado produto ou serviço. Numa situação deste tipo, a falta de concorrentes leva a que os preços praticados sejam superiores aos preços de mercado que ocorreriam numa situação com concorrência e leva também a que existam poucos incen- tivos para que sejam efetuados esforços no sentido de melhorar a qualidade e a inovação, criando assim ineficiências de mercado que muitos países tentam evitar através de leis anti-monopólio. Por ser uma situação extrema, é difícil hoje em dia encontrar monopólios puros, pois verifica-se quase sempre algum tipo de concorrência proveniente de outras empresas com produtos ou serviços com al- gum grau de substituição.” Fonte: http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/monopolio.htm. Com exceção de fornecedores do tipo mo- nopolista, o Departamento de Compras deve sempre manter em seu cadastro um registro de, no mínimo, três fornecedores para cada tipo de material. Não é recomendável uma empresa de- pender do fornecimento de apenas uma fonte, sem qualquer alternativa. As inúmeras vantagens que esse critério pode acarretar para a área de Compras seriam: �� maior segurança no ciclo de reposição de material; �� maior liberdade de negociação e, con- sequentemente, um potencial de redu- ção de preço de compra; �� maiores oportunidades de os fornece- dores familiarizarem-se com os compo- nentes e/ou peças da empresa. Existem algumas situações em que não há vantagens em trabalhar com mais de um fornece- dor; são os casos de: fornecedores monopolistas, situações de produtos patenteados ou de proces- so de fabricação exclusivo; tolerâncias de qua- lidade do produto bastante restritas, que, como consequência, diminuem a amplitude de fontes de fornecimento; quantidades de compra dema- siadamente pequenas, antieconômicas e opera- cionalmente inviáveis; existência de necessidades de programar entregas, ocorrendo um desgaste muito grande quando se têm vários fornecedo- res, no sentido de acompanhamento e cobrança de entrega. Uma das alternativas bastante utiliza- Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 das é a alternância de fornecedores, reciclando- -os a cada determinado período. Documentos primordiais do Departamen- to de Compras são o Cadastro de Fornecedor e a Ficha de Material, quando, então, existem condi- ções de escolher o fornecedor ou prováveis forne- cedores de determinado material. Através desse cadastro, realiza-se a seleção dos fornecedores que atendam às quatro condições básicas de uma boa compra: preço, prazo, qualidade e condições de pagamento. O setor de Compras deve possuir dois ti- pos de cadastro, um por fornecedor e outro por tipo de material. O cadastro de fornecedor reúne fichas de diversos fornecedores, especificando o material que fabricam ou que representam; o cadastro de material é constituído por fichas em que se identificam os fornecedores aprovados, dos quais se pode adquirir. A necessidade des- ses dois cadastros é devida a situações em que o comprador desconhece o fornecedor de determi- nado produto; assim, ele deve consultar o cadas- tro de material. Uma excelente fonte de informação sobre a performance do fornecedor é, também, acom- panhar as suas entregas, tendo como finalidade registrar as compras efetuadas, os recebimentos, as devoluções, as alterações de preço e condições de pagamento, os cancelamentos e as alterações de prazos de entrega. Desenvolver, selecionar e avaliar forne- cedores é reunir um grupo, do maior tamanho possível, que preencha todos os requisitos bási- cos e suficientes, dentro das normas e padrões preestabelecidos como adequados. O objetivo principal é encontrar fornecedores que possuam condições de fornecer os materiais necessários, dentro das quantidades, dos padrões de qualida- de requeridos, no tempo determinado, com me- nores preços e/ou competitivos e nas melhores condições de pagamento; e que os fornecedores selecionados sejam confiáveis como uma fonte de abastecimento contínua e ininterrupta. Desses diversos parâmetros analisados e quantificados é que se deve fazer a escolha dos fornecedores ade- quados para se manter no cadastro de Compras. Normalmente, em empresas de grande porte, a aprovação de um novo fornecedor não é de responsabilidade da área de Compras e sim do setor de Engenharia de Desenvolvimento ou Engenharia de Produto, em conjunto com a área de Qualidade; o comprador funciona como inter- face entre o provável fornecedor e a empresa, ou seja, coleta dados e informações cadastrais, visita 3.2 Desenvolvimento, Seleção e Avaliação de Fornecedores as instalações e recebe amostra do produto a ser fornecido. Esses parâmetros de avaliação e apro- vação seriam: �� quanto ao preço; �� quanto à qualidade; �� quanto às condições de pagamento; �� quanto às condições de embalagem e transporte. Após a aprovação e o preenchimento de todos os quesitos, dá-se início ao fornecimento normal. Deve-se, então, fazer a análise inicial das entregas, para avaliar se há: �� cumprimento dos prazos de entrega es- tabelecidos; �� manutenção dos padrões de qualidade estabelecidos; �� política de preços determinada; �� assistência técnica. Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Normalmente, em grandes empresas, en- contra-se uma avaliação de forma científica, em que são condensadas todas as informações ne- cessárias, tanto técnicas quanto comerciais, para verificar a exatidão dos verdadeiros recursos das fontes de fornecimento. Essa avaliação determina a conduta do comprador perante o fornecedor, definindo os interesses mútuos. As principais avaliações podem ser dividi- das em duas etapas: a) avaliação técnica: composição do cor- po técnico em relação às necessidades da empresa; recursos técnicos dispo- níveis e utilizados; disponibilidade de operadores, máquinas, ferramentas e instrumentos adequados às exigências técnicas; b) avaliação administrativa: composição do staff responsável pela administração da empresa; procedimentos usuais e conceituação no mercado; grau de in- teresse em participar do corpo de for- necedores. Pode-se classificar um bom fornecedor quando ele: é honesto e justo em seus relaciona- mentos com os clientes; tem estrutura e know- -how suficientes; tem condições de satisfazer as especificações do comprador, nas quantidades desejadas e nos prazos necessários; tem sólida posição financeira, preços competitivos e cons- tante necessidade de desenvolvimento de seus produtos; e conclui que seus interesses são alcan- çados quando atende melhor aos seus clientes. Um roteiro adequado para selecionar e ava- liar novos fornecedores é de primordial impor- tância para o comprador e, realmente, de difícil confecção, emfunção de situações peculiares de cada empresa. DicionárioDicionário Know-how: “é um termo em inglês que significa saber como, e é também chamado de conheci- mento processual. e é o conhecimento de como executar alguma tarefa. O know-how é diferente de outros tipos de conhecimento, pois não é algo que possa ser diretamente aplicado a uma tarefa. O know-how é utilizado para designar uma técni- ca, um conhecimento ou uma capacidade desen- volvida por uma organização ou por uma pessoa. Em alguns sistemas legais, este conhecimento ou know-how são considerados a proprieda- de intelectual de uma companhia, e podem ser transferidos quando essa companhia compra. Uma limitação do conhecimento processual é seu trabalho-dependência; assim tende a ser menos geral do que o conhecimento proposicional.” Fonte: http://www.osignificado.com.br/know-how/. AtençãoAtenção De forma sintética, definimos desenvolvimento, seleção e avaliação como: • desenvolvimento: pesquisa e avaliação de fornecedores ainda não cadas- trados, avaliando todos os requisitos técnicos e econômicos definidos pela empresa; • seleção: escolha dos fornecedores que se enquadram nos requisitos esta- belecidos nos parâmetros de desenvolvimento; • avaliação: instrumento utilizado para comprovar se os parâmetros exigi- dos no desenvolvimento estão sendo cumpridos ao longo do período de fornecimento. Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Um dos instrumentos mais eficazes no re- lacionamento do comprador com seus fornece- dores é a confiança mútua. Quanto mais aberta e clara a negociação, maiores são as chances de boa compra. As informações de ambas as partes devem circular abertamente, a fim de possibilitar que distorções eventualmente detectadas sejam corrigidas por meio de um diálogo construtivo. Da mesma forma que o comprador quer estar se- guro de receber seus produtos pelo melhor preço e pela melhor qualidade, no prazo determinado, o fornecedor quer ter garantia de clientes fiéis e satisfeitos. Retribuição justa pelo trabalho, otimização da produção e dos custos, pesquisa de novas alter- nativas, seriedade no relacionamento, competiti- vidade, contratos corretos etc., quando tratados conjuntamente, só podem resultar em benefícios recíprocos. Existe sempre, em qualquer empresa, um potencial de economia e o objetivo do Depar- tamento de Compras deve ser reduzir os custos, garantindo a qualidade dos produtos. Todos os fornecedores, independentemen- te do seu porte, devem ser considerados as fontes mais próximas de economias, pois é bem mais fá- cil criar condições para obter custos inferiores no abastecimento do que inventar substituições de materiais ou eliminar componentes, o que empo- breceria o produto final. As economias, no Departamento de Com- pras, são obtidas em curto e médio prazo; em cur- to prazo, apenas mudando para um fornecedor com preços mais interessantes, melhor qualidade ou pontualidade, ou conseguindo mais fornece- dores para determinada peça, rompendo, assim, um monopólio. É claro que, algumas vezes, essas mudanças são impossíveis, em função do tipo de peça, mas alguma economia pode sempre ser conseguida. Em médio prazo, pode-se ter melhor utilização do universo atual de fornecedores ou uma adaptação da sua participação no abasteci- mento, em função dos preços. 3.3 Relacionamento com Fornecedores Se possuirmos dois fornecedores para uma mesma peça, com preços diferentes, sendo o que cobra mais responsável por 70% do total de forne- cimento e o que cobra menos, por 30%, a simples inversão desse percentual trará uma economia importante. Selecionar poucos fornecedores para um mesmo item vai permitir que, produzindo em escalas maiores, ele tenha redução de custos e apresente preços mais interessantes. Não adianta ter, por exemplo, 15 fornecedores de uma peça, pois cada um deles vai fazer uma quantidade mí- nima e os custos serão altos. O melhor é ter três ou quatro, que garantam concorrência e produ- zam num volume tal que resulte na redução de preços. Embora, em última análise, o comprador seja o elemento-chave da área de Compras, a sua eficiência vai estar sempre relacionada ao nível dos subsídios que ele recebe dos setores básicos de serviço, ou seja, análise de custos, análise de valor, pesquisa de mercado e avaliação do desem- penho dos fornecedores, que precisam estar bem estruturados e em contínua evolução. Os conta- tos com fornecedores devem ser feitos exclusiva- mente pelos compradores e esse relacionamento precisa ser o mais aberto possível. O fornecedor, quando toma conhecimento dos resultados da sua avaliação, sente-se protegi- do; só os maus fornecedores não gostam de ser analisados. A identificação de problemas com um fornecedor não significa que ele será dispensado. Uma medida bastante razoável é que a em- presa tenha, pelo menos, dois fornecedores para cada peça e que nenhum deles seja responsável por mais de 60% do total de fornecimento, para evitar colapsos quando algum tiver um problema qualquer de fabricação. É claro que isso é muito teórico e acadêmico, e depende do produto, do fornecedor e do mercado. Quando um compra- dor escolhe uma fonte de fornecimento, ele o faz a partir de uma série de análises e conclusões que devem continuar existindo, devendo ser verifica- das regularmente. Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Um dos pontos importantes para a avalia- ção do grau de relacionamento entre empresa e fornecedores reside nas situações em que eles oferecem colaborações e ajudas excepcionais, fazendo grande esforço para atender aos pedi- dos de compra do cliente. São os casos de lan- çamentos de produto ou quando algum outro fornecedor tem um problema técnico e suspen- de o abastecimento. Essa avaliação deve ser feita com seriedade e levada em conta pela empresa na classificação e no seu relacionamento com o fornecedor. A garantia de uma programação para deter- minado período de fornecimento é um dos ele- mentos-chave do sucesso desse relacionamento. Se a empresa garantir um volume sistemático de compra, o fornecedor poderá, a partir dessa segu- rança, fazer opções de investimento com maior tranquilidade, comprando equipamentos que re- duzirão seus custos ou modificando seu processo. O risco empresarial do fornecedor estará direta- mente ligado ao da empresa cliente e as vanta- gens recíprocas serão imensas. Saiba maisSaiba mais Geralmente, 55 a 65% do que a empresa fatura é rever- tido para a área de Suprimentos, para a compra de no- vos insumos (no caso de uma empresa manufatureira) ou de novos produtos para reposição de estoques (no caso de uma empresa varejista). Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, abordamos um dos pontos de maior importância que envolve a área de Suprimen- tos; isso porque os fornecedores são aquelas empresas de que precisamos para que haja um fornecimen- to de qualquer tipo de material ou serviço. Nesse caso, não é só a questão de valores que interfere nesse relacionamento, mas também o comprometimento, o prazo e a qualidade. Iniciamos o capítulo entendendo quais são as fontes de fornecimento e a característica de cada uma delas. Essa informação é importante para podermos saber como relacioná-las, pois a tratativa e o diálogo com certeza serão diferenciados. A seguir, entramos no contexto que envolve o desenvolvimento através de avaliações técnicas e administrativas, em que exploramos ao máximo o conhecimento sobre a empresa fornecedora. De posse dessas informações, selecionamo-la para atuar em fornecimentos e, para não deixar que aquelas atribui- ções já analisadas caiam em qualidade e prestação, atuamos com a avaliação periódica dela, para justa- mente manter uma relação confiável. Por fim, abordamos o quesito que envolve a relação com os fornecedores, pois, mais do que pres- tadores, eles são parceiros e, da mesma maneira que eles precisam de nossos contratos, precisamos tam-bém do seu fornecimento. 3.4 Resumo do Capítulo Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo; assim, responda às perguntas a seguir, conforme o seu entendimento. 1. Qual é a importância que envolve a classificação de fornecedores? 2. Qual é o conceito de desenvolvimento, avaliação e seleção de fornecedores? 3.5 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Caro(a) aluno(a), Neste capítulo, vamos iniciar o processo que envolve a arte de negociar. Nem todas as pessoas têm esse dom; muitas buscam o conhecimento através de cursos técnicos que destaquem esse desenvolvimento, outras conseguem adquiri-lo através da experiência do cotidiano e outras po- dem ter enormes dificuldades. Permita-nos definir, de modo direto e sim- ples, a negociação, fazendo uma analogia utili- zando uma situação do dia a dia. Imagine-se nes- ta situação: no exato momento em que vai comer um bombom, na sua frente, está uma colega que lhe pede um pedaço. Se não der o pedaço a ela ou se der todo o bombom, não estará negociando. Começará a negociar ao propor: – Depende, o que me dará em troca? 1. Em negociação, não se deve dar nada de graça: para trocar, é necessá- rio ceder. Sua colega poderá respon- der: – Ora, não vou dar nada em troca de um pedaço de bombom. Quando eu tiver alguma coisa, eu poderei lhe dar um pedaço também. Não aceite promessas. Ela lhe propõe algo para o futuro. Em negociação, a relação de troca deve ser no presente. Em termos futuros, é sempre uma incógnita e poderá acarre- tar uma perda. Com essa negativa, ela se mostrará desinteressada pelo bom- bom; o que você terá de fazer é mantê- -la interessada, argumentando: – Mas este bombom é especial e é o meu último. Não sei quando vou conseguir saborear outro. É justo que me dê algo em troca desta delícia; NEGOCIAÇÃO4 2. O que você deve fazer é deixá-la mais interessada, valorizar seu objeto de troca; 3. Mostre que vale algo em troca: – Está bem, te dou um abraço, está bom assim? Não se deve dar nada de graça. Pron- to, já conseguiu algo em troca, não foi de graça. Essa é a base da negociação. Mas, se a troca veio fácil, você deve exi- gir mais: – Só um abraço é pouco, este bombom vale mais do que isso; 4. Novamente, ela mostrará desinte- resse e desvalorizará seu produto: – Mais que um abraço não vale, pegue o seu bombom e... coma sozinho; 5. Deixe que a outra parte tire de você, não ofereça: o que você tem de fazer, neste momento, é mostrar que vale mais do que o abraço. Você tem algo escasso e raro. Defesa e persuasão são as ferramentas; 6. Valorize aquilo que vai ceder: – Dei- xe-me explicar por que é um bombom es- pecial. Sempre que eu viajo de carro pelo interior de São Paulo e passo por Itu, lá encontro umas monjas que fazem esta delícia de bombom. Elas mesmas culti- vam o cacaueiro, colhem o fruto, fazem o chocolate e confeccionam este bom- bom. Ele é uma delícia e muito especial, porque não tem parafinas, acidulantes, conservantes, umectantes, esses “tantes” que têm por aí nos produtos processados industrialmente. Por isso, é um bombom especial e este é meu último. Eu não sei quando vou viajar de novo pelo interior e, como este é o meu último bombom, é Carlos Eduardo Munhoz Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 justo que me dê algo mais em troca para ter um pedaço; 7. Pronto, agora ela estará curiosa para saber o quan- to é especial o bombom e vai lhe ofere- cer algo mais: – Está bem, eu lhe dou um abra- ço e um beijo. Terá mais valor aquilo que for tomado. Você conseguiu mais pela metade de um bombom. Ela ficará satisfeita, por- que acreditará que valeu a pena, e você também ficará satisfeito, porque não dará de graça, mas fará uma boa troca. Vantagens para ambos; AtençãoAtenção Toda negociação é um processo de troca. Estes são os princípios: • Para trocar é necessário ceder; • Não se deve dar nada de graça; • Valorize aquilo que vai ceder; • Deixe que a outra parte tire de você, não ofereça; • Terá mais valor aquilo que for tomado; • Não aceite promessas. 8. Este é o objetivo: barganhar, de modo que os dois fiquem satisfeitos. Em essência, isso é negociação. Esses princípios per- meiam toda negociação, seja ela pessoal ou até uma grande transação de uma companhia. Toda ne- gociação encerra um con- flito de interesses. A arte de resolver esse conflito é negociar. Quando se atin- ge a satisfação dos dois lados, obtém-se sucesso. É assim ao dançar: o pro- cesso de troca faz o casal sentir-se bem. É assim ao fazer sexo: só é bom quando a troca é perfeita e satisfaz os dois. Também para educar os filhos, deve-se ensinar o processo de troca. Se você der incondicionalmente, não estabelecerá limites e o filho achará que é sua obrigação dar sempre e não valorizará o que recebeu sem trocar. A compra é a parte mais visível da cadeia de decisão (ver Figura 5). Geralmente, o comprador é aquele que faz a operação final da aquisição de um bem de capital, matéria-prima, material ou serviço. Seus poderes consistem em melhorar o preço, o prazo e algum outro item de composição da compra. Figura 5 – Cadeia de decisão de compras. 4.1 A Cadeia de Decisão em Compras O que está sendo adquirido passa pela deci- são final de um diretor de área – responsável pelo resultado final; pelo gerente de um departamen- to – o Engenheiro de Manutenção, por exemplo; pelo chefe de área, que responde pelo desempe- nho do seu setor; e até pelo usuário do item de compra, que pode ser um operário, a copeira, o desenhista ou outro profissional executor, que necessita daquele item para conseguir um bom desempenho do seu trabalho. Negociação de Compras: Contratos e Licitações Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Aquisição de um Item, Seguindo o Fluxo Natu- ral de Compra Figura 6 – Fluxo direto de compra. Se as negociações saírem a contento, se- gue-se o fluxo normal do processo de decisão, porém, se houver alguma dificuldade para o for- necedor, o trabalho de um profissional de vendas é “reverter” esse fluxo. Como ele faz isso? Como o Representante Reverte o Fluxo de De- cisão Figura 7 – Fluxo reverso de decisão. Ele contata alguém dentro dessa cadeia, criando um relacionamento e “plantando” sua tese de melhor solução. O usuário é a parte mais fácil de convencer. É só dar atenção a ele. Um boné ou um chaveiro já resolve quanto à sua fi- delidade. Tendo sido bem tratado por um agente externo, ele dirá ao seu superior que o item que a área de Compras está adquirindo não atende à necessidade do serviço e que, se fosse o modelo “tal” da empresa “tal”, resolveria a situação. Como o chefe do setor precisa justificar sua posição não muito adequada, opina que o item fornecido não atende à montagem e terá difi- culdade de cumprir as especificações fornecidas pelo seu engenheiro chefe. Este diz ao diretor que a área de Compras insiste em um fornecedor que não atende aos requisitos do projeto. O diretor pede explicações ao profissional de compras, que se vê obrigado a cotar com aquele fornecedor, mesmo não ofere- cendo as melhores condições de fechamento de compra. O Refluxo Atinge o Decisor Com esse expediente, o fornecedor rever- te a cadeia de decisão a seu favor. Essa situação ocorre mais frequentemente no Marketing Indus- trial ou na Venda Técnica. Muitas vezes, o sistema de venda de um determinado item define essa estratégia, como ação natural do seu corpo de vendas. Exemplo Iniciei minha carreira na área de Suprimen- tos e, depois, atuei na área de Tráfegos & Inventá- rios, o que seria, hoje, parte da Logística. Depois de atuar em Distribuição, passei para a área de Marketing. Quando atuava nessa área na Incepa, eu desenvolvia programas de influência na cadeia de decisão, para não depender do poder de com- pras do comprador. Assim, o nosso produto,
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